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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Está Faltando Originalidade e Criatividade nos Comics Atuais?


 



Volta e meia nos deparamos com
comentários do tipo: “nos quadrinhos de hoje não tem nada de bom”, ou
“no meu tempo, os quadrinhos eram muito melhores”. Esse tipo de
comentário me irrita muito. Ou a pessoa não está buscando ler as coisas
que saem ou possui preconceito ou simplesmente preguiça mental de ver
que as coisas e o mundo mudaram. Mas para tentar avaliar essa situação, a
de que falta originalidade e criatividade nos comics atuais, fui atrás
desses dois conceitos e gostaria de discuti-los com vocês em face a
atual produção de comics.



Para começar, vamos ao conceito de criatividade, dado por Oliver Sacks em seu livro Um Antropólogo em Marte.


“A criatividade, como
costuma ser entendida, acarreta não somente em um “o que”, um talento,
mas um “quem” – fortes características pessoais, uma identidade forte,
uma sensibilidade e estilos próprios, que escoam para o talento,
fundem-se com ele, dando-lhe corpo e forma pessoais. A criatividade,
nesse sentido, envolve a capacidade de originar, de romper com a maneira
existente de olhar as coisas, mover-se livremente no domínio da
imaginação, criar e recriar mundos inteiros na cabeça da pessoa –
enquanto supervisiona tudo isso com um olho crítico superior”. (SACKS,
2006, p. 47)
ORIsaga


Acho que Brian K. Vaughan é um bom
exemplo de criador de mundos. Veja o que ele fez com Y: O Último Homem e
em SAGA. Criou do nada dois enormes mundos de ficção científica e,
mesmo que a criação dos dois tenha mais de dez anos de diferença, ele
manteve seu estilo de escrita, mesmo que ele tivesse mudado um tanto. O
estilo de BKV é de fácil reconhecimento. Não é por acaso que os seus
Fugitivos estão fazendo sucesso como a melhor série live-action da
Marvel até então e seguindo fielmente os quadrinhos escritos por ele.



ORIrunaways


Já no quesito originalidade, que
também envolve a criatividade, pego emprestado a citação do escritor
japonês Haruki Murakami em seu livro-ensaio
Romancista como vocação. nesse livro, entre muitos aspectos da criação, ele dá três passos para a definição da originalidade:


“É apenas opinião minha,
mas para um determinado artista ser considerado original, ele precisa
preencher os seguintes requisitos básicos:

  1. Possuir um estilo próprio
    que seja visivelmente diferente do de outros criadores (pode ser som,
    estilo de escrever, forma ou cor). Só de vê-lo (ouví-lo) um pouco,
    deve-se reconhecer (quase que) instantaneamente que se trata de uma
    expressão sua.

  2. Conseguir renovar o seu
    estilo por conta própria. O estilo precisa se desenvolver com o tempo.
    Não pode se manter no mesmo lugar para sempre. E deve possui força de
    reinvenção espontânea.

  3. Com o tempo este estilo
    próprio precisa se tornar um padrão a ser absorvido pelas mente das
    pessoas e deve ser incorporado como parte do critério de avaliação de
    valores. Ou precisa se tornar uma rica fonte de criação para futuros
    artistas”. (MURAKAMI, 2017, p. 52 e 53)
ORIfractionPortanto, originalidade e
criatividade, envolvem, sem dúvida uma grande marca pessoal, portanto
envolve o tal do estilo. O estilo é uma coisa presente em diversos
quadrinistas renomados como Stan Lee, Alan Moore, Will Eisner, Garth
Ennis, Frank Miller, Neil Gaiman e tantos outros. Nos representantes dos
quadrinhos atuais podemos encontrar estilo facilmente em Brian Wood e
Matt Fraction. Embora a obra de Wood tenha transitado do mais original
(como DEMO e Local) para coisas menos originais, como a equipe feminina
dos X-Men, o trabalho de Matt Fraction se torna mais original e mais
autêntico atualmente. Basta comparar seu início com Casanova, Punho de
Ferro e Justiceiro com trabalhos atuais como Gavião Arqueiro e
Criminosos do Sexo.



MORNING GLORIES VOL1.inddTambém podemos encontrar voz autêntica
em autores como Nick Spencer, que é verborrágico e irônico, mas que ao
mesmo tempo que afasta os leitores a princípio, acaba atraindo-os ao
final da leitura. Já Al Ewing e Charles Soule també possuem esse verve
de ironia, buscando, através de um grande conhecimento de quadrinhos e
de suas áreas específica, imprimir suas versões pessoais para
personagens e histórias. Isso sem ficarmos de citar gente como Brian
Michael Bendis, Mark Millar, Scott Snyder, Tom Taylor e Tom King, todos
eles com trabalhos identificáveis presentes nos últimos dez anos.  



ORIchampions
Dessa maneira venho provar que as
falácias “nos quadrinhos de hoje não tem nada de bom”, ou “no meu tempo,
os quadrinhos eram muito melhores”, são exageros e ilusões de
saudosistas. Esses leitores idilicamente ufanam seus quadrinhos
empregando a eles uma carga de importância não maior do que os citados
aqui. Vamos para de viver no paraíso do passado e abrir os olhos para as
possibilidades do futuro. 







Fonte:


SACKS, Oliver. Um Antropólogo em Marte. São Paulo, Companhia das Letras, 2006.


MURAKAMI, Haruki. Romancista por Vocação. São Paulo: Alfaguara, 2017. 



















 https://splashpages.wordpress.com/2017/12/12/esta-faltando-originalidade-e-criatividade-nos-comics-atuais/

quinta-feira, 19 de março de 2015

Halleymania: 30 anos depois


Por Marcus Ramone

Como um brasileiro transformou um corpo celeste no maior fenômeno comercial da história da astronomia e despertou o interesse da Marvel.


