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domingo, 29 de dezembro de 2019

Sete artes cognitivo-ontológicas




Sete artes cognitivo-ontológicas


À semelhança de uma Esteganografia, tenciono realizar uma analogia com As Sete Artes Liberais – o Trivium e o Quadrivium – tão utilizados na Idade Média, para criar um método de abordagem em análise estética e filosófica (basicamente) que englobe um Enlevo Perceptivo (arte-enlevo, interface-enlevo, índice-enlevo e espiritualidade-enlevo) e uma Ascenção Perceptiva (Pedagogia-ascenção, Filosofia-ascenção e Teologia-ascenção).
A Esteganografia é um método que assegura a transmissão segura de dados digitais na rede (web) ou numa intranet, a partir de algoritmo com a linguagem de programação Phyton. Uma Análise de Similaridade Estrutural de Imagens Esteganografadas com Python revela que uma imagem (foto, ilustração, gráfico) e sua versão esteganografada são extremamente similares e demonstram níveis de eficiência para a segurança (e para se obter uma cópia exata da imagem) muito grandes. Os aspectos gráficos das imagens são melhor considerados nessa técnica e é desconsiderado o uso de métodos mais sofisticados de criptografia.
Segurança e exatidão, confiança e similaridade... Por que usar essa analogia? Porque o mundo hodierno relega Deus a um papel de mero Criador que abandonou sua criação, indiferente – quando muito – ou de invenção da igreja para dominar, para explorar e escravizar a massa – em grande parte – e trata os desígnios divinos com escárnio, ironia e aversão.
Na Idade Média (quando foram criadas as Universidades, a despeito de tudo que se possa dizer a respeito da “Época das Trevas”) utilizava-se o Trivium e o Quadrivium. A imagem que se tinha do conhecimento humano – cognitivo-ontológico – era muito mais amplo, muito mais abrangente, muito mais complexo, muito mais humano e... muito mais real, ou ao menos, muito mais próximo do real. Mas como? E nossos progressos científicos? Nossas conquistas? Nossas tecnologias? Perguntariam muitos ou a maioria das pessoas... Nossas conquistas tecnocientíficas, de direitos humanos, culturais e artísticas, bem como em vários outros níveis e áreas não nos tornaram mais humanos, mais irmãos, mais reais. Pelo contrário, a adoção desse modelo de separação, de dissecação dos conhecimentos em partes cada vez menores, cada vez mais específicas nos permite sim analisar tudo, mas perdemos a síntese, perdemos o pensamento complexo, conforme coloca Edgar Morin e outros pesquisadores.
A arte tem como premissa um pensamento englobado em várias áreas – até por isto, o termo usado desde astronomia até música, desde matemática até gramática em tempos antigos – e embora hoje em dia não se fale mais em “arte” no lugar de ciência, a arte, hoje reconhecida como contemporânea, atua e considera um amplo espectro de áreas do conhecimento humano.
Enfim, as sete artes cognitivo-ontológicas (conforme as chamo) possuem uma similaridade com as sete artes liberais por tratarem do pensamento de forma holística, de forma inteira – e não dissecada – e, principalmente por considerarem Deus e o tempo de Deus, num tempo em que se esqueceu do Pai Eterno, do Divino Filho, Jesus Cristo e do Divino Espírito Santo. Um tempo em que uma análise de filosofia axiológica (de valores) é confundida com moralismo ou fanatismo religioso, por exemplo.
A imagem do homem contemporâneo de si mesmo é dúbia, subjetiva e débil. Não queremos com isto dizer que o homem de outros tempos era melhor, mas hoje, dispomos de uma tecnologia nunca antes utilizada. Com este nível de tecnologia, o nível de nossa consciência precisa estar acima, ou um pouco acima, desse nível tecnológico ou seremos engolidos por nossas próprias criações, seremos usados e manipulados pelas coisas e não usaremos ou manipularemos as coisas. Será – ou já é? – a coisificação do homem e da mulher, a coisificação da humanidade.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Referências:
Análise de Similaridade Estrutural de Imagens Esteganografadas com Python
Ewerton da Silva Farias
Geoflly Adonias
Carlos Regis
Similaridade Estrutural e Graph Matching
Pedro Henrique Pamplona Savarese 
https://www.cos.ufrj.br/…/slides/Pedro-Similaridade-estrutu…
Os setes saberes necessários à educação do futuro
Edgar Morin e UNESCO
Introdução ao Pensamento Complexo
Edgar Morin

