segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Invasões Britânicas na Educação e Cultura Gonçalenses




Zeca Pinheiro
 
Muito depois do futebol se tornar o esporte mais popular do mundo e a língua inglesa a mais falada no planeta, bem depois das teorias de Newton e Charles Darwin e pouco depois da televisão, do telefone, da penicilina, do motor elétrico, da locomotiva a vapor e do trem invadirem nosso dia a dia, mudando radicalmente nossos hábitos e costumes.
Tornou-se comum a invasão de escolas de origem estrangeiras no final do século XIX e inicio do século XX em todo o território brasileiro Certamente devido à enxurrada de imigrantes de diversas nacionalidades em nosso país, São Gonçalo não podia ficar imune a esta presença, a primeira invasão no bom sentido é claro foi em 1908, na Chácara Paraiso numa área de 150.000 (cento e cinquenta mil metros quadrados) localizado na Venda da Cruz, onde há pouco tempo funcionou o 3º BI, foi instalado uma sucursal do Gymnasio Anglo-Brazileiro ou The Anglo-Brazilian School uma vez que a matriz havia sido criada em 1899 em São Paulo em plena Avenida Paulista. 

 
D.O.U. Com as diretrizes da nova escola


Seu fundador Charles W. Armstrong oriundo de Nottingham - Inglaterra era adepto da celebre citação em Latim do poeta grego Juvenal: Men Sana, incorpore Sano (somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa). Gostava de trabalhar tanto o lado intelectual do aluno, como também o corpo através de exercícios, as belas instalações da Chácara Paraiso proporcionava as condições ideais para tal, amplas acomodações, salas de aula, dormitórios, local para recreação e principalmente muito verde, jardins arborizados, diversos tipos de árvores inclusive frutíferas e espaço para os exercícios da petizada, caminhadas, corridas e recreações diversas.

 
A foto lateral do prédio dava para ver o conforto e toda a arborização do local



Convidou para Vice-Diretor e seu braço direito o Mr. Alfred Robinson Aldridge devido a sua larga experiência na direção de grandes colégios estrangeiros desde 1898 aqui no Brasil, em São Paulo.
O colégio funcionava como internato e semi-internato, sua grade curricular era bem rica e diversificada, havia prova classificatória para entrar para o ginásio, como também cursos preparatório para crianças de 2 a 4 anos, funcionava com regime de internato para crianças a partir tenra idade, a escola era essencialmente masculina, tipo clube do bolinha, menina não entrava. A intenção que os estudantes saíssem dali direto para uma faculdade, mais também tivessem uma educação com moral e civismo.

 
grade curricular do Aldridge


 
Professor fazendo explicação in loco, na sala de aula


O colégio funcionou na Chácara Paraiso até 1911 sendo transferido para Chácara Vidigal no caminho Niemeyer - Rio de Janeiro – numa área deslumbrante, veja a descrição no livro Impressões do Brazil no Século Vinte, editado na Inglaterra em 1913, assim descreve o local: “Magnificamente situado, 300 pés acima do nível do mar, o edifício tem uma soberba vista sobre o oceano. O cenário é grandioso, havendo aos lados a floresta virgem e atrás a majestosa montanha dos Dois Irmãos”. Onde permaneceu ate 1937.

A segunda invasão foi de forma mais tranquila, pois o Vice-Diretor Mr. Alfred Robinson Aldridge, usando toda sua experiência adquirida na direção do Mackenzie College e Hydecroft College, ambos em São Paulo, como também Anglo-Brazileiro aqui em nossa cidade, resolve fundar o seu próprio colégio em 1912, intitulando-o de Aldridge College, aproveitando o nome de família, utilizando seu filho Walter Leonard Aldridge como parceiro de direção e revezando nas salas de aulas com a outra filha Mrs. Doris e a esposa de Walter Leonard e mais alguns professores. Os preceitos continuavam os mesmos, sendo o nível de educação de excelência, muito mais que preparar os alunos apenas para uma vida acadêmica em alguma faculdade qualquer, preparava-os para a vida, ensinando-os preceitos de moralidade, responsabilidade, disciplina, e trabalho, eu lema era: "Labore Et Honore" - Com trabalho e dignidade - A educação no Aldridge era comparada com os melhores colégios do Brasil.




Vista do prédio principal, alunos cumprimentam o corpo docente e Mr. A. R. Aldridge na sacada do segundo andar.
Mr. Alfred Robinson não precisou fazer grandes investimento uma vez que aproveitou toda a estrutura deixada pelo Anglo, como também alguns alunos do semi-internato que ficaram no meio do curso e não foram transferidos para o Rio.
No seu livro, Luiz Simões Lopes que estudou no Aldridge College, na pagina 46 - Primeiros Estudos destaca:
...em 1913, portanto aos 9 para 10 anos, fui matriculado no Aldridge College, com meu irmão Fonsequinha. Era um excelente entro educacional e lá aprendi enormemente, sob todos os pontos de vista, Seu Fundador Alfred Aldridge, trazia grande experiência da Inglaterra. Era homem de boa cultura de elevada moral e espirito de justiça. Enérgico, a ponto de dar vara nos meninos, a moda inglesa, era boníssima e gozava de raro prestigio entre seus alunos.
O Aldridge College - cuja divisa era Labore et Honore - era situado numa bela chácara - a Chácara do Paraiso - Em São Gonçalo, Niteroi¹, com árvores frondosas, algumas frutas tropicais, como mangas, jacas e muitas outras. La vivia nosso diretor Alfred Aldridge com sua bonita filha, Miss Doris - minha primeira professora de primeiras letras em inglês -, e seu filho Leonard, vice-diretor, com sua simpática e excelente senhora para nos Mme Aldridge (Elvira Bertha Duchen)".


Naquela altura o colégio estava indo de vento em polpa os anúncios nas revistas e jornais de circulação nacional surtiam efeito e a escola seguia com sua capacidade máxima de matriculas, ajudado por um sistema de transporte eficiente os alunos e familiares não encontravam dificuldade em chegar a seu destino dispondo de transporte de barcas do Rio a Niterói e de bondes do centro ate a Chácara Paraiso. Os bondes elétricos foram implantados em 1910.


(da esq.) Mr. Alfred Robinson Aldridge, Walter Leonard Aldridge e sua esposa Elvira Bertha Duchen.