Marcelo DinizO publicitário mineiro Marcelo Diniz sofre de bipolaridade. Em seu último livro, Crônicas de um bipolar (Record, 2010), ele revelou algumas situações inusitadas que protagonizou como consequência do transtorno.
Foi assim em 1980, do alto de seus 32 anos, quando trabalhava em um gigante da indústria de cigarros e teve um insight, “de acordo com uma característica da bipolaridade, que é ter a cabeça sempre a mil, procurando novas ideias”, como disse ao Universo HQ.
Naquela época, as primeiras reportagens sobre a nova visita do cometa Halley às proximidades da Terra começavam a surgir em jornais e TVs. Mas o assunto ainda não despertava o interesse que viria a ter mais tarde.
A Era dos Halley
“Eu pensava em lançar uma Butique Hollywood, vendendo roupas e artigos promocionais com a marca dos cigarros Hollywood. Era um projeto de diversificação e licenciamento. Estava com a teoria bem clara na cabeça, quando li numa revista que o cometa Halley voltaria em 1986 e inspiraria músicas e suvenires e que crianças seriam batizadas com o seu nome”, relata Diniz.
Bastou isso para o publicitário partir em busca da realização da ousada empreitada de capitalizar com o viajante cósmico. “Pensei: quem tiver essa marca estará rico. E fui atrás de um advogado para saber se era possível. Não só era, como estava livre para registro no Brasil. E, nos Estados Unidos, só não estava livre para isqueiros e perfumes, em dois produtos que existiam desde 1910″, revela.
Ainda em 1980, Diniz juntou o dinheiro que tinha, pediu mais emprestado e arregimentou o sócio Luiz Felipe Tavares para criar a Marcelo Diniz Estratégias de Marketing Ltda. e fazer todos os registros possíveis da marca Halley no País.
Dois anos depois, fez o mesmo nos Estados Unidos, na França e na Alemanha.
Cometa Halley
Convocando o argumentista Luiz Antonio Aguiar e o ilustrador Lielzo Azambuja, Diniz criou o esteio do projeto: a Família Halley, de quem dependia integralmente a continuidade da empreitada.
Os personagens ganharam nome, visual e conceito que, via de regra, acompanhavam a marca, formando os pilares sobre os quais se montou o projeto e que se completavam com a mensagem de harmonia pregada pela família espacial.
Viajantes cósmicos, os Halley eram os únicos sobreviventes do planeta Hydron, devastado por uma colisão com um mundo desabitado e do qual sobrara apenas a calota polar, que se transformara no cometa Halley.
Depois de encontrar o planeta Terra e se afeiçoar aos seus habitantes, a família resolveu adotar o nome com o qual os terráqueos batizaram o pedaço desgarrado de Hydron.
Assim nasceram Big Halley, Halley, Halleyxpert, Halleyfante, Halleygante, Halleyluiah, Halleyxandra, Halleyzinha, Halleyzótica e Halleygria, uma trupe cujos nomes de pronúncia fácil ganharam o apelo imediato que garantiu à franquia o sucesso almejado.
Em 1985, um ano antes do que se esperava ser a chegada triunfal do cometa, a Família Halley começou sua trajetória pela mídia, por meio de um contrato com a TV Globo que levou os personagens aos programas Balão Mágico – no qual o Halleyfante, uma espécie de paquiderme robô, virou atração fixa -, Fantástico, Globo Repórter e Minuto Halley (“foguetinhos” diários na programação) e ao musical A Era dos Halley, que contou com a participação de diversos nomes da MPB e do rock brasileiros e foi lançado em LP.
Começava ali a halleymania.
Febre consumista
Materiais escolares, tênis, óculos, chicles de bola, iogurtes, brinquedos, artigos de vestuário e diversos outros produtos, incluindo uma linha de joias finas da H.Stern, todos estampando o nome ou a imagem da Família Halley, começaram a invadir o mercado em 1985.
Ao todo, foram 53 contratos de licenciamento para mais de dois mil produtos, resultando em um faturamento imediato de cerca de dez milhões de dólares – na época, uma cifra ainda mais espantosa do que é hoje.
No mesmo ano, a Família Halley estreou nas tiras de quadrinhos, publicadas diariamente no jornal O Globo. Meses depois, em outubro, chegou aos gibis na série bimestral A Era dos Halley, que na primeira edição oferecia de brinde um bottom.
A Era dos Halley # 2A Era dos Halley # 3
A revista trazia, em cada edição, duas histórias em quadrinhos – escritas por Luiz Antonio Aguiar, Ives do Monte Lima e Salete Brentan, com desenhos de Napoleão Figueiredo e Roberto Kussumoto -, além de passatempos relacionados ao Halley, textos sobre astronomia e tecnologia espacial e a seção Jornal do Cometa, com as últimas novidades sobre o astro da década.
Foi publicada até junho de 1986, quando o cometa Halley já rumava para outras galáxias.
E não ficou só nisso. Um longa-metragem com atores chegou a ser pré-produzido, mas não vingou.
A exposição e o sucesso da marca Halley não passaram despercebidos em outros países. No dia 8 de maio de 1986, a edição do jornal norte-americano New Scientist destacou o furor causado pelo cometa no Brasil, potencializado pela criação de Marcelo Diniz, agora celebrado como um empresário de visão telescópica – com o perdão do trocadilho necessário.
Nesse período, a Warner Licensing Corporation já havia assinado com a Marcelo Diniz Estratégias de Marketing uma carta de intenções para licenciar a marca Halley pelo mundo.
E a Marvel Entertainment, dona dos direitos sobre os super-heróis Homem-Aranha, X-Men, Hulk e outros, assinou um contrato de opção para produzir desenhos animados da Família Halley. “Mas poderia pedir, se quisesse, a extensão para longas-metragens live-action ou mesmo quadrinhos”, afirma Diniz.
Ele confessa que, se isso acontecesse, seria uma conquista pessoal. “Eu adoraria. Desde criança, lia tudo que era Disney, Bolinha e Luluzinha e, à medida que fui crescendo, os super-heróis. Mas o meu preferido era o Fantasma. Ainda gosto de quadrinhos, mas, hoje em dia, prefiro cinema”, conta.
Diniz também acredita que a Marvel teria um papel importante na longevidade da Família Halley.
“O planejamento de marketing previa que o filme, as histórias em quadrinhos e os desenhos animados dessem vida longa ao projeto, muito tempo após a passagem do cometa. Os norte-americanos condicionaram os investimentos em produção ao sucesso do evento. Como o Halley não foi visto no hemisfério norte, eles desistiram”, afirma. “As produções daquela época, sem os efeitos especiais necessários, não eram suficientes para manter vendas de produtos inspirados em um evento que frustrou o público. Se tivéssemos os desenhos animados da Marvel, talvez ainda desse para continuar.”
No final das contas, o cometa havia sido anjo e demônio para Diniz.
Fiasco no céu
O astrônomo Edmond Halley (1656 – 1742) emprestou seu nome ao cometa mais famoso deste lado da Via Láctea.
Depois de descobrir que os cometas avistados em 1531, 1607 e 1682 eram um só, ele previu que a órbita completada em torno do Sol a cada 76 anos o traria de volta em 1758. O cientista morreu antes de ver sua previsão concretizada.
A visita de 1910, em que a cauda do Halley tocou a atmosfera terrestre e apresentou um espetáculo inesquecível para quem teve o privilégio de assistir, provocou em 1986 uma grande expectativa, que se mostrou frustrada.
Naquele ano, o Brasil ainda saboreava a recente retomada da democracia institucional, depois de mais de duas décadas sob as rédeas do regime militar.
O pacote econômico batizado de Plano Cruzado fora lançado com a firme missão de criar uma moeda nacional forte e, principalmente, acabar com o monstro da inflação, que minava o poder de compra dos brasileiros.
A Era dos Halley # 4A Era dos Halley # 6
No esporte, o povo se unia na torcida para a seleção de futebol, comandada pelo técnico Telê Santana, conquistar seu quarto título da Copa do Mundo.
E o cometa Halley, a sensação daquele momento, atingia o periélio – ponto mais próximo do Sol -, para a alegria dos que continuavam acreditando ser possível observá-lo em sua plenitude, a olho nu.
Mas foram necessários somente poucos meses para tudo desmoronar e outra realidade bater à porta.
O índice de popularidade do presidente da República despencou vertiginosamente, o plano econômico fracassou e a Seleção Brasileira foi eliminada do Mundial realizado no México.
A pá de cal veio do espaço: o cometa Halley foi embora, sem nunca ter vindo, marcando o fim de um fenômeno comercial e de marketing jamais visto no planeta – antes ou depois – na história da astronomia.
Pouca gente o viu, de fato. E somente com a ajuda de uma boa luneta – nem de longe as que eram vendidas feito água em lojas e nos camelôs – e de um mapa celeste fácil de decifrar, foi possível testemunhar a aparição do cometa, que se mostrou um reles chumaço de algodão no meio de estrelas muito mais brilhantes no céu.
Marcelo Diniz não contava com isso. Não há como saber com certeza, mas dificilmente a passagem do Halley seria tão lembrada no Brasil, décadas depois, se o publicitário não houvesse deflagrado a halleymania que marcou os anos 1980 no País.
No entanto, poderia ter sido melhor. “Não ‘fiquei de mal’ do Halley, apenas frustrado por não ter completado o projeto da minha vida. Mas acho que já superei isso”, confessa Diniz.
Atualmente trabalhando como assessor da Associação Brasileira de Agências de Publicidade e planejador da Associação Brasileira de Propaganda, Diniz tem sido sondado por alguns interessados em reviver a Família Halley. O Cartoon Network faz parte dessa lista.
Mas a volta dos personagens ainda parece uma realização distante. “Todos que analisaram os desenhos nos últimos anos disseram que eles teriam que ser refeitos, modernizados. O potencial é bom, temos dezenas de roteiros prontos, mas eu teria que investir em novos desenhos, produção e outros elementos. Não tenho mais interesse em partir para um empreendimento desses com risco próprio”, diz o criador da Família Halley.
Há poucos anos, ele presenteou os leitores do UHQ ao liberar, com exclusividade para o site, imagens nunca antes divulgadas e que agora podem ser vistas novamente, na galeria no final deste texto.
“São pranchas da primeira história dos Halley, conforme apresentamos à Warner e à Marvel, com conceito visual e estilo de desenho diferentes do publicado pela Editora Abril. Mostramos duas HQs que encantaram os norte-americanos. Jamais foram publicadas”, explica Diniz.
Marcus Ramone era halleytor dos gibis da Família Halley e até hoje guarda a coleção como uma halleymbrança do cometa que alega ter visto.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dia do Quadrinho 2015: mais um evento apoiado pela SAL





