sexta-feira, 19 de julho de 2019

Capítulo 4 . Filosofia judaica

Capítulo 4 . Filosofia judaica




As escrituras hebraicas começam com a criação do mundo. O Deus criador ou deuses é chamado Elohim, “um nome” diz, Jesenius, “retido do politeísmo e que significa os mais altos poderes o inteligências”. Que o escritor sacro deva usar uma palavra vinda do politeísmo não surpreenderá aqueles que entendem a natureza da linguagem, mas que o escritor, ele mesmo, tenha passado do politeísmo para a crença em um único Deus é evidente do todo da recordação da criação e é confirmado pela história que sucedeu. Para Abraão, Isac e Jacó, o nome de Deus é Al Shaddai. Para Moisés, Deus revelou a Si mesmo pelo nome de Jeová ou Eu sou. O Deus de Moisés é o puro Ser. Foi o nome Jeová que manteve os judeus for a da idolatria. Na mesma proporção que eles interromperam o pensamento do seu libertador como o ser indizível, eles estavam em perigo de cultuar os deuses das nações. “Esse novo nome”, como Dean Stanley diz, “através a si mesmo de penetrar na mais abstrata e metafísica ideia de Deus, seu efeito foi o de maior oposição da mera abstração.” Os velhos judeus não especulavam sobre a essência de Deus, embora eles tivessem alcançado a mais alta concepção dessa essência. Guardados pela declaração, uma vez por todas de que a natureza de Deus foi misteriosa e seu nome, inefável, eles estavam livres para faze-lo como uma pessoa – de dar a ele atributos e de representá-lo como a imagem de um homem. Ele tem mãos e pés. Ele regula como um rei, habitando com Israel em Canaã, protegendo-os com sua arma poderosa e olhando por eles com seus próprios olhos abertos, que estão em todos os lugares, contemplando o mal e o bem. As grandes montanhas são as montanhas de Deus; as árvores altas são as árvores de Deus e os rios poderosos, são os rios de Deus. Ele é a rocha da segurança, que é perfeita. Ele fez o Líbano e a Síria livrarem-se como um jovem unicórnio.
É a sua voz que ruge no furioso dos mares, é a sua majestade que fala no trovão e quando a chuva torrencial e a tempestade se abatem sobre os cedros poderosos, é a voz do Senhor, sim, é o Senhor que se abate sobre o cedro de Líbano. Esse salmo expressa toda a extensão que os velhos hebreus vieram com sua identificação de Deus e a natureza. Eles nunca ultrapassaram isso até na poesia e nunca esqueceram que o Senhor assentou-se nos fluídos da água e que o Senhor é o rei para sempre. A personificada tendência natural de uma raça de homens que tem que lutar por sua própria existência nacional, bem como pela doutrina da divina unidade, interferiu em todas as especulações que concernem à divina essência. Isso os expôs à idolatria contra a nacional existência que significava uma contínua cegueira. A busca por símbolos levou-os a ligar Deus às coisas no céu e à terra e às águas sob a Terra. O mundo, de acordo com Josephus é o “templo púrpura de Deus” e para imitar esse templo, os judeus construíram o tabernáculo e mais tarde o grande templo de Des em Jerusalém. Os símbolos permitiram a eles criarem objetos de culto por Moisés, Davi e Salomão. As imagens iam da natureza para expressar Deus que preparava-os para o culto de Baal e Ashteroth, o sol, a lua e as estrelas, os deuses dos Sidonians de Caldéia e as nações ao redor deles.
Nós podemos, quem sabe, estabelecer a origem da filosofia judaica pelo tempo do cativeiro. A ideia metafísica envolvia no nome de Jeová tornou-se proeminente e agia como parte disso, como a ideia personificada tinha feito antes disso. O pecado dos judeus na é mais idolatria. Eles estavam, daqui por diante, sem Teraphim. A união de Deus não era desconhecida tanto para os caldeus quanto para os persas. Abraão apenas conservou uma doutrina bem conhecida aos ancestrais da Caldéia, mas nesse dia quase oculta pela idolatria prevalecente. Quando os judeus chegaram à Babilônia e à Pérsia, eles ouviram de novo as sagas da nação filosófica de Deus ou a ideia implícita no nome, Eu sou, vinha naturalmente no seu próprio desenvolvimento? A resposta é imaterial. Os rabbis judeus que seguiam a ideia metafísica de Deus, mantiveram essas especulações que eram familiares aos judeus letrados e que, pelas escrituras, falavam de Deus como uma pessoa, que era uma necessidade da mente popular já distinguindo entre o popular aspecto da teologia dos judeus e da teologia ela mesma. Os últimos forma o aprendizado esotérico, os primeiros, os aprendizados simplesmente exotéricos. Aos rabbis foi confiado a filosofia oculta que a multidão não poderia receber. O quanto a filosofia rabínica concordava com as escrituras ou diferia delas deve ser deixado em aberto, no presente. Os judeus helênicos podem ter tomado emprestado dos gregos e dos orientais ou os gregos e os orientais podem ter tomado emprestado dos judeus. Ou ainda, de novo, podem ter sido filosofias cada uma com naturais desenvolvimentos concomitantes. Alguns pensamentos pertencem universalmente ao solo do intelecto humano e tem um crescimento independente entre as nações que não tem contato uma com