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

A Escola Eleática

A Escola Eleática




Os primeiros metafísicos entre os gregos foram os da escola Eleática. Eles foram os primeiros a duvidar da realidade da matéria e sentirem a dificuldade de distinguir entre conhecimento e ser, pensamento e existência. Os jônicos evidentemente assumiram a realidade do fenomenal. Os pitagóricos tomaram a realidade da mente ou do pensamento como a substância da matéria. Os eleáticos eliminaram a dualidade, concernindo a identidade do pensamento e da existência.  A transição de Pitágoras para a Escola Eleática foi fácil. A realidade do fenomenal é, em algum senso, admitida, mas estamos sem um certo critério de conhecimento da sua existência. A razão nos mostra o Um e isso deve ser absoluto e eterno. Xenophanes, o fundador do eleaticismo não nega, a escassamente talvez duvidada, realidade da matéria. Ele viu a contradição entre o veredicto da razão e os ensinamentos da experiência. O Um resolve toda a existência em uma unidade – uma essência eterna, impenetrável e imutável – enquanto os sentidos proclamaram a existência do agregado. A realidade de ambos, ele admite, não seria nem entendido e nem explicado através do modo da reconciliação. “Levantando seus olhos até a imensidade do céu” diz Aristóteles, “Xenophanes declarou que o Um é Deus.” Mas ele perguntou se o Um é Deus, o que dizer dos deuses de Homer e Hesiod? Se Deus é um ser infinito, qual a base para descrever a ele as ações tolas dos homens; o quão idiota é, supor que ele é como eles mesmos, que tem a sua voz, a sua forma e a sua figura. Se uma ovelha ou um leão estão ligados a Deus, eles estão ligados a ele como eles mesmos. Se ele tem mãos e dedos como os nossos, eles darão a ele uma imagem e uma forma como a dele próprio. Mas isso é Deus apenas finitamente considerado, Deus descrito como foi criado pela mente. Ele que é Deus deve ser um ser não criado por nós. Ele não é nada finito. Ele é o infinito; não o infinito como uma abstração, por isso, seria como o finito podendo ser apenas uma forma das nossas mentes. Ele é o ser infinito, independente de todos os nossos pensamentos e de todas asnossas concepções de finito ou infinitude. Diferente dos homens em forma exterior; diferente também, em mente e pensamento. Ele é sem partes ou órgãos, mas ele é todo sinal, todo ouvidos e todo inteligência. Ele é pré-eminentemente ser e o único ser verdadeiro. O que quer que realmente exista, ele é ele mesmo e ele é tudo o que existe de imutável e eterno. Nada pode vir do nada. O que quer que seja deve vir dele. O produzido é, então, idêntico com o que ele produz. Se não, alguma coisa veio surgindo que não está na causa que surgiu. Isso é absurdo e além domais, diz Xenophanes, tudo o que é realmente o ser é Deus. Ele é um etodas as coisas. Parmenides não tira os olhos da imensidade do céu paraver o Um. Ele não acredita nas representações dos sentidos. Tudo oque é meramente aparência, ilusão, tornar-se, fica a parte, ser e não-ser, mudança de lugar e vicissitude de circunstância – tudo o que os homens geralmente põe como realidade, são meros nomes. O que quer que seja, não pode ser nada produzido. Ele não pode estar em partes e em partes produzido. Se há um ser uma vez ou ainda há de ser, então não é. Uma existência que venha a ser ou que se torna, que implica uma pré-existência de não-existência leva embora toda a ideia de ser, então, esse ser deve ter existido sempre ou nunca. Os sentidos revelam o agregado, mas isso é só decepção. Através do puro ser em nós, estaremos idênticos a esse ser. Isso é o oposto do agregado e do mutável que, inclusive não existe e, além do mais, não pode ser objeto do pensamento. Todas as coisas que realmente existem são um e essa existência é sem mudanças. Ela pervarde todo o espaço. Esse um não é o agregado coletado como revelado pelos sentidos, mas o substrato que é a fundação e a realidade de toda aparente existência. Parmenides não chama isso de Deus. Sua filosofia é uma ciência do ser e do saber. Ele rejeita a existência do muitos: enquanto ele é compelido a considerar como existente de algum modo. Existe na representação sensualística. Todos os homens percebem como existente. Parmenides deve, de qualquer modo, fazer um esforço para explicar como o mundo do fenomenal tem sua aparente existência. Ser e não-ser colocam-se como estivessem um contra o outro a despeito do filósofo. Ele nega que o último seja alguma coisa e ele tem que tratá-lo como se fosse alguma coisa. Deve haver um primeiro Um na multitude dos seres. Todas as coisas que participam subsistem em outras que participam nele. Então, há um progresso entre ser do qual não pode ser participado. Isso é a mais profunda unidade ou simplesmente o ser é um ou muitos; mas na ordem dos seres essa multitude é oculta e caracterizada pela natureza do Um. Desde que ocorre uma mônada primeira em todo lugar da multitude, nós temos que pôr em suspenso todos os seres vindos da própria mônada. Nas almas, a mônada das almas é estabelecida numa ordem mais antiga do que a multitude das almas e sobre isso, todas elas são como um centro, convergindo, almas divinas em primeiro lugar, seus atendentes depois e, após, seus co-atendentes como diz Sócrates no Phaedrus. Além disso,a mônada de todos os seres é primeira a todos os seres e Parmênides chama-a de o Um.
Zeno e Melissus anularam essa ligeira dualidade entre o Um e o agregado. Eles o fizeram, mostrando que nenhum conhecimento poderia ser derivado dos sentidos; que a própria concepção de ser do agregado não poderia existir e, além disso, a crença na sua existência foi contraditória e absurda. Zeno manteve a não-existência do fenomenal. Seu argumento foi que, dividindo a matéria, nós temos que pensar num estágio em que a divisibilidade seja possível, onde o sujeito da divisão torna-se um ponto matemático, que não tem existência real e todas as experiências encontradas sejam contraditórias, onde nenhuma realidade objetiva possa ser deduzida daquilo. O único modo decerteza no conhecimento é estabelecer as conclusões da razão pura e explicar o fenomenal como uma mera ilusão dos sentidos.
“Nós não podemos” diz Melissus “determinar a quantidade do que quer que seja sem tomar como garantida a sua existência.” “Mas isso que é real, não pode ser finito, tem que ser infinito, não em espaço mas em tempo.” Isso acontece todo o tempo e sempre será assim. A multiplicidade das coisas mutáveis que os sentidos revelam, pode ser apenas uma decepção. A aparência está em nós: a realidade está em nenhum lugar. Se as coisas aparentes realmente existem, elas não podem mudar. Um o quê ainda se mantém, o que na realidade do ser que quer que seja representado aos nossos sentidos ou o que quer que as condições subjetivas e circunstâncias da representação sejam.


Livre Tradução do escritor e artista visual Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity . John Hunt . 1884 . Religião Grega . A Escola Eleática

Visite o site Panteísmo e Cristandade com todos os textos traduzidos:


Leia mais: https://www.divulgaescritor.com/products/a-escola-eleatica-por-mauricio-duarte/

sábado, 3 de novembro de 2018

Deus... esse desconhecido...