Um acidente fatal com as barcas na travessia da Baia de Guanabara muda radicalmente os planos e metas do Mr. Alfred Aldridge, que sofreu um grande impacto com o acontecido, levando-o a transferir o Aldridge College de São Gonçalo para Botafogo no Rio de Janeiro em 1917, já naquela época o bairro de Botafogo era promissor concentrando a maioria da elite educacional carioca, ostentava uma beleza natural e recebia bons investimentos em infra-estrutura da prefeitura, tendo como consequência moradores de ótimo nível cultural e financeiro. A nova edificação pertencera ao barão de Alegre Praia de Botafogo, 374. Era um prédio imponente e muito belo de arquitetura sem igual. A mudança para o Rio trouxe novos ares e a direção resolveu aceitar também meninas em suas acomodações, passando então as turmas a serem mistas.
A Revista Ilustração Brasileira, de 1925, dizia: "muito há do que se ufanar, tais os louros colhidos por seus alunos, (...) se impôs a todos pela retidão, pela disciplina e pela moralidade observada nesta casa de educação, sob a direção dos professores ingleses Alfred R. Aldridge e Walter Leonard Aldridge".


O Aldridge funciona neste endereço ate 1927, porem uma tristeza abate os mestres e alunos, seu fundador Mr. Alfred Aldridge falece em 1925, aos 71 anos de idade, tendo nascido na Inglaterra em 1854 por mais de meio século dedicou-se ao sacerdócio de educador com rara competência, merecia um mínimo de homenagem das autoridades conchalenses, como uma placa singela em uma escola pela sua brilhante trajetória usando seus princípios éticos e morais na educação da juventude brasileira.
O Aldridge College continua sob a direção do filho mais velho Walter Leonard Aldridge, mudando novamente de endereço, mais desta vez para uma sede própria na Praia de Botafogo, 184. Ampliando posteriormente suas instalações com a compra dos terrenos e prédios de nº 186, 188, 190 e 192 - esta área é hoje da Fundação Getúlio Vargas, vendida em 1945, quando o Aldridge College deixou de existir devido a Nacionalização do ensino promovido por Getúlio Vargas.








Vejamos o que diz a dona da foto acima ex-aluna do Aldridge com 84 anos hoje, sobre sua experiência nesta nova instalação:

"- Eu entrei para o Aldridge em 1940, no antigo admissão, que era o preparatório para o ginásio. Fui recebida pelo Sr. Felix, um idoso bedel (era assim que se chamavam os inspetores de disciplina) Meu irmão Luiz Osório de Brito Aghina (que se tornou um importante engenheiro nuclear conhecido mais fora do Brasil do que na sua terra) era 2 anos mais moço que eu, fomos, os dois apavorados, saindo de um coleginho pequeno na Urca para aquele eeennnooorrnnmmee prédio na Praia de Botafogo, onde hoje é a Fundação Getúlio Vargas. Eram 2 prédios, um bem antigo, com escadarias de Ferro, um pátio muito grande onde ficávamos em forma, esperando a subida para as salas de aula. No outro prédio, mais moderno, subíamos em escadas de mármore. O chão era de cerâmica vermelha São Caetano e no último andar um grande salão para o recreio. das meninas. O dos meninos era no térreo. Nós almoçávamos lá e como bom diretor inglês, Mr. Leonard Aldridge, cuja esposa era , Mme. Bertha Duchen, o almoço era todo falado em inglês e francês., Até as orações antes das refeições eram, uma semana em inglês e outra em francês. Eu me lembro que uma das filhas do Mr. Aldridge se chamava Violeta e dava aulas de taquigrafia. Era um dos poucos colégios mistos, por isso  meu pai nos colocou lá, eu e meu irmão". - Depoimento por e-mail de Cely Brito Canetti - Aluna do Aldridge College em Botafogo.


O Aldridge funcionou neste endereço até que um decreto na Lei nacionalista de Getúlio Vargas, proibindo que as instituições de ensino ficassem na mão de estrangeiros, ou seja, que fossem donos ou dirigentes de qualquer escola no Brasil, Walter Leonard Aldridge ficou perplexo com tal atitude inclusive os filhos do Presidente estudara naquela escola, não aceitou as imposições ditatórias do presidente preferiu fechar o colégio em 1945 a repassar para um brasileiro, no mesmo ano vendeu os prédios para a Fundação Getúlio Vargas, para nada mais nada menos do que Luiz Simões Lopes aluno do colégio aqui em São Gonçalo que apos vários cargos no governo federal, dentre eles o de presidente do DASP, foi o idealizador e criador da Fundação Getúlio Vargas. 
 
 
Luiz Simões Lopes e Arthur Bernardes Filho destaques do Aldridge College
Vários alunos do Aldridge College tiveram destaque na vida publica e privada, aqui em São Gonçalo consegui descobrir dois deles o próprio Luiz Simões Lopes e o Arthur Bernardes Filho, Já no Rio de Janeiro foram diversos, vários deles são citados no depoimento da Cely Canetti cujo link se encontra abaixo.
Houve com o decorrer dos anos, novas invasões britânicas que também mudaram hábitos e comportamentos em todo o mundo, novamente não ficamos imunes a tais influências culturais, desde o chá das cinco da tarde, o Horário rígido britânico que é uma marca deste povo, a cabine telefônica única, o ônibus de dois andares, e na música a maior de todas: O surgimento dos meninos de Liverpool, Lennon, Paul, Harrison e Ringo que provocaram uma histeria coletiva sem fim em todo o planeta. Os Beatles foram sem dúvida a maior das invasões que contagiou, encantou e fez dançar multidões mundo afora ao som frenético do rock and. roll, e outros vieram na onde The Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd, Sex Pistols, Genesis, Supertramp, Yes, Duran Duran, , Eurythmics, Culture Club, Spandau Balle, Tears for Fears, Pet Shop Boys, The Cure, The Police, Soft Cell, The Pretenders, Oasis. Coldplay, Space Girls, James Blunt, Robbie Williams e McFLY, Adele, Amy Winehouse entre outros, mais para a história da nossa cidade o melhor das invasões britânicas, sem dúvida esta na existência destas duas escolas no meu ponto de vista, Claro!










