sábado, 5 de agosto de 2017

Arte-enlevo

Arte-enlevo

A arte pela arte como no axioma do romantismo ou o valor da harmonia do classicismo são válidos e podem ainda suscitar muito debate, discussão e, sobretudo, expressão artística muito relevante. Proponho, no entanto, uma arte-enlevo, uma arte em que fosse transpassado o atributo de ser simplesmente arte da prática artística.
A arte-enlevo transpassaria a condição de arte, da peça de arte porque estaria em dinamicidade com a estética fenomenológica e representaria expressões artísticas onde se previsse o êxtase, o maravilhoso, o enlevo. Logicamente, a reflexão, a crítica e o humor não deveriam ser relegados ao segundo plano. Mas a arte-enlevo daria prioridade ao alçar pleno do ser humano em níveis espirituais, mentais, psíquicos e do imaginário coletivo.
A paixão pelo sagrado e pelo profano podem ser exploradas igualmente, adequadamente e proveitosamente pela arte, mas a arte-enlevo se propõe ao elevar de mentes, consciências e espíritos tanto de quem a realiza quanto de quem a observa, na pura crítica reflexiva, no puro deleite de sensações e em âmbitos de maior apreciação estética plena.
Mauricio Antonio Veloso Duarte (Sw. Divyam Anuragi)

Meu 13o. Louvor na AVL


Meu 13o. Louvor na AVL. Estou muito contente. Muito obrigado Presidente Maria Ivoneide Juvino de Melo Juvino de Melo e Vice-Presidentes Sy MoisesLuiza Senis. É uma honra e um prazer fazer parte da AVL. Um grande abraço a todos e todas confrades e confreiras. Um por todos e todos pela poesia.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

sábado, 22 de julho de 2017

Meu Patrono visto por mim - Paulo Coelho - Manual do Guerreiro da Luz

Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18



Meu Patrono visto por mim

Aqui passo a analisar o livro Manual do Guerreiro da Luz de Paulo Coelho.  O livro aborda temas universais que permeiam a vida de todas as pessoas – conquistas, derrotas, escolhas, destino, paixão, esperança, amizade, entre outros.  A publicação é uma compilação de pequenas histórias ou considerações já publicados antes em “Maktub”, coluna que fez parte do jornal Folha de São Paulo, e de outros jornais, entre os anos de 1993 e 1996.
Um livro de “lições de vida” não é original nem tão pouco fora do comum...  Muitos escritores dedicaram seu tempo numa brochura deste tipo.  O que há de diferente nesse Manual do Guerreiro da Luz é que Paulo Coelho se debruça sobre algo constante em sua trajetória literária – e não só espiritual ou religiosa – desde, ao menos, o prólogo de As Valkirias (livro autobiográfico).  Refiro-me a citação do seu mestre J. quando diz: “ Porque a gente sempre destrói aquilo que ama.” Uma afirmação que encerra uma contradição tremenda, mas verdadeira.  Os sonhos vão à ruína quando se tornam possíveis...  Achamos que não merecemos aquela conquista, aquela vitória, e acabamos a destruindo.
Longe de ser um adágio de magia ou de religião, a assertiva contém um pensamento filosófico existencialista ou de espiritualidade profunda e, de acordo com Paulo Coelho, provém do seguinte poema; dado a ele por J., escrito num guardanapo de papel:
“A gente sempre destrói aquilo que mais ama
em campo aberto, ou numa emboscada;
alguns com a delicadeza do carinho
outros com a dureza da palavra;
os covardes destroem com um beijo,
os valentes, destroem com a espada.”
Seja como for, Paulo Coelho mantém o foco durante todo o livro em contradições que aparentemente são isto mesmo, contraditórias; mas que para o interessado nas coisas do espírito, tem todo sentido.  Como diz um dos seus excertos: “O diabo mora nos detalhes”, de acordo com um antigo provérbio da Tradição.
E mesmo sendo árduo e longo, o trabalho com o interior sempre vale a pena.  “Um Guerreiro da Luz sabe que tem muito para se sentir agradecido.” Essa gratidão “não se limita ao mundo espiritual, ele nunca esquece seus amigos”.  “Ele não precisa ser lembrado da ajuda dada a ele por outros, ele é o primeiro a lembrar e ficar certo de que compartilha com eles todos os benefícios que recebe.”
Dessa forma, percebemos que este Manual do Guerreiro da Luz não é um livro de autoajuda como muitos já escritos.  Talvez seja um livro de “autotranscendência”, porque nele podemos encontrar tanto histórias que nos levam a uma reflexão quanto pensamentos que nos tornam alertas para uma realidade maior, diferente das superficialidades com que a mídia, ou a própria sociedade, nos acostumaram ao longo da vida.  Um livro para não ter medo da vitória, para não ter medo de ser feliz... Literalmente...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Luiz Sá - Entrevista - 1978