a outra. Mas mesmo quando uma doutrina é tomada emprestada, ela encontra previamente uma disposição a ser recebida, para que um tomador apenas toma o que é congênere à sua própria mente. Professores espirituais como Schleiermacher dizem que não escolhem seus discípulos; os discípulos que os escolhem. Os muitos pontos de concordância entre o judaísmo e as filosofias gregas e orientais, deixam em aberto para dizermos que os pagãos conseguiram sua sabedoria dos judeus ou que as raízes e os germes das doutrinas cristãs são reveladas na razão universal. Os judeus que especulam mantém a opinião de que a filosofia do judaísmo como eles entendem, foi a busca e o começo de todas as filosofias. Platão está com eles, mas um Artic Moisés e Pitágoras, um filósofo grego que tomou emprestado os mistérios das mônadas e tétrades do povo escolhido. Nós supomos que pelo tempo do cativeiro, os judeus tivessem uma filosofia da religião; mas dessa filosofia existem traços muito raros e as autoridades são incertas, até cerca do começo da era cristã. Eusebius preservou alguns fragmentos de Aristobulus, suposto judeu Alexandrino, mencionado no livro Macabeus como o instrutor do rio Ptolomeu. Nesses fragmentos, Aristobulus claramente distingue entre Deus, ele mesmo, como o primeiro Deus, o inefável e o invisível e Deus como manifestação do mundo fenomenal. E em cartas escritas a Aristeas, o bibliotecário de Ptolem Philadelphus, nós vemos o judaísmo e o helenismo formando uma aliança tão próxima que cada um respeita o outro como uma diferente forma de si mesmo. Aristeas informa Ptolemy que o mesmo Deus que deu a ele seu reino, deu aos judeus suas leis. “Eles cultuaram Ele” diz Aristeas, “Ele que criou tudo, provê tudo, é cultuado por todos e especialmente por nós, apenas com outro nome.” E Eleazar, o maior príncipe de Jerusalé quando perguntado por Aristeas se não era indigno de Deus, dar leis que concernem à carne, como essas dadas aos judeus, respondeu: “elas são também insignificantes e penso que elas serviram para manter os judeus como um povo distinto, já com eles dentro de um profundo significado alegórico” , “É o poder de Deus sobre todas as coisas”, palavras que os estudantes da filosofia alexandrina viram como uma intimação desse Espírito que é sobretudo e em tudo. Já foi colocado também, que a versão grega das escrituras feita em Alexandria, tem evidentes marcas da influência do pensamento grego nas mentes dos tradutores, que entendiam que essas palavras foram escolhidas como uma etapa clara para uma interpretação platônica e, às vezes, até sugerindo isso. Alguns dos “Eu sou o que eu sou” que tem o “Eu sou Ele que é” e o segundo vrso do primeiro capítulo de Genesis onde as palavras dos hebreus simplesmente significavam que a terra estava em confusão, foram traduzidas: “A Terra estava invisível e informe”, pontuando, como foi suposto, que o ideal da típica criação de Platão que precede o material. “O Senhor dos Exércitos”, é usualmente traduzido: “O Senhor dos poderes” ou “o Senhor dos poderes do Céu.” Onome grego para os deuses inferiores.
O livro dos Apocrypha, que foi em sua maior parte, escrito por judeus helênicos, foi também imprimido nesse sentido, mas a evidência que eles fornecem é incerta. De Solomon foi dito que ele se dizia como o bem vindo com um corpo, o que parece estar aliado a ideia platônica do corpo sendo a causa do pecado. Ele também se dizia o incorruptível Espírito de Deus em todas as coisas. Mas os versos supostos sendo os mais conclusivos, são aqueles que o dizem como a sabedoria do poder criativo de Deus: “Uma pura influência planando pela glória do Abençoado. Ela é o brilho da última luz – o espelho do poder de Deus – a imagem da sua bondade, e sendo o ser que pode todas as coisa e permanecendo ela mesma que faz tudo em todas as eras, entrando em abençoados espíritos , ela é a energia de Deus e dos profetas. Ela preservou o primeiro pai do mundo formado, que foi criado, sozinho e brilhou fora da sua queda. De novo, o filho de Sirach, fez de sua sabedoria um louvor a ela:
Eu vim da própria boca do Altíssimo
E cobri a terra como uma nuvem
Eu habitei nos mais altos lugares
E meu trono está num pilar de nuvens
Eu sozinho alcancei o circuito do Céu
E caminhei no fundo do mais profundo
Nas ondas do mar e em toda terra,
E em todas as pessoas e nações, eu alcancei uma possessão
Com tudo isso eu sussurro em paz:
Em qual herança devo eu permanecer:
Então o Criador de todas as coisas me deu um comando,
E Ele que me fez, criou a paz do meu tabernáculo,
E disse, deixe estar em Jacó
E na herança de Israel
Ele me criou desde antes do começo do mundo,
E eu não devo falhar.
No tabernáculo sagrado eu serei antes dele:
E então eu permaneci em Sião
Como na amada cidade, ele me deu paz
E em Jerusalém está meu poder.
E eu tive raízes em pessoas honradas,
Até a porção da herança do Senhor.
...................................................
Eu sou a mãe do amor
E medo, sabedoria e esperança sagrada,
Eu, sendo eterna, fui dada a todos os meus filhos,
Que são nomeados por Ele.

