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quarta-feira, 1 de abril de 2015

As artes em 1963 no Greenwich Village

As artes em 1963 no Greenwich Village

Freqüentemente pergunta-se o que é arte, desde que o impressionismo surgiu e detonou uma centena de transformações, remodelações e reformulações artísticas tais como as da arte moderna e pós-moderna.  Nessas constantes reconstruções que arte sofreu e sofre, até hoje, uma coisa é, mais ou menos, clara: a cada nova reinvenção, os artistas que encabeçam a linha de frente, a avant-garde dos movimentos ou é, em grande medida, incompreendida ou é, apenas, parcialmente aceita.
Não foi diferente com os artistas nos anos 1960 no Greenwich Village, em Nova York, EUA.  Esses artistas forjaram o berço da pós-modernidade artística, como a entendemos hoje.  Os movimentos artísticos do início do século 20 desdobraram-se em muitas vertentes, sendo uma delas a arte underground e beatnik dos anos 1950.  Porém, o que se via em 1963 era diferente. Se os beats  contestavam o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano, a falta de pensamento crítico e o anticomunismo; a geração de 1960 em diante, viveu uma época onde a confiança “em que tudo é possível” foi constante.
Sobretudo no Greenwich Village dessa época, respirava-se esse ar de uma nova cultura. Cultura popular como arte folk urbana.  A vanguarda daqueles tempos não fazia distinção aguda entre essas duas coisas.  E os muitos editores, livrarias, teatros, clubes de jazz e cafés onde desembocavam artistas que viviam em Greenwich Village nos anos 1960 fizeram daquele local um centro de entretenimento para uma platéia de Nova York e fora dela.  Sendo também, uma mina de ouro para os especuladores imobiliários.
Mas mais do que isso, a trajetória desses artistas alavancou o cenário artístico americano, produzindo novas manifestações artísticas.  Na arte pop, por exemplo, foram utilizados conhecimentos da artes gráficas por artistas como Rosenquist, Lichtenstein e Warhol, oriundos dos setores de moda e propaganda. As pinturas da arte pop estavam sendo vendidas por milhares de dólares nas galerias e museus de Manhattan, no uptown.
Os próprios gêneros de arte estavam mudando, com a propria art pop, os happenigs, os fluxus, o teatro de café e o cinema underground.  A distinção entre arte folk, arte popular, kitsch ou alta arte estava dissolvendo-se.  E artistas como Robert Watts, em seu Evento casual, faziam história com ou sem platéia:
Dirija seu carro para o posto de gasolina
Encha o pneu dianteiro direito
Continue a encher até o pneu estourar
Troque o pneu*
Dirija para casa

*Se o carro for de um modelo mais novo, dirija para casa sobre o pneu estourado.
A vanguarda da década de 1960 não foi inteiramente empenhada na rejeição do passado ou do status quo.  A visão desses artistas era relativista, igualitária e de colagem.  Esses artistas assumiram a tentativa de refazer a cultura americana e produziram um grande acervo de obras com uma diversidade inigualável na utilização de idéias experimentais que muito influenciaram as décadas posteriores e ainda influenciam o nosso tempo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

"Rock brasileiro evoluiu, mas as bandas hoje têm que se virar"

Tony Bellotto, dos Titãs, fala de música na web

Publicada em 28/06/2011 às 08h42m
Marina Cohen (marina.cohen@oglobo.com.br)