Leia na integra:
Depoimento emocionante da Aluna: Cely Canetti - Aldridge College Botafogo.Link: http://issuu.com/zecapinheiro/docs/depoimento_d._cely_canetti
Luiz Simões Lopes - "Primeiros Estudos" (trecho do livro Fragmentos de Memoria)
Link: http://issuu.com/zecapinheiro/docs/capitulo_do_livro_fraguimentos_de_m
Educação à Antiga - Antiga – Reportagem da Revista dos Municípios
Link: http://issuu.com/zecapinheiro/docs/educa____o____antiga_-_revista_dos_
Livreto propaganda "Aldridge College - Chácara do Paraíso" publicado pela Leuzinger em 1913 - Link: http://issuu.com/zecapinheiro/docs/livreto_propaganda_leuzinger_-_ano_
Galeria de fotos :
https://www.facebook.com/media/set/?set=oa.687756787934856&type=1


Sobre o Autor
Zeca Pinheiro - Turismólogo, pesquisador amador, responsável pelo Grupo São Gonçalo Memoria Viva - https://www.facebook.com/groups/Saogoncalodasantigas/ - e a pagina Redescobrindo São Gonçalo: https://www.facebook.com/pages/Redescobrindo-S%C3%A3o-Gon%C3%A7alo/136682933104250


BIBLIOGRAFIA
Diário Oficial da União: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/
Acervo da Fundação Getúlio Vargas - http://cpdoc.fgv.br/
Pagina: Foi um Rio que Passou - http://www.rioquepassou.com.br/
Biblioteca Nacional - http://memoria.bn.br/
Acervo particular Cely Brito Canetti - https://www.facebook.com/cely.canetti
Acervo particular da família Aldridge
Revista Municípios do Brasil - Setembro/89- J.E.F. Editora Cultural Ltda.
Livro Fragmentos de Memória – Luiz Simões Lopes (ex-aluno do Aldridge College).




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Por Que um Livro é Recusado?

Todos nós já tivemos nossos textos recusados por uma editora tradicional. É muito bom saber das alternativas práticas oferecidas por uma editora por demanda, mas é claro que todos nós também queríamos que uma grande editora acolhesse nossas obras para enfim podermos contar com uma ampla estratégia de marketing, publicação e distribuição, mesmo com os direitos autorais tão reduzidos.
Eu mesmo tive muitas cartas de recusa. Algumas nem se preocuparam em me responder. Eu até entendo, pelo fato do escritório receber diariamente dezenas de encadernações por correio, além de uma infinidade de arquivos virtuais.
Vamos listar alguns motivos notáveis da editora recusar uma obra. Talvez você se identifique com alguns desses itens:

1- A Editora não pediu nada
Isso acontece constantemente. Existe uma época em que a editora "abre a porteira" para um número limitado de obras e depois se fecha. É o período de análise e filtragem do que recebeu. Fique esperto no momento em que eles pedirem.

2- A Editora não Publica obras de Autores Iniciantes
Observe a linha editorial da sua futura aliada literária. Existem editoras que publicam mais da metade da lista só de publicações estrangeiras. Cuidado também para não mandar um romance para uma editora que somente publica livros técnicos ou religiosos. Além de gafe, demonstra total desconhecimento.

3- O Autor não Obedeceu as Normas da Editora
Se a Editora pedir impresso, mande-o impresso. Se a Editora pedir em arquivo digital em Word, fonte Arial, tamanho 12, numerado, em letras pretas sem negrito, nem itálico, mande-o dessa forma exigida. É nesse momento que a obra passa pela primeira filtragem. E eles descartam sem dó.

4- O Gênero é Chato
Raramente uma editora irá publicar e distribuir um livro de poesias, ou trovas, ou crônicas, ou qualquer texto de ótica mais pessoal do autor. Não que elas sejam ruins, só que elas não têm apelo comercial e são mais adequadas para um lote limitado em um determinado evento restrito.

5- Péssima Apresentação
É o pouco momento que o autor tem para se apresentar junto com o seu texto. Muitos não são práticos nem claros o suficiente no decorrer das linhas, fazendo o editor nem mesmo terminar de ler a carta.
Seja franco e objetivo na sua apresentação e na sinopse da obra. Se ficar fazendo firula de que "a obra vai revolucionar o mercado literário", a carta será picotada.

6- Erros Ortográficos
Isso é terrível, inadmissível e imperdoável! Um escritor é um profissional que trabalha com as palavras. É claro que erros todos nós podemos cometer, assim como um cantor pode desafinar, um desenhista errar um traço ou um músico errar uma nota. Mas preste atenção: Na medida que lemos e escrevemos, ganhamos intimidade com as palavras e com isso, nossos errinhos são quase nulos com o passar da prática.
Muito cuidado para não errar feio na sua primeira impressão.


É claro que não é só isso. Mas esses são os mais destacados. O resto você vai desenvolvendo e também descobrindo nas demais postagens anteriores. Boa sorte!



Leo Vieira

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os pisos de caquinhos vermelhos

Alexandre Martins

Em São Gonçalo, como na maioria das cidades do Sudeste brasileiro, há ainda vestígios de assoalhos e pisos de lajotas vermelhas em residências, quintais ou áreas de serviço, dispostas aleatóriamente ou formando desenhos geométricos.

Por ter sido nossa cidade um campo de olarias e cerâmicas desde séculos passados, alguns podem pensar que a idéia é natural de nossa região, mas não é bem assim.

A história vêm do estado de São Paulo, influenciando várias cidades do Brasil. Eis o artigo de um engenheiro sobre o assunto.


O mistério do marketing das lajotas quebradas

por Manoel Botelho*

Pode algo quebrado valer mais que a peça inteira? Aparentemente não. Mas no Brasil já aconteceu isto, talvez pela primeira vez na história da humanidade. Vamos contar esse mistério. 
Foi na década de 40 / 50 do século passado. Voltemos a esse tempo. A cidade de São Paulo era servida por duas indústrias cerâmicas principais. Um dos produtos dessas cerâmicas era um tipo de lajota cerâmica quadrada (algo como 20x20cm) composta por quatro quadrados iguais. Essas lajotas eram produzidas nas cores vermelha (a mais comum e mais barata), amarela e preta. Era usada para piso de residências de classe média ou comércio. 
Foto Mika Lins
No processo industrial da época, sem maiores preocupações com qualidade, aconteciam muitas quebras e esse material quebrado sem interesse econômico era juntado e enterrado em grandes buracos. 
Nessa época os chamados "lotes operários" na Grande São Paulo eram de 10x30m ou no mínimo 8x25m, ou seja, eram lotes com área para jardim e quintal, jardins e quintais revestidos até então com cimentado, com sua monótona cor cinza. Mas os operários não tinham dinheiro para comprar lajotas cerâmicas que eles mesmo produziam e com isso cimentar era a regra. 
 Certo dia, um dos empregados de uma das cerâmicas e que estava terminando sua casa não tinha dinheiro para comprar o cimento para cimentar todo o seu terreno e lembrou do refugo da fábrica, caminhões e caminhões por dia que levavam esse refugo para ser enterrado num terreno abandonado perto da fábrica. O empregado pediu que ele pudesse recolher parte do refugo e usar na pavimentação do terreno de sua nova casa. Claro que a cerâmica topou na hora e ainda deu o transporte de graça pois com o uso do refugo deixava de gastar dinheiro com a disposição.