Publicada na revista Traço, nº 2 em abril de 1979.


DEPOIMENTO

LUIZ SÁ - VOCÊ SE LEMBRA?

Henri Bon: Luiz, ficha completa.

Luiz Sá: Meu
nome completo é Luiz Sá de Araújo. Nasci em 28 de setembro de 1907, dia
do Ventre Livre, em Fortaleza, Ceará, que na época tinha menos de cem
mil habitantes. Meu avô também se chamava Luiz Sá, era professor de
desenho na escola normal e retratista muito bom. Não o conheci, mas
havia um retrato seu em minha casa, de próprio punho. Eu perguntava à
minha mãe se eram parecidos, ela dizia "meu filho, é o seu avô escrito".
De fato era um grande desenhista.



Sou bisneto
de índia pura chamada Main-chã-cha que morreu com 99 anos e me dava um
grande pavor; já imaginou o que é isso, uma índia de 99 anos! Admito que
minha avó tenha casado com algum mestiço de origem holandesa, já que
temos na família primos morenos e loiros, tão claros que nós os
chamávamos de "bodes loiros". Por isso que eu acho essa divergência de
raças uma bobagem.

Cartazete educativo - 1953


Ildo: E sua família, era muito grande?

Luiz Sá: Eu tinha apenas um irmão, mas havia uma tia com 11 filhos e outra com cinco. Acho que éramos ao todo uns vinte primos.

Henri Bon: Quantos dessa turma, além de você, seguiram o desenho?

Luiz Sá:
Ninguém. Tinha uma prima que desenhava muito bem, mas não era criativa.
A coisa mais importante em nossa casa lá no Ceará, era a sala de jantar
com uma mesa do tamanho de um bonde. Mamãe colocava todos os primos
três vezes por semana para desenhar modelos, nesta mesa. Enquanto eles
copiavam, eu desenhava Tom Mix e outros bichos e minha mãe dizia "voc~e
não vai dar para nada, menino". Naquele tempo a caricatura era obscura,
não havia no Norte. Além disso, eu havia nascido caricaturista e
modificava os modelos, desenhava muito nas calçadas e de vez em quando
alguém passava dizendo - "Esse menino está se perdendo aqui, vai para o
Rio, menino".

Floriano: E você acabou indo...

Luiz Sá: Com 21 anos, final de 28...

Floriano: Para desenhar?

Luiz Sá:
Que nada, era a última coisa que eu pensava. Vim para ganhar a vida.
Tínhamos uma grande fazenda lá no Ceará, seis léguas de largura, mas na
seca de 17 morria gente até em Fortaleza e minha mãe teve de vendê-la
por qualquer tostão. Quando vim pro Rio, a situação não era boa.
Desembarquei em princípio de 29, tava era... pasei foi miséria, acabei
parando no Hospital de Gamboa com icterícia por excesso de álcool. Sabe
como é, a gente sempre encontra alguém para pagar uma cana... eu ia
bebendo.



Lá conheci
uma freira, já idosa, que passou a gostar muito de mim. Não tinha visita
nem carta e a distração era a conversa. Um dia ela me passa chorando
pelo corredor e eu perguntei ao enfermeiro o que havia acontecido. Ele
me disse "era um santo que quebrou". Fui lá, peguei o santo e fui
ajeitá-lo. Depois encarnei, como dizia a minha mãe, "Santo não se pinta,
se encarna".