Tony Bellotto com os membros do Conselho Jovem da Megazine. Foto de divulgação/ Mariana Vianna RIO - Todo mundo conhece o Tony Bellotto guitarrista dos Titãs. Mas o roqueiro de 50 anos também é escritor - lançou sete livros, entre eles a trilogia do detetive Bellini, que virou filme - e apresentador do "Afinando a língua", que vai ao ar às terças-feiras, no canal Futura, às 22h. O Conselho Jovem aproveitou um intervalo nas gravações do programa para bater um papo com ele. Tony falou de música na internet e deu um recado aos iniciantes: "Tem que ir além da imitação e entender quem você é".
GABRIEL GORINI: Como você embarcou na vida dupla, de músico e escritor?
TONY BELLOTTO: Quando eu tinha 13 anos, já queria ter uma banda e também ser escritor. Aí, com 18, a música me pegou e deixei o sonho de ser autor de lado. Até que, já adulto, resolvi encarar de frente esse projeto da adolescência. Depois que escrevi o primeiro livro, "Bellini e a esfinge", a escrita passou a ser uma necessidade, assim como fazer música. São duas formas de expressão que convivem bem dentro de mim. É só uma questão de organização e disciplina.
JÉSSICA LOPES: Qual dos dois te dá mais prazer?
TONY: A música. É muito bom estar no palco e ver aquela canção que você compôs dentro de um quarto fazendo a multidão vibrar. Escrever dá outro tipo de satisfação: você sente uma euforia incrível no dia em que fecha uma história, mas é uma emoção solitária.
LAURA TARDIN: O Tony Bellotto que compõe é o mesmo que escreve romances?
TONY: O ato de criação é o mesmo: você tem uma inspiração e trabalha em cima dela. Se é um riff de guitarra, um romance ou um poema, isso vai ser definido depois. Agora, os processos são diferentes: a música só está pronta quando o resto da banda adiciona suas referências.
JÉSSICA MENDONÇA: Você traz a influência da literatura para a música?
TONY: Não diretamente, mas o ato de escrever me dá uma fluência na hora de fazer a letra de uma música. É que nem quando você malha para correr uma maratona.
Tony Bellotto. Foto de divulgação/ Mariana Vianna VINÍCIUS BARROZO: Você tem um lugar aonde vai para se inspirar?
TONY: O escritório, na minha casa, onde tenho meus livros, discos, guitarras... Lá começo a compor músicas, anoto ideias, escrevo crônicas etc.; Mas, quando estou empacado, gosto de correr ou nadar.
JÉSSICA LOPES: O detetive Bellini aparece em três livros. Como você o criou?
TONY: Foi inspirado em mim mesmo (risos). Coloco nele coisas que eu gostaria de dizer, mas tenho vergonha. Até o nome, Bellini, parece com Bellotto. Quando o criei, na adolescência, colocava o personagem para encarar histórias que eu vivi ou que gostaria de ter vivido. Só depois, quando retomei a escrita, transformei-o num detetive.
ROBERTA THOMAZ: O que a proximidade com a arte pode trazer de bom para o jovem?
TONY: A arte é fundamental não só na profissão. Ela te ensina a enxergar as situações de outra forma. Lendo, ouvindo música ou assistindo a um filme você escapa do cotidiano e vive experiências diversas. Nas peças de Shakespeare, por exemplo, ele explica nuances do comportamento humano, então você passa a entender melhor seus próprios sentimentos. Arte não só ajuda a gente a relaxar, como também a encarar a vida.
GABRIEL: Qual o papel da família na sua arte?
TONY: Ela dá um sentido a minha vida. Viajo muito por conta de shows, então dou valor aos momentos do cotidiano: acordar meus filhos, levá-los à escola... Esses momentos equilibram minha cabeça, porque se eu ficasse só na estrada me bateria um desespero.
JÉSSICA LOPES: O que você escuta em casa?
TONY: Cada vez ouço coisas mais antigas, como Rolling Stones, The Clash e meu mestre, Jimmy Hendrix. Das brasileiras, tenho escutado Pitty e Móveis Coloniais de Acaju.
" A crise da indústria de CDs fez com que a maioria dos grupos tenha que arcar com o investimento inicial "

JÉSSICA MENDONÇA: Qual a diferença entre o cenário do rock atual e o de 30 anos atrás, quando você começou?
TONY: O rock brasileiro evoluiu, ficou mais profissional e também mais rico. Quando fuço na internet, vejo que as bandas estão com uma variedade enorme de influências. Por um lado, a internet ajudou a divulgar grupos de todo o país. Não é mais preciso se mudar para o Rio ou São Paulo. Por outro lado, a crise da indústria de CDs fez com que a maioria dos grupos tenha que arcar com o investimento inicial. Antes, você ganhava dinheiro para gravar o primeiro álbum com calma e podia se dedicar exclusivamente a isso. Hoje, com o esquema independente, as bandas têm que se virar.
O GLOBO: Que conselho você dá a uma banda iniciante?
TONY: Para se destacar é preciso achar seu jeito de tocar e compor. Tem muito cara por aí que faz o solo de guitarra igualzinho ao do Slash, mas o que importa é fazer um solo com a sua marca. E, para encontrar aquilo que só você tem a dizer, é preciso trabalhar. Ir além da imitação e entender quem você é e como expressar isso na música.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/megazine/mat/2011/06/27/tony-bellotto-dos-titas-fala-de-musica-na-web-rock-brasileiro-evoluiu-mas-as-bandas-hoje-tem-que-se-virar-924776712.asp#ixzz1QatHZ0Zr
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