Sociedade civil de artistas e literatos de São Gonçalo
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Dia Nacional das Artes . 12 de agosto
A todos e todas amantes das artes, artistas, curadores, marchands e demais profissionais ligados às artes.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Certificado de Amigo do CLAN (Clube Literário de Andrelândia)
Recebi hoje o Certificado de Escritor Amigo do CLAN (Clube Literário de Andrelândia)
em Minas Gerais por doação do livro Absurdidades . prosa poética de minha autoria, Mauricio Duarte, à Biblioteca.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Leo Vieira: Revista Literária
A
vida de um escritor não tem limites. Um escritor é um artista que modela belas imagens
e acontecimentos somente com as palavras. Tudo pode ser ricamente desenvolvido
e trabalhado e suas ramificações se alastram por todas as plataformas possíveis.
Uma delas é a Revista Literária.
Existem
muitas revistas literárias no Brasil e no exterior. Basta uma consulta rápida para
comprovar. Porém uma revista literária precisa ter motivo para que exista. Da elaboração
à realização precisa de conceito. Lembre-se que o público é mais exigente e
diferenciado.
A
revista deve abordar um conteúdo mais refinado e também matérias de interesse geral,
assim como toda revista cultural. Textos sobre o mercado literário, recomendação
de livros, com uma curta resenha e especificações; entrevista com algum autor
(com perguntas inteligentes sobre a experiência literária e dicas sobre desenvolvimento
profissional), matérias sobre algum autor estrangeiro ou mesmo algum livro
pouco conhecido (e interessante). Matérias e curiosidades sobre faculdades, bibliotecas
e instituições do mundo inteiro. Fotografias, pinturas e charges também são
permitidas, desde que não fuja da temática da literatura.
Através
da rede de contatos e blogosfera, a revista será fartamente distribuída e divulgada
virtualmente. Depois, nada impedirá que ganhe uma versão impressa também.
Uma
dica muito importante que também serve para qualquer outro tipo de projeto: não
espere nada dos outros; esboce como se tudo dependesse de você. Equipe é legal,
mas quanto mais você souber fazer, menos você ficará na mão.
Leo Vieira
Acompanhe a campanha de incentivo à leitura "Leia + Livros", do Leo Terário.
® Leo Vieira- Direitos Reservados
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Opinião: Sim, é possível viver como escritor no Brasil
RAPHAEL DRACCON*
primeira que disse que eu morreria de fome. Ele viu meu primeiro livro
ser publicado, mas morreu sem saber que eu ganharia com livros mais do
que ele juntou a vida inteira como corretor de imóveis. Faz sete anos
que ele morreu, mas o mantra ainda é repetido a qualquer um que queira
viver da escrita.
É positivo se revisar esse discurso para não restar apenas a impressão
de que o autor brasileiro está destinado a viver um fardo. Para isso, é
preciso concordar, antes de mais nada, que escrever é uma profissão.
Outro ponto é que na literatura ainda existe o mito de que um escritor deveria ter receio do sucesso comercial.
Encontraremos autores que preferem "ser lidos", mas "não vender muito"
ou "ganhar dinheiro". É um relato curioso. Quanto mais lido um autor
for, mais livros venderá, mais dinheiro ganhará e mais tranquilidade
terá para viver da escrita.
Além disso, existe o velho discurso de que a "boa literatura" e a
"literatura comercial" não podem andar de mãos dadas. Esse argumento
atravanca o crescimento do mercado editorial, ao contrário de outros nos
quais tal raciocínio foi superado, como o de cinema e de games.
Ter a escrita como profissão envolve disciplina e paciência. Não se vive
de literatura de um dia para o outro, como em qualquer profissão.
Demora-se anos e várias obras. Para cada jogador de futebol milionário
existem centenas ganhando salário mínimo. Mas os holofotes costumam
focar os que saíram do nada e venceram. Opta-se pelo exemplo, não pelo
desestímulo.
Nas livrarias, brasileiros e estrangeiros disputam o mesmo espaço. O
maior obstáculo era o preconceito com o autor nacional. Hoje temos nomes
que vão de Eduardo Spohr a Leandro Narloch, de Paula Pimenta a
Laurentino Gomes, de Carina Rissi a Isabela Freitas, de Carolina Munhóz a
Raphael Montes. Uma geração que se comunica diretamente com seu público
e seduz novos leitores. E nem é preciso citar gigantes como Paulo
Coelho, Pedro Bandeira, Augusto Cury, Mauricio de Sousa e tantos outros.