O Estúdio Alexandre Martins apresenta o Dia Nacional do Quadrinho em São Gonçalo no dia 30 de janeiro de 2015.
 Uma oportunidade de encontrar pessoas amantes da História em Quadrinhos, com suas produções artísticas (amadoras ou não), perto de profissionais da área e empresas afins.

Panorama da programação do Dia do Quadrinho 2015


  • Exposição de Quadrinhos nacionais ou não, bem como de suas ilustrações, estudos, personagens e etc;
  • Banca de venda e troca de publicações, coordenada e realizada pelos próprios artistas e editoras;
  • Projeção de filmes relativos ao mundo dos quadrinhos.
  • Palestras com nomes da área.


Programação do Dia do Quadrinho 2015

dia 30 de Janeiro, sexta-feira, das 10 às 16h

Centro Cultural Pref. Joaquim Lavoura ("Lavourão")


10h - Abertura / homenagens


10h30 - Palestra: “Como trabalhar com Quadrinhos" com Lipe Diaz


12h - filme "A Guerra dos Gibis" (Sessão com Debate)


13h - Palestra: "IFANZINE – revistas artesanais, protagonismo e autopublicação” com Alberto Souza


14h -Palestra: “Letras em quadrinhos: um olhar sobre a tipografia em HQ’s” com Vinicius Guimarães


15h - Palestra: "O Caminho das Pedras nos Quadrinhos: da Internet ao Licenciamento, como ter sucesso" com Leo Vieira


16h - Encerramento


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durante todo o dia:
  • exposição
  • bancas
  • oficinas
 Entrada franca - Censura livre



 filme "A Guerra dos Gibis"


 
- Direção:Thiago B. Mendonça e Rafael Terpins
- Produção: Renata Jardim, Rafael Terpins, Thiago B. Mendonça
- São Paulo, SP, 2013
- duração 19’30’’

Sinopse:Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos no Brasil. Mas a Censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a Ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade.
Entrada Franca.