Aí não tive mais sossego de tanto santo para restaurar que apareceu.

Aconteceu
que o vigia da noite voltou para o exército, era época da revolução de
30, eu já estava bom e assumi o seu lugar. Não podia dormir, rapaz.
Ganhava 60 mil réis e para passar o tempo ia desenhando. Fiz então uns
quadros sobre a História do Brasil.

Floriano: Você já havia tido algum contato com a imprensa em sua terra?

Luiz Sá:
Andei fazendo alguma coisa, muito raramente para o Jornal do Commercio,
no ano de 28. Ainda, no Liceu, rabiscava um jornalzinho à mão, só um
exemplar, que ía passando entre os alunos.

Henri Bon: Voltando ao hospital...

Luiz Sá:
Fiz mais quinze quadros, mas o traço ainda não era este, depois
aprimorei. Um dia mostrei a um pintor cearense, o Pacheco de Queiroz,
que me disse "Ih, Luiz, isso é muito bom" e levou para o Adolfo Aizen. O
Malho naquela época estava fechado pela revolução de 30 e eles haviam
lançado outra revista com o nome de "Eu Vi". Bom, o Adolfo Aizen me
procurou e disse "pago 10 mil réis por cada desenho, publico e devolvo o
original".

Mais tarde
ele me deu a ideia de criar no Tico-Tico uma história infantil. Eu
publiquei então o Reco-Reco, Bolão e Azeitona de 1931 até 1960 quando
fecharam a revista.

Tinha
outros personagens que surgiram mais tarde, Maria Fumaça e Pinga Fogo, o
detetive desastrado, para a Cirandinha, e Faísca, o papagaio.

Ildo: Você foi o primeiro brasileiro a fazer desenho animado. Conta essa história!

Luiz Sá:
Eu desenho muito bem letras e por isso fazia as apresentações dos
jornais cinematográficos. O rapaz com quem eu trabalhava me disse um dia
"Ô Luiz, por que você não faz um desenho animado?".

Eu havia
feito antes uns comerciais de cama patente em que o personagem jogava
madeira por um buraco em uma grande máquina e a cama saía completa no
outro lado. Fiz outro de um jogador de futebol correndo com a bola, de
repente ele parava, com a mão na cabeça, chegava o massagista com um
comprimido, ele tomava, continuava correndo e marcava o gol. Fiz um
bocado desses. Resolvi então criar um maior, eram Aventuras de
Virgolino, isso em 39, acabei deixando o filme em seu laboratório
fechado pela guerra, onde estavam vendendo celulose. E o meu desenho
lavado com ácido, acabou vendido como sucata (risos de indignação).

O segundo,
vendi para o dono de uma loja de projetores que acabou cortando-o,
oferecendo os pedacinhos como brinde a quem comprasse a máquina (mais
risos de indignação). Há uns três anos atrás o Parrot localizou uns
pedaços, utilizando-os em um curta metragem que fizeram sobre mim.

Ildo: Como era o processo, você fazia somente o desenho?

Luiz Sá: Não, eu fazia tudo, desenhos, animação, cores, até o cenário de fundo.

Ildo:
Na década de 40 o Disney resolveu aparecer no Brasil em visita de "boa
vontade", época em que criou o Zé Carioca. Ele não te tocou para
participar do grupo de criação?

Luiz Sá: Não,
Eu até levei o meu segundo desenho animado para uma reunião que o
Disney havia feito aos artistas nacionais, mas o diretor do DIP impediu
que eu mostrasse, dizendo que era muito pobre. É claro que era pobre,
foi feito para mostrar o esforço de um sujeito que tinha feito sozinho,
enquanto no exterior havia uma equipe para isto.

Ildo: Porque estava previsto, ou se pensava, que os artistas nacionais desenhariam o Zé Carioca...

Luiz Sá: O problema é que o Disney impedia a criação e todos os seus auxiliares tinham que desenhar igualzinho.