Deus... esse desconhecido...


Não sei quando é, nem quando foi.  Nem tampouco sei se será algum dia. Mas de uma coisa tenho certeza, está sendo, sem se estabelecer no presente, foi, sem se estabelecer no passado, e será, sem se estabelecer no futuro. Do que estou falando? De Deus, lógico. Dele nada pode ser dito sem que se negue ao mesmo tempo a mesma assertiva.
As teorias filosóficas e especulativas a Seu respeito nas diversas teologias, tratados e orações não dão conta da sua magnificência e grandeza infinitas.  Incomensurável é Sua imensidão e incognoscível Sua sabedoria.  Igualmente onipresente é Seu amor que a tudo permeia. Onipotente é a Sua ação e onisciente Seu discernimento.
No entanto, há um abismo entre quem vê e quem não vê essa verdade. Muitos dirão que se trata de mera megalomania da igreja esse louvor a Deus. Sim, porque se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, nossa centelha, fagulha, ou como queiramos chamar, nossa partícula divina presente em nós, seria, igualmente, infinita e imponderável por questão de natureza. Não por quantidade, mas por qualidade. E a palavra natureza é a chave. Já que poderíamos ver que os panteísmos de grande números e ordens que povoam a crença – mais ou menos imaginativa ou não – de várias pessoas, nos dias atuais, não permitem vislumbrar a grandeza de Deus.  Ou tornaria essa tarefa um tanto quanto árdua... Porque seria pretensão, pura e simples, que existisse um tal Ser como Deus e que, ainda por cima, fôssemos feitos a Sua imagem e semelhança...
Não quero entrar em mérito nem demérito. Cada um tem a sua fé e a sua crença. Mas me toca profundamente, de forma negativa, trocar Deus por uma natureza Todo-Poderosa totalmente consciente – quando sabemos que em séculos anteriores alguns estudiosos sustentavam que os vegetais não eram vivos, o que corrobora a velha teoria de pêndulo, o pêndulo da sociedade foi de um lado para o outro, nada mais e nada menos; de uma desvalorização da natureza para uma valorização ao extremo da natureza e aí é questão de seguir a maioria ou não seguir a maioria e não do que está certo ou do que não está certo – e que seria parte de Deus ou Deus inteiramente...  Desse modo, o universo em sua infinitude seria a própria consciência cósmica sem tirar nem pôr...
E Deus é esquecido em nome deste panteísmo de pêndulo.  A Pessoa de Deus, Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, em Uma Pessoa é um mistério sagrado que Jesus Cristo veio para revelar e cumprir o que já tinha sido profetizado. Não descarto totalmente a visão panteísta, mas é certo que as ruínas da cristandade podem ser só isto mesmo, ruínas, mas valem mil vezes mais do que mil Gnoses de Princeton da contemporaneidade ou similares.
Quem experimenta Deus em profunda oração – oração centrante, por exemplo – ou em meditação cristã, não pensa duas vezes em apontar Deus como Pessoa.  Porque Deus não é um espírito vazio, Ele é o Espírito Paráclito que veio após a partida de Jesus, sendo também uma Pessoa, o Divino Espírito Santo. Esta percepção só se dá de ser humano a ser humano e é impossível ser traduzida em palavras, na verdade as palavras e os símbolos atrapalham. Deus Pai e Deus Filho também se tornariam obsoletos se não houver tal completude de consciência por parte de quem se volta para o divino.  Na verdade, é o divino é que se abaixa para que possamos nos elevar, e não o contrário. Por nossas meras forças, nada conseguiríamos. “Nada podeis fazer sem mim” disse Jesus Cristo. A vinda do iluminado possibilita nossa ascensão, mas é preciso que nos tornemos devotos.  Deus não tem necessidade nenhuma de ser mestre, mas nós temos necessidade de sermos devotos, por assim dizer.
Que Deus olhe por todos nós e possa agir em favor de uma conspiração de consciência que seja capaz de trazer iluminação a todos.  Amar a Deus acima de todas as coisas não é figura de retórica.  É uma necessidade.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Artes visuais


Artes visuais


Escrever sobre artes visuais é como tentar descrever uma sessão de meditação profunda.  Na verdade, é indescritível...  É preciso experimentar... As palavras são boas para o mundo objetivo, pragmático, direto que parece ser nosso destino no mundo dos negócios e das relações de trabalho, cuja utilização da tecnologia e da ciência sempre quiseram construir ou estiveram a serviço no projeto civilizatório.  Os poetas, músicos e compositores – e eu me incluo aqui, como poeta – irão imediatamente protestar.  A linguagem poética, no entanto, trabalha, em geral, na margem, quase como um desvio da linguagem da escrita ou da oralidade.  E é daí, talvez, que venha a sua maior força: a subjetividade, a dubiedade, o contexto fora de contexto que diz tudo com tão pouco, apenas... palavras... Ou chega ao âmago do sentimento, apenas com... palavras...
As palavras, porém, já foram símbolos, antes de serem palavras.  Desde a escrita de Biblos, cidade fenícia de onde veio o alfabeto daquele povo comerciante e navegador inspirado nos hieróglifos egípcios – e diferente deles bem como diferente da escrita cuneiforme dos sumérios – até o internetês dos KKKKK e dos rsrsrsrs ou dos vc e dos bj, tudo passa pela visualização.  E essa visualização tem a sua maior prova, talvez, no alfabeto hebraico, inspirado no crepitar das chamas do fogo.  A palavra é fogo.  A imagem pode ser fogo também?
A imagem talvez não, mas o símbolo sim.  Não à toa os praticantes de oração centrante  pedem a Deus para que os livre “das armadilhas dos sentidos” e os liberte “de símbolos e de palavras”, antes do período de silêncio, segundo a oração do padre Meninger.
O símbolo é uma imagem elaborada para ter e deter pregnância visual.  No design gráfico é fundamental para identidades visuais, acompanhando logotipos e formando identidades visuais corporativas de empresas, instituições, organismos, governos entre outras possibilidades.  A imagem é direta e eficaz quando atua paralelamente ao símbolo correlacionando ou remetendo ou “parafraseando” visualmente uma imagem conhecida, que se tornou símbolo, com o passar do tempo ou pela exaustão de divulgação, falando em artes visuais mais propriamente.  Como os livros falam, no final das contas, de outros livros, assim, muitas vezes, as imagens falam de símbolos, imagens célebres.  As imagens revisitam ou reconfiguram símbolos que sempre estiveram presentes no imaginário coletivo, disponíveis para serem “usadas” esperando apenas a mão do artista visual para aflorarem novamente no universo de todos.
As artes visuais, gravura, escultura, pintura, ilustração, desenho, história em quadrinhos, animação gráfica, computação gráfica, dentre outras, podem nos fazer vislumbrar novas concepções de antigas “ideias” visuais, novas releituras de símbolos que nos levam ao arcabouço ou repertório visual em nossas mentes por anos de exibição da cultura de massa, da cultura erudita, do mid-cult ou do cult.
Cabe a cada um conservar ou descartar “peças” desse arcabouço ou repertório visual na mente e renová-lo ou alimentá-lo sempre que nos apetecer vislumbrar universos que só um criador verdadeiro, um artista visual real poderia fazer.  E, em tempos de softwares de manipulação de imagem cada vez mais acessíveis, quem sabe se arriscar num do it yourself e libertar o criador que existe em todos, potencial ou hipoteticamente.  Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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domingo, 2 de setembro de 2018