Produção:





Apoio:

 
 
 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Uma norma para acabar com os quadrinhos nacionais


Gian Danton


No dia 13 de março de 2014 o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente aprovou, de forma unânime, a resolução nº 163 que considera abusiva toda e qualquer publicidade e comunicação mercadológica dirigidas às crianças.

A resolução é apoiada por muitos como uma forma de proteger as crianças contra os abusos, mas, se for colocada na prática, vai ter resultados muito mais amplos.

Legislações restritivas à publicidade infantil existem em outros países do mundo. Na Suécia, por exemplo, estão proibidos os comerciais na TV aberta. Países como Chile e Peru proíbem anúncios de determinados alimentos e bebidas. Na Grécia, anúncios de brinquedos só podem ser anunciados na TV aberta em horário adulto. No Irã, bonecos dos Simpsons e da Barbie não podem ser comercializados ou anunciados. Mas esse é o primeiro caso de proibição total e absoluta de qualquer tipo de comunicação comercial voltada ao público infantil.

A resolução considera abusiva "a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço". Estão proibidos linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores; trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança; representação de criança; pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil; personagens ou apresentadores infantis; desenho animado ou de animação; bonecos ou similares; promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

A resolução define a 'comunicação mercadológica' como toda e qualquer atividade de comunicação comercial, inclusive publicidade, para a divulgação de produtos, serviços, marcas e empresas realizada, dentre outros meios e lugares, em eventos, espaços públicos, páginas de internet, canais televisivos, em qualquer horário, por meio de qualquer suporte ou mídia, no interior de creches e das instituições escolares da educação infantil e fundamental, inclusive em seus uniformes escolares ou materiais didáticos, seja de produtos ou serviços relacionados à infância ou relacionados ao público adolescente e adulto.

Ou seja: a legislação, na prática, proíbe qualquer comunicação voltada às crianças. O maior prejudicado com a norma é, claro, Maurício de Sousa. Muitos têm comemorado o fato de que ele não pode mais colocar seus personagens em produtos infantis, como pacotes de maçãs.


Mas a legislação é tão ampla que afeta quase toda a produção nacional destinada às crianças. As revistas em quadrinhos infantis, por exemplo, dificilmente se sustentam sem publicidade. Produzir um gibi infantil é um processo caro que quase nunca se paga apenas com as vendas de revistas (até porque essas vendas se reduzem a cada ano). Da mesma forma, os desenhos animados só são exibidos por causa da publicidade. Não por acaso, as TVs abertas estão tirando desenhos animados de sua programação. Há de se perguntar como ficarão os canais infantis da TV por assinatura, até porque eles não poderão mais ser anunciados e também não poderão mais exibir publicidade.

Na prática, a resolução joga uma pá de cal no mercado de desenhos animados infantis, que vinha apresentando um crescimento invejável, com personagens como Peixonauta e Turma da Mônica, e coloca em situação difícil as revistas infantis nacionais, já que não é permitida nem mesmo a publicidade das próprias publicações. Ou seja: a revista do Cebolinha não pode mais anunciar o conteúdo da revista do Cascão. Pior ainda para autores que queiram lançar gibis com personagens novos, que não poderão ser divulgados. Nem mesmo a distribuição de brindes para as crianças são mais permitidos. Na prática, Maurício de Sousa ainda está em uma situação melhor do que outros quadrinistas que queiram lançar outras publicações infantis. Nunca mais veremos o lançamento de outros gibis.

Mas essa é uma visão otimista. A legislação é tão ampla que, na prática, pode proibir até mesmo as capas dos gibis infantis. Veja-se: a legislação considera "'comunicação mercadológica' como toda e qualquer atividade de comunicação comercial, inclusive publicidade, para a divulgação de produtos, serviços, marcas e empresas realizada, dentre outros meios e lugares, em eventos, espaços públicos, páginas de internet, canais televisivos".

Todo manual de marketing explica que um dos elementos essenciais da comunicação mercadológica é o merchandising, ou apelo no ponto de venda. No caso das bancas de revista, o apelo comercial é feito através das capas das revistas. Ou seja, sob qualquer aspecto, a capa de um gibi é uma comunicação mercadológica. Se a norma realmente for seguida, os editores de revistas infantis terão que se adaptar, uma vez que não poderão mais exibir personagens nas capas de suas revistas. Uma solução talvez seja vender as revistas lacradas, com tarjas escondendo os personagens da mesma forma como hoje se faz com as revistas pornográficas. Num mercado em que gibis vendem cada vez menos, a resolução pode ser a pá de cal no mercado de quadrinhos nacionais.

Lendo a legislação lembrei do amigo desenhista Antonio Eder, que, mesmo depois de adulto, ainda tinha o álbum de figurinhas do Palhaço Zequinha, lançado pelo governo do Paraná no final dos anos 1970. O álbum era gratuito e as figurinhas eram trocadas por notas fiscais. Um incentivo para que a população exigisse notas fiscais que fez a alegria de muitas crianças curitibanas. Pela nova legislação, a iniciativa seria ilegal, uma vez que a norma proíbe a "promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis".

Engana-se quem acha que o problema se restringe apenas aos quadrinhos infantis. Como maioria das pessoas acha que todo gibi é para crianças, toda a produção nacional pode ser afetada. Um exemplo: quando lancei o meu livro "Grafipar, a editora que saiu do eixo", perguntei porque o livro era vendido lacrado e com uma tarja avisando que se tratava de um livro para adultos. No meu entender, o livro era obviamente para adultos, até pela referência no subtítulo à produção erótica. "Tente explicar isso a um juiz", respondeu um editor. "Se tem desenho na capa e é quadrinhos, um pai pode achar que é para criança e nos processar. Já aconteceu com outros livros semelhantes". Ou seja: provavelmente para os "especialistas" do conselho, todo quadrinho é para criança e se encaixa na norma, até porque uma das definições para isso é o uso de cores chamativas.