Que esses versos falam da sabedoria como o poder criativo de Deus, em muito, do mesmo modo, como a sabedoria é falada na filosofia dos gentios, isso não é negado. É também verdade que eles foram conpostos em grego e numa cidade pagã; mas suas aproximações com as palavras da sabedoria no livro dos Provérbios nos proíbe de dizer que eles foram tomados emprestado da filosofia dos gentios. O escritor pode, inclusive, ter sentido a harmonia entre os pensamentos dos alexandrinos e os pensamentos dos judeus e ter tido prazer em mostrar que os gentios e sua nação estavam já em possessão de uma filosofia não inferior à filosofia deles.

Livre Tradução do escritor e artista visual Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity . John Hunt . 1884 .  Capítulo 4 . Filosofia Judaica

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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Bruma de Cabo Verde - Minha participação no Caderno Literário Pragmatha no. 74

Minha participação no Caderno Literário Pragmatha no. 74.





Bruma de Cabo Verde

Cantando e caminhando,
vivendo e acariciando
o que restou da luz.

Mas a bruma não se dissipa...

Observando e clamando,
xingando e especulando
o que restou da sorte.

Mas a bruma não se dissipa...

Movendo e antecipando,
planejando e temendo
o que restou da paz.

Mas a bruma não se dissipa...

Determinando e lendo,
amando e procedendo
o que restou da lida.

Mas a bruma não se dissipa...

Lamentando e calando,
meditando e rezando
o que restou da fé.

Mas a bruma não se dissipa...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

(Extraído do Caderno Literário Pragmatha no. 74 . página 97)
 