Berkeley




Berkeley

O idealismo do bispo Berkeley terminou num tipo de panteísmo.  O primeiro estágio da sua filosofia era a negação da matéria em si mesma apartada da mente percipiente.  Locke tinha negado as qualidades secundárias da matéria, mas ele acreditava numa substância que era a realidade do mundo fenomenal.   Para Berkeley, o fenomenal tem realidade apenas como atividade da Mente eterna.  A criação não é o vir à existência de coisas que não existiam antes, mas apenas o ser delas sendo percebido por outras inteligências abaixo do divino. “Eu não nego”, ele diz, “a existência de coisas sensíveis que Moisés disse que foram criadas por Deus.  Elas existem de toda a eternidade no intelecto divino e então se tornam perceptíveis da mesma maneira e ordem como descritas no Gênese.  Para isto, eu tomo a criação como pertencendo a penas a coisas que dizem respeito a espíritos finitos, onde não há nada novo para Deus.” (Carta à Lady Percival).  As coisas reveladas aos sentidos são meramente fenomenais.  Elas não têm substância em si mesmas, mas dependem de Deus para sua permanência e substancialidade.  Foi mostrado (pelo falecido Professor Fraser), que os pontos em comum da filosofia de Berkeley são geralmente extraídos de seus primeiros livros quando o objeto era provar o caráter fenomenal das coisas dos sentidos.  Nos seus últimos livros ele é mais engajado em mostrar que as coisas dos sentidos são uma revelação do espírito.  Os trabalhos de Berkeley são todos escritos proximamente em defesa da religião.  Ele floresceu quando a controvérsia do deísmo alcançou sua crise. Os deístas, ele trata como ateístas, utilizando sua filosofia em defesa do teísmo.  Seu maior argumento é o de que as manifestações da mente pelo universo mostram um Agente vivo tão claramente quanto os trabalhos de um homem mostram uma mente humana.  Essa é a mente com a qual somos cognoscitivos.  A criação não pode ser separada da mente.  Ela não existe, mas como está conectada com a mente,  Deus fala ao homem por sinais sensíveis tão planejadamente como os  homens falam uns com os outros e a mesma evidência que nós temos da existência dos outros homens, nós temos da existência de Deus.
O desenvolvimento da filosofia de Berkeley num tipo de panteísmo tomou uma forma excêntrica.  Ele escreveu um tratado no qual as virtudes do alcatrão-água são colocadas, onde ele imaginou ter encontrado um remédio para todas as doenças com as quais o frescor humano e acometido.  O espírito ácido, ou a alma vegetal, que é extraída do alcatrão pela ajuda da água tinha propriedades que ele acreditava serem alguma coisa divinas.   A luz do fogo invisível ou também a luz com a qual ela foi acesa, ele chamava de o espírito vital do universo.  Quando Berkeley escreveu seu tratado ele tinha estudado os antigos filósofos e a filosofia das religiões antigas, que na sua forma panteísta, ele defendia como não ateístas, bem como ele reconhecia uma mente ou espírito presidindo e governando o todo do plano das coisas.  O fogo invisível ou o fogo extraído do alcatrão foi, de algum modo, conectado à razão universal que pervardiu todas as coisas.  Foi pela alma do mundo, como colocada por pitagóricos e plantonistas, mas especialmente por neo-platonistas, cujas especulações místicas, Berkeley, em seu tratado, manifestou crescente simpatia.  Como reconhecido como sempre presente, por trás de todo fenômeno, tanto quanto o que nós chamamos de leis da natureza, elas são o trabalho imediato do Agente divino, que em sua própria verdadeira causa, é causa dos tão assim chamados efeitos no mundo físico.

