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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Índice-enlevo


Índice-enlevo
Um animal irracional, um cão, por exemplo, segue apenas seu focinho e reage ou vive experiências à medida que essas experiências chegam até sua esfera de percepção canina. Isto é, conforme citado por Chip Walter em seu livro “Polegares e Lágrimas . e outras peculiaridades que nos tornam humanos”, memória indexical, termo usado por Terrence Deacon para explicar as reações de uma criatura irracional guiada por instintos. Essas reações são “um índice linear de experiências ou reações que entram por um lobo cerebral e saem pelo outro.”
Traçando um paralelo com esse índice, a memória indexical, pode-se afirmar que o índice-enlevo se vale da consciência do presente – passado e futuro não existem, um já se foi e o outro não chegou ainda – para gerar símbolos de espiritualidade elevada. O córtex pré-frontal, responsável pela priorização, protelação ou inibição de atitudes, atividades ou reações mentais e a memória operacional são a causa da simbolização e da organização da linguagem. Linguagem é o que nos torna humanos e o que nos diferencia de um cachorro, nossa capacidade de deliberar, priorizar, tomar uma decisão sobre o que fazer, em suma, nossa capacidade de pensar. O fato é que o cão – assim como os outros animais irracionais – está tão imerso na sua natureza canina, que não pode ter consciência do Self. Apenas nós, humanos, temos consciência do Self. Quando o Self é transcendido, redimido ou quando temos um vislumbre da centelha divina por meio de um satori, por exemplo, – satori que é necessário ser ignorado, caso contrário, há a possibilidade de um desencaminhamento espiritual – nosso Self se plasma com Deus, com Gaia, com o Todo, com o inconsciente coletivo ou com a egrégora da qual fazemos parte e temos uma expansão da consciência, uma consciência cósmica desperta.
Dessa forma, o índice-enlevo trabalha num nível de fluxo torrencial, sem vacilações. A mente-que-sabe, como diz o pajé indígena, sabe e não se pergunta porque sabe, simplesmente sabe. A fonte da água da vida é dada pelo divino abundantemente e gratuitamente para quem medita de modo profundo. Essa “linguagem cósmica” é compartilhada pelos homens e mulheres despertos e ignorada pela multidão. Uma verdade que é única e que faz parte de uma realidade única que pode coexistir em muitos universos num cosmos, mas que sempre é una e trina. Pai (Eterno Deus Celestial), Filho (Jesus Cristo) e Divino Espírito Santo (Espírito Paráclito) que são três e um, ao mesmo tempo.
O índice-enlevo surfa nessa onda espiritual através da leitura, escrita, memória, oralidade e catalogação de referências textuais que remetam ao aprofundamento ou elevação transcendendo a mera intelectualidade e/ou erudição. Um tipo de conhecimento espiritual que só pode ser indicado (indexado) e não posto em palavras totalmente e, às vezes, nem mesmo parcialmente posto em palavras.
O reflexo da Lua na água não é a Lua, assim como o dedo que indica a Lua também não é a Lua. É um índice. Um índice-enlevo, se assim permitirmos.
Mauricio Antonio Veloso Duarte (Swami Divyam Anuragi)
Referências bibliográficas:
Polegares e Lágrimas . e outras peculiaridades que nos tornam humanos . Chip Walter . Editora Record . Rio de Janeiro . 2006
Bênção . a arte e a prática . David Spangler . Editora Rocco . Rio de Janeiro . 2004
O Dom da Sabedoria na Mente, Vida e Obra de Plinio Corrêa de Oliveira . Vítima Expiatória . Libreria Editrice Vaticana . São Paulo . 2016
Desvendando Mistérios . Chacras, Kundalini, os Sete Corpos e outros temas esotéricos . Osho . Editora Alaúde . São Paulo . 2006
Síntese do Budismo . Editora Brasil Seikyo . São Paulo . 2013
Teorias da Aprendizagem . O que o professor disse . Guy R. Lefrançois . Cengage Learning . São Paulo . 2016


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Dez estratégias de manipulação das mídias de massa

1. A estratégia da distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais"

2. Criar problemas e depois oferecer soluções
Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A estratégia da gradualidade
Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, a aceitação do homossexualismo, do aborto e do feminismo vêm sendo inculcada gradualmente na mente das pessoas.