No pior dos cenários, até mesmo as coleções de miniaturas de personagens de quadrinhos (como os da Marvel e DC, que temos visto nas bancas) ficam comprometidas. Explica-se: a legislação atual já proíbe vender em banca de revista algo que não seja revista. Assim, quando se pretende lançar algo do gênero, coloca-se uma revista junto, e diz-se que o boneco é brinde para quem comprou a revista. Como agora brindes são proibidos e como a maioria das pessoas vê quadrinhos como coisa exclusivamente de crianças...

Uma legislação que coíba abusos na publicidade infantil seria bem vinda. Mas a proibição total, com uma lei tão ampla que pode afetar até as capas dos gibis nacionais interessaria a quem? Em tempo, as citações entre aspas foram retiradas diretamente do site do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente.


fonte: Digestivo Cultural
 

sábado, 17 de maio de 2014

Chiclete, a Animação Gonçalense que Chegou pra Grudar.

Chiclete é um cãozinho de pelúcia mágico que ganha habilidades especiais quando está junto de crianças que tenham imaginação. O personagens e seus amiguinhos foram publicados pela primeira vez em 2009 pelo gonçalense Edson D'Car e ganhou muita popularidade na internet e nas escolas. Os personagens já ilustraram tiras, jornais e até revistas em quadrinhos, sendo uma delas para campanha contra o mosquito da dengue.
Sempre visionário e fazendo um trabalho persistente e incansável, o seu criador, Edson D'Car agora investe em uma produção animada. A série segue com produção totalmente gonçalense, onde é desenhada, animada e gravada na cidade de São Gonçalo, no Estúdio João Caetano.
O desenho também conta com elenco da região, onde terão crianças de verdade nas vozes dos personagens infantis, para garantir mais naturalidade e identificação com o público infantil.



As Aventuras de Chiclete
Autor, produtor e diretor: Edson D'Car
Técnico de som: Ricardo Fortuna
Elenco:
Leo Vieira: Chiclete
João Victor Sanches: Dudu
Amanda Sanches: Duda
Paulo Martare: vozes adicionais
Aline Sanches: Narração, Mãe e Vendedora.




Leo Vieira



terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Papai Noel, São Nicolau e a Coca-Cola


Alexandre Martins*


Odiado por alguns, amado por todos. Assim é o Papai Noel, o simpático velhinho que há mais de um século é o garoto propaganda do Natal, deixando a festa cristã mais agradável aos ateus e agnósticos.
A figura de alguém que usa a caridade na época do nascimento do Cristo vêm das histórias contadas na Legenda Áurea1 em especial as referentes à caridade escondida praticada por um bispo católico, são Nicolau de Mira.

Quem foi Nicolau de Mira

Nicolau de Mira, o original

São Nicolau, cujo nome significa "protetor e defensor dos povos" foi tão popular na antiguidade que lhe consagraram no mundo mais de dois mil templos. Era invocado pelos fiéis nos perigos, nos naufrágios, nos incêndios e quando a situação econômica ficava difícil, conseguindo estes favores admiráveis por parte do santo.
Por ter sido tão amigo da Infância, em sua festa dá-se presentes às crianças, e como em alemão se chama "São Nikolaus", começaram-no a chamar Santa Claus, sendo representado como um ancião vestido de vermelho, com uma barba muito branca, que ia de casa em casa repartindo presentes e doces às crianças. De São Nicolau escreveram muito belamente São João Crisóstomo e outros grandes Santos, mas sua biografia foi escrita pelo antigo Arcebispo de Constantinopla, São Metódio.
Desde criança se caracterizou porque tudo o que conseguia o repartia entre os pobres. Os pais de Nicolau morreram cedo. Então, por recomendação de um tio, que o aconselhou a ir visitar a Terra Santa, Nicolau decidiu viajar até à Palestina e depois ao Egito. Durante a viagem, houve uma tempestade, que segundo a lenda, acalmou milagrosamente, quando Nicolau começou a rezar com toda a sua Fé. Foi este episódio que o transformou no padroeiro dos marinheiros e pescadores.
Quando voltou da sua viagem, decidiu que não queria viver mais em Patara e mudou-se para Mira, onde viveu na pobreza, já que tinha doado toda a sua herança aos mais pobres e desfavorecidos.
Na época do imperador romano Licino, perseguidor dos cristãos, Nicolau foi encarcerado e açoitado. Com o governo do imperador Constantino foram liberados ele e outros prisioneiros cristãos. O santo morreu em 6 de dezembro do ano 345. Em meados do século VI, o santuário onde este foi sepultado transformou-se numa nascente de água. Em 1087, os seus restos mortais foram transferidos para a cidade de Bari, na Itália., que se tornou num centro de peregrinação em sua homenagem. Milhares de milagres foram creditados como cedo sua obra, actualmente S. Nicolau é um dos Santos mais populares entre os cristãos e milhares de igrejas por toda a Europa receberam o seu nome (só em Roma existem 60 igrejas com o seu nome, na Inglaterra são mais de 400).
Seu culto chegou a ser extremamente popular em toda a Europa. É Padroeiro da Rússia, da Grécia e da Turquia. São Nicolau virou também padroeiro das crianças e dos marinheiros.
Depois da Reforma Protestante, os protestantes germânicos decidiram dar especial atenção a “ChristKindl” - ao Menino Jesus, transformando-o no “distribuidor” de presentes e transferindo a entrega de presentes para a Sua festa a 25 de Dezembro. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, esta ficou colocada no próprio dia de Natal. Os católicos continuam a comemorar seu dia na data de sua morte, 6 de dezembro.

Os nomes do Papai Noel

O nome Santa Claus vem da evolução paulatina do nome de São Nicolau: Nicklauss, Klaus e Santa Claus. O nosso Papai Noel vem do francês Père Noel. Em Portugal, ele é chamado de “Pai Natal”. Dizem que “Noel” provem de “Emanoel” (em hebraico “Deus conosco”) e seria referencia à pessoa que anuncia a presença do Menino Jesus entre os Homens.