Nunca se leu tanto. É pouco ainda para um país gigantesco, mas é mais do
que em qualquer época. Olhe ao redor: as pessoas estão obcecadas em
telas portáteis, lendo e escrevendo o tempo todo. Leitores acampam na
frente de Bienais. Temos algumas das maiores bases mundiais de fãs de
sagas literárias, que também se apaixonam por livros brasileiros.
Um escritor brasileiro tem o direito de dizer que não sabe como se comunicar com esse mercado. Mas não que ele ainda não existe.
Recebemos e-mails emocionados, somos parados nas ruas, chegamos às
outras mídias e negociamos contratos de seis dígitos. Mas, quando tudo
era um sonho, foi preciso desafiar o mantra e descobrir que viver disso é
diferente de viver isso. E essa geração hoje vive isso. Por isso, a
cada dia mais, ela vive disso.
(*) RAPHAEL DRACCON, 33, é escritor, autor de "Cemitérios de Dragões" (Rocco) e da série "Dragões de Éter" (Leya), entre outros, e vive de livros.
Opinião: Sim, é possível viver como escritor no Brasil - 05/01/2015 - Ilustrada - Folha de S.Paulo
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Como ser um escritor de ‘literatura séria’
Antes
de tudo, seja homem, branco, heterossexual, acima dos quarenta,
professor universitário ou jornalista. Caso seja mulher, escreva sobre a
questão da mulher. Caso seja negro, sobre a questão do negro. Caso seja
gay, sobre a questão do gay. Enfim, você entendeu a ideia.
Quando
perguntarem “por que você virou escritor?”, tenha um bom passado.
Passados medíocres são brochantes. Há somente duas opções: (i) você veio
de uma família muito culta, cresceu lendo Balzac, Pessoa e Proust;
expressar suas ideias e aflições foi uma necessidade de toda sua bagagem
cultural ou (ii) você tem origem humilde, pais analfabetos; a
literatura era seu refúgio em uma infância difícil e solitária. Esta
segunda funciona melhor.
Quando perguntarem suas referências,
esqueça nomes como Agatha Christie, Stephen King, Sidney Sheldon e
qualquer outro escritor que tenha feito sucesso ou que esteja na lista
de mais vendidos do momento. Diga o que tem que ser dito: seu trabalho
dialoga com Lispector, tem tons de Cortázar e nuances de Saramago, mas,
no fim das contas, você acredita ter voz própria — então, lance o
desafio: “Espero que a crítica consiga compreender meu trabalho melhor
do que eu”.
Não basta fazer literatura, meu amigo. É preciso
dançar conforme a música, corresponder às expectativas, preencher o
modelo, ser cool,intelectual. Quando perguntarem seu livro de
cabeceira, nem pense em citar qualquer exemplar que seja encontrado com
facilidade nas livrarias. Opte por livros raros, com autores de nomes
impronunciáveis. Decore uns trechos desses escritores e trate de
citá-los em qualquer texto. Tenha um poema na manga. E duas frases de
efeito. É o que diz Vladimir Maiakóvski: “A arte não é um espelho para
refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo”.
É importante que
algum ou todos os aspectos do seu trabalho tenham a ver com sociologia,
filosofia, mitologia ou matemática, e é imprescindível falar sobre isso.
Todos adoram quando você mistura literatura com matemática, mesmo que
ninguém nesse ramo se importe muito com matemática. Sua proposta deve
ser explorar os movimentos e os limites da linguagem. Repita “linguagem”
ao menos quatro vezes em qualquer de suas entrevistas. E repita
“retrato social” ao menos cinco vezes.
Conceitos como “arquitetura
da trama”, “plot-twist” e “ganchos de capítulos” estão absolutamente
vetados. O verdadeiro escritor de literatura séria não se preocupa em
contar boas histórias. Esta arte menor e confortável deve ser deixada
para os novelistas, para os dramaturgos e para os autores de
“literatura” de entretenimento — sabe aqueles que escrevem livros de
vampiros com câncer que curtem sexo sadomasoquista para colorir? Então.