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo XII . Idealismo moderno . Berkeley

Visite o meu site Pantheism and Christianity e leia todos os textos traduzidos: https://sites.google.com/site/pantheismandchristianity/


sábado, 14 de julho de 2018

A espiã por Paulo Coelho


A espiã por Paulo Coelho


                O livro A Espiã, livro de Paulo Coelho, é o tema do meu texto Meu Patrono Visto Por Mim.  Sendo a primeira incursão de Paulo Coelho no romance “meta-histórico”, entre a ficção e a não-ficção, utilizando-se de personagens históricos e fatos reais, mas com livre voo da imaginação criadora, o livro é muito envolvente e tem a marca da novidade.  Para mim, a novidade foi dupla, porque encontrei uma promoção da Amazon Audio Books, onde se cadastrando, pude ouvir o livro gratuitamente.  Dupla novidade realmente, nunca tinha ouvido um livro nessa mídia.
                A história gira em torno da vida e do mistério da atriz e dançarina Marguaretha Geertruida Zelle, mais conhecida como Mata Hari, a mulher que ousou ser uma mulher desinibida e livre numa época em que o comportamento feminino deveria ser recatado e estar a um passo atrás dos homens.
                A narração, feita pela própria Mata Hari, é extremamente fluída e dá um tom entre o relato lamentoso e o relato saudoso.  A lamentação é pela condenação ao pelotão de fuzilamento francês por traição ou espionagem e o saudosismo ou a saudade é pelos grandes momentos no mundo do sucesso parisiense como dançarina nas maiores casas de show.
                Apesar do sucesso e da fama de Mata Hari na Belle Époque francesa, o livro não deixa de denunciar as superficialidades e as tragédias da vida das elites e do falso glamour das celebridades fúteis e ricos sem noção da própria estupidez e crueldade.  A crueldade, aliás, atravessa toda a narrativa, do começo ao fim.  Estuprada pelo diretor da escola na Holanda, sua terra natal, a protagonista casa-se com um oficial militar e parte para a Indonésia, onde sofre experiências sexuais horrendas com o marido.  O “batismo de fogo” de Mata Hari tinha sido o suicídio de uma mulher desiludida com o amor e tomada pela profunda infelicidade de um mundo de aparências que desfere um disparo de pistola no coração, bem próxima de Mata Hari, numa festa na Indonésia.  A partir daquele momento passou a ser a mulher que manipulava e usava os homens e não o contrário.
                Mata Hari na França, sempre foi invejada e reconhecida como artista de dança oriental, no seu auge, mas nunca respeitada.  A injustiça que se abateu sobre ela se dera por intrincados acontecimentos e “atividades suspeitas” que só foram consideradas suspeitas porque havia um contexto de guerra e um Tribunal de Guerra com a Lei de Segurança Nacional na França da 1ª. Guerra Mundial.
Tinha sido contatada pelo Cônsul Cramer da contraespionagem alemã e contratada para dançar em Berlim para a aristocracia, quando sua carreira já não tinha a mesma fama em Paris.  Foi como encontrar o homem certo no lugar errado.
As acusações foram injustas realmente?  Até hoje não se sabe, embora fique bastante claro que houve muito exagero, no mínimo, com relação às suas “atividades de espionagem.” Fiquemos com as palavras da própria personagem: “Sou uma mulher que nasceu na época errada e nada poderá corrigir isso. Não sei se serei lembrada no futuro, mas, caso isso ocorra, espero que me vejam não como uma vítima, mas como alguém que deu passos corajosos e pagou sem medo o preço que precisava pagar.” 
O livro, no seu todo, demonstra a grande força do autor que brilha ao adentrar um extremo psicologismo e defesa da causa feminina e no universo pessoal da sua precursora Mata Hari, que entrara em outra dimensão, num transe místico em mistura de yoga e meditação ao assistir a dança sagrada e exótica na Indonésia.
No nosso tempo, Madona, a cantora pop, foi considerada a mulher do ano em 2016 e teve que fazer um discurso enorme de “justificação” – a rigor ela não tem que justificar nada – de seus atos, atitudes e pensamentos.  Estaríamos tão distantes assim da época de Mata Hari?

Este texto foi publicado originalmente na AVL (Academia Virtual de Letras António Aleixo) como participante do programa Meu Patrono Visto por Mim, haja vista que o autor, Mauricio Duarte, é membro efetivo da AVL, na Cadeira 18 e tem como Patrono o referido escritor, Paulo Coelho.


Leia mais: https://www.divulgaescritor.com/products/a-espia-por-paulo-coelho-por-mauricio-duarte/

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Sintonia com o divino



Leia o texto "Sintonia com o divino" de minha autoria, Mauricio Duarte, na Revista Divulga Escritor no. 35 . Revista Literária da Lusofonia . Uma revista maravilhosa tanto em conteúdo quanto em design .

https://issuu.com/smc5/docs/35_divulga_escritor_revista_literar/105

domingo, 13 de maio de 2018

Mãe: nossa alma feminina


Minha participação especial na Revista Divulga Escritor em sua 34a. edição com o texto em homenagem às Mães, Mãe: Nossa Alma Feminina, de minha autoria, Mauricio Duarte.