Davilson: Eu
vou te explicar porque o diretor do DIP achou pobre: na época o Disney
estava começando e não admitia concorrentes, haja visto o Latini (único
cara que conseguiu fazer um desenho animado de longa-metragem no Brasil
nos idos de 50) que foi boicotado porque o Disney estava precisando de
mercado.

Henri Bon:
A gente tem que considerar também que a vinda do Disney ao Brasil era
uma jogada para ganhar o mercado latino-americano, já que o europeu
estava fechado pela guerra. Portanto o Zé Carioca, uma vez perdida a
utilidade, foi relegado a um segundo plano de onde jamais saiu. No
fundo, era uma jogada financeira Disney-Rockfeller.

Henri Bon: Mas o Faísca é anterior ao Zé Carioca...

Luiz Sá:
Sim, e tinha ainda um papagaio anterior, o Louro, que formava o trio
com o Totó, o cachorrinho e Catita, o rato. Acontece que ficamos muito
tempo no baú, já não dava para concorrer com os americanos pelo baixo
preço.

Ildo:
Na verdade, se alguém hoje tentar fazer uma animação em longa-metragem
no Brasil, vai ser tão pobre quanto a trinta anos atrás. Um exemplo
disso é o Piconzé, que levou dois anos (na verdade quatro) para ser
realizado, feito no maior improviso...

Duda: Agora, Luiz, sobre exposições...

Luiz Sá:
Andei fazendo umas e outras (ao fundo a voz do Davilson pedindo limão).
A primeira foi logo em 31 sobre a história do Brasil, chamava-se
"Galeria de quadros célebres da História do Brasil ao estilo moderno".
Depois acabei fazendo outra, já em 34, levando para o nordeste, eram
quadros regionais. Em 47 expus em São Paulo, assuntos de esporte e
somente em 65 voltei a expor.

"DISNEY ATRAPALHAVA A CRIAÇÃO; TODOS TINHAM QUE DESENHAR IGUALZINHO"

March: E quanto a outras atividades...

Luiz Sá: Fiz
dois livros somente com histórias de Reco-Reco, Bolão e Azeitona. Eles
não eram assim. Costumo dizer que a gente sempre desenha melhor com o
passar do tempo. Fui aperfeiçoando-me. O Bolão usava chapéu, tirei,
acabei colocando uns fios de cabelo em sua careca.



Trabalhei
também para o Serviço Nacional de Educação Sanitária, onde publicava
aqueles almanaques de saúde. Um dia aparece um diretor querendo me
exigir horário fixo, gritando comigo. Então eu lhe disse "Sou mais novo
que o senhor e posso gritar mais alto" e dei um berro. Depois voltei
para casa apresentando minha demissão. Ele escreveu uma carta ao
Ministério dizendo que não poderia me dispensar, pelo esforço de guerra,
mas não era nada disso. Acabei arranjando um pistolão para ser
demitido. E fui para o cinema.

Floriano: Jornal da Tela?

Luiz Sá: E
outros. Eu fazia uma charge sobre a notícia. Recebia a encomenda que às
vezes aprontavam em um fim de semana para entregar na segunda-feira.
Sobre esporte era ainda fácil, as sociais davam mais trabalho. Um dia o
Luiz Severiano Ribeiro recebe uma carta de um industrial paulista, nem
sei quem é, sem um pingo de senso de humor, reclamando de um desenho que
eu havia feito de um cara olhando com uma lente para um caroço de
feijão no fundo de um prato. Esta charge ilustra uma reportagem sobre o
banquete de trezentos talheres que ele havia dado.

Ildo: E quanto à questão do direito autoral. Como se fazia naquela época?

Luiz Sá: Não havia isso. Era pelo desenho, a gente recebia na hora sem qualquer outro direito.

Eu estou
lembrando agora de um episódio que me deu alguns trocados: eu havia
desenhado na série "História do Brasil" um quadro sobre a fundação do
Rio de Janeiro, em que, num prédio em construção, havia uma placa AQUI
HÁ OTIS. Não fiz isso com maldade, mas o fato é que um diretor da
empresa acabou gostando, comprou o quadro por cem mil réis e o
distribuiu pelo mundo.