4. A estratégia de diferir
Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade
A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico.

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar."

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto como ocorre, por exemplo, com programas televisivos como Big Brother Brasil, que reproduz os piores modelos possíveis de juventude.
9. Reforçar a autoculpabilidade
Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra a classe política, o indivíduo se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação.
10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.
 
Adaptado de Brasil Educom
fonte: http://roberto-cavalcanti.blogspot.com.br/2014/01/10-estrategias-de-manipulacao-das.html
 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sua cultura determina aquilo de que você se lembra

 

Sua cultura determina aquilo de que você se lembra




Os detalhes de um evento de que você se lembra - como a sua última festa de aniversário - são determinados em parte pela sua formação cultural.
Os norte-americanos, por exemplo, tendem a se concentrar em detalhes visuais primários, como a cor das decorações da festa ou o tipo de cereja no topo do bolo.
Já os asiáticos se lembram melhor de detalhes interpessoais - quem serviu o bolo ou quem dançou na festa.
"Sua cultura influencia o que você percebe como sendo importante ao seu redor," resume Angela Gutchess, professora de psicologia na Universidade Brandeis (EUA). "Se a sua cultura valoriza as interações sociais, você vai se lembrar dessas interações melhor do que uma cultura que valoriza as percepções individuais. A cultura realmente molda a sua memória."

Para explorar a forma como os dois estão relacionados - cultura e memória -, Gutchess e sua equipe realizaram uma série de testes de memória em alunos dos Estados Unidos e dos países do Leste Asiático, incluindo China, Japão e Coreia.

Ambos os conjuntos de estudantes tiveram notas semelhantes nos testes de memória em geral, mas os estudantes norte-americanos se saíram melhor na recordação de objetos específicos.
"Estudos anteriores haviam mostrado que os leste-asiáticos são mais capazes de se lembrar de detalhes contextuais e de fundo, mas este estudo mostrou que nem sempre este é o caso," disse Gutchess. "Isso pode ser porque a memória dos asiáticos é mais focada no contexto emocional e em detalhes sociais do que em detalhes visuais."

Entender uns aos outros

De acordo com Gutchess, entender como a cultura afeta a memória pode melhorar as interações pessoais - das relações diplomáticas aos estilos de ensino em sala de aula.

A memorização, por exemplo, pode funcionar para algumas culturas, enquanto uma abordagem mais baseada no contexto da aprendizagem pode funcionar melhor para outras.

"Se pudermos entender como nos lembramos, nós podemos começar a realmente entender melhor uns aos outros," diz ela.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ana Teberosky: ''Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita''

Para a educadora argentina, nas sociedades em que se valoriza a interação entre as pessoas e a cultura escrita, o processo de alfabetização é mais eficiente

Paola Gentile

ANA TEBEROSKY
ANA TEBEROSKY
Foto: Gustavo Lourenção

Ana Teberosky é uma das pesquisadoras mais respeitadas quando o tema é alfabetização. A Psicogênese da Língua Escrita, estudo desenvolvido por ela e por Emilia Ferreiro no final dos anos 1970, trouxe novos elementos para esclarecer o processo vivido pelo aluno que está aprendendo a ler e a escrever. A pesquisa tirou a alfabetização do âmbito exclusivo da pedagogia e a levou para a psicologia. "Mostramos que a aquisição das habilidades de leitura e escrita depende muito menos dos métodos utilizados do que da relação que a criança tem desde pequena com a cultura escrita", afirma. Para ela, os recursos tecnológicos da informática estão proporcionando novos aprendizados para quem inicia a escolarização, mas as práticas sociais, cada vez mais individualistas, não ajudam a formar uma comunidade alfabetizadora.

Doutora em psicologia e docente do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona, ela também atua no Instituto Municipal de Educação dessa cidade, desenvolvendo trabalhos em escolas públicas. Em setembro, quando esteve no Brasil para participar do Congresso Saber 2005, ela deu a seguinte entrevista à ESCOLA.