Agora a história começa a mudar por uma coisa linda que se chama arte. A maior parte do refugo recebida pelo empregado era de cacos cerâmicos vermelhos mas havia cacos amarelos e pretos também. O operário ao assentar os cacos cerâmicos fez inserir aqui e ali cacos pretos e amarelos quebrando a monotonia do vermelho contínuo. É, a entrada da casa do simples operário ficou bonitinha e gerou comentários dos vizinhos também trabalhadores da fábrica. Ai o assunto pegou fogo e todos começaram a pedir caquinhos o que a cerâmica adorou pois parte, pequena é verdade, do seu refugo começou a ter uso e sua disposição ser menos onerosa.
Mas o belo é contagiante e a solução começou a virar moda em geral e até jornais noticiavam a nova mania paulistana. A classe média adotou a solução do caquinho cerâmico vermelho com inclusões pretas e amarelas. Como a procura começou a crescer a diretoria comercial de uma das cerâmicas descobriu ali uma fonte de renda e passou a vender, a preços módicos é claro pois refugo é refugo, os cacos cerâmicos. O preço do metro quadrado do caquinho cerâmico era da ordem de 30% do caco integro (caco de boa família).

Até aqui esta historieta é racional e lógica pois refugo é refugo e material principal é material principal. Mas não contaram isso para os paulistanos e a onda do caquinho cerâmico cresceu e cresceu e cresceu e , acreditem quem quiser, começou a faltar caquinho cerâmico que começou a ser tão valioso como a peça integra e impoluta. Ah o mercado com suas leis ilógicas mas implacáveis.

Aconteceu o inacreditável. Na falta de caco as peças inteiras começaram a ser quebradas pela própria cerâmica. E é claro que os caquinhos subiram de preço ou seja o metro quadrado do refugo era mais caro que o metro quadrado da peça inteira… A desculpa para o irracional (!) era o custo industrial da operação de quebra, embora ninguém tenha descontado desse custo a perda industrial que gerara o problema ou melhor que gerara a febre do caquinho cerâmico.

De um produto economicamente negativo passou a um produto sem valor comercial a um produto com algum valor comercial até ao refugo valer mais que o produto original de boa família…

A história termina nos anos sessenta com o surgimento dos prédios em condomínio e a classe média que usava esse caquinho foi para esses prédios e a classe mais simples ou passou a ter lotes menores (4 x15m) ou foram morar em favelas.

São histórias da vida que precisam ser contadas para no mínimo se dizer:
– A arte cria o belo, e o marketing tenta explicar o mistério da peça quebrada valer mais que a peça inteira…

* Engenheiro Civil e autor da coleção CONCRETO ARMADO EU TE AMO

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Como Agir em uma Palestra Literária

Então a sua escola, faculdade ou livraria preferida irá receber um escritor para uma palestra com a turma? Isso é maravilhoso! São poucos os escritores que se dedicam para pequenos eventos literários e a melhor forma é exatamente conhecer de perto, tanto para o escritor quanto para o leitor.
Felizmente, com o advento dos blogs literários, o autor pode ter a sua biografia, junto com as suas referências editoriais fartamente divulgadas e amplamente acessíveis, bastando apenas a digitação de seu nome no campo de busca virtual. Porém, é muito importante que tanto autor quando escritor saibam sobre como se portarem e tirarem o melhor proveito da preciosa oportunidade. 

Para o escritor:
Ele precisa conhecer o local. Sendo escola, o endereço, a faixa etária dos alunos e o que mais for necessário para não se sentir um "forasteiro" no local. Conheça bem o trajeto e a melhor baldeação, para não se perder, nem se atrasar. Leve cartões, marcadores de livros e outros materiais grátis de referência de seu trabalho. Não se esqueça de deixar um exemplar (com dedicatória) de seu livro para a biblioteca da escola ou faculdade.
No momento da palestra, não foque a visão em apenas uma pessoa. Olhe para o campo todo e divida-o em quatro partes, olhando para cada um como em um compasso (direita e esquerda de cima e direita e esquerda de baixo). Relaxe o corpo e não fique curvado nem estufado. Use um bom tom de voz e cuidado para não falar baixo ou incompreensível demais. Seja atencioso nas respostas e fale olhando para a pessoa, sem se estender no tempo.

Para o leitor:
Nem sempre o escritor é popular no mercado literário, mas algum conteúdo ele deve ter na internet como referência. Pesquise o máximo que puder antes, para evitar desperdiçar o direito de pergunta com algo desnecessário.
Cuidado também com perguntas óbvias demais como "você gosta de escrever?" ou então perguntando a ele se ele já escreveu sobre um assunto que não faz o seu gênero.
Evite também fazer qualquer tipo de comparação com a literatura dele. Nem todo livro de vampiro é inspirado em "Crepúsculo". Certas comparações podem parecer ofensivas, além de demonstrar desconhecimento sobre a obra do palestrante.
Não pergunte nada que seja desconexo com o tema da palestra, tão pouco sobre a vida pessoal do escritor.
Tenha cuidado para não provocar má situação, questionando sobre algum aspecto da obra ou trabalho do autor. Reserve isso para alguma conversa restrita ou por e-mail.

Após a palestra, geralmente os meios de contato do autor ficam disponíveis para todos. Se você quiser convidá-lo para algum serviço profissional, como revisão de obras, leitura crítica ou participação seu blog, tenha bom senso e lembre-se de que um escritor profissional vive disso e nem sempre terá tempo (e interesse) para se dedicar em parcerias e projetos que não sejam remunerados.


Leo Vieira

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Morando em São Gonçalo você sabe como é

 
 Matheus Graciano 
(em 14/1/ 2014)
Sim São Gonçalo

Há dois anos atrás, a agência de propaganda DM9 aportou no Rio. Para se lançar, traduziu e aplicou uma campanha que já acontecia em outros lugares do mundo: “Sim, eu sou.” Uma sentença afirmativa e poderosa pela sua simplicidade. No caso, as frases eram sobre o estilo de vida “carioca zona sul”. Traduzida para “Sim, eu sou carioca”, a campanha estourou no Facebook. Dias depois, uma usuária lançou o “Sim, eu sou niteroiense”, que também impactou os moradores da ex-capital fluminense. Olhando as duas páginas, não foi muito difícil chegar à conclusão óbvia: e por que não, São Gonçalo?