A figura do imaginário popular

Clemente C. Moore, um professor de literatura grega em Nova Iorque, em 1822 escreveu um poema a seus filhos, “Uma visita de São Nicolau”, era a versão de que Noel viajava num trenó puxado por renas e entrava pela chaminé das casas. More hesitou em publicá-lo porque achou que dava uma imagem frívola do Pai Natal. Contudo, uma senhora, Harriet Butler, teve acesso ao poema através do filho de More e decidiu levá-lo ao editor do jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, o qual publicou o poema no Natal do ano seguinte em 1823. A partir daí, vários jornais e revistas publicaram o poema, mas sempre sem se mencionar o seu autor. Só em 1844, é que More reclamou a autoria do poema...
A explicação da chaminé vem da Finlândia, uma das fontes de inspiração do poema. Os antigos lapões viviam em pequenas tendas, como iglus, cobertas com pele de rena. A entrada era um buraco no telhado. De personagem real da Turquia, o Papai Noel imaginário passou a vir do Polo Norte.
cartões de Natal do início do seculo XX

A última e mais importante característica incluída na figura de Papai Noel é sua roupa vermelha e branca. Antigamente, ele vestia-se como bispo ou usava cores próximas do marrom, com uma coroa de azevinhos na cabeça ou nas mãos. Mas não havia padrão. Seu visual foi obra do cartunista Thomas Nast, na revista Haper's Weeklys, em 1886, numa edição especial de Natal. em alguns lugares na Europa e no Canadá ele ainda é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo e, ao invés de gorrinho vermelho, tem uma mitra episcopal.

de Nicolau a Noel

 O Papai Noel já apareceu com essas roupas na obra de Thomas Nast e em publicidades da Colgate, RCA Victor e Michelin, muito antes das campanhas da Coca-Cola.
A Tradição de pendurar meias na lareira ou deixar sapatos na janela originou-se de uma das muitas histórias sobre São Nicolau, em quem se inspira a figura do papai Noel. No passado, para uma moça era indispensável dispor de um dote para se casar. São Nicolau sobe da triste situação de uma família, sem recursos para o dote de suas filhas secretamente, ele jogou três pequenos sacos com moedas de ouro pela chaminé da casa da família. Os sacos caíram dentro das meias das moças, penduradas na lareira para secar. A história mais confiável é a que conta que Nicolau, sabendo que três pobres moças não tinham os dotes para o casamento e por isso o próprio pai, na loucura, lhes aconselhou a prostituição, atirou pela janela da casa das moças três bolsas com o dinheiro suficiente para os dotes das jovens.
As renas do Papai Noel ou de o Pai Natal são as únicas renas do mundo que sabem voar, ajudando o Papai Noel entregar os presentes para as crianças do mundo todo na noite de Natal. Quando o Papai Noel ou o Pai Natal pede para serem rápidas, elas podem ser as mais rápidas renas do mundo. Mas quando ele quer, elas tornam-se lentas. A quantidade de renas que puxam o trenó é controversa, tudo por causa da rena conhecida como Rudolph. Existe uma lenda que diz que Rudolph teria entrado para equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante, que ajuda a guiar as outras renas durante as tempestades. E, a partir daquele ano, a quantidade de renas passou a ser nove, diferente dos trenós tradicionais, puxados por oito renas. Tal lenda foi criada em 1939 e retratada no filme Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho (1960 e 1998). O nome das renas, em inglês são: Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner e Blitzen. E em português são: Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago.
Cartas para santos ou de cunho religioso são uma prática existente desde a antiguidade, mas apenas a partir do século XX surgiu no mundo o ato de enviar cartas ao Papai Noel como um cunho familiar, ou seja, os pais da criança leem as cartas dela, e com a condição de serem bem comportadas durante o ano, recebem o presente como sendo de autoria do Papei Noel; às vezes de forma tão ensaiada que chegam a acreditar fielmente em sua existência. Há versões oficiais ou semioficiais de papais noeis no mundo receptoras de correspondências, e correspondem de acordo com algum critério de seleção. É comum encontrá-los em shopping centers, praças centrais das cidades, hospitais e estabelecimentos públicos, etc. Na maioria destes lugares as cartas são entregues presencialmente ou depositadas no próprio ambiente.
No Brasil, os Correios oficialmente recebem cartas endereçadas ao Papai Noel desde 2001. As mensagens são enviadas aos funcionários do Correios, mas todos os brasileiros podem se voluntariar como um Papai Noel diretamente nas agências dos Correios do país. Os correios dos países escandinavos também têm programas parecidos, mas preparados para correspondências de todo o planeta, uma vez que a Lapônia é terra dada como sendo oficialmente da origem do Papai Noel. Na Finlândia inclusive, todas as cartas dirigidas a Papai Noel ou Santa Claus e com endereço Lapônia ou Pólo Norte são direcionadas para a agência em Rovaniemi (capital da província laponesa). As cartas recebidas com remetente recebem uma resposta em oito idiomas diferentes.


O garoto propaganda do Natal da Coca Cola

O Papai Noel da Coca-Cola, por Sundblom

Haddon Hubbard "Sunny" Sundblom (1899-1976) foi um ilustrador estadunidense mais conhecido pelas imagens de Papai Noel que criou para a The Coca-Cola Company. Sundblom nasceu no Michigan, e estudou na American Academy of Art. Destacou-se por seu trabalho publicitário, mais precisamente as propagandas estreladas por Papai Noel pintadas para a The Coca-Cola Company na década de 1930. Foi também criador da imagem do Quaker Oats (velho da Quaker) em 1957, que continua sendo utilizada nas embalagens de aveia Quaker até os dias de hoje.
Em meados dos anos 1930, Sundblom começou a pintar pin-ups para calendários, trabalho que exerceu uma grande influência para muitos artistas do gênero, como Gil Elvgren, Joyce Ballantyne e Art Frahm. Sua última obra foi uma pintura para a capa da edição de Natal de 1972 da revista Playboy.