Evite
falar em gêneros literários. Sua literatura não se define. É
desafiadora, incômoda e incompreensível. Publique um livro — curto — a
cada três ou quatro anos. Publicar um livro por ano quebra a magia,
mostra que você não é aquele escritor recluso em sua choupana, vitimado
por intensas reflexões, que joga toneladas de páginas no lixo e sangra
ao escrever cada palavra.
Quando perguntarem sobre os temas de sua
obra, deixe fluir toda a sua complexidade. Os menos capazes o acusarão
de vagueza pelos cantos, mas é só por não conseguirem enxergar o valor
do seu trabalho. Leitores e críticos competentes não terão problemas.
Em
qualquer entrevista, responda com três ou quatro dos conceitos
destacados a seguir: você busca tratar da “realidade do indizível”,
enxerga sua voz numa “zona cinzenta” entre a “reflexão do ser em si
mesmo” e a “representação da experiência humana”. Com sua obra, você
pretende “desnudar os limites da autoanálise” e a “prática formal da
arte”, enquanto explora as “instâncias sociais” e a “barbárie em
fragmentos”. Sua “fruição artística” é “difusa e dolorosa”, com
“pensamentos que dissecam a alma” e enfrentam o “objeto estético”. Por
fim, use aleatoriamente palavras como “hibridez”, “estilo”,
“autoficção”, “ausência”, “dialética” e “fronteiriça”.
Imagem
pessoal é indispensável. Tenha barba. Use óculos. Organize antologias.
Assine orelhas. Ganhe prêmios. Se tiver sido traduzido, ponto extra. Se
for do Sul, ponto extra. Se for judeu, ponto extra. Se for jovem e fizer
sucesso, ponto extra. Se for da periferia, ponto extra. Colunista de
jornal também costuma pegar bem.
A etiqueta exige falsa modéstia.
Mas seja sério. Evite sorrir em fotos. Evite selfies. Evite entrevistas.
Evite autopublicação. Evite elogiar entusiasticamente o livro do colega
— elogie autores mortos, sempre de maneira vaga, digo, complexa: “A
obra traz uma hibridez de estilo que demonstra que a dialética da
ausência é fronteiriça à autoficção”. Evite redes sociais. Evite eventos
populares. Evite vender mais do que dez mil exemplares. Evite leitores.
Apenas evite.
de tudo, seja homem, branco, heterossexual, acima dos quarenta,
professor universitário ou jornalista. Caso seja mulher, escreva sobre a
questão da mulher. Caso seja negro, sobre a questão do negro. Caso seja
gay, sobre a questão do gay. Enfim, você entendeu a ideia.
Quando
perguntarem “por que você virou escritor?”, tenha um bom passado.
Passados medíocres são brochantes. Há somente duas opções: (i) você veio
de uma família muito culta, cresceu lendo Balzac, Pessoa e Proust;
expressar suas ideias e aflições foi uma necessidade de toda sua bagagem
cultural ou (ii) você tem origem humilde, pais analfabetos; a
literatura era seu refúgio em uma infância difícil e solitária. Esta
segunda funciona melhor.
Quando perguntarem suas referências,
esqueça nomes como Agatha Christie, Stephen King, Sidney Sheldon e
qualquer outro escritor que tenha feito sucesso ou que esteja na lista
de mais vendidos do momento. Diga o que tem que ser dito: seu trabalho
dialoga com Lispector, tem tons de Cortázar e nuances de Saramago, mas,
no fim das contas, você acredita ter voz própria — então, lance o
desafio: “Espero que a crítica consiga compreender meu trabalho melhor
do que eu”.
Não basta fazer literatura, meu amigo. É preciso
dançar conforme a música, corresponder às expectativas, preencher o
modelo, ser cool,intelectual. Quando perguntarem seu livro de
cabeceira, nem pense em citar qualquer exemplar que seja encontrado com
facilidade nas livrarias. Opte por livros raros, com autores de nomes
impronunciáveis. Decore uns trechos desses escritores e trate de
citá-los em qualquer texto. Tenha um poema na manga. E duas frases de
efeito. É o que diz Vladimir Maiakóvski: “A arte não é um espelho para
refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo”.