Se você mora na cidade do Rio, sabe que nos últimos anos ficou muito mais fácil ser (ou dizer que é) carioca. As olimpíadas deram um gás nesse sentimento que vinha perecendo desde a inauguração de Brasília. Niterói também não ficou para trás. Depois do bom trabalho de marketing dos últimos governos, somado à sua inserção nas 10 cidades com melhor IDH do Brasil, teve reascendido seu orgulho, ferido desde 1975, com a transferência da capital fluminense para a cidade do Rio.
Já falei sobre o tal “Cinturão Fluminense” num outro post. Um “Rio paralelo” que existe dentro do estado, mas sem aquele status que gera algum tipo de orgulho. Tirando o bordão “Uhul, Nova Iguaçu”, popularizado pela participante Fani no longínquo Big Brother 2007, qual o outro momento que você viu alguma cidade da região metropolitana festejada dessa forma? Talvez nunca. Salvo na boca de um ou outro político.

Quando pensei em fazer a página, já imaginava todas as piadas prontas. Conheço meu povo. Muitas com razão. Sempre achei a palavra “gonçalense” sonoramente estranha. Coisa minha? Sei lá. No passado, por conta da qualidade dos hospitais, muita gente, como eu, nasceu em Niterói. Fato que não ajuda na hora de falar “sou gonçalense”. A música do Seu Jorge popularizou o apelido “São Gonça”, apesar de não ser comum falar assim na cidade. Com tantos vieses, a frase da campanha foi “Sim, eu sou de São Gonçalo”. Deu certo. Em uma semana, alguns mil já participavam da página.
Sim São Gonçalo
De lá pra cá, o SIM foi, parou, serviu de inspiração para outras páginas, voltou e aos poucos encontrou a sua real função. Hoje, a página tornou-se um bom caminho para os estudos do que se pode chamar de “marketing de cidade”, realçando o laço entre cidade e cidadão. Com a ajuda da população, já fizemos pesquisas de comportamento; construímos o Alagamaps, um mapa com os alagamentos georreferenciados; fizemos ações de valorização dos bairros, com marcas conhecidas trocadas pelos nomes dos bairros; informativos sobre o que acontece no território; e um Instagram, com os melhores filtros e ângulos que deixam a cidade com outro olhar. Tudo isso de forma colaborativa, como todos os livrinhos de marketing sempre dizem que dá certo. Por fim, no último mês de 2013,  lançamos o site simsaogoncalo.com.br, que pretende ser um meio de propor soluções para a cidade. E quantos reais custou? Quase nada, comparado à motivação e disposição empregada.
Sem cartões postais, nem pontos turísticos, ficou claro que o importante na 16ª maior cidade do Brasil é aquilo que ela tem pra mais de 1 milhão: gente. E nesses dois anos, foi essa gente que me ajudou a descobrir a real vocação da cidade: o entretenimento, fruto da alegria das pessoas.
Curiosamente, diante de tantas dificuldades, é a mesma alegria que permeia as favelas, a baixada, entre outros vários pontos desse território cortado pelo Paraíba do Sul. O objetivo é transformar o “Sim São Gonçalo” num piloto que resgate a boa vontade e a participação do cidadão nas cidades fluminenses e, porquê não, nos “bairros-cidade” como Campo Grande, Méier, Santa Cruz e Santíssimo. Afinal, o cliente precisa estar satisfeito até mesmo quando o pagamento é compulsório, como são os impostos.

Estou longe de ser um apaixonado pela cidade. Não tenho aquele sentimento de pertencimento forte nem por Niterói, minha cidade natal, nem por São Gonçalo, minha morada, e nem pelo Rio, ambiente de estudos e trabalho. Na verdade, tenho aversão ao bairrismo que assola o ser humano. Meu coração bate mesmo é pelo estado do Rio de Janeiro, pois sei que as cidades são completamente dependentes entre si.

Contrariando as aspas da matéria, minha intenção está longe de atrair turistas. Entretanto, deixar a cidade atraente é especialidade da casa. Se esse processo vai dar certo ou não, eu não sei. Só sei que a cada ano tem mais gente com um celular na mão. E assim está ficando difícil contar historinha feliz em cima do palanque. Aliás, não esqueça: esse ano é ano par.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Dia do Quadrinho Nacional


A Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo apoia mais um evento cultural em nossa cidade: O Dia do Quadrinho Nacional.


O Dia do Quadrinho Nacional é comemorado no dia 30 de janeiro em homenagem ao desenhista Angelo Agostini. 


A data foi instituída em 1984 pela Associação de Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo - AQC-SP.

O 1º quadrinho com personagem fixo ocorreu por iniciativa de Agostini com a obra “As aventuras de Nhô Quim” de 9 capítulos, com início em 30 de janeiro de 1969.

Além de quadrinhos, atuou com ilustrações e sátiras visuais sobre a vida política e a rotina do Brasil, além de "Nhô Quim", é responsável pela criação da personagem "Zé Caipora" e participou da criação da revista de quadrinhos e ilustrações infantis "O Tico Tico".


Angelo Agostini


Nascido em Vernate, Itália em 1833, faleceu no Rio de Janeiro aos 28 de janeiro de 1910. Foi um desenhista italiano que firmou carreira no Brasil. Um dos primeiros cartunistas brasileiros, foi o mais importante artista gráfico do Segundo Reinado.


Viveu sua infância e adolescência em Paris, e em 1859, com dezesseis anos, veio para São Paulo com a sua mãe, a cantora lírica Raquel Agostini.

Em 1864 deu início à carreira de cartunista, quando fundou o Diabo Coxo, o primeiro jornal ilustrado publicado em São Paulo, e que contava com textos do poeta abolicionista Luís Gama. Este periódico, apesar de ter obtido repercussão, teve duração efêmera, sendo fechado em 1865. O artista lançou, no ano seguinte (1866) o Cabrião, cuja sede chegou a ser depredada, devido aos constantes ataques de Agostino ao clero e às elites escravocratas paulistas. Este periódico veio a falir em 1867.

O artista mudou-se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu desenvolvendo intensa atividade em favor da abolição da escravatura, pelo que realizava diversas representações satíricas de D. Pedro II. Aqui colaborou, tanto com desenhos quanto com textos, com as publicações O Mosquito e Vida Fluminense. Nesta última, publicou, a 30 de Janeiro de 1869, Nhô-Quim, ou Impressões de uma Viagem à Corte, considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das mais antigas do mundo.