Ildo: Até alguns anos a estação das barcas mantinha algumas ilustrações suas. Que fim levaram aqueles quadros?

Luiz Sá:
Não sei. Foram talvez estragados pelo tempo. Ainda me lembro que um
capitão teve a idéia de substituí-los periodicamente por outros que eu
iria fazendo. Mas sabe como é, foi ele que acabou substituindo a idéia
engavetada e nunca mais falou no assunto.

Henri Bon: E sobre uns slides educativos que você andou fazendo?

Luiz Sá: Vim
pra São Gonçalo há 8 anos e depois de velho acabei tuberculoso, ficando
internado mais de uma ano. Aí o Dr. Ataídes me pediu para fazer uns
desenhos sobre doenças e suas causas. Eu fiz uns cinquenta, mas só tenho
metade comigo. Quem tem a série completa é o Hospital Heitor Carrilho.

March: Quais os seus últimos trabalhos?

Luiz Sá:
Bem, eu fui procurado por algumas pessoas ligadas ao partido do Governo
para fazer umas ilustrações em propaganda eleitoral. Felizmente
trabalho remunerado. Tenho trabalhado também desde abril em alguns
álbuns que quero deixar para minha família.

Ildo: Luiz, quando você parou e por que?

Luiz Sá: Quando
fechou O Malho em 1960. Bem, eu ainda continuei no cinema até 65,
fazendo apresentações para filmes e telejornais, quando trabalhei com
Reginaldo Farias e Jece Valadão. Depois veio o Castelo com essa história
de retirar a obrigatoriedade de apresentação do curta-metragem. O
cinema pagava razoavelmente bem e de uma hora para outra perdi o
emprego. Foi-se o meu padrão de vida que diga-se de passagem era muito
bom.

Andei por
1966 fazendo alguns desenhos de apresentação para o programa de Heron
Domingues na TV Continental. E depois, nessa época eu morava em Paquetá,
e quem mora em Paquetá não quer nada com o trabalho, sabe como é que
é...

Atualmente
Luiz Sá, afastado de toda atividade profissional, repousa dos anos de
luta recolhido em uma pequena residência em São Gonçalo, que de modo
algum faz juz à genialidade de quem foi o pioneiro do desenho animado no
Brasil.



Fomos
encontrá-lo às 10:43h do dia dois de fevereiro de 1978. Presente Henri
Bon, Ildo Nascimento, Levy Szmaragd, Marcus César, Duda, march, Fernando
Nunes, Rossini, Floriano, Davilson e Júlio César Valadão Diniz
.



Tomamos de assalto a casa,
munidos de cachaça, violão, filmadora, gravadores e máquinas
fotográficas, com o objetivo - dentro de nossas limitações - de traçar
um retrospecto de sua vida artística, que atravessou quatro décadas
ininterruptamente.

Convite para a exposição Cartuns Cinematográficos. 1994




fonte: TIRAS Memory

domingo, 9 de julho de 2017

1º super-herói da história era lenda urbana e lembrava um Batman assustador

1º super-herói da
história era lenda urbana e lembrava um Batman assustador
Divulgação
Spring-heeled Jack em versão publicada do século 19 Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

09/07/2017 04h00

Inglaterra da Era Vitor... - Veja mais em
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2017/07/09/1-heroi-da-historia-vem-de-uma-lenda-urbana-e-lembra-um-batman-assustador.htm?cmpid=copiaecola

Divulgação
Spring-heeled Jack em versão publicada do século 19 Imagem: Divulgação
Do UOL, em São Paulo
09/07/2017 04h00 


Inglaterra
da Era Vitoriana. Século 19. A neblina densa em uma noite fria traz o
sibilo do vento e passos podem ser ouvidos ao fundo. O barulho aumenta e
o desespero também. Quem vem por aí? Olhos vermelhos, uma flâmula azul
na respiração, dois chifres no alto da cabeça e garras afiadas dão a
visão de um demônio à procura de sangue.