É importante que
algum ou todos os aspectos do seu trabalho tenham a ver com sociologia,
filosofia, mitologia ou matemática, e é imprescindível falar sobre isso.
Todos adoram quando você mistura literatura com matemática, mesmo que
ninguém nesse ramo se importe muito com matemática. Sua proposta deve
ser explorar os movimentos e os limites da linguagem. Repita “linguagem”
ao menos quatro vezes em qualquer de suas entrevistas. E repita
“retrato social” ao menos cinco vezes.
Conceitos como “arquitetura
da trama”, “plot-twist” e “ganchos de capítulos” estão absolutamente
vetados. O verdadeiro escritor de literatura séria não se preocupa em
contar boas histórias. Esta arte menor e confortável deve ser deixada
para os novelistas, para os dramaturgos e para os autores de
“literatura” de entretenimento — sabe aqueles que escrevem livros de
vampiros com câncer que curtem sexo sadomasoquista para colorir? Então.
Evite
falar em gêneros literários. Sua literatura não se define. É
desafiadora, incômoda e incompreensível. Publique um livro — curto — a
cada três ou quatro anos. Publicar um livro por ano quebra a magia,
mostra que você não é aquele escritor recluso em sua choupana, vitimado
por intensas reflexões, que joga toneladas de páginas no lixo e sangra
ao escrever cada palavra.
Quando perguntarem sobre os temas de sua
obra, deixe fluir toda a sua complexidade. Os menos capazes o acusarão
de vagueza pelos cantos, mas é só por não conseguirem enxergar o valor
do seu trabalho. Leitores e críticos competentes não terão problemas.
Em
qualquer entrevista, responda com três ou quatro dos conceitos
destacados a seguir: você busca tratar da “realidade do indizível”,
enxerga sua voz numa “zona cinzenta” entre a “reflexão do ser em si
mesmo” e a “representação da experiência humana”. Com sua obra, você
pretende “desnudar os limites da autoanálise” e a “prática formal da
arte”, enquanto explora as “instâncias sociais” e a “barbárie em
fragmentos”. Sua “fruição artística” é “difusa e dolorosa”, com
“pensamentos que dissecam a alma” e enfrentam o “objeto estético”. Por
fim, use aleatoriamente palavras como “hibridez”, “estilo”,
“autoficção”, “ausência”, “dialética” e “fronteiriça”.
Imagem
pessoal é indispensável. Tenha barba. Use óculos. Organize antologias.
Assine orelhas. Ganhe prêmios. Se tiver sido traduzido, ponto extra. Se
for do Sul, ponto extra. Se for judeu, ponto extra. Se for jovem e fizer
sucesso, ponto extra. Se for da periferia, ponto extra. Colunista de
jornal também costuma pegar bem.
A etiqueta exige falsa modéstia.
Mas seja sério. Evite sorrir em fotos. Evite selfies. Evite entrevistas.
Evite autopublicação. Evite elogiar entusiasticamente o livro do colega
— elogie autores mortos, sempre de maneira vaga, digo, complexa: “A
obra traz uma hibridez de estilo que demonstra que a dialética da
ausência é fronteiriça à autoficção”. Evite redes sociais. Evite eventos
populares. Evite vender mais do que dez mil exemplares. Evite leitores.
Apenas evite.
fonte:
Como ser um escritor de ‘literatura séria’ - Jornal O Globo
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Leo Vieira: Montando Biografia
Isso
é muito importante para qualquer atividade futura do escritor. Biografia do
autor
é como um curriculum, só que ele é mais exibicionista. Isso mesmo; um escritor precisa
aparecer.
Não
basta apenas o livro do autor. Escritor não tem a vida literária resumida
apenas a livros. Escritor também precisa ter blog, precisa ter e manter páginas
em redes sociais; precisa também interagir com todos, precisa ter filiações
acadêmicas, precisa fazer colaborações sociais e culturais em eventos de sua
cidade e fora dela; precisa responder entrevistas, precisa participar de
antologias, precisa assinar em colunas literárias, precisa organizar eventos
culturais literários, como feiras de livros; entre outras coisas. E claro,
precisa ressaltar tudo isso em sua biografia, que deve passar por uma constante
atualização.
Não
adianta focar o que ainda não está no seu alcance. Explore territórios próximos
que os investidores editoriais de longe chegarão até você.
Leo Vieira
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