quarta-feira, 3 de julho de 2019

Religião Persa - por Maurício Duarte

Religião Persa - por Maurício Duarte




A respeito da antiguidade da religião dos persas, nós não podemos falar com certeza. Os livros sagrados chamados Zend Avesta, são os carros-chefe da informação, mas são apenas um fragmento das escrituras originais – parte das 21 divisões nas quais elas estão divididas. O Zend Avesta foi escrito ou coletado por Zoroastro, o grande profeta da Pérsia, cinco ou seis séculos antes da era cristã. No entanto, é geralmente admitido que porções das escrituras do Zend Avesta sejam muito mais antigas do que o tempo de Zoroastro. Os Parsees, tanto por sua língua quanto por sua mitologia, são relacionados pelos indianos como membros da grande família ariana e como eles habitaram o nascedouro da raça humana, é possível que a religião da Pérsia seja a mais antiga do mundo. Quando nós a comparamos com o Brahmanismo, achamos que cada uma possui suficiente distinção individual em si mesma. O mitólogo ingênuo encontrará muitos pontos de contato, mas, em geral, o estudioso será mais restrito para ver suas diferenças.
Brahmanismo é mais metafísico; a religião persa é mais ética. O espírito de um é a contemplação e do outro, atividade. O indiano é passivo e especulativo; o persa não tem tendência especulativa, mas é mais concentrado em se opor às forças do mal que estão no mundo e dominar o que ele sente ser a vocação do homem. Ao nível de que a religião persa é eticamente forte, podemos removê-la do que chamamos de panteísmo; mas o lado especulativo clama a nossa atenção, bem como pela sua existência mesmo, assim como pela sua subsequente história e sua conexão com outros sistemas de religião e filosofia.
Muito foi escrito, não só na França e na Alemanha, mas na Inglaterra, sobre o infinito e impessoal deus da religião persa antiga. Seu nome é Zeruane Akerne, sem bordas do tempo ou começo do tempo. A ideia da sua existência é simultânea na mente com as ideias de tempo infinito e espaço infinito. Ele é o ser que tem que constituir a eternidade e o infinito. É que a religião persa tem essa ideia de um ser inexprimível, que está acima de todos os deuses como Brahma está acima do Trimurti, isso sendo considerado como determinado. Mas parece que o nome pelo qual esse ser é conhecido pelos mitólogos europeus é uma mera tradução mal formulada de uma sentença do Zend Avesta. Zeruane Akerne não é um nome, como estudiosos recentes da Pérsia mostraram, simplesmente significa tempo infinito. A passagem é: “Spento-Mainyus (Ormuzd) criou ele criou o tempo infinito (Zeruane Akerne).” O ser infinito dos persas é sem-nome, mas algumas vezes é chamado pelos nomes de todos os deuses. Ele tornou-se pessoal. Ele é Ormuzd, deus da luz; Mitra, o reconciliador entre a luz e as trevas; Honover, a palavra da qual vem a sabedoria eterna e cujo discurso é a criação eterna. Hesychins chama Mitra, o primeiro deus entre os persas. Na sua conferência com Themistocles, Artabanus descreve Mitra como o deus que cobre todas as coisas. Porphyry, citando um pensamento de Eubulus a respeito da origem da religião persa, fala de uma caverna que Zoroastro consagrara em honra a Mitra, o feitor e o pai de todas as coisas. A caverna é adornada com flores e climatizada com fontes e é entendida como uma imagem ou um símbolo do mundo como foi criado por Mitra. O mesmo Porphyry recorda que Pitágoras exorta os homens ao, principalmente, amor à verdade, o qual, sozinho, poderia levá-los a Deus. Ele aprendera, coloca, dos magos, que deus, que ele chamava Ormuzd, como seu corpo exalava luz e seu espírito, a verdade. Eusebius, citando um antigo livro persa com as palavras de Zoroastro de que “deus é o primeiro ser incorruptível e eterno, não-formado e indivisível, juntos, diferente de todos os seus trabalhos, é o princípio e o autor de tudo o que é bom. Presentes não podem movê-lo, ele é o melhor dos bons e o mais expert dos experts. Dele provém a lei e a justiça.” Os oráculos caldeus, dirigindo-se a Zoroastro, chamam deus de “aquele do qual todos os seres brotam.” Nessa passagem, Psellus, o escolástico, diz, “Todas as coisas, sejam pertencentes a mente ou aos sentidos, derivam sua existência de deus sozinho e retornam a ele, bem como esse oráculo não pode ser condenado, pois está cheio da sua doutrina.”
Essa unidade original e impessoal criou Ormuzd que, então, tornou-se o chefe dos deuses. Ele é a pessoalidade da divindade viva, o primeiro de todos os seres, a imagem resplandescente da infinitude, o ser em cuja existência é imaginada como cheia de tempo eterno e espaço infinito.
É comumente dito que os persas cultuavam dois deuses. Esse é o legado dado tanto por escritores islâmicos como por escritores cristãos, mas os persas, por eles mesmos, sempre negaram isso. Eles não são dualistas, mas monoteístas de um lado e politeístas do outro lado. Ormuzd sozinho é cultuado como o deus supremo. Seu reinado é coextensivo à luz, à bondade; ele abarca toda pureza das existências na terra e no Céu.
O domínio de Ormuzd tem três ordens: A primeira é Amshaspands ou dos sete espíritos imortais, que Ormuzd, nele mesmo, é um deles. Ele criou os outros seis e regula todos eles. A segunda ordem é a das vinte e oito Izeds e a terceira, uma inumerável quantidade de espíritos inferiores chamada os Fereurs. Os Izeds são os guardiões espirituais da Terra; por eles é abençoada e feita frutuosa. Eles são também juízes do mudo e protetores dos pios. Toda embarcação tem um Amshaspands ou Ized; mesmo cada hora do dia tem um Ized como seu protetor. Eles são os observadores dos elementos; os ventos e as águas estão submetidos a eles. Os Fereurs são sem-número porque o ser não tem limitações. Eles são coextensivos com a existência; sendo como se eles fossem parte do ser universal que, através deles, faz-se presente sempre em todo lugar. Os Fereurs são os ideais – protótipos ou padrões das coisas visíveis. Eles vem de Ormuzd e tomam forma no universo material. Por eles cada um e toda a natureza vive. Eles realizam ofícios sagrados no grande templo do universo. Como altos dignatários, eles apresentam as orações e oferecimentos a Ormuzd. Eles olham pelos pios em vida, recebem seus espíritos que se foram na morte e os conduzem pela ponte que passa da Terra ao Céu. Os Fereurs constituem o mundo ideal, já que todas as coisas possuem o seu Fereur, desde Ormuzd até a existência mais baixa. O eterno ou o próprio-existente expressa a si mesmo no mundo pelo todo-poderoso e essa expressão do ser universal é o Fereur de Ormuzd