Muitos antes do
Super-Homem virar um ícone dos quadrinhos na década de 1930 e referência
para tantos personagens, uma lenda urbana já tinha se transformado em
herói na cultura popular. Spring-heeled Jack faz parte do folclore
inglês e foi visto pela primeira vez em 1837. Não nas revistas, na rua
mesmo.

A história se espalhou pelo Reino Unido, e relatos
assustadores da entidade passaram da parte central de Londres para a
Escócia. SHJ (um apelido mais carinhoso) surgiu em um período
aterrorizante, com altos índices de violência na capital Londres, onde a
população vivia com medo até de fantasmas perseguidores.



Divulgação/OhioStateLibrary
Imagem: Divulgação/OhioStateLibrary

Cultura pop

Assim
como Jack, O Estripador, a cultura popular da época agarrou a
oportunidade e viu na figura estranha e sobrenatural uma forma de ganhar
dinheiro. Os chamados “penny dreadful”, literatura popularesca vendida
por merreca no século XIX, tinham como temas detetives, crimes e
personagens sobre-humanos. Uma de suas produções mais famosas foi
justamente do "bisavô do Batman".

Spring-Heeled Jack ganhou uma
série nesses livretos e sua fama cresceu cada vez mais. As histórias
mostravam o conflito de SHJ, que combatia os injustiçados usando
recursos típicos dos super-heróis que conheceríamos um século depois.

Mas
para ganhar a alcunha de super-herói demorou um pouco. Graças a um
projeto de bibliotecas inglesas para resgatar textos clássicos, SHJ foi
publicado em 1904, em uma versão escrita por Alfred S. Burrage e que se
passava no período napoleônico.

Bertram Wraydom era um jovem
tenente traído por seu meio meio-irmão, que estava de olho na herança
familiar. O protagonista venceu a pena de morte, arrumou um traje e foi
em busca de vingança contra o vilão.

Um parente distante do Batman?

“Era
um homem usando uma túnica justa, rasgada na frente como se suas
costelas estivessem descobertas. Quem teria imaginado um homem dando
saltos tão gigantescos, ou com olhos brilhantes de uma cabeça demoníaca
na qual uma máscara acolhia uma longa pena”, descreveu Burrage.

SHJ
ganhou novos poderes, dava choque com as mãos, saltava 15 metros e
ainda marcava os inimigos mortos com a letra “S”. O personagem Zorro,
criado em 1919, foi baseado na assustadora figura do herói.

Jess
Nevins, autor do livro “The Evolution of the Costume Avenger: The
4,000-Year History of the Superhero”, disseca quatro séculos da cultura
dos heróis e analisa a importância da lenda urbana que virou um
combatente do crime.

"Spring-heeled Jack é o primeiro personagem
publicado da era moderna a incorporar a dupla identidade, a vestimenta, o
esconderijo secreto e missão altruísta", resume o pesquisador. "Além
disso, o personagem roteirizado por Burrage tinha poderes, fazendo dele o
primeiro vingador trajado super-humano. E graças à distribuição na
América, leitores e autores foram influenciados".



Reprodução
Spring-heeled Jack em versão para os games Imagem: Reprodução

A lenda urbana no século 21

O
legado de SHJ ainda é conhecido mais de 150 anos após sua fatídica
"estreia". O game "Assassins Creed Syndicate", lançado pela milionária
produtora Ubisoft em 2015, traz uma missão em que você pode deter o
temido personagem, a partir de uma informação divulgada por ninguém
menos que Charles Dickens.

Ainda no mundo dos games, o RPG "The
Elder Scrolls IV: Oblivion" traz uma bota chamada "Boots
of Springhell Jak", que te faz pular com extraordinária força.