 
a arte comercial de Sundblom


Conclusão

Não se trata de demonizar nem de materializar a figura do Papai Noel. Sua figura tornou-se parte do imaginário gráfico mundial e totalmente relacionada ao Natal. É uma cultura cristã que influenciou a toda a Civilização do Ocidente, tornando-se tema de várias obras de arte, seja gráfica, musical ou outra.
Os críticos defendem que sua figura eclipsou a do Cristo, pois o Natal é uma festa religiosa cristã, mas como vimos acima, é por justamente a figura real de um bispo cristão que existe a figura alegórica.
Os defensores alegam que o Papai Noel faz com que o Natal possa ser “digerido” por todos, sem exceção, sejam eles católicos, protestantes ou mesmo ateus. Até o famoso ateu John Lennon compôs sua música “Happy Xmas (War Is Over)” em 1971 propositalmente colocando um “xis” no nome de Cristo. O Natal de Cristo passa a ser apenas mais um feriado e, com isso, mais comercial do que todos. Não é difícil ver mulheres nuas com o gorro de Papai Noel, coisa impensável num Presépio, por exemplo.
A festa do Natal é religiosa por si mesma. Os que não partilham da Fé Cristã podem ter algo dela, como a solidariedade e a paz. Se beneficiam com isso. É melhor do que simplesmente abolir o Natal.
Feliz Natal a todos! Ho, ho, ho!





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1- A Legenda Áurea ou Lenda Dourada (em latim: Legenda aurea ou Legenda sanctorum) é uma coletânea de narrativas hagiográficas reunidas por volta de 1260 d.C. pelo dominicano e futuro bispo de Gênova Jacopo de Varazze e que se tornou um sucesso durante a Idade Média.


  (*) empresário cultural, presidente da SAL.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

SAL Entrevista

Emerson Lopes é brasileiro; nascido, criado e residente em São Gonçalo; artista plástico, ilustrador, animador e também roteirista. Atualmente, alterna os seus trabalhos artísticos paralelos com as produções e publicações de suas tiras em blog próprio e nas redes sociais.
1- Obrigado pela oportunidade cedida, Emerson. Onde você nasceu e onde mora atualmente?
Eu que agradeço, Leo. É sempre um prazer falar de meu trabalho e é mais uma oportunidade para que outras pessoas o conheçam. Sou nascido, criado e atualmente morando aqui em São Gonçalo.

2- Qual sua formação, Emerson?
Cheguei a cursar um ano do curso de graduação em Pintura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), mas tive de trancar a matrícula justamente para poder trabalhar com animação. Também fiz cursos de ilustração, pintura e roteiro com a intenção de aprimorar minha formação na área. Mas, apesar disso, no que se refere a minha profissão, posso dizer que aprendi a maior parte do que utilizo hoje em dia na prática e com colegas mais experientes com quem tive o prazer de trabalhar.

3- Como surgiu o gosto pelo desenho?
Ele não surgiu, nasceu comigo! Desenho desde que me entendo por gente eu praticamente não me lembro de um momento em que a arte não estivesse de alguma forma presente em minha vida.

4- Quem são os seus ídolos (autores) no desenho?
São muitos, mesmo. Mas alguns foram cruciais para minha formação como desenhista.
Nomes como John Byrne, Ron Frenz, John Buscema, Simon Bisley, entre outros, até hoje tem alguma influência no meu trabalho. Mas hoje em dia tenho tendência a gostar de artistas com o traço mais estilizado, que ousam mais nas formas. Admiro e me influencio com o trabalho de artistas como Mike Mignola, John Romita Jr, os irmãos Bá e Moon, Shane Glines, Cheeks, Arthur de Pins, Bruce Timm, Ziraldo e, se eu puder destacar um que pra mim é um ídolo por tudo o que realizou e conquistou como autor, esse é sem dúvida o Maurício de Sousa.

5- Como foi a sua infância? Do que mais gostava de brincar?
Eu era uma criança tranqüila e minha infância foi da mesma forma. Brincava de pipa, pião, bola-de-gude, jogava bola com os amigos da rua, via desenhos na TV, e lia gibis. Muitos gibis! Eu também desenhava muito e, de vez em quando, ilustrava as minhas próprias revistinhas, grampeava, e secretamente esperava publicá-las no futuro...rs.
Bons tempos!

6- Quem eram os seus personagens e heróis preferidos?
Ah, eu era mega-fã do Spectreman! Adorava desenhar os monstros da série. Também adorava as séries do Ultraman, Robô Gigante, os desenhos do Superman, Herculóides, Transformers, Thundercats, Superamigos, Zillion, Patrulha Estelar, etc.

7- Qual fábula infantil mais se identifica?
Acho que com o Sítio do Pica-Pau Amarelo, que eu via na TV quando criança. Havia essa identificação por ser algo nitidamente brasileiro. Era fácil reconhecer nas histórias de Pedrinho, Narizinho e cia. elementos tão presentes na minha família e na minha infância.

8- Fale um pouco pra gente sobre Alfredo e também sobre os coadjuvantes Bro e Joana.
O Alfredo inicialmente surgiu como uma idéia simples. Um cara sem noção, que não se dava bem com as mulheres, mas é um otimista por natureza que nunca desiste de tentar. Mas eu queria que ele tivesse um elemento inusitado, e me veio a idéia dele ser um vampiro. Não um desses “modernos”, mas um vampiro clássico, com capa preta e tudo, vivendo no mundo atual.  Ele veio para o Brasil para mudar de ares e fazer amigos, já que na Transilvânia todos tinham medo dele. E por acaso ficou sabendo que as mulheres daqui eram lindas!
Já o Bro, o melhor amigo do Alfredo, é levemente baseado num amigo meu (que provavelmente nunca saberá disso...rs.). Ele é um cara descolado, metido a galanteador, e que às vezes tenta ensinar pro Alfredo as suas “táticas”, que nem sempre dão certo. Já Joana é uma menina doce, que adora coisas ligadas à astrologia e esoterismo e acha o máximo ter um amigo vampiro.

9- Emerson, você sempre gostou de histórias de vampiros? Qual o seu vampiro preferido? Em quem se inspirou?
Sempre curti histórias de terror. Vampiros, Lobisomens e monstros em geral sempre despertaram a minha imaginação. Meu vampiro favorito, claro, é o maior de todos: O Conde Drácula! Já minha inspiração maior, dentre outras, para o universo do Alfredo veio de um antigo desenho japonês chamado Dom Drácula. Era uma das minhas animações favoritas na infância e é fácil encontrar adultos na casa dos trinta que ainda se lembram dela com saudades.