De quem é a culpa quando uma criança não é alfabetizada?
Ana Teberosky
- A responsabilidade é de todo o sistema, não apenas do professor. Quando a escola acredita que a alfabetização se dá em etapas e primeiro ensina as letras e os sons e mais tarde induz à compreensão do texto, faz o processo errado. Se há separação entre ler e dar sentido, fica difícil depois para juntar os dois.

Como deve agir o professor especialista ao deparar com estudantes de 5ª a 8ª série não alfabetizados?
Ana Teberosky
- Todo educador precisa saber os motivos pelos quais a alfabetização não ocorre. Sou contra usar rótulos como alfabetizado e não-alfabetizado, leitor e não-leitor. Quando se trata de conhecimento, não existe o "tudo ou nada". Uma criança que tenha acabado as quatro primeiras séries, apesar de dominar os códigos da língua, pode ter dificuldade em compreender um texto e não estar habituada a estudar. Algumas apresentam resistência a tudo o que se refere à escola por motivos vários. Outras têm mesmo dificuldades e, por não saber superá-las ou não contar com alguém para ajudar, evitam contato com textos. Cada caso exige atenção e tratamento diferentes. A atitude positiva do professor tem impacto na alfabetização da turma?
Ana Teberosky - Acreditar que o aluno pode aprender é a melhor atitude de um professor para chegar a um resultado positivo em termos de alfabetização. A grande vantagem de trabalhar com os pequenos é ter a evolução natural a seu favor. Se não existe patologia, maus-tratos familiares ou algo parecido, eles são máquinas de aprender: processam rapidamente as informações, têm boa memória, estão sempre dispostos a receber novidades e se empolgam com elas. Um professor que não acha que o estudante seja capaz de aprender é semelhante a um pai que não compra uma bicicleta para o filho porque esse não sabe pedalar. Sem a bicicleta, vai ser mais difícil aprender!

Os defensores do método fônico culpam o construtivismo, base dos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelos problemas de alfabetização no Brasil. O que a senhora pensa disso?
Ana Teberosky - Para afirmar se a culpa é ou não de determinada maneira de ensinar, seria necessário ter um estudo aprofundado das práticas pedagógicas dos alfabetizadores em todo o país. Uma coisa é o que eles declaram fazer, outra é o que eles executam de fato. Quem afirma que uma forma de alfabetizar é melhor que a outra está apenas dando sua opinião pessoal já que não existe nenhuma pesquisa nessa linha. A dificuldade em alfabetizar no Brasil é histórica e já existia mesmo quando o método fônico estava na moda.

O bom desempenho de alguns países nas avaliações internacionais pode ser atribuído à utilização do método fônico?
Ana Teberosky
- Não dá para comparar um país com outro, porque não é somente a maneira de ensinar que muda. Outros fatores aliás, importantíssimos influenciam no processo de aquisição da escrita, como as características de cada idioma. É muito mais fácil alfabetizar em uma língua em que há correspondência entre o sistema gráfico e o sonoro ou naquelas em que as construções sintáticas são simples, por exemplo.

O método fônico e a psicogênese da língua escrita são incompatíveis?
Ana Teberosky - A psicogênese não é método, e sim uma teoria que explica o processo de aprendizagem da língua escrita. Nesse contexto, defendemos a integração de várias práticas pedagógicas. Mas o importante é que se leve em conta, além do código específico da escrita, a cultura e o ambiente letrados em que a criança se encontra antes e durante a alfabetização. Não dá para ela adquirir primeiro o código da língua e depois partir para a compreensão de variados textos. Nós acreditamos que ambos têm de ocorrer ao mesmo tempo, e aí está o diferencial da nossa proposta.

Como o processo de alfabetização deve ser avaliado?
Ana Teberosky - O professor deve se basear no momento inicial de aprendizagem de cada aluno, verificando o que ele conquistou em determinado período. Além do mais, a avaliação passa pela análise do próprio trabalho: o professor tem condições materiais e estruturais para ensinar? Ele criou um ambiente alfabetizador favorável à aprendizagem e necessidades de usar a língua escrita?