O
primeiro super-herói também também ganhou uma música cavernosa da banda
Lazarus & The Plane Crash, no álbum "Horseplay", e foi lembrado na
série da BBC "Luther", quando um serial killer usava uma máscara e tinha
como desejo emular o terror que Spring-heeled Jack causou na cidade.







fonte: UOL Entretenimento







domingo, 2 de julho de 2017

A lei do preço fixo pode acabar com o mercado de quadrinhos no Brasil




 
 
A lei além de manter os preços mais altos, ainda vai impedir a livre concorrência 
Nesta terça-feira (27/6/17), quando a lei que institui um preço fixo de livros no Brasil obteve parecer favorável de Lindbergh Faria, relator na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

De acordo com o Projeto de Lei 49/2015,
todas as livrarias (físicas e virtuais) poderão oferecer no máximo 10%
de desconto em uma publicação durante o primeiro ano após o seu
lançamento. Depois disso, caberia a cada loja decidir oferecer descontos
superiores.
De inicio podemos notar que livrarias e lojas de quadrinhos que costumam
oferecer descontos enormes de acordo com a quantidade de produtos que
você compra, que em alguns lugares pode chegar até a 82% vão ter que se
limitar aos 10% ou seja será extremamente prejudicial ao já escasso
publico de quadrinhos e de livros no Brasil.
A ideia seria ajudar em teoria o mercado em Banca de Revista e pequenos
vendedores, pois a Dinap que teve o seu monopólio aprovado pelos órgãos
públicos e ao que parece os políticos estão cegos a respeito dela teria o
controle total da divisão de lucros entre o dono de banca de revista ou
pequeno comerciante e ela, mesmo assim isso ainda prejudicaria os donos
de banca de revista que muitas vezes fazem descontos em compras de
encalhe do mês.
Por causa do surgimento de editoras que aceitam descontos em livrarias e
lojas de quadrinhos o mercado de quadrinhos brasileiro começou a
melhorar, mesmo em relação ao mercado americano em sua porcentagem de
vendas, as mercadorias começaram a circular com melhor rapidez devido
aos descontos encontrados nesses locais.
Essa Lei será o fim das grandes promoções de vendas de quadrinhos e
livros no Brasil, com ela se tornará praticamente impossível fazer uma
promoção, já que legalmente se torna um crime fazer promoções cuja
redução de valores de artigos culturais fiquem acima de 10% em um ano,
muitos produtos ficarão encalhados nas lojas e isso vai afetar a livre
concorrência do mercado, já que livrarias e lojas que tratam o cliente
melhor (com promoções, prêmios, descontos, etc) ficarão limitadas ao
mesmo valor do que locais que nem se importam se vão vender aquele
produto ou não, muitas vezes tratando mal e porcamente seus clientes.
No passado a mesma regulação aconteceu com as Locadoras de Vídeo, que
com o surgimento da internet acabaram praticamente desaparecendo, o que
favoreceu o mercado online como a Netflix, o mesmo vai acontecer com o
mercado de quadrinhos no Brasil, a maioria vai migrar para compras
online como no site Amazon onde os descontos continuam o mesmo pois não
sofrem a regulação estatal como no mercado brasileiro ou ainda a venda
indireta de quadrinhos, os sebos que talvez seriam os mais beneficiados
com tudo isso quase não mais existem no Brasil, já que a maioria das
prefeituras do nosso país tem feito uma verdeira caça aos donos de sebo
que possuem banca de revista em praças por todo o país, cobrando valores
exorbitantes para que continuem trabalhando, sem falar que as bancas
acabam sendo roubadas por grupos criminosos que cobram "proteção" para
que a banca não seja queimada, o que tem acontecido muito por todo o
país.
Por todo país livrarias tem quebrado pela falta de vendas, as livrarias
que sobreviveram foi pelo fato de atenderem bem o consumidor e darem
descontos, o que provavelmente vai acontecer com essa lei é que mais
livrarias vão quebrar e ainda vai impedir a livre concorrência entre as
lojas e livrarias, o que vai realmente acontecer é com menos vendagem o
valor de capa de revistas e livros vai aumentar para compensar a falta
de vendagem em uma tentativa de ainda sair no lucro nos títulos que não
vão ser obviamente cancelados pela falta de vendagem.


Fonte: A lei do preço fixo pode acabar com o mercado de quadrinhos no Brasil

terça-feira, 20 de junho de 2017

Mãos aos Versos, Antologia II da AVL





Olá amigos e amigas.