Mãe: nossa alma feminina

Se fosse possível representar o conceito de Mãe com um dos elementos constitutivos da nossa existência, ou da nossa essência, a Mãe seria a nossa alma. Não seria o nosso corpo, repleto de necessidades físicas, nem o nosso espírito, repleto de diretrizes puras.  Seria a nossa alma... A alma é que cuida dos detalhes da nossa vida.  Embora não tenha um centro, ela procura as virtudes modestas e protetoras, ela cuida da totalidade da vida, trazendo o local adequado, que é central e limitado.  Ela é emoção total, concedendo gosto, contato e habitação ao espírito.  O espírito poderia ser o Pai, seguindo essa trajetória de “brincadeira na representação”. E por sua vez, o espírito torna a alma mais leve, capaz de desfrutar o mundo sem ser ferida pelo mesmo mundo de forma séria.  No final das contas, precisamos dos dois, alma e espírito, para que o corpo – “homem” ou “mulher” e não “Pai” ou “Mãe” – possa tornar-se um indivíduo, crescendo com seu caráter e integridade.
As mães, nossas almas, nos mostram os afazeres domésticos, como lavar pratos e varrer a casa e as pausas, para tomar café e para ouvir os passarinhos no quintal, como elementos necessários, não só emotivos, não só carinhosos, mas fundamentais para a vida de todos e de cada um.  A alma se funde com a jardinagem, com a leitura, com a brincadeira, ela é emoção.  A Mãe nossa que sempre olha e protege todos nós.
Para o Pai – o espírito – está certo ler o jornal e cuidar do mundo, dos negócios, do turbilhão da existência.  Mas para a Mãe – a alma – isto é demais.  A Mãe anseia ver o cotidiano, o aqui e o agora, ela tem raízes, ela é nossa Terra, Mãe Terra.
A Terra lembra-nos que não somos perfeitos – quantas vezes sua mãe apontou o que você deveria ter feito e não fez? – mas podemos ser completos – quantas vezes você teve que recorrer ao colinho de mamãe nas dificuldades da vida? – e, em última instância, nós somos a Terra.  O grito do vendedor de laranjas lá fora na rua, somos nós; o zumbido do besouro que passa perto, somos nós; a música de fundo no rádio esquecido ligado, somos nós; as pedras, sonolentas pedras, sempre pedras, somos nós...A Mãe é esse cabedal de inteireza e completude que nos invade suavemente quando permitimos ver a vida com deslumbramento.
O contrário também poderia ser, nessa “brincadeira da representação”, mas deixemos a Mãe sendo nossa alma por ora...  Dar à luz e cuidar da cria, das crianças, é gerar e nutrir, apoiar e proteger.  Olhemos mais detidamente e mais amorosamente para nossas Almas-Mães.  Elas certamente gostarão e nos retribuirão com todo o seu amor.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Referências bibliográficas:

A luz dentro da escuridão . Zen, alma e vida espiritual . John Tarrant .Rocco . Rio de Janeiro . 2002

Sexo . Em busca da plenitude .Osho .Cultrix . São Paulo . 2002


Leia mais: https://issuu.com/smc5/docs/34_divulga_escritor_revista_liter_r/96

sexta-feira, 27 de abril de 2018

A aridez como verdade

A aridez como verdade

Em Graciliano Ramos sempre o menos é mais. Nos livros Angústia, Vidas Secas e São Bernardo o mínimo de metáforas e evocação de imagens transmite o máximo de sensações e emoções. O ascetismo do estilo revela o jeito rude do sertanejo, ou a insofismável crença no lucro do fazendeiro, ou o ódio e o rancor do homem do interior que se adapta à vida na cidade. Fabiano, de Vidas Secas, é, a um só tempo, bicho e homem. O narrador de São Bernardo não tem valores morais, é egoísta e materialista. Luís da Silva, de Angústia, é empurrado do interior para o movimento da cidade, deprimido e frustrado.
“Nunca pude sair de mim mesmo”, diz o autor em entrevista. Existem obras – literárias ou artísticas – que explicam o homem. No caso de Graciliano é o contrário que ocorre. O que de mistério poderia existir no homem, ficou reservado para seus romances. Homem que se retira para a cólera, solitário, fugidio. Nele se estabelece que na obra artística ou literária, só o ódio cria...
Sua concisão e rigidez foram tão longe em seus escritos, que se destacou do regionalismo. Foi além do modernismo também. Foi clássico sem rebuscamento e sem artificialismo. Pode existir enlevo nessa aridez? Só como pode existir transcendência no zen, fazendo uma comparação esdrúxula para muitos ouvidos... No zen o menos é mais e, como o próprio Buda dizia, ao ser perguntado se tinha ganho algo em meditar, colocava: “Não ganhei nada.  Mas deixe-me dizer o que eu perdi.” Perder a avidez, a raiva, o medo, a preguiça não é tarefa fácil e uma via negativa, como no budismo, é quase sempre, ato de intelectuais... Intelectuais como Graciliano e seu universo forte, violento, claro e verdadeiro, ao mesmo tempo.
Apreciar tamanha grandeza não é para todos... Mas pode ser para muitos... O que hoje em dia poder-se-ia chamar de minimalismo, não poderia estar mais distante do autor. Graciliano Ramos adotou o preto e branco, o monocromático em sua literatura – rica nessa própria contenção – mas não fez concessões à beleza estética do sofisticado. Ao contrário, sua desesperança e pobreza são feias, como é feia a realidade e a sua verdade. Apreciar tal nível de clareza não é para todos... Mas pode ser para muitos... A aridez da verdade não seduz, mas também não ilude e não engana.
Este ícone da literatura brasileira e mundial muito ainda tem a nos ensinar. Sobre a vida, sobre a morte e sobre tudo o que se tem em conta da sensibilidade e da falta dela. Necessidade tão premente nos nossos dias.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Referências bibliográficas:
A verdade e a mentira . Novos caminhos para a literatura . Léo Schlafman . Editora Civilização Brasileira . Rio de Janeiro . 1998
The Search . Talks on The Tem Bulls of Zen . Bhagwan Shree Rajneesh . Rajneesh Foundation . India . 1977
Nem água, nem lua . Bhagwan Shree Rajneesh fala sobre dez histórias zen . Bhagwan Shree Rajneesh . Editora Pensamento . São Paulo . 1975