Fundou, em 1 de janeiro de 1876, a Revista Ilustrada, um marco editorial no país à época. Nela criou o personagem Zé Caipora (1883), que foi retomado em O Malho e, posteriormente, na Don Quixote. Este foi republicado, em fascículos, em 1886, o que, para alguns autores, foi a primeira revista de quadrinhos com um personagem fixo a ser lançada no Brasil.


Programação do Dia do Quadrinho

10h - Abertura 

11h - filme "A Guerra dos Gibis" (Sessão com Debate)

13h - Palestra: "O Senhor dos Gibis - a trajetória artística e empresarial de Maurício de Sousa" com Leo Vieira

14h - homenagens

15h - Palestra: "O Caminho das Pedras nos Quadrinhos: da Internet ao Licenciamento, como ter sucesso" com Leo Vieira

16h - Encerramento


Entrada franca - Censura livre



projeção do filme "A Guerra dos Gibis"


- Direção:Thiago B. Mendonça e Rafael Terpins
- Produção: Renata Jardim, Rafael Terpins, Thiago B. Mendonça
- São Paulo, SP, 2013
- duração 19’30’’
 

Sinopse:Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos no Brasil. Mas a Censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a Ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade.
 

Entrada Franca.

Produção:


 

Apoio:






Sintonia Fina Gourmet

 Av. Presidente Kennedy, 719 - Estrela do Norte
São Gonçalo - RJ

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Leonel Kaz responde à espantosa pergunta do ministro Aloizio Mercadante

Ricardo Setti

Museu é o lugar em que "a criança se educa, vivendo" como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola (Ilustração: Cavalcante)
Museu é o lugar em que “a criança se educa, vivendo” como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola (Ilustração: Cavalcante)

Texto publicado originalmente a 14 de junho de 2013

A espantosa pergunta feita pelo ministro — da Educação! –, Aloizio Mercadante, durante visita, dias atrás, a um dos museus da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, mereceu uma educada e ilustrada resposta do jornalista, crítico de arte, gênio das artes gráficas e editor Leonel Kaz, curador de um dos mais interessantes e criativos museus do país, o Museu do Futebol, em São Paulo, e uma das pessoas mais cultas e inteligentes que conheço.

Tomara que Mercadante aprenda algo. Confiram:
 Artigo publicado no jornal O Globo



O LUGAR DO MUSEU NA EDUCAÇÃO


“O que o museu tem a ver com educação?”

Essa pergunta do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, na imprensa e repercutida na Coluna do Noblat (3/6) do Globo, merece algumas ponderações. Faço uma dezena delas:

1. Museu é lugar para se entrar de corpo inteiro, tridimensionalmente, com todos os sentidos despertos. Cada obra de arte ou objeto exposto nos convida a olhá-lo, a partilhar dele, a se entregar a ele. Esse é o caminho da educação de qualidade: permitir que a vida nos invada e que o objeto inanimado ganhe um vislumbre novo, a cada dia, em cada visita. O Grande Pinheiro, tela de Cèzanne no Masp, pode ser vista cem vezes e, a cada vez, será diferente da outra; o quadro, de certa forma, muda, porque muda o mundo e mudamos nós também.

2. Museu é lugar, portanto, de olhar de forma distinta para as coisas. E para os seres também. É lugar de aprender a olhar com outro olhar para o outro (que quase nunca o vemos), para a escola (que pode ser, a cada dia, diferente do que é habitualmente) e para a cidade (que tanto a desprezamos, porque parece não nos pertencer).

3. Museu é lugar de entrar e dizer: é nosso! Museus são lugares de coleções, e as cidades, também. Cidades são escolas do olhar, pois nos permitem colecionar tudo de nossa vida: os dias que passam, a família que reunimos, os amigos que temos e ainda os bueiros da rua e as janelas que vislumbramos em nosso caminho diário (elas falam de épocas diferentes, narram histórias distintas). A cidade é a história.

O Museu de Arte de São Paulo (MASP) (Foto: O Globo)

4. Museu é lugar onde a cidade (a história) se reconta. Rebrota. Onde ela nos faz crer que, para além do mero contorno do corpo, existimos. Criamos uma identificação com aqueles fatos e pessoas que ali estão, que nos antecederam em ideias, pensamentos e sentimentos. Que ajudaram a criar “o imaginário daquilo que imaginamos que somos”, como definiu o poeta Ferreira Gullar. É dentro da plenitude deste imaginário que o Museu nos reaviva a memória e o fulgor da boa aula.

5. Museu é o lugar do mérito, onde peças e imagens entraram porque mereceram entrar, porque foram, em algum momento, singulares. Elas estão ali para nos apontar que cada qual que as visita pode ter sua singularidade, e que ninguém precisa ser prisioneiro dos preconceitos do mundo. Museu é onde a cultura aponta à educação que tanto um como o outro foram feitos para reinventar o modo de ver as coisas.

6. Museu é lugar para se abandonar a parafernália eletrônica, os iPads, iPhones e Ai-ais e permitir que obras e imagens que lá se encontram repercutam em nós. Num museu somos nós os capturados pelos objetos, somos nós o verdadeiro conteúdo de cada museu, com a capacidade de transformar e sermos transformados pelo que nos cerca.

7. Museu é lugar para criar um vazio entre o olhar que vê e o objeto que é visto. Um vazio de silêncio. Um vazio que amplia horizontes de percepção. Assim, o professor deixa de ser professor e passa a ser o que verdadeiramente é: um inventor de roteiros, um “possibilitador” de descobertas. É lugar de aluno, com a ajuda dos mestres, revelar potencialidades insuspeitas, tantas vezes esmagadas pelo caráter repressor das circunstâncias que o cercam.

8. Museu é lugar de experiência. Tudo o que é pode não ser: há uma mágica combinatória em todas as coisas, como as crianças nos ensinam. Tudo pode combinar com tudo, independentemente de critérios, ordenamentos, hierarquias. A ordem do museu pressupõe a desordem do olhar.

9. Museu é ainda lugar de coleções (embora a internet seja, hoje, o maior museu do mundo). Assim, o museu não é mais apenas um espaço físico, assim como a escola não o é. A cidade toda é uma grande escola. O Museu é uma de suas salas de aula.