Boa tarde.

Recebi hoje os exemplares do livro Mãos aos Versos, Antologia II da AVL (Academia
Virtual de Letras Antonio Aleixo) da qual eu, Mauricio Duarte, participo.
Um prazer e uma honra estar convivendo com tão grandes poetas e poetisas na AVL.
A Antologia II está muito bonita, muito bem diagramada e com design gráfico perfeito, além
de ter contado com o trabalho impecável de revisão da nossa vice-presidente Simone Moisés.
Agradeço muito a AVL, à Sy Moises, à nossa presidente Maria Ivoneide Juvino de Melo e à editora
USCA, na figura do incansável Dy Simão.

A edição possui formato 14 x 21 cm, capa colorida, miolo PB, 140 páginas
e cada poeta da AVL conta com 3 poemas, além da biografia.

O exemplar está saindo a R$ 25,00 + FRETE.

Peça agora e eu envio o seu livro com um autógrafo especialmente para você.

terça-feira, 13 de junho de 2017

12o. Louvor na AVL

Recebi meu 12o. Louvor na AVL (Academia Virtual de Letras António Aleixo). Estou muito contente.  Um por todos e todos pela poesia.


domingo, 11 de junho de 2017

Marcos Paulo Alfa



Marcos Paulo Alfa

Qual o limite da identidade?  A identidade pós-pós-moderna – pós-tudo – que nos arranca dos nossos lugares comuns e nos leva para encararmos nossa própria identidade – ou pseudo-identidade – em camadas e todas falsas – diriam alguns... Marcos Paulo Alfa tem a medida exata disto e tira partido deste fato em seu trabalho de graffiti nos muros da cidade bruta, bruta cidade...
As suas criaturas do graffiti podem ser aparentemente “fofas” e “engraçadas”, “pop” e “ideológicas”, “expressivas” e “frágeis”... Porém, em sua maioria, senão na totalidade, permanecem inclassificáveis.  Desde o elefante azul ciclópico de um olho só – ou são dois olhos? – que parece uma figurinha de desenho animado ou de HQ infantil; nada tem de infantil, e altamente gráfico; até o ursinho de pelúcia skatista e grafiteiro com requintes de 3D em luzes e sombras, misturado ao alto tratamento gráfico elétrico.   Passando pelo garoto azul com a TV na cabeça aberta, com o canal que para a sua programação na bandeira do Brasil – gigante eternamente adormecido – e que mais parece um zumbi... com um inconsciente totalmente colonizado e dependente das ondas midiáticas...  E pelo garoto geek azul de olho azul e óculos brancos e forma de gota, reduzido a esse mínimo de forma em gota espermatozóica com expressão deslumbrada e nervosa...  Sua influência nessa arte dos muros são a “galera antiga de Niterói e São Gonçalo”, “todos do graffiti.”
Alfa também é poeta e tem, entre suas leituras favoritas, Castro Alves.  Mas não para aí.  O seu conceito transgressor se estende ao vídeo, tanto como autor e editor quanto no cenário da atuação... A sua inserção artística transpassa o circuito de grafiteiros, artistas plásticos, poetas e atinge os meandros da criação e prática das artes visuais, realizando trabalhos ainda como designer gráfico e ilustrador.
Alfa é uma artista que impressiona pela jovialidade do estilo; desnudando realidades e desarmando olhares, criando suas críticas sociais sem concessões a A, B ou C, indo fundo com o dedo na ferida... Os valores invertidos da pichação não vêm para agradar, mas para incomodar e o graffiti, por sua vez, se apropria desta contradição para transformar o encantamento e a desconstrução em território do que é a arte, para além da “poluição” e “sujeira”, “mensagem cifrada” e “vandalismo”...
Qual será o limite da identidade contemporânea?  Este e outros questionamentos são embates centrais de Marcos em critérios mutantes na política, no social, no econômico, na cultura e no urbano, de um modo geral, sendo subversivo ao extremo... sempre...

Mauricio Duarte



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