O que é um ambiente alfabetizador?
Ana Teberosky - É aquele em que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em papel , um mundo de escritos que circulam socialmente. A comunidade que usa a todo momento esses escritos, que faz circular as idéias que eles contêm, é chamada alfabetizadora.

Nós vivemos em uma comunidade alfabetizadora?
Ana Teberosky
- Cada vez menos a sociedade auxilia a alfabetização por não promover situações públicas em que seja possível a circulação de escritos, debates, discussões e reuniões em que todos sintam necessidade e vontade de usar a palavra. O individualismo vai contra a formação de leitores e escritores. Há uma tese brasileira que mostra como os sindicatos, durante sua história, desenvolveram uma cultura alfabetizadora entre seus membros. Como os líderes tinham de convencer os filiados sobre determinadas teses, buscavam informações para embasar seus argumentos, levantavam questões e respondiam às apresentadas. Os sindicalizados, por seu lado, também precisavam ler documentos, participar de reuniões, colocar suas dúvidas e opiniões para decidir.

Quais atividades o professor alfabetizador deve realizar?
Ana Teberosky - Formar grupos menores para as crianças terem mais oportunidade de falar e ler para elas são estratégias fundamentais! É preciso compartilhar com a turma as características dos personagens, comentar e fazer com que todos falem sobre a história, pedir aos pequenos para recordar o enredo, elaborar questões e deixar que eles exponham as dúvidas. Se nos 200 dias letivos o professor das primeiras séries trabalhar um livro por semana, a classe terá tido contato com 35 ou 40 obras ao final de um ano.

É correto o professor escrever para os alunos quando eles ainda não estão alfabetizados?
Ana Teberosky - Sim. A atuação do escriba é um ponto bastante importante no processo de alfabetização. O estudante que dita para o professor já ouviu ou leu o texto, memorizou as principais informações que ele contém e com isso consegue elaborar uma linha de raciocínio. Ao ver o que disse escrito no quadro-negro, ele diferencia a linguagem escrita da falada, seleciona as melhores palavras e expressões, percebe a organização da escrita em linhas, a separação das palavras, o uso de outros símbolos, como os de pontuação. A criança vê o seu texto se concretizar.

O computador pode ajudar na alfabetização?
Ana Teberosky - O micro permite aprendizados interessantes. No teclado, por exemplo, estão todas as letras e símbolos que a língua oferece. Quando se ensina letra por letra, a criança acha que o alfabeto é infinito, porque aprende uma de cada vez. Com o teclado, ela tem noção de que as letras são poucas e finitas. Nas teclas elas são maiúsculas e, no monitor, minúsculas, o que obriga a realização de uma correspondência. Além disso, quando está no computador o estudante escreve com as duas mãos. Os recursos tecnológicos, no entanto, não substituem o texto manuscrito durante o processo de alfabetização, mas com certeza o complementam. Aqueles que acessam a internet lêem instruções ou notícias, escrevem e-mails e usam os mecanismos de busca. Ainda não sabemos quais serão as conseqüências cognitivas do uso do computador, mas com certeza ele exige muito da escrita e da leitura.

É possível alfabetizar em classes numerosas?
Ana Teberosky - Depende da quantidade de alunos. Em quatro horas de aula por dia com 40 crianças, é muito difícil e eu não saberia como fazer... Seria melhor se cada sala tivesse 20, 25. Em Barcelona, estamos experimentando os agrupamentos flexíveis, que misturam grupos de diferentes níveis, com 12 estudantes e com três ou quatro professores à disposição para orientação. Existem algumas possibilidades desde que haja contribuição da gestão pública.


Quer saber mais?
Contatos
Contextos de Alfabetização Inicial, Ana Teberosky e Marta Soler Gallart (orgs.), 175 págs., Ed. Artmed, tel. 0800 703-3444, 34 reais
Psicogênese da Língua Escrita, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, 300 págs., Ed. Artmed, 46 reais
Psicopedagogia da Língua Escrita, Ana Teberosky, 151 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 24,40 reais


fonte:Ana Teberosky: ''Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita'' | Língua Portuguesa | Nova Escola