10. Museu é o lugar em que “a criança se educa, vivendo” como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola.

Leonel Kaz é curador do Museu do Futebol

Dez estratégias de manipulação das mídias de massa

1. A estratégia da distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais"

2. Criar problemas e depois oferecer soluções
Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A estratégia da gradualidade
Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, a aceitação do homossexualismo, do aborto e do feminismo vêm sendo inculcada gradualmente na mente das pessoas.

4. A estratégia de diferir
Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade
A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico.

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar."

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto como ocorre, por exemplo, com programas televisivos como Big Brother Brasil, que reproduz os piores modelos possíveis de juventude.
9. Reforçar a autoculpabilidade
Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra a classe política, o indivíduo se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação.
10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.
 
Adaptado de Brasil Educom
fonte: http://roberto-cavalcanti.blogspot.com.br/2014/01/10-estrategias-de-manipulacao-das.html
 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Os Livros Infantis

Desenvolver e escrever um livro infantil é um grande desafio para qualquer escritor. Isso porque antes de tudo, ele precisa analisar diversos fatores antes de se conscientizar se o enredo é conveniente para tal formato e assim adaptá-lo com qualidade, explorando a linguagem mais adequada.
A grande responsabilidade na tarefa de escrever para crianças é que o autor precisa desenvolver a imaginação e criatividade delas através da leitura. É uma atividade tão gratificante quanto competitiva.
Não se necessita de altas pesquisas para poder compor um bom livro infantil. O principal é que o escritor se situe em que faixa etária ele apresentará a sua obra, utilizando a linguagem mais específica.
Para poder se acostumar e familiarizar, o escritor precisa antes fazer uma pesquisa básica nas livrarias e bibliotecas sobre os livros infantis mais populares. Analise as suas linguagens e tente passar uma história própria no formato e linguagem desses livros. Quanto mais se aprofundar na análise do mercado, melhor.
O bom também é aprender ao máximo a diferenciar a faixa etária de cada obra. Se souber identificar de início, ficará mais preparado para quando for escrever.
Observe as crianças, as suas forma de se expressarem, de aprendizado e ótica do mundo. Se tiver oportunidade, leia para crianças de orfanato, creche ou igreja e observe se elas ficam atentas ou entediadas.


Compreendendo as faixas etárias de um livro infantil:
Até 3 ou 4 anos: Nesta fase, a criança ainda não sabe ler; no máximo, reconhecerá as letras do título da obra e associará a história com as figuras. Os livros geralmente tem o tamanho de 21x21 cm e são ricamente ilustrados, entre 8 e 12 páginas, com parágrafos curtos por página. Os enredos são focados em formas, números e cores, com mecanismos, texturas e outros componentes para entreter a criança pequena. Outros formatos são em borracha, para acompanhar na piscina e em tecido, para decorar a cama e acompanhar no sono.

5 e 6 anos: Nesta fase, as crianças já sabem ler e ficam orgulhosas ao ler e compreender um livro sozinhas. Neste caso, as obras continuam com o formato de 21x21 cm e com muitas ilustrações, porém as letras podem ser reduzidas e as páginas podem ir até 32 de numeração. Os personagens podem ter as características mais construídas e as emoções e conflitos devem ser semelhantes às das crianças, para causar mais identificação e entrosamento.

7 e 8 anos: A criança está mais familiarizada com a leitura e quer se parecer com os pais leitores. Para essa faixa etária, os livros podem começar a reduzir de tamanho, com mais páginas (30 à 40 páginas) e também com ilustrações menores e em preto e branco (somente a capa colorida e em um traço menos infatil). As histórias podem ser maiores e ganhar capítulos curtos, com diálogos e ação. 

8 a 10 anos: Os livros para essa faixa etária começam a ganhar aspecto de literatura adolescente. Para esse grupo, pode-se aumentar as páginas para até 60, reduzir mais o tamanho do livro, dividir a história em mais capítulos curtos, e manter as ilustrações em preto e branco apenas no fim de cada capítulo.

10 a 12 anos: Para os pré-adolescentes, as histórias precisam ficar mais complexas, reforçando no conteúdo e humor. Pode-se explorar sub-enredos paralelos e também abordar aspectos mais sofisticados, de história, suspense e até mistérios da ciência. O formato geralmente é 14x21 cm e somente a capa e contracapa têm ilustrações. A paginação não pode passar de 100.

Para as crianças acima de 12 anos, o aspecto pode ser semelhante ao do livro de 10 à 12 anos, mas com uma paginação um pouco maior e com capa mais colorida e com menos desenhos. Os melhores temas são os que abordam questões e problemas típicos de adolescentes e jovens. Portanto personagens com esses aspectos ganham muito espaço e identificação por elas. Dessa fase, já se pula para a ficção normal, onde os adolescentes já aproveitam e aprendem rapidamente.

Agora é só observar qual delas a sua história se enquadra e escrever.


Leo Vieira 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sua cultura determina aquilo de que você se lembra

 

Sua cultura determina aquilo de que você se lembra




Os detalhes de um evento de que você se lembra - como a sua última festa de aniversário - são determinados em parte pela sua formação cultural.
Os norte-americanos, por exemplo, tendem a se concentrar em detalhes visuais primários, como a cor das decorações da festa ou o tipo de cereja no topo do bolo.
Já os asiáticos se lembram melhor de detalhes interpessoais - quem serviu o bolo ou quem dançou na festa.
"Sua cultura influencia o que você percebe como sendo importante ao seu redor," resume Angela Gutchess, professora de psicologia na Universidade Brandeis (EUA). "Se a sua cultura valoriza as interações sociais, você vai se lembrar dessas interações melhor do que uma cultura que valoriza as percepções individuais. A cultura realmente molda a sua memória."

Para explorar a forma como os dois estão relacionados - cultura e memória -, Gutchess e sua equipe realizaram uma série de testes de memória em alunos dos Estados Unidos e dos países do Leste Asiático, incluindo China, Japão e Coreia.

Ambos os conjuntos de estudantes tiveram notas semelhantes nos testes de memória em geral, mas os estudantes norte-americanos se saíram melhor na recordação de objetos específicos.
"Estudos anteriores haviam mostrado que os leste-asiáticos são mais capazes de se lembrar de detalhes contextuais e de fundo, mas este estudo mostrou que nem sempre este é o caso," disse Gutchess. "Isso pode ser porque a memória dos asiáticos é mais focada no contexto emocional e em detalhes sociais do que em detalhes visuais."

Entender uns aos outros

De acordo com Gutchess, entender como a cultura afeta a memória pode melhorar as interações pessoais - das relações diplomáticas aos estilos de ensino em sala de aula.