10- Emerson, você tinha ou já teve pesadelos com vampiros?
Raramente tenho pesadelos, ainda mais com vampiros. No mundo de hoje esses monstros clássicos nos amedrontam apenas na ficção. O que me mete medo mesmo são coisas bem mais reais, e infelizmente cada vez mais freqüentes nos dias de hoje como a violência, a intolerância, etc.

11- Apesar de já existirem outros vampiros humorísticos (Beto Carneiro [Chico Anysio], Ernest [animação francesa de um vampiro com pesadelos, de François Bruel], Zé Vampir [Maurício de Souza], Dracky [Turma do Arrepio, de Cesar Sandoval]), e também românticos (Edward [Crepúsculo, de Stephenie Meyer] e outras séries), você acha que ainda existe leitores com preconceito aos autores vampirescos que não sejam sombrios?
As histórias de vampiros fascinam as pessoas há séculos e acredito que sua figura já tenha uma bagagem histórica e uma diversidade tão grande que qualquer interpretação do mito é válida. Preconceito mesmo, se é que se pode chamar assim, só vi com a série Crepúsculo. Mas eu acho isso bobagem, já que é algo voltado a um público específico, mais jovem, e nunca se propôs a ser uma história de terror. Além do que, uma série de livros que faz os jovens lerem mais não pode ser de todo ruim, mesmo com vampiros que brilham sob o sol...rs.

12- Por que o nome Alfredo?  Há alguma característica nele em que você se identifica? 
A idéia inicial era ele ter um nome “antigo”, mas sem a pompa que um típico nome de vampiro tradicional costuma ter. Acabei fazendo uma homenagem ao meu avô e batizando-o com seu nome. Ele tem muito de mim, sim, como o eterno otimismo e a ingenuidade com que ele vê certas coisas da vida. Acredito que essa identificação com o autor passe mais verdade ao personagem.

13- O que você acha do quadrinho nacional?
Compro quadrinhos nacionais há muito tempo. Desde as antigas histórias de terror, até os materiais que hoje saem nas livrarias. Apesar dos pesares do nosso mercado editorial, acredito estarmos vivendo um bom momento, com muita coisa boa sendo lançada numa freqüência que há poucos anos era impensável. Temos grandes talentos nacionais mostrando o seu trabalho aqui e lá fora, e acredito que esse quadro tende a se ampliar ainda mais com o avanço da tecnologia e a facilidade que a internet nos dá de mostrarmos a nossa produção ao público.

14- As tiras de "Alfredo, o Vampiro" são publicadas e divulgadas virtualmente. Há algum novo projeto para inserção dos seus personagens no mercado de quadrinhos?
Sim, há. No início cheguei a entrar em contato com alguns jornais e revistas, sem sucesso. Porém, no decorrer da produção das tirinhas obtive mais visibilidade e já recebi propostas de duas editoras. Há ainda outros projetos do tipo com este personagem e outros, aguardem!

15- Emerson, você também é animador. Em quais produções já trabalhou? O que você acha do mercado de animação no Brasil? Há projeto para o seu personagem animado?
 Sou animador 2d e ilustrador há pelo menos 16 anos e de lá pra cá tive o prazer de participar de algumas produções famosas, como os longas Xuxinha e Guto contra os monstros do espaço, Turma da Mônica-Uma aventura no tempo, e as séries animadas Cinegibi 4 e Peixonauta. Entre outras produções para TV e internet.
 O mercado de animação brasileiro tem crescido muito nos últimos tempos, devido às novas tecnologias que barateiam a produção, o surgimento de novos estúdios e a maior formação de mão-de-obra especializada. A demanda tem crescido e muita coisa boa tem sido produzida. E creio que veremos muito mais nos próximos anos.
Quanto ao Alfredo animado, tenho sim planos para isso. Estou aos poucos produzindo algumas animações-teste do personagem e espero ter novidades sobre isso futuramente.

16- Você pretende ver seus personagens em produtos licenciados, assim como a Disney e Turma da Mônica?
Sim. No caso do Alfredo, o plano sempre foi que o personagem se tornasse uma franquia, se expandindo para outras mídias e produtos. É um processo lento, mas aos poucos a gente chega lá.

17- Você tem algum ritual para se inspirar? Segue alguma disciplina para cumprir seus projetos pessoais artísticos?
Nenhum ritual em especial. Procuro me inspirar consumindo material dos autores que gosto, além de filmes, livros, jogos e músicas. E procuro coisas novas sempre que posso.
Fora a inspiração natural que vem da própria vida. Uma boa idéia pode vir de qualquer lugar, até de um diálogo entre estranhos que por acaso se ouve na rua. Já aconteceu...rs.
Como disciplina, tento acordar cedo e terminar o dia com a certeza de que o mesmo foi produtivo.

18- Você já teve algum momento de "vazio"? Como faz para superar?
Acontece com todo mundo que trabalha com criação, acho. Nesse momento, o melhor a fazer é se desligar um pouco do trabalho, dar uma volta, ler um gibi, relaxar a cabeça até a mesma voltar a funcionar.

19- Há alguma novidade que possa compartilhar sobre o Alfredo?
Há vários planos e projetos para o vampirinho. Espero vê-lo publicado em formato livro ainda neste ano ou no próximo, e talvez ainda em 2013 libere as animações-teste na internet. Ainda há planos para brinquedos, graphic novels e outras mídias e produtos, que espero realizar num futuro próximo.


20- Emerson, qual conselho você daria para um ilustrador que pretende seguir na mesma carreira artística?
Além de treinar muito, aconselho aos iniciantes pesquisarem o máximo que puderem sobre o mercado, a forma como o mesmo funciona, suas demandas. E saber usar os recursos da internet e as redes sociais para buscar conselhos de profissionais mais experientes, trocarem idéias, fazer contatos. Uma boa rede de contatos, aliás, pode fazer toda a diferença na carreira de um ilustrador. E a internet é uma poderosa ferramenta nesse sentido.




Quer conhecer mais sobre o trabalho artístico de Emerson Lopes? Entre em contato com ele:

emerson.desenho@gmail.com

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Blog: alfredovampiro.blogspot.com