Marcos Paulo Alfa
Marcos Paulo Alfa
Qual o limite
da identidade? A identidade
pós-pós-moderna – pós-tudo – que nos arranca dos nossos lugares comuns e nos
leva para encararmos nossa própria identidade – ou pseudo-identidade – em
camadas e todas falsas – diriam alguns... Marcos Paulo Alfa tem a medida exata
disto e tira partido deste fato em seu trabalho de graffiti nos muros da cidade
bruta, bruta cidade...
As suas
criaturas do graffiti podem ser aparentemente “fofas” e “engraçadas”, “pop” e
“ideológicas”, “expressivas” e “frágeis”... Porém, em sua maioria, senão na
totalidade, permanecem inclassificáveis.
Desde o elefante azul ciclópico de um olho só – ou são dois olhos? – que
parece uma figurinha de desenho animado ou de HQ infantil; nada tem de
infantil, e altamente gráfico; até o ursinho de pelúcia skatista e grafiteiro
com requintes de 3D em luzes e sombras, misturado ao alto tratamento gráfico
elétrico. Passando pelo garoto azul com
a TV na cabeça aberta, com o canal que para a sua programação na bandeira do
Brasil – gigante eternamente adormecido – e que mais parece um zumbi... com um
inconsciente totalmente colonizado e dependente das ondas midiáticas... E pelo garoto geek azul de olho azul e óculos
brancos e forma de gota, reduzido a esse mínimo de forma em gota espermatozóica
com expressão deslumbrada e nervosa...
Sua influência nessa arte dos muros são a “galera antiga de Niterói e
São Gonçalo”, “todos do graffiti.”
Alfa também é
poeta e tem, entre suas leituras favoritas, Castro Alves. Mas não para aí. O seu conceito transgressor se estende ao
vídeo, tanto como autor e editor quanto no cenário da atuação... A sua inserção
artística transpassa o circuito de grafiteiros, artistas plásticos, poetas e
atinge os meandros da criação e prática das artes visuais, realizando trabalhos
ainda como designer gráfico e ilustrador.
Alfa é uma
artista que impressiona pela jovialidade do estilo; desnudando realidades e
desarmando olhares, criando suas críticas sociais sem concessões a A, B ou C,
indo fundo com o dedo na ferida... Os valores invertidos da pichação não vêm
para agradar, mas para incomodar e o graffiti, por sua vez, se apropria desta
contradição para transformar o encantamento e a desconstrução em território do
que é a arte, para além da “poluição” e “sujeira”, “mensagem cifrada” e
“vandalismo”...
Qual será o
limite da identidade contemporânea? Este
e outros questionamentos são embates centrais de Marcos em critérios mutantes
na política, no social, no econômico, na cultura e no urbano, de um modo geral,
sendo subversivo ao extremo... sempre...
Mauricio
Duarte
Contatos com o
artista:
Instagram: https://www.instagram.com/alfagraffi/
Comentários