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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Futebol das Fábricas ou Fábrica do Futebol ?


Esporte Clube Costeira


Mathias Brotero

Além do Esporte Clube Metalúrgico que viveu tempos áureos na década de 1940, existiu em São Gonçalo o Esporte Clube Costeira, fundada a 25 de maio de 1960.

Em 1979, foi o segundo colocado na Divisão de Acesso de times do interior, segunda divisão do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. O campeão e vice foram respectivamente o Friburgo Football Club e o Esporte Clube Costeira. Porém em 1980, o campeão foi o E C Costeira e o vice-campeão foi o Novo Rio FC, de São João de Meriti, que daria origem em 1981 à União Esportiva Coelho da Rocha. Não houve promoção para a Primeira Divisão do ano seguinte.

No começo do século XX o futebol começava a ganhar popularidade no Brasil. O esporte elitista trazido da Inglaterra por Charles William Miller passou a ser jogado por outras classes sociais, e rapidamente se popularizou nas fábricas e indústrias brasileiras.

Os trabalhadores jogavam em seu horário de almoço e os dirigentes das fábricas começaram a perceber que o esporte unia os seus funcionários. Assim, muitos cediam terrenos inutilizados das fábricas para fazer um campo com sede – uma jogada genial, pois além de unir os trabalhadores em torno do espírito corporativo da empresa, o futebol funcionava como propaganda da indústria, tornando as fábricas mais conhecidas.

Na medida em que mais times iam crescendo e se enfrentando, as fábricas ganhavam mais nome e a “indústria do futebol de fábricas” começou a crescer. Durante a contratação de funcionários, algumas indústrias priorizavam aqueles que soubessem jogar futebol. Houve até casos em que algumas fábricas contrataram operários só para jogar, mas no contrato escreviam que eles trabalhavam nas fábricas, pois só podiam participar dos campeonatos, aqueles que trabalhavam naquela indústria.
A popularidade dos jogos chegou ao ponto de servir como propaganda governamental para o Estado Novo, pois as ligas classistas criavam torneios amadores que seguiam as regras do Estatuo do Conselho Nacional de Desportos (CND) do Governo Vargas.

Porém, aquele espírito de união que o futebol dava para os jogadores de fábricas começou a se esvair. A competitividade para jogar pelas empresas criou muitas rixas entre trabalhadores, que queriam desfrutar dos benefícios que um jogador de empresa tinha (como poder ser dispensado para treinar ou trabalhar com uma carga horária mais flexível). Ao mesmo tempo, os bons jogadores assinaram contratos com grandes times nacionais, e passaram a viver só disso, como foi o caso de Mané Garrincha. Os operários que ficaram velhos demais para jogar voltaram para as suas fábricas e os times de futebol de fábricas foram perdendo força.

Eventualmente os presidentes das fábricas perceberam que havia outras formas mais eficientes de propaganda para a sua indústria, e os times de futebol de fábrica foram lentamente se perdendo no tempo.

Revista Placar, 16/09/1977


QUEM SE LEMBRA DO COSTEIRA TREINANDO NA PONTA D'AREIA?


Péris Ribeiro*
 
Clube fundado em 1960, não registra grandes feitos em sua história. Da velha Companhia de Navegação Costeira restam o emblema - uma Cruz de Malta que era pintada nas chaminés dos saudosos Itas -, o nome e alguns abnegados sócios, que descontam as mensalidades em folhas. Eles não deixam o clube morrer — ao contrário, é organizado, com departamento médico que funciona e pagamentos rigorosamente em dia. Também, são apenas 12 profissionais e uma porção de amadores. Salário mínimo, naturalmente — para eles é salário mínimo realmente, pois nenhum tem emprego na companhia, empresa pública que não tem mais navios e foi transformada em estaleiro de reparos navais, na costa de Niterói.

(... )Porém o otimista presidente Sebastião Barbosa de Melo afirma que o Costeira melhorou muito de lá para cá, pois mantém o mesmo time-base há trés anos e reforçou as posições deficientes.

A torcida, pequena porém fiel, confia muito em seus quatro craques, aqueles que faturam 2 mil por mês: o goleiro Tonho, 22 anos; o quarto-zagueiro Getúlio, 23 anos; o ponta-direita Aílson, 24 anos, veloz e de bom chute, e a armador Gutinho, estrela da companhia, que diz ter 23 anos mas aparenta muito mais, cacheiro que já andou em muito clube por ai — o último foi o Volta Redonda — e que sabe de bola sem correr muito atrás dela.

Uma pena não ter a foto do time da Costeira, apenas uma comprovação de um dos jogos. No antigo placar ao fundo o nome Costeira.   Jogo onde o Costeira sagrou-se campeão da Segunda Divisão do Campeonato Estadual do RJ.

Esporte Clube Costeira foi uma agremiação esportiva de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, fundada a 25 de maio de 1960.

Criado na ilha do Viana, na vizinha Niterói, por funcionários do estaleiro da Cia. Costeira de Navegação Marítima, o Costeira disputou diversos campeonatos promovidos pela Liga Desportiva de Niterói.

Se transfere para São Gonçalo, após vencer a Segunda Divisão Estadual (Zona do Interior) em 1980 e posteriormente abandonar o profissionalismo, muito dispendioso para a sua realidade financeira.

Retorna apenas em 2002, na Terceira Divisão de Profissionais. Classifica-se em segundo em seu grupo e chega à fase seguinte, na qual é eliminado ao ficar em terceiro em uma chave que classificou apenas o primeiro colocado Artsul Futebol Clube.

No ano seguinte, foi convidado a disputar a Segunda Divisão, mas não alcançou um bom desempenho. É eliminado precocemente na primeira fase ao ficar em segundo em uma chave com três equipes.

Licenciou-se após essa disputa, culminando numa posterior desfiliação pela FFERJ, devido a seis anos de inatividade. Suas cores são azul e branco.

 

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A Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo agradece a Anselmo Lopes da Silva, administrador do grupo "São Gonçalo Antigo" a permissão de postagem desta matéria.
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Texto: Mathias Brotero, “O Futebol das Fábricas ou a Fábrica do Futebol” - Pesquisa do amigo Antônio Gavina do Facebook: http://www.facebook.com/PontaDAreiaNiteroi

(*)   Revista Placar, 16/09/1977

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Morando em São Gonçalo você sabe como é

Matheus Graciano

Sim São Gonçalo

Há dois anos atrás, a agência de propaganda DM9 aportou no Rio. Para se lançar, traduziu e aplicou uma campanha que já acontecia em outros lugares do mundo: “Sim, eu sou.” Uma sentença afirmativa e poderosa pela sua simplicidade. No caso, as frases eram sobre o estilo de vida “carioca zona sul”. Traduzida para “Sim, eu sou carioca”, a campanha estourou no Facebook. Dias depois, uma usuária lançou o “Sim, eu sou niteroiense”, que também impactou os moradores da ex-capital fluminense. Olhando as duas páginas, não foi muito difícil chegar à conclusão óbvia: e por que não, São Gonçalo?

Se você mora na cidade do Rio, sabe que nos últimos anos ficou muito mais fácil ser (ou dizer que é) carioca. As olimpíadas deram um gás nesse sentimento que vinha perecendo desde a inauguração de Brasília. Niterói também não ficou para trás. Depois do bom trabalho de marketing dos últimos governos, somado à sua inserção nas 10 cidades com melhor IDH do Brasil, teve reascendido seu orgulho, ferido desde 1975, com a transferência da capital fluminense para a cidade do Rio.

Já falei sobre o tal “Cinturão Fluminense” num outro post. Um “Rio paralelo” que existe dentro do estado, mas sem aquele status que gera algum tipo de orgulho. Tirando o bordão “Uhul, Nova Iguaçu”, popularizado pela participante Fani no longínquo Big Brother 2007, qual o outro momento que você viu alguma cidade da região metropolitana festejada dessa forma? Talvez nunca. Salvo na boca de um ou outro político.

Quando pensei em fazer a página, já imaginava todas as piadas prontas. Conheço meu povo. Muitas com razão. Sempre achei a palavra “gonçalense” sonoramente estranha. Coisa minha? Sei lá. No passado, por conta da qualidade dos hospitais, muita gente, como eu, nasceu em Niterói. Fato que não ajuda na hora de falar “sou gonçalense”. A música do Seu Jorge popularizou o apelido “São Gonça”, apesar de não ser comum falar assim na cidade. Com tantos vieses, a frase da campanha foi “Sim, eu sou de São Gonçalo”. Deu certo. Em uma semana, alguns mil já participavam da página.

Sim São Gonçalo
De lá pra cá, o SIM foi, parou, serviu de inspiração para outras páginas, voltou e aos poucos encontrou a sua real função. Hoje, a página tornou-se um bom caminho para os estudos do que se pode chamar de “marketing de cidade”, realçando o laço entre cidade e cidadão. Com a ajuda da população, já fizemos pesquisas de comportamento; construímos o Alagamaps, um mapa com os alagamentos georreferenciados; fizemos ações de valorização dos bairros, com marcas conhecidas trocadas pelos nomes dos bairros; informativos sobre o que acontece no território; e um Instagram, com os melhores filtros e ângulos que deixam a cidade com outro olhar. Tudo isso de forma colaborativa, como todos os livrinhos de marketing sempre dizem que dá certo. Por fim, no último mês de 2013,  lançamos o site simsaogoncalo.com.br, que pretende ser um meio de propor soluções para a cidade. E quantos reais custou? Quase nada, comparado à motivação e disposição empregada.

Sem cartões postais, nem pontos turísticos, ficou claro que o importante na 16ª maior cidade do Brasil é aquilo que ela tem pra mais de 1 milhão: gente. E nesses dois anos, foi essa gente que me ajudou a descobrir a real vocação da cidade: o entretenimento, fruto da alegria das pessoas. 

Curiosamente, diante de tantas dificuldades, é a mesma alegria que permeia as favelas, a baixada, entre outros vários pontos desse território cortado pelo Paraíba do Sul. O objetivo é transformar o “Sim São Gonçalo” num piloto que resgate a boa vontade e a participação do cidadão nas cidades fluminenses e, porquê não, nos “bairros-cidade” como Campo Grande, Méier, Santa Cruz e Santíssimo. Afinal, o cliente precisa estar satisfeito até mesmo quando o pagamento é compulsório, como são os impostos.

Estou longe de ser um apaixonado pela cidade. Não tenho aquele sentimento de pertencimento forte nem por Niterói, minha cidade natal, nem por São Gonçalo, minha morada, e nem pelo Rio, ambiente de estudos e trabalho. Na verdade, tenho aversão ao bairrismo que assola o ser humano. Meu coração bate mesmo é pelo estado do Rio de Janeiro, pois sei que as cidades são completamente dependentes entre si.

Contrariando as aspas da matéria, minha intenção está longe de atrair turistas. Entretanto, deixar a cidade atraente é especialidade da casa. Se esse processo vai dar certo ou não, eu não sei. Só sei que a cada ano tem mais gente com um celular na mão. E assim está ficando difícil contar historinha feliz em cima do palanque. Aliás, não esqueça: esse ano é ano par.

sábado, 17 de maio de 2014

Chiclete, a Animação Gonçalense que Chegou pra Grudar.

Chiclete é um cãozinho de pelúcia mágico que ganha habilidades especiais quando está junto de crianças que tenham imaginação. O personagens e seus amiguinhos foram publicados pela primeira vez em 2009 pelo gonçalense Edson D'Car e ganhou muita popularidade na internet e nas escolas. Os personagens já ilustraram tiras, jornais e até revistas em quadrinhos, sendo uma delas para campanha contra o mosquito da dengue.
Sempre visionário e fazendo um trabalho persistente e incansável, o seu criador, Edson D'Car agora investe em uma produção animada. A série segue com produção totalmente gonçalense, onde é desenhada, animada e gravada na cidade de São Gonçalo, no Estúdio João Caetano.
O desenho também conta com elenco da região, onde terão crianças de verdade nas vozes dos personagens infantis, para garantir mais naturalidade e identificação com o público infantil.



As Aventuras de Chiclete
Autor, produtor e diretor: Edson D'Car
Técnico de som: Ricardo Fortuna
Elenco:
Leo Vieira: Chiclete
João Victor Sanches: Dudu
Amanda Sanches: Duda
Paulo Martare: vozes adicionais
Aline Sanches: Narração, Mãe e Vendedora.




Leo Vieira



segunda-feira, 10 de março de 2014

Breve História da cidade de São Gonçalo



Alexandre Martins*


Em 1502 foi descoberta a Baía de Guanabara e, em decorrência, suas regiões. A chamada Banda D'Além tinha uma sesmaria, a de São Gonçalo, parte da Capitania de São Vicente.
Foi o viajante francês Jean Lery quem, em 1557, fez a primeira referência escrita que se conhece, às terras do hoje município de São Gonçalo. Em seu livro “Viagem às terras do Brasil” ele comenta que encontrou aldeias indígenas Tupis em torno da baía que nós hoje chamamos de Guanabara e localizada a Ilha de Itaoca, como o ponto de uma delas. 1
A Sesmaria de São Gonçalo compreendia o espaço o que hoje seria da Praia de Icaraí à Praia da Luz. Seu desbravamento se deu pelos Jesuítas, que construíram portos e fazendas. À época existiam poucos habitantes nativos, como os índios
É, pois, em abril de 1579 que se tem o início da história de São Gonçalo. A paróquia data dee 10 de fevereiro de 1646, bem como a transformação da sesmaria em Frequesia.
Gonçalo Gonçalves, “O Velho” é considerado o primeiro donatário da Sesmaria que deu origem à atual cidade, cuja carta de doação data de 6 de abril de 1579 de terras “com mil braças de largo e 1500 de comprido, em Suassunhã do Porto de Birapitanga”. Fidalgo natural de Amarante, região do Minho, em Portugal, morava no Rio de Janeiro. De posse da terra, erigiu a igreja de São Gonçalo do Amarante, às márgens do Rio Imboaçu, aonde hoje está a igreja matriz. O povoado surge em seguida, onde hoje é o bairro do Zé Garoto.
Revolta da Cachaça é o nome pelo qual passou à História do Brasil o episódio ocorrido entre final de 1660 e começo do ano seguinte, no Rio de Janeiro, motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes de aguardente. Também é chamada de Revolta do Barbalho ou Bernarda. Governava o Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, no início de 1660. Produtores da região norte da Baía da Guanabara, então Freguesia de São Gonçalo do Amarante (atuais municípios de São Gonçalo e Niterói) rebelaram-se contra a taxa.
Durante seis meses houve reuniões na fazenda de Jerônimo Barbalho Menezes de Bezerra, na Ponta do Bravo (atual bairro do Gradim, em São Gonçalo).
Na madrugada de 8 de novembro de 1660, liderados pelo fazendeiro, os revoltosos atravessam a baía, convocando o povo da cidade pelo toque de sinos a reunir-se diante do prédio da Câmara. Totalizavam 112 senhores de engenho, 10 de São Gonçalo, que exigiam o fim da cobrança das taxas, bem como a devolução daquilo já arrecadado. Tomé de Sousa Alvarenga, tio do governador e em exercício durante sua ausência. Alvarenga foi enviado para Portugal junto a uma lista de acusações contra sua família, então poderosa. Salvador de Sá organizou uma tropa de paulistas. O Rio de Janeiro foi atacado de surpresa, na madrugada de 6 de abril. As tropas baianas vieram pela praia, enquanto Salvador de Sá invadia com os seus pelo interior. Apanhados de surpresa, os revoltosos não opuseram resistência.
Aprisionados os líderes, foi montada uma corte marcial que condenou os rebeldes à prisão. Jerônimo Barbalho, único condenado à morte, foi decapitado e sua cabeça afixada no pelourinho.
O Conselho Ultramarino, porém, deu razão aos rebelados. Salvador de Sá foi afastado de suas funções e teve de responder em Portugal por seus excessos. A família Sá, descendente do ex-governador-geral Mem de Sá e do fundador da cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, perdeu prestígio e a grande influência que até então conseguira manter. Os rebeldes condenados foram libertados.
Em 1749 foi criada a Estrada Real (atual rua Moreira César) ligando Niterói a Alcântara. À época o trajeto era feito por embarcações do Porto de Niterói para os portos de São Gonçalo (Ponte, Luz, Neves, Bandeira e Lira) e a ligação com o Rio de Janeiro se dava tembém por esses portos.
Com a criação, em 21 de junho de 1769, da Freguesia de Paquetá, esta é anexada a São Gonçalo, sendo anexada finalmente pelo Rio de Janeiro somente em 1833.
Em 1779, São Gonçalo contava com 23 engenhos de açúcar, com 952 escravos numa população de mais de seis mil habitantes.
Em 1780 recebeu as primeiras mudas de café, oriundas de Belém, no Pará.De São Gonçalo, expandiu-se para todo o Estado do Rio e para o Vale do Paraíba.
Em 1819 é criada a Vila Real de Praia Grande e São Gonçalo é anexada junto com outras freguesias. Em 1834 é denominada Cidade de Niterói e, em 1835, é elevada a capital do Estado do Rio de Janeiro.
Em 1847, o Imperador D. Pedro II visita São Gonçalo pela primeira vez, hospedando-se na sede da Fazenda do Jacaré (atual bairro do Patronato).
Em 1860, possuía São Gonçalo 30 engenhos de cana e 10 fornos de cerâmica, exportando seus produtos pelos portos de Gradim, da Pedra, Maruí, Neves, Guaxindiba, da Madama, da Ponte, da Luz, do Rosa e Boa Vista.
Em 1890, foi São Gonçalo a sede da primeira Região Policial do Estado do Rio, conseguindo ainda, aos 22 de outubro, seu desmembramento de Niterói. Em 1899 é inaugurado o primeiro prédio da Prefeitura, no mesmo local atual, embora seu primeiro prefeito, Cel. Ernesto Francisco Ribeiro, tenha somente sido nomeado em 1904. Em 1922, São Gonçalo é reconhecida oficialmente como cidade.
Em 1943, o distrito de Itaipú é cedido para o município de Niterói e São Gonçalo deixa de ter sua ligação com a Costa brasileira.
Não somente o Imperador e a Princesa Isabel, mas Presidentes do Brasil visitaram São Gonçalo, como Getúlio Vargas em 1943 e Juscelino Kubitschek em 1956.
Os primeiros bairros de São Gonçalo tiveram origem das fazendas de cana de açúcar que foram loteadas no início do século XX, daí muitos terem seus nomes, como Trindade, Itaúna, Colubandê, etc. Outros, pelos portos que existiam no local, como Porto Novo, Porto da Madama e outros.
Muitos brasileiros importantes nasceram em São Gonçalo, como o Conde Baurepaire Rohan, construtor do primeiro Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro; Orlando Rangel, introdutor da Indústria Farmacêutica no Brasil; dentre outros.


* * *


(*) empresário cultural, Presidente-fundador da SAL.


1- O termo tamoios se refere a uma aliança de povos indígenas do tronco lingüístico tupi que habitavam a costa dos atuais estados de São Paulo (litoral norte) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba fluminense). Esta aliança, liderada pela nação tupinambá, congregava também os guaianazes e aimorés. Portanto "tamoio" não se trata de um etnônimo, ou seja, de uma tribo ou nação indígena específica. O termo "tamoio" vem "tamuya" que em língua tupi significa "os anciãos". A aliança de tribos, conhecida como Confederação dos Tamoios, foi motivada pelos ataques dos portugueses e mestiços que procuravam capturar escravos entre os indígenas para trabalhar nas primeiras plantações de cana-de-açúcar. Por décadas, os Tamoios foram a única resistência organizada contra a colonização portuguesa.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A família Conceição e a história de uma Ferrovia

A Família Conceição e a história de uma Ferrovia – Sim São Gonçalo

Alex Wölbert*

A relação de amor entre o senhor Antenor da Conceição e a Estrada de Ferro Maricá (EFM) começou cedo. Com apenas 22 anos, foi trabalhar como conservador de via permanente, contou com orgulho e nostalgia para nossa reportagem – os olhos marejados de lágrimas – sobre os bons tempos na ferrovia.
Antenor da Conceição nos revela a história do menino que não tinha grandes aspirações de ser um médico ou engenheiro. Porém, seu maior sonho era de ser coveiro no funcionalismo público. A vida do jovem Antenor despontava em Saquarema, no ano de 1936, enquanto a da EFM já estava a pleno vapor: era responsável pelo transporte de grande quantidade de sal vindo da região dos lagos e, principalmente, da grande quantidade de laranja que fez do município de São Gonçalo um dos principais exportadores da fruta. A rede ferroviária também foi responsável pelo crescimento do núcleo urbano de Maricá, pois era o mais eficiente meio de transporte. Como consequência, ruas surgiram em torno da estação, resultando no aparecimento de diversos estabelecimentos comerciais. Eduardo Rodrigues de Figueiredo relata no Anuário Geográfico do Rio de Janeiro, de 1952, a dificuldade demográfica de Maricá: “Não há no Estado do Rio de Janeiro município que, devido ao seu sistema orográfico, esteja mais isolado do restante de seu território do que Maricá”. Financiada em 1888, principalmente por proprietários rurais como José Antônio Soares Ribeiro, o Barão de Inohan, sem nenhum ônus para os cofres públicos, o primeiro trecho da estrada foi iniciado ligando Alcântara a Rio do Ouro, passando por Sacramento e Santa Isabel.
A família Conceição e a história de uma Ferrovia – Sim São Gonçalo
Crédito: Sandro Marraschi

Antenor nos recebeu nessa mesma estação de Santa Isabel, sua residência, onde desde 1970 vive com sua esposa, Maria Inês, e seus 3 filhos: Regina, Ronildo e Raquel – todos criados graças ao seu salário de ferroviário. Mesmo acamado devido uma enfermidade, um sorriso jovial ainda enfeita seu rosto e – com a alegria do menino sonhador de Saquarema – nos contou sobre seu trabalho na estrada de ferro. Sempre preocupado em manter a história, preservando as características do lugar, quando questionado do motivo de sua luta para manter a arquitetura da época, explicou: “Esse lugar não é meu e devo mantê-lo. Estou aqui justamente para preservá-lo e  não acabarem com esse patrimônio que guarda muitas memórias de nosso Município”.
O destino sempre amarrou a história de Sr. Antenor à estrada de ferro Maricá. Mesmo noivo e nos preparativos de casamento, os olhos de Antenor cruzaram com os da menina Maria Inês, filha do feitor a quem era subordinado. Essa historia de amor perdura até hoje. Fomos testemunhas do carinho e atenção daquela menina, hoje uma senhora de fala mansa e passos calmos, mas uma guerreira para defender sua família.
A família Conceição e a história de uma Ferrovia – Sim São Gonçalo
Crédito: Sandro Marraschi

Quando indagado pela nossa reportagem sobre o que mais o marcou em sua carreira como ferroviário, o Sr. Antenor, sem falsa modéstia, diz que era sua agilidade no serviço. Por causa dessa qualidade, sempre era chamado para trabalhos de emergência. Contou que às vezes, três funcionários não davam conta do serviço e ele era chamado pelo encarregado para dar uma “forcinha”. Ao chegar, os outros funcionários desapareciam e ele desenrolava o serviço com a maior facilidade. Sr. Antenor era, como se diz popularmente, “pau pra toda obra”. Quando a linha enchia de capim alto, dificultando a visibilidade do maquinista, quase sempre resultando no atropelamento de gados pastando, ele era chamado pelo supervisor para capinar.
A família Conceição e a história de uma Ferrovia – Sim São Gonçalo
Sr. Antônio Conceição

Num momento da entrevista notamos uma tristeza no olhar do Sr. Antenor. Foi exatamente quando fala do fim da estrada de ferro pela justificativa de não dar lucro. Ele informa que, além de ter bastante volume de carga e passageiros, muitas pessoas precisavam do trem. O senhor Antenor lamenta o não aproveitamento de nenhum trem que circulava na linha. Todos foram enviados para a siderúrgica em Volta Redonda.
A toda hora vivemos a história. Algumas delas se entrelaçam no meio do caminho, como a da família do Sr. Antenor e a EFM. Preservar as memórias da história de São Gonçalo é valorizar nosso passado e compreender nosso presente para a construção de um futuro melhor.
A família Conceição e a história de uma Ferrovia – Sim São Gonçalo
Crédito: Sandro Marraschi




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Morando em São Gonçalo você sabe como é

 
 Matheus Graciano 
(em 14/1/ 2014)
Sim São Gonçalo

Há dois anos atrás, a agência de propaganda DM9 aportou no Rio. Para se lançar, traduziu e aplicou uma campanha que já acontecia em outros lugares do mundo: “Sim, eu sou.” Uma sentença afirmativa e poderosa pela sua simplicidade. No caso, as frases eram sobre o estilo de vida “carioca zona sul”. Traduzida para “Sim, eu sou carioca”, a campanha estourou no Facebook. Dias depois, uma usuária lançou o “Sim, eu sou niteroiense”, que também impactou os moradores da ex-capital fluminense. Olhando as duas páginas, não foi muito difícil chegar à conclusão óbvia: e por que não, São Gonçalo?

Se você mora na cidade do Rio, sabe que nos últimos anos ficou muito mais fácil ser (ou dizer que é) carioca. As olimpíadas deram um gás nesse sentimento que vinha perecendo desde a inauguração de Brasília. Niterói também não ficou para trás. Depois do bom trabalho de marketing dos últimos governos, somado à sua inserção nas 10 cidades com melhor IDH do Brasil, teve reascendido seu orgulho, ferido desde 1975, com a transferência da capital fluminense para a cidade do Rio.
Já falei sobre o tal “Cinturão Fluminense” num outro post. Um “Rio paralelo” que existe dentro do estado, mas sem aquele status que gera algum tipo de orgulho. Tirando o bordão “Uhul, Nova Iguaçu”, popularizado pela participante Fani no longínquo Big Brother 2007, qual o outro momento que você viu alguma cidade da região metropolitana festejada dessa forma? Talvez nunca. Salvo na boca de um ou outro político.

Quando pensei em fazer a página, já imaginava todas as piadas prontas. Conheço meu povo. Muitas com razão. Sempre achei a palavra “gonçalense” sonoramente estranha. Coisa minha? Sei lá. No passado, por conta da qualidade dos hospitais, muita gente, como eu, nasceu em Niterói. Fato que não ajuda na hora de falar “sou gonçalense”. A música do Seu Jorge popularizou o apelido “São Gonça”, apesar de não ser comum falar assim na cidade. Com tantos vieses, a frase da campanha foi “Sim, eu sou de São Gonçalo”. Deu certo. Em uma semana, alguns mil já participavam da página.
Sim São Gonçalo
De lá pra cá, o SIM foi, parou, serviu de inspiração para outras páginas, voltou e aos poucos encontrou a sua real função. Hoje, a página tornou-se um bom caminho para os estudos do que se pode chamar de “marketing de cidade”, realçando o laço entre cidade e cidadão. Com a ajuda da população, já fizemos pesquisas de comportamento; construímos o Alagamaps, um mapa com os alagamentos georreferenciados; fizemos ações de valorização dos bairros, com marcas conhecidas trocadas pelos nomes dos bairros; informativos sobre o que acontece no território; e um Instagram, com os melhores filtros e ângulos que deixam a cidade com outro olhar. Tudo isso de forma colaborativa, como todos os livrinhos de marketing sempre dizem que dá certo. Por fim, no último mês de 2013,  lançamos o site simsaogoncalo.com.br, que pretende ser um meio de propor soluções para a cidade. E quantos reais custou? Quase nada, comparado à motivação e disposição empregada.
Sem cartões postais, nem pontos turísticos, ficou claro que o importante na 16ª maior cidade do Brasil é aquilo que ela tem pra mais de 1 milhão: gente. E nesses dois anos, foi essa gente que me ajudou a descobrir a real vocação da cidade: o entretenimento, fruto da alegria das pessoas.
Curiosamente, diante de tantas dificuldades, é a mesma alegria que permeia as favelas, a baixada, entre outros vários pontos desse território cortado pelo Paraíba do Sul. O objetivo é transformar o “Sim São Gonçalo” num piloto que resgate a boa vontade e a participação do cidadão nas cidades fluminenses e, porquê não, nos “bairros-cidade” como Campo Grande, Méier, Santa Cruz e Santíssimo. Afinal, o cliente precisa estar satisfeito até mesmo quando o pagamento é compulsório, como são os impostos.

Estou longe de ser um apaixonado pela cidade. Não tenho aquele sentimento de pertencimento forte nem por Niterói, minha cidade natal, nem por São Gonçalo, minha morada, e nem pelo Rio, ambiente de estudos e trabalho. Na verdade, tenho aversão ao bairrismo que assola o ser humano. Meu coração bate mesmo é pelo estado do Rio de Janeiro, pois sei que as cidades são completamente dependentes entre si.

Contrariando as aspas da matéria, minha intenção está longe de atrair turistas. Entretanto, deixar a cidade atraente é especialidade da casa. Se esse processo vai dar certo ou não, eu não sei. Só sei que a cada ano tem mais gente com um celular na mão. E assim está ficando difícil contar historinha feliz em cima do palanque. Aliás, não esqueça: esse ano é ano par.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Gonçalense com Trabalho Internacional


Irineu Mayerhofer é artista plástico autodidata e tem mais de 60 anos de carreira. Desde criança, ele já pintava e ilustrava, sempre se ambientando em temas regionais e ciganos. O artista nasceu em Campos e vive em São Gonçalo. Suas obras já foram vendidas para vários estrangeiros. Atualmente, você pode encontrá-lo e conhecer muito de suas pinturas e seus conhecimentos no Campo de São Bento, em Niterói.

Contato do artista: (21)3707-8967 e (21) 8419-4837.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dia do Escritor

No Dia do Escritor, a Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo quer parabenizar a todos os autores e que Deus continue dando luz, discernimento e sabedoria nessa caminhada tão gratificante.

Na foto: os escritores e membros da SAL (esquerda pra direita) Décio Machado, Alexandre Martins e Leo Vieira.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Gonçalense é finalista do Ídolos

Quem vê Julia Tavares não imagina a força que ela tem na voz. A menina gonçalense, de 11 anos, é pequena, linda e tem voz forte, grossa e estonteante. Ela é uma das finalistas do programa Ídolos Kids, da Tv Record, que vai ao ar, às 19h30, amanhã. Com uma potência vocal surpreendente, Julia agradou os jurados Kelly Key, Afonso Nigro e João Gordo e a plateia com toda a sua potência vocal....



Foto: Reprodução/ Rede Record -Ídolos Kids

Desde que apareceu nas audições do Ídolos Kids Julia Tavares tinha um objetivo em mente: chegar até o final do reality musical. E a pequena conseguiu! Ela é mais uma finalista que vai mostrar todo o seu talento nos parques da Disney. Em conversa com o R7, Ju contou detalhes sobre ela mesma. A cor que ela mais gosta é roxo! Leia mais nas legendas das imagens a seguir...


Clique aqui e assista ao vídeo da apresentação que garantiu a vaga de Julia Tavares na final!

Veja os melhores momentos de Julia Tavares no programa

Gonçalense ganha premiação em Festival de Contos.

Saiu hoje (15/7) matéria no Jornal São Gonçalo sobre a premiação que o escritor e poeta Rogério Araújo (Rofa) recebeu no Festival de Contos do Rio de Janeiro com o 3º lugar com o conto "Belezas do Brasil X Violência na Sociedade".




segunda-feira, 17 de junho de 2013

SAL Entrevista

Emerson Lopes é brasileiro; nascido, criado e residente em São Gonçalo; artista plástico, ilustrador, animador e também roteirista. Atualmente, alterna os seus trabalhos artísticos paralelos com as produções e publicações de suas tiras em blog próprio e nas redes sociais.
1- Obrigado pela oportunidade cedida, Emerson. Onde você nasceu e onde mora atualmente?
Eu que agradeço, Leo. É sempre um prazer falar de meu trabalho e é mais uma oportunidade para que outras pessoas o conheçam. Sou nascido, criado e atualmente morando aqui em São Gonçalo.

2- Qual sua formação, Emerson?
Cheguei a cursar um ano do curso de graduação em Pintura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), mas tive de trancar a matrícula justamente para poder trabalhar com animação. Também fiz cursos de ilustração, pintura e roteiro com a intenção de aprimorar minha formação na área. Mas, apesar disso, no que se refere a minha profissão, posso dizer que aprendi a maior parte do que utilizo hoje em dia na prática e com colegas mais experientes com quem tive o prazer de trabalhar.

3- Como surgiu o gosto pelo desenho?
Ele não surgiu, nasceu comigo! Desenho desde que me entendo por gente eu praticamente não me lembro de um momento em que a arte não estivesse de alguma forma presente em minha vida.

4- Quem são os seus ídolos (autores) no desenho?
São muitos, mesmo. Mas alguns foram cruciais para minha formação como desenhista.
Nomes como John Byrne, Ron Frenz, John Buscema, Simon Bisley, entre outros, até hoje tem alguma influência no meu trabalho. Mas hoje em dia tenho tendência a gostar de artistas com o traço mais estilizado, que ousam mais nas formas. Admiro e me influencio com o trabalho de artistas como Mike Mignola, John Romita Jr, os irmãos Bá e Moon, Shane Glines, Cheeks, Arthur de Pins, Bruce Timm, Ziraldo e, se eu puder destacar um que pra mim é um ídolo por tudo o que realizou e conquistou como autor, esse é sem dúvida o Maurício de Sousa.

5- Como foi a sua infância? Do que mais gostava de brincar?
Eu era uma criança tranqüila e minha infância foi da mesma forma. Brincava de pipa, pião, bola-de-gude, jogava bola com os amigos da rua, via desenhos na TV, e lia gibis. Muitos gibis! Eu também desenhava muito e, de vez em quando, ilustrava as minhas próprias revistinhas, grampeava, e secretamente esperava publicá-las no futuro...rs.
Bons tempos!

6- Quem eram os seus personagens e heróis preferidos?
Ah, eu era mega-fã do Spectreman! Adorava desenhar os monstros da série. Também adorava as séries do Ultraman, Robô Gigante, os desenhos do Superman, Herculóides, Transformers, Thundercats, Superamigos, Zillion, Patrulha Estelar, etc.

7- Qual fábula infantil mais se identifica?
Acho que com o Sítio do Pica-Pau Amarelo, que eu via na TV quando criança. Havia essa identificação por ser algo nitidamente brasileiro. Era fácil reconhecer nas histórias de Pedrinho, Narizinho e cia. elementos tão presentes na minha família e na minha infância.

8- Fale um pouco pra gente sobre Alfredo e também sobre os coadjuvantes Bro e Joana.
O Alfredo inicialmente surgiu como uma idéia simples. Um cara sem noção, que não se dava bem com as mulheres, mas é um otimista por natureza que nunca desiste de tentar. Mas eu queria que ele tivesse um elemento inusitado, e me veio a idéia dele ser um vampiro. Não um desses “modernos”, mas um vampiro clássico, com capa preta e tudo, vivendo no mundo atual.  Ele veio para o Brasil para mudar de ares e fazer amigos, já que na Transilvânia todos tinham medo dele. E por acaso ficou sabendo que as mulheres daqui eram lindas!
Já o Bro, o melhor amigo do Alfredo, é levemente baseado num amigo meu (que provavelmente nunca saberá disso...rs.). Ele é um cara descolado, metido a galanteador, e que às vezes tenta ensinar pro Alfredo as suas “táticas”, que nem sempre dão certo. Já Joana é uma menina doce, que adora coisas ligadas à astrologia e esoterismo e acha o máximo ter um amigo vampiro.

9- Emerson, você sempre gostou de histórias de vampiros? Qual o seu vampiro preferido? Em quem se inspirou?
Sempre curti histórias de terror. Vampiros, Lobisomens e monstros em geral sempre despertaram a minha imaginação. Meu vampiro favorito, claro, é o maior de todos: O Conde Drácula! Já minha inspiração maior, dentre outras, para o universo do Alfredo veio de um antigo desenho japonês chamado Dom Drácula. Era uma das minhas animações favoritas na infância e é fácil encontrar adultos na casa dos trinta que ainda se lembram dela com saudades.

10- Emerson, você tinha ou já teve pesadelos com vampiros?
Raramente tenho pesadelos, ainda mais com vampiros. No mundo de hoje esses monstros clássicos nos amedrontam apenas na ficção. O que me mete medo mesmo são coisas bem mais reais, e infelizmente cada vez mais freqüentes nos dias de hoje como a violência, a intolerância, etc.

11- Apesar de já existirem outros vampiros humorísticos (Beto Carneiro [Chico Anysio], Ernest [animação francesa de um vampiro com pesadelos, de François Bruel], Zé Vampir [Maurício de Souza], Dracky [Turma do Arrepio, de Cesar Sandoval]), e também românticos (Edward [Crepúsculo, de Stephenie Meyer] e outras séries), você acha que ainda existe leitores com preconceito aos autores vampirescos que não sejam sombrios?
As histórias de vampiros fascinam as pessoas há séculos e acredito que sua figura já tenha uma bagagem histórica e uma diversidade tão grande que qualquer interpretação do mito é válida. Preconceito mesmo, se é que se pode chamar assim, só vi com a série Crepúsculo. Mas eu acho isso bobagem, já que é algo voltado a um público específico, mais jovem, e nunca se propôs a ser uma história de terror. Além do que, uma série de livros que faz os jovens lerem mais não pode ser de todo ruim, mesmo com vampiros que brilham sob o sol...rs.

12- Por que o nome Alfredo?  Há alguma característica nele em que você se identifica? 
A idéia inicial era ele ter um nome “antigo”, mas sem a pompa que um típico nome de vampiro tradicional costuma ter. Acabei fazendo uma homenagem ao meu avô e batizando-o com seu nome. Ele tem muito de mim, sim, como o eterno otimismo e a ingenuidade com que ele vê certas coisas da vida. Acredito que essa identificação com o autor passe mais verdade ao personagem.

13- O que você acha do quadrinho nacional?
Compro quadrinhos nacionais há muito tempo. Desde as antigas histórias de terror, até os materiais que hoje saem nas livrarias. Apesar dos pesares do nosso mercado editorial, acredito estarmos vivendo um bom momento, com muita coisa boa sendo lançada numa freqüência que há poucos anos era impensável. Temos grandes talentos nacionais mostrando o seu trabalho aqui e lá fora, e acredito que esse quadro tende a se ampliar ainda mais com o avanço da tecnologia e a facilidade que a internet nos dá de mostrarmos a nossa produção ao público.

14- As tiras de "Alfredo, o Vampiro" são publicadas e divulgadas virtualmente. Há algum novo projeto para inserção dos seus personagens no mercado de quadrinhos?
Sim, há. No início cheguei a entrar em contato com alguns jornais e revistas, sem sucesso. Porém, no decorrer da produção das tirinhas obtive mais visibilidade e já recebi propostas de duas editoras. Há ainda outros projetos do tipo com este personagem e outros, aguardem!

15- Emerson, você também é animador. Em quais produções já trabalhou? O que você acha do mercado de animação no Brasil? Há projeto para o seu personagem animado?
 Sou animador 2d e ilustrador há pelo menos 16 anos e de lá pra cá tive o prazer de participar de algumas produções famosas, como os longas Xuxinha e Guto contra os monstros do espaço, Turma da Mônica-Uma aventura no tempo, e as séries animadas Cinegibi 4 e Peixonauta. Entre outras produções para TV e internet.
 O mercado de animação brasileiro tem crescido muito nos últimos tempos, devido às novas tecnologias que barateiam a produção, o surgimento de novos estúdios e a maior formação de mão-de-obra especializada. A demanda tem crescido e muita coisa boa tem sido produzida. E creio que veremos muito mais nos próximos anos.
Quanto ao Alfredo animado, tenho sim planos para isso. Estou aos poucos produzindo algumas animações-teste do personagem e espero ter novidades sobre isso futuramente.

16- Você pretende ver seus personagens em produtos licenciados, assim como a Disney e Turma da Mônica?
Sim. No caso do Alfredo, o plano sempre foi que o personagem se tornasse uma franquia, se expandindo para outras mídias e produtos. É um processo lento, mas aos poucos a gente chega lá.

17- Você tem algum ritual para se inspirar? Segue alguma disciplina para cumprir seus projetos pessoais artísticos?
Nenhum ritual em especial. Procuro me inspirar consumindo material dos autores que gosto, além de filmes, livros, jogos e músicas. E procuro coisas novas sempre que posso.
Fora a inspiração natural que vem da própria vida. Uma boa idéia pode vir de qualquer lugar, até de um diálogo entre estranhos que por acaso se ouve na rua. Já aconteceu...rs.
Como disciplina, tento acordar cedo e terminar o dia com a certeza de que o mesmo foi produtivo.

18- Você já teve algum momento de "vazio"? Como faz para superar?
Acontece com todo mundo que trabalha com criação, acho. Nesse momento, o melhor a fazer é se desligar um pouco do trabalho, dar uma volta, ler um gibi, relaxar a cabeça até a mesma voltar a funcionar.

19- Há alguma novidade que possa compartilhar sobre o Alfredo?
Há vários planos e projetos para o vampirinho. Espero vê-lo publicado em formato livro ainda neste ano ou no próximo, e talvez ainda em 2013 libere as animações-teste na internet. Ainda há planos para brinquedos, graphic novels e outras mídias e produtos, que espero realizar num futuro próximo.


20- Emerson, qual conselho você daria para um ilustrador que pretende seguir na mesma carreira artística?
Além de treinar muito, aconselho aos iniciantes pesquisarem o máximo que puderem sobre o mercado, a forma como o mesmo funciona, suas demandas. E saber usar os recursos da internet e as redes sociais para buscar conselhos de profissionais mais experientes, trocarem idéias, fazer contatos. Uma boa rede de contatos, aliás, pode fazer toda a diferença na carreira de um ilustrador. E a internet é uma poderosa ferramenta nesse sentido.




Quer conhecer mais sobre o trabalho artístico de Emerson Lopes? Entre em contato com ele:

emerson.desenho@gmail.com

Facebook: Alfredo, o vampiro

Blog: alfredovampiro.blogspot.com

domingo, 16 de junho de 2013

SAL Entrevista

Edson D'Car é brasileiro, nascido no Rio De janeiro e passou boa parte da vida em São Gonçalo, sua atual morada e local de trabalho. Desenhista profissional e autodidata, desenhou profissionalmente para vários jornais do país e ilustrou capas de cadernos para o mercado brasileiro e internacional. Muito criativo e com uma boa e talentosa equipe, Edson desenvolve a sua própria família de personagens, já trilhando o caminho das pedras artístico e demarcando o território no mercado de entretenimento. 

1- Obrigado pela oportunidade cedida, Edson. Onde você nasceu e onde mora atualmente?
Eu que agradeço Leo. Sou carioca, mas passei a maior parte de minha vida em São Gonçalo, Morei em Tribobó, Jardim Catarina, Itaúna e agora em Marambaia.

2- Qual sua formação, Edson?
Sou autodidata não cheguei a fazer cursos importantes ou escolas de belas artes, minha escola foram as bancas de jornais e meus professores foram Disney e Mauricio de Sousa (risos).

3- Como surgiu o gosto pelo desenho?
Sempre desenhei desde pequenininho, mas despertei mesmo em 1982. Quando dei por mim, já estava envolvido até o pescoço com o desenho.

4- Quem são os seus ídolos (autores) no desenho?
Como disse, Disney e Mauricio, mas depois vieram outros com John Buscema, Frank Miller e o maluco do  Greg Capullo (risos).

5- Como foi a sua infância? Do que mais gostava de brincar?
Nossa, eu brinquei de tudo que uma criança podia curtir na minha geração.
Carrinho de rolimã, bolinha de gude, futebol, pião enfim tudo, mesmo.

6- Quem eram os seus personagens e heróis preferidos?
Heróis...os de sempre, Homem Aranha, Super Homem e outros.

7- Qual fábula infantil mais se identifica?
Rapaz isso é difícil, existem muitas fábulas boas, eu curti várias. Cada uma tem sua magia especial.

8- Fale um pouco pra gente sobre o Chiclete e também sobre os coadjuvantes Dudu, Belinha, Beto Marreco e Peteca.
Faltou Jorjão e JJ (risos). Bem, o Chiclete na verdade é um boneco de pelúcia que ganha vida quando está com Dudu, ele tem um mistério nisso tudo. Todos os seus amigos chegaram até o Dudu de uma forma especial e todos menos Jorjão são bonecos. Cada personagem tem uma característica diferente que representa uma criança. Temos hiperativo, o atrapalhado, a bonitinha, aquele que não aceita o que é. Claro que Jorjão mostra aquele garoto valentão que tem em toda escola. O universo do Chiclete é muito grande, somente lendo sua origem é que dá pra descobrir.

9- Edson, você teve um cão parecido com o Chiclete? Qual o seu personagem cão preferido?
Não tive, foi inspiração mesmo. Gosto muito do Snoopy.

10- Emerson, Em que se inspirou para compor o visual do Chiclete? Por que o nome? Há algo no Chiclete ou no Dudu em que você se identifica?
O Chiclete já existia a anos eu só não tinha percebido isso antes. O nome dele seria Filé, mas na hora de escrever eu escrevi Chiclete, aí grudou. (risos)
Todos os personagens têm um pouco de mim, o Dudu é sonhador e criativo e o Chiclete um amigo incrível.

11- Acompanhando o primeiro livro infantil, vemos que ele tinha um traço diferente. Qual o motivo da notável mudança no visual do personagem?
Boa observação. Embora o primeiro livrinho dele tenha caído no gosto da criançada, eu resolvi trabalhar um universo mais comercial sem perder o foco principal que é o carisma da personagem. Coloquei ele mais jovem porque futuramente tenho planos com ele, é um fase que em breve acontecerá e todos entenderão.


12- O que você acha do quadrinho nacional? Há algum novo projeto para inserção dos seus personagens nesse mercado?
Quadrinho nacional, hoje se resume em Mauricio de Sousa. Por que falo isso? Infelizmente as editoras já não acreditam que possa ter um novo personagem nacional capaz de ficar ao lado da turma da Mônica. Isso vem prejudicando muitos artistas. Já me falaram em colocar pra vender revistas online, mas eu não acredito nisso ainda pois uma criança não vai comprar como faz nas bancas, ela tem que usar cartão e os país ganham chance de fugir dessa compra, nas bancas não (risos). Sobre projeto de lançar o Chiclete, eu tenho muita, mas ainda não defini isso.


13- O que você acha do mercado de animação no Brasil? Há projeto para o seu cãozinho Chiclete animado?
O mercado está aquecendo e melhorando muito, acredito que dará certo. Tenho um projeto completo pro Chiclete, mas esbarramos sempre na burocracia de sempre. Estou aguardando pra descobrir o caminho. Também tem uma coisa nisso, existem pessoas que sabem fazer animação, mas quando você tenta uma parceria e formar uma equipe todos só querem cobrar o mesmo que produtoras grandes e acabam ficando mesmo em “freelas” (free lancers). Não existe um objetivo de se formar uma equipe em algo que renda frutos, hoje a animação tem espaço é só produzir., vamos parar de estrelismo gente.

14- Você pretende ver seus personagens em produtos licenciados, assim como a Disney e Turma da Mônica?
Isso é sonho de todo artista.

15- Edson, Você tem algum ritual para se inspirar? Segue alguma disciplina para cumprir seus projetos pessoais artísticos?
Sim, tento dormir bem e sempre achar soluções pros problemas.


16- Você já teve algum momento de "vazio"? Como faz para superar?
Noooooossa! Muitos. É terrível isso. Paro tudo e vou ver televisão até voltar. (risos)

17- Há alguma novidade que possa compartilhar sobre o Chiclete?
Novas tiras estarão no ar em breve.

18- Edson, qual conselho você daria para um ilustrador que pretende seguir na mesma carreira artística?
COOOOOOORRAAAAAAAAAA (risos)!  Brincadeira; disciplina, coragem e nunca espere retorno financeiro alto tão rápido. 

Quer conhecer mais sobre o trabalho artístico de Edson D'Car? Entre em contato com ele:

edsondcar@yahoo.com.br

Facebook: Chiclete DCar




terça-feira, 11 de junho de 2013

SAL Entrevista

Alexandre Martins, é brasileiro, nascido em São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro.
Graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é, desde 1992, proprietário do Estúdio Alexandre Martins, produzindo desenhos-animados para o Brasil e Exterior.
Animador, escritor, designer, especialista em Arte Sacra, programador visual, consultor de Leis de Incentivo, webdesigner (Joomla), cineclubista e quadrinista.
Membro da ASIFA – Associação Internacional de Cineastas de Animação.
Fundador e presidente da SAL – Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo.
1- Obrigado pela oportunidade cedida, Alexandre. Onde você nasceu e onde mora atualmente?
Agradeço a você, Leo, a oportunidade de mostrar um pouco de minha vida para nossos amigos e fãs de nosso trabalho. Nasci e ainda moro na mesma casa, em São Gonçalo, RJ. Sou "gonçalense da gema"!

2- Qual sua formação, Alexandre?
Leo, sou bacharel em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Meu curso, de Gravura, foi criado por decreto do Rei D. João VI no século XIX. É o mais antigo curso de Nível Superior do Brasil, junto com Pintura e Escultura. Além disso, tenho alguns Cursos de Extensão Acadêmica e participei de vários outros para aprimorar e atualizar minha formação. Fui ainda frequentador das aulas de Mestrado em Artes Visuais na minha Escola.

3- Como surgiu o gosto pelo desenho?
Quando nasci (risos). Minha mãe dizia que eu já rabiscava as paredes de casa quando usava fraldas! Só sei que era o melhor da minha turma nas aulas de desenho artístico na escola, aos 4 anos de idade...

4- Quem são os seus ídolos (autores) no desenho?
Ih! São vários! Mas posso elencar alguns, como Frank Frazetta, Alphonse Mucha, John Buscema, Moebius... Nos quadrinhos há Carl Barks que desenhou o Pato Donald por vários anos (os Anos de Ouro), sou fã de carteirinha do Super-Pato...

5- Como foi a sua infância? Do que mais gostava de brincar?
Desenho, claro! Não era uma criança reclusa, mas preferia desenhar a tarde toda a jogar bola todo o dia (a mesa de mármore ficava manchada de tinta). Além disso, o conteúdo da televisão da época era muito melhor do que temos hoje e os filmes eram muitas vezes inspiração para meus personagens e suas histórias. 

6- Quem eram os seus personagens e heróis preferidos?
O Topo Gigio (famoso nos anos 1960 e 1970) o Super-Pato (alter-ego do Pato Donald), as séries animadas de Herculóides, Johnny Quest, Space Ghost... Havia os seriados de ficção científica "Espaço 1999" (que revi atualmente) e os programas do Capitão Aza, bem como o programa Clube do Mickey (uma das poucas vezes que viamos os desenhos clássicos da Disney no Brasil). Até hoje sou fã do Pelezinho, do Maurício de Souza...

7- Qual fábula infantil mais se identifica?
Para quem, como eu, leu toda a obra do "Sítio do Picapau Amarelo" de Monteiro Lobato, essa é uma pergunta difícil. Monteiro Lobato me mostrou um Brasil sertanejo bem de acordo com minha infância em São Gonçalo. A identificação foi imediata. Não sei para as crianças que moram em apartamentos, mas para minha infância Lobato falava a nossa língua. Quando foi transmitida a série pela televisão nos anos 1970 foi ótimo para todos nós. A partir de Lobato comecei a ler toda a literatura fantástica brasileira, os contos, lendas, mitos, etc. Sugiro isso para todos: deixem as telas e procurem os livros.

8- Fale um pouco pra gente sobre o Samuca e também sobre os coadjuvantes Samuela, Saíra, Guiga e professor Tibaldo.
Mas não é Samuela, é Samira! (risos) É a amiga-namorada-vizinha do Samuca. Eles vivem em Brejo Alegre e são praticamente vizinhos de todos. As semelhanças entre os dois são tantas que dizem que parecem irmãos. O Saíra é um pássaro brasileiro, com vocação de esportista-marombador-radical. Esporte é com ele. O Guiga é um gorila tranquilão, pacato, que se torna bom amigo quando precisamos de uma força. o Professor Tibaldo é outro pássaro (um "papa-mosca real") que é formado em várias áreas do conhecimento. Dizem que ele coleciona diplomas. Mas é o cérebro da cidade. Vocação nata para o ensino e pedagogia.

9- Alexandre, você já teve alguma experiência pessoal com sapos? Em quem se inspirou? Qual o seu personagem sapo preferido?
O Samuca foi inspirado não num sapo real mas num sapo de pano e areia. Ninguém sabia disso até agora, mas era um sapinho que eu tinha quando criança que seria utilizado como peso-de-papel mas se tornou meu mascote. Os personagens-sapos que gosto são os da antiga série animada "Cobra Azul" dos Estúdios Depatie-Freleng. O Sapo Kako do antigo programa "Vila Sésamo" ("Sesame Street", nos EUA) era muito legal também. Dos sapos atuais prefiro o Samuca! (risos)

10- Por que o nome Samuel/Samuca? Há alguma característica nele em que você se identifica?
Inicialmente chamava-se Samuel, mas por sugestão de Dona Lourdes (fundadora da Intercontinental Press - representante do Garfield e do Snoopy no Brasil) ficou Samuca. Até ficou melhor, pois muitos perguntavam se ele era judeu, pelo nome. Sabe, gosto do seu tino por aventura: ele topa tudo, não tem medo de nada. Não quer dizer que não se dê mal, mas ele "dá a volta por cima" e acho isso uma lição para todos.

11- Mesmo existindo outros personagens sapos (Caco/Kermit [Muppets, de Jim Henson], Froggy (games), Naveen (A Princesa e o Sapo [Disney]), Sapo Xulé [Tec Toy], além dos casais sapos de pelúcia, também muito carismáticos, você acha que sempre vai existir repulsa aos sapos pelas mulheres?
Acho que as mulheres hoje em dia nem sabem o que é um sapo! (risos) Vejo a sociedade de hoje muito urbana. Se entrar um sapo em uma casa, acho que elas colocam num vidro e tentam admirá-lo, pois não veem natureza por perto...(risos) Mas nada disso: a arte é fazer de um animal um bichinho fofo que possamos te-lo como mascote, como amigo. É fantasia.

12- O que você acha do quadrinho nacional?
Vejo o pessoal de minha idade um tanto atônito com as novas tecnologias (nem tão novas assim, pois nem se usam mais disquetes) e ainda procurando um local entre o clássico, o papel-e-lápis e as "nuvens de informação e dados". Quanto aos novos desenhistas nada sabem do clássico e querem fazer uma pichação na Internet. É como os pichadores que sujam os muros porque não sabem grafitar mas querem fazer presença. Se os jovens aprendessem as técnicas clássicas do desenho e fizessem divulgação na "nuvem" seria ótimo para todos. Mas há grandes desenhistas que entenderam isso, "coroas" e "guris", que fazem do quadrinho nacional uma arte mundial.

13- As tiras do Samuca são publicadas e divulgadas virtualmente e ele também já estrelou algumas de suas produções autorais. Há algum novo projeto para inserção dos seus personagens no mercado de quadrinhos?
Pensamos em livros ilustrados com histórias do Samuca para deleite dos seus fãs. Já houve pedidos nesse sentido. Dependendo da história será ou uma história com ilustrações ou quadrinhos mesmo. Este ano ainda teremos novidades do Sapo.

14- Alexandre, sabemos que você também é animador. Quantos curtas metragens autorais já produziu? Quais os que mais gostou de participar?
Ih, deixei de contar! Mas nossos fãs merecem uma retrospectiva. Está em nossos planos para breve um DVD com a produção do Estúdio Martins nestes últimos anos. Gostei muito de um trabalho que fizemos para uma campanha do Canal Futura (canal 18, UHF, são Gonçalo e região) que se entitulava "São Gonçalo Pra Frente". Consistia de animações de curta duração dando lições de cidadania tendo ao fundo cenários de nossa cidade. Foi a primeira produção audiovisual da região a usar cenários gonçalenses. Foi bem divertido.

15- Você faz alguma pesquisa para compor os movimentos e trejeitos de seus personagens?
Leo, o verdadeiro artista é na verdade um grande observador. Os atores observam o mundo e as pessoas a sua volta e guardam em suas memórias. Daí para fazer uma caracterização de personagem é um pulo. O animador é o mesmo: em todo seu personagem tem algo que ele viu ou vivenciou em sua vida cotidiana. Não precisa fazer pesquisa: a nossa vida já é um grande referencial. Quem não viu alguém correndo atrasado para o ônibus e pensou que fosse uma gazela? (risos)

16- O que você acha do mercado de animação no Brasil? Você pensa em uma série animada para o Samuca?
O mercado brasileiro é imenso. É do tamanho de nosso Brasil: continental. Com a transmissão via rede, mais e mais pessoas buscam conteúdo. Hoje temos uma grande falta de conteúdo. Mas conteúdo "com conteúdo", perdoe-me a redundância. Sei de muitos humoristas que "fugiram" para a Internet pois não tinham espaço nas redes de TV. Há canais populares no Youtube de humoristas brasileiros que tem mais visualizações que muitos programas da televisão, aberta ou fechada. E tudo ao alcance até de celulares. O problema está na falta de mão-de-obra qualificada. Imagine isso: antigamente o problema era falta de dinheiro e excesso de profissionais e e hoje em dia há dinheiro mas falta gente. Um paradoxo. O Samuca por enquanto tem somente filmes autorais, mas a diversidade de canais de mídia em locais de visualização como o Youtube, Vimeo e outros facilita a produção de pequenos esquetes. Assinem o canal do Estúdio no Youtube e fiquem antenados!

17- Você pretende ver seus personagens em produtos licenciados, assim como a Disney e Turma da Mônica?
Licenciar seu personagem é o sonho de todo animador ou desenhista desde que Walt Disney fez Mickeys de pelúcia nos anos 1930. Maurício de Souza construiu seu império a partir do licenciamento do elefante Jotalhão para uma massa de tomate. Nossos personagens estão disponíveis para um licenciamento. Nada há de mal nisso. A arte é feita para embelezar ainda mais o Mundo.

18- Você tem algum ritual para se inspirar? Segue alguma disciplina para cumprir seus projetos pessoais artísticos?
Minha inspiração vem até dormindo! (risos) Faz-me falta um caderno de desenho ao lado todo o tempo. Anoto tudo e desenho tudo que posso e penso. Já levei para casa toalhas de papel de restaurante com desenhos de idéias minhas que fiz enquanto jantava. A minha disciplina é a máxima "nem um dia sem uma linha", frase do escritor romano Plínio, que por sua vez dizia que era a disciplina do pintor Apeles.

19- Você já teve algum momento de "vazio"? Como faz para superar?
Já, sim. Foi nos primeiros tempos do Estúdio. Nenhuma idéia vinha! Nada mesmo! Superei com a ajuda de Deus mesmo. Foi uma graça divina: de repente voltei a desenhar qualquer coisa, as imagens vinham, as idéias começaram a brotar de todo o lado e continua até hoje, graças a Deus.

20- Há alguma novidade que possa compartilhar sobre o Samuca?
Uai! Já falei tantas! (risos) mas recomendo que acompanhem nosso Twitter, nossas páginas (no Facebook e nossa oficial) e assinem nosso boletim, o "Casa de Sapo". Assim não tem como não estar atento à novidades...

21- Alexandre, você também é professor de desenho e também já discipulou muitos animadores em suas produções animadas. Qual conselho você daria para um ilustrador que pretende seguir na mesma carreira artística?
Humildade e trabalho. Humildade para saber que sempre há os que sabem mais do que ele e outros que tem mais experiência. Devemos sempre aprender, mesmo com os erros dos outros. Humildade significa saber quem somos e qual nosso lugar no mundo. Trabalho porque, segundo o inventor Tomas Edison, "um gênio se faz com 1% de inspiração e 99% de transpiração". Obrigado, Leo, pela oportunidade de falar com todos os amantes do desenho e da arte. O Sapo Samuca manda um abraço!



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                                                                                                                        Entrevista por Leo Vieira