A memorização, por exemplo, pode funcionar para algumas culturas, enquanto uma abordagem mais baseada no contexto da aprendizagem pode funcionar melhor para outras.

"Se pudermos entender como nos lembramos, nós podemos começar a realmente entender melhor uns aos outros," diz ela.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Escritores que são Colunistas


A principal característica de um escritor é o óbvio, que é ESCREVER. Um escritor deve saber se expressar muito bem através das palavras e assim, desenvolver os seus estudos e criações através das palavras, formulando bons textos acadêmicos e culturais para servir de modelo e exemplo para todos. O reconhecimento vem através do que você publica.
Um escritor precisa ter muito conteúdo publicado. Realmente precisa ter muito de seu conteúdo compartilhado no maior número possível de colunas, jornais, revistas e páginas. Se você ainda não é colunista, deixo esse desafio para você.
O primeiro passo é ter um blog próprio, que deve ser mais pessoal, como um diário. Escreva tudo o que você achar conveniente de ser lido e compartilhado. De poesias à opiniões do cotidiano. Eu gosto de focar tudo no espaço literário e também no teológico, separando os dois.
O segundo passo é se unir à outros blogs e páginas literárias. Se eles abrirem espaço para colunistas, agarre a oportunidade. Mas saiba do comprometimento que você estará tendo. Não adianta ficar cadastrado em dezenas de blogs e ficar devendo e desfalcando a sua cota de postagens.
Através desse comprometimento, com textos, resenhas, opiniões, crônicas e tudo mais que for necessário, você começará a obter o seu espaço literário na internet. Algo muito bonito e gratificante é pesquisar o seu nome na internet e encontrar centenas de links confirmando que você é escritor (e popular).
O que acontecerá com isso? Logo, você começará a ser convidado para outros projetos literários, como feiras, palestras e colunas em jornais e revistas. Eu já participei de todos esses segmentos. Alguns deles você pode ter a chance de vender os seus livros (feiras e palestras), outros deles você pode ser remunerado ou ressarcido na viagem e alimentação (palestras) e alguns você pode obter ganho na porcentagem de lucro de algum patrocinador (colunas em jornais e revistas). Você vai descobrindo que está indo bem quando não está mais gastando dinheiro nas suas investidas culturais literárias. Sem contar que essas atividades também geram contratos e certificados, que são biográficos e curriculares.
Não se esqueça que escrever é um ofício. Será que você realmente está trabalhando como um escritor profissional? Não queira dar saltos literários ou esperar o reconhecimento cair do céu e vir de bandeja. Quando um leitor começa a se interessar pelo o que você escreve, ele pesquisa e ao descobrir o farto conteúdo e referências, ele vai começar a divulgar também. Sem contar com os convites para projetos que poderão surgir.
Portanto seja esperto e mande brasa em sua expansão literária. 


Leo Vieira
Secretário




terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Elaborando Bons Personagens

Não tenha pressa em construir a sua história e sair contando pelas páginas sem antes embasá-la totalmente. Sair escrevendo desenfreadamente sem um planejamento de personagens é como pegar estrada sem revisar o carro para tal quilometragem. O que vai acontecer? O carro vai pifar no meio do caminho, assim como o seu roteiro também vai embotar com as suas ideias.
Você não irá perder tempo se antes de escrever, começar a traçar uma linha
genealógica e biográfica de seus personagens principais. Assim como em uma peça de teatro, os atores que interpretarão os personagens em cena, fazem um preparamento, que incluem leituras, entrosamento, marcações de palco, entre outras coisas. O personagem começa a ser construído, antes do primeiro ensaio.
Os personagens de seu livro também precisam ser bem construidos. Afinal, o autor somente irá dispor das palavras para torná-lo mais verossímil e a leitura agradável até o final, fazendo o leitor ficar preso na história e ter interesse em acompanhar, seguir e até recomendá-lo como leitura de qualidade.

Exemplos:
Protagonista- É o principal, aonde a história toda irar girar. Não é exatamente o herói no romance, porque em muitos casos, o principal pode ser o vilão, como em literaturas de terror. Os protagonistas precisam ter uma linhagem genealógica básica, com breve história dos irmãos, pais e avós. Também precisam ter um histórico biográfico, contando um pouco do passado, para não escrever incoerências no livro e deixar tudo muito bem atrelado. Também é importante que o protagonista tenha definido algumas características pessoais, como hobbys, fobias, traumas, preferências, além de detalhes físicos e estéticos.   

Antagonista- Ele é quase que adjunto ao protagonista, mas está em uma linha oposta, como se fosse um vilão. Como havia falado do protagonista, também existem literaturas onde no caso, o antagonista é o herói. Esse personagem geralmente tem a sua biografia construída na mesma profundidade do protagonista, porém deve ser pouco apresentada, para não tirar o foco do personagem principal. O foco no antagonista é o motivo dele se tornar o oposto do protagonista. Não é tão difícil construir e manter esse tipo de personagem durante o livro.

Personagens coadjuvantes- Esses são os que vão dar uma ilustrada na obra. Eles são cúmplices do que acontece no pequeno universo que dura nas páginas do romance. Eles sabem e interagem na história, ajudando e prejudicando em alguns aspectos. O desafio é nunca criar personagens coadjuvantes desnecessários. Somente inclua um personagem que realmente tenha função importante na obra. 

Personagens secundários- Esses são os que precisam fazer parte para que o enredo não fique isolado demais. Os secundários têm a sua importância para suavizar certas passagens na história, sempre fazendo o inverso, como cenas de humor ou de romance.
Uma forma de tornar os secundários especiais é antes da obra, apresentar uma característica onde seria fundamental a participação dele. Ex: O vizinho velho e o seu carro empoeirado no início da trama. Depois vem a necessidade do protagonista fugir no meio do livro e o vizinho acaba emprestando o veículo.

Escrever um livro é como um jogo, onde o enredo é o cenário e os personagens são peças no tabuleiro da história. O autor precisa apenas observar os personagens e construí-los da melhor forma possível. Quanto mais ele ler e pesquisar, melhor serão os resultados.

Mais dicas: Leia muitas reportagens em jornais e internet para desenvolver os seus personagens. Se atentem nas características e construa todo o perfil biográfico, genealógico e características pessoais. Em muitas dessas construções, você pode desenvolver histórias próprias. Tudo dependerá de seu empenho, criatividade e imaginação (que também somente se desenvolvem através de muita leitura).

Leo Vieira