quarta-feira, 18 de abril de 2018

A vida interior


A vida interior

A vida interior de cada um tem luz, tem trevas, tem mistérios, sombras e espectros, tem verdades, compaixão e anjos.  É povoado de vários habitantes...  E em que o conhecimento ou o autoconhecimento pode nos auxiliar nesse sentido?  Em que conhecer a própria vida interior pode nos ajudar?
Ter uma rotina atribulada, ter planos urgentes, ter metas irrevogáveis é, a longo prazo, distanciar-se de sua própria vida interior.  Por que?  Porque demorar-se num ritmo de tempo íntimo consigo mesmo e amparar sua alma e espírito em uma casa que possa ser chamada de lar, é necessário.  Esse lar, que é tanto a sua mente quanto o seu corpo, o homem entendido integralmente e holisticamente como um todo, nos mostra o caminho para fazer de si próprio o seu guia interior.   O guia interior emerge desse modo, quando damos a ele um espaço de tempo para que possa existir.  Pessoas intelectuais teriam mais facilidade para contatar seu mundo interior?  Talvez.  Se você consegue demorar-se no seu interior ao menos algum tempo diariamente, este guia interior virá, seja você intelectual ou não, extrovertido ou introvertido, calado ou falante, calmo ou nervoso...
Desacelerar é criar tempo para a completude que vem da imperfeição, não da perfeição.  Reverenciar o que é ainda não perfeito é saber que perfeição absoluta não existe.  Nossas vidas foram, são e sempre serão um ciclo de mudanças, nunca perfeitamente completas, mas sempre em andamento.  Ou não estaríamos vivos.  Assim, conhecer e refletir sobre si mesmo pode trazer insights novos e que nunca teríamos se continuássemos na rotina acelerada com objetivos e metas a serem alcançadas num turbilhão; cuja obtenção – das metas – não irão nos satisfazer completamente em nenhum tempo futuro, como não o fizeram no passado e nem o fazem hoje.
Por isto, repito, é necessário conhecer o próprio mundo interior.  A atividade interior precisa ser percebida atentamente... Por que tenho tais e tais suscetibilidades?  Por que tenho tais e tais orgulhos?  O que será uma verdade para mim ou o que é apenas viagem do ego?
Estabelecer o autoconhecimento e saber quem é você e quem é a sua mente ou a sua alma é trazer para a sua vida uma nova dimensão de clareza.  Uma clareza que pode gerar compaixão consigo e com o outro, numa acolhida integral ao nosso real direcionamento, seja ele qual for.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (DivyamAnuragi)

Bibliografia consultada:

A luz dentro da escuridão . Zen, alma e vida espiritual . John Tarrant . Tradução: Claudia Martinelli Gama . Editora Rocco . Rio de Janeiro, 2002

Intimidade . Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros .Osho . Tradução: Henrique Amat Rêgo Monteiro . Editora Cultrix . São Paulo . 2001



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sábado, 14 de abril de 2018

Vida cotidiana e vida espiritual




Vida cotidiana e vida espiritual

As pessoas estão se desconectando de Deus, da religião, da espiritualidade ou da fé, para trabalhar, para conviver socialmente ou para se divertir.  O mundo como conhecemos é cético e pragmático ao máximo...  Ou é complacente e tolerante ao máximo...
Mas isto, a médio e longo prazo, só exacerba um fosso, uma separação artificial, um distanciamento que é falso.  Espiritualidade e vida social, Deus e trabalho, religião e profissionalismo, fé e diversão, não são opostos.  São, na verdade, polos da mesma esfera, faces da mesma moeda.  Se estão em diferenciação é porque simplesmente não são a mesma coisa, porém estão na mesma dimensão.  Viver ludicamente é possível?  Não só é possível, como necessário.  Trabalhar prazerosamente é possível?  Não só é possível, como necessário. Rezar contemplativamente é possível?  Não só é possível, como necessário.
Nesse sentido, o cotidiano requer suavidade, leniência, que só pode ser alcançada com o acoplamento, com a fusão, com a junção da vida do dia-a-dia com a vida espiritual.  Estabelecer a vontade, a força e a virtude como elementos cujas demandas nos trazem a chave para um viver saudável, tanto materialmente quanto espiritualmente.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Loucura mundana e loucura divina


Loucura mundana e loucura divina


A ciência atual não faz diferença entre loucura mundana e loucura divina.  Loucura é loucura, dizem os médicos especialistas, psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e psicoterapeutas em geral.  Mas haverá diferença entre esses dois estados?
Na Índia há muitas pessoas que trabalharam muito arduamente seu lado espiritual e que quase experimentaram a iluminação.  Por não terem um mestre – um mestre verdadeiro, um guru verdadeiro, não um charlatão – para orientá-las ficaram num estado de limbo, nem compreendendo o mundo material, objetivo, nem compreendendo o mundo espiritual, subjetivo.  Essas pessoas precisariam apenas de um “pequeno empurrão” e tornar-se-iam iluminadas.  Mas para a ciência estão apenas loucas...  Segundo o padre Divino Antônio Lopes: “Os santos são chamados pelos mundanos de loucos e fanáticos aqui nesse mundo, mas eles serão tomados de surpresa no dia do julgamento, quando virem os loucos num trono de glória.”
Indo mais além, muitos artistas, poetas e escritores falam da “divina loucura” no seu processo criativo, que necessita de um certo caos para dar vazão à concepção vital de sua obra de arte.  Jung fala da “morte do ego” e São João da Cruz de “A Noite Escura da Alma”.  O que há em comum nessas experiências?  A ponte comum entre elas é que “A nutrição divina, a inspiração, a integração ou o insight manifestam-se subitamente, na hora que parece ser a mais sombria, e a pessoa sente-se miraculosamente renascida.”
Desse modo, existiria uma loucura destrutiva, negativa e uma loucura criativa, transcendente?  É certo que sim se pensarmos que Sócrates descrevia a loucura dos poetas, dos sacerdotes, dos apaixonados e dos videntes como superior à sabedoria mundana e comum.  Um fato: Após a experiência de samádi, Ramakrishna não pôde fazer mais nada.  Se alguém dissesse uma palavra como Ram ele entrava em transe celestial, ele ainda não podia falar durante muito tempo ou colapsava em transe divino.  Por isto, serviu-se de um discípulo chamado Vivekananda para transmitir sua mensagem para o mundo.  Não é sempre que isto ocorre.  Segundo Osho, às vezes, acontece de um indivíduo se iluminar e poder transmitir sua mensagem também, mas é por puro acaso que isto ocorre, ou por pura predestinação divina, como queiramos encarar o fato.
Ramakrishna seria considerado louco se estivesse em algum país ocidental atual... A loucura e a lucidez são uma questão de grau e não de qualidade, na verdade.  Que saibamos distinguir e discernir entre o que é de Deus e o que é apenas uma patologia é condição fundamental para abrir os olhos à consciência plena e integral do ser humano.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



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sábado, 17 de março de 2018

Sintonia com o divino



Sintonia com o divino

A sintonia com Deus depende de uma rotina ascética, cheia de orações, jejuns e/ou pagamentos de promessas em forma de suplícios?  Na verdade, uma rotina de orações, meditações e mantras é necessária para qualquer pessoa, mas o ascetismo em espiritualidade não leva ao aprofundamento dessa espiritualidade.  Antes leva a um extremo de atividades que podem trazer hipocrisia e farisaísmo onde se dá valor somente às aparências.
Não se trata de leviandade ou negligência, nem de flexibilização exacerbada – própria dos partidários dos sistemas liberalizantes – o famoso “enforquem-se com a corda da liberdade” – mas de saber que quando as cordas de um instrumento musical estão muito retesadas, podem não tocar a música corretamente (um extremo) e quando as cordas desse mesmo instrumento musical estão nem um pouco retesadas, também não conseguiram tocar a música corretamente (outro extremo). Não é possível para o ser humano trilhar o caminho do meio sem a benção divina, sem o auxílio do Todo.  E essa ajuda só pode vir com a oração diária, mas se a tensão pela obtenção da graça estiver muito acentuada, não haverá evolução da espiritualidade; ao contrário, pode ocorrer até um desregramento, uma involução na espiritualidade dessa pessoa.
Extremos não trazem evolução, de forma geral, porque guardam consigo uma radicalização própria dos que não querem diálogo.  Trabalham num patamar em que só o caminho deles é válido ou verdadeiro.  Quem não se enquadra, de alguma forma, nos ditames e parâmetros desse pensamento extremado são desconsiderados ou são considerados hereges, desviantes ou, em último caso, até criminosos, dependendo da intolerância daquela sociedade em questão.
Desse modo, sintonizar-se com Deus é muito mais saber o limite da minha mente ou da minha alma e espírito do que seguir doutrinas, regras, suplícios e caminhos que já foram trilhados por outros antes de mim, e que até tiveram sucesso, mas que só serviriam para aquela pessoa, naquele contexto prévio, naquele tempo específico.  A natureza não se repete e Deus adora a diversidade...A sintonia com o divino passa pela descoberta e experimentar do seu próprio guia interior e da sua própria linha espiritual, que só servirá para você, porque você é único, nunca houve nem nunca haverá ninguém como você em toda eternidade.
Que possamos viver e experimentar nossa própria jornada interior que leve à iluminação é objetivo que tem que ser natural e espontâneo, sem radicalismos ascéticos e sem negligências liberalizantes.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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sábado, 3 de março de 2018

Melancolia e saudade, tristeza profunda e saudosismo


Melancolia e saudade, tristeza profunda e saudosismo


Tristeza profunda não combina com espiritualidade.  Melancolia também não.  Há que se ter a diferença entre esses dois estados de ânimo, em geral negativos, e a pura e simples saudade ou o inofensivo, em grande parte das vezes, saudosismo.
O abatimento físico e mental característico da melancolia não permite o desenvolvimento de atividades meditativas e/ou de oração.  Não permite uma interiorização maior nem uma contemplação produtiva.  Também a agitação psicomotora não permite estas atividades de espiritualidade necessárias a qualquer ser humano.  Os prazeres da vida não podem ser apreciados devidamente pelo melancólico porque perdeu a ponte entre o relacionamento social e o gozo emocional, intelectual ou físico.
A tristeza profunda ou depressão também é impedidora da experiência espiritual plena e, às vezes, até de qualquer experiência espiritual...  Mas não quer dizer que seja impossível; sendo esta matéria para os psicólogos.  O que pretendo pontuar é que a experiência de espiritualidade efetiva não deixa brecha para a melancolia ou a tristeza profunda, invertendo a questão...  Orar ou meditar, praticar mantras ou ler textos religiosos edificantes em lectio divina pode trazer mais do que benefícios para a alma ou o espírito, mas também para o ânimo ou o estado de espírito – o próprio nome já diz.  Não é à toa que as psicoterapias atuais caminham par e passo com a física quântica, filosofias espirituais e religiões.  Nada vem por acaso ou separado no organismo humano...
A saudade, essa falta de algo que ocorreu no passado de alguém que lhe deixou impressões fortes, duradouras e trouxe prazer de algum modo, a ponto de ser lembrado e desejado novamente, não é impedidor de nenhuma atividade espiritual.  Assim como o saudosismo também não.  A falta de algo que nunca se vivenciou realmente na vida, não mostra nem demonstra nenhum problema com a espiritualidade e nem com a possível evolução da espiritualidade na vida de alguém.
Apenas devemos salientar que o satori deve ser ignorado para quem foca sua espiritualidade na obtenção da iluminação.  O satori é um vislumbre, um flash momentâneo da experiência iluminadora, mas não é efetivamente isto, e pode criar um impedimento futuro a essa iluminação verdadeira.  Não devemos nos contentar com nada menos do que a transcendência completa, o Todo.
Sendo assim, tristeza e melancolia são negativos e a saudade e o saudosismo são indiferentes para o trabalho espiritual até onde posso ver.  Gerar um terreno apto à evolução humana e divina concomitantemente é observar o que pode e o que não pode ocorrer no nosso cotidiano, o cotidiano do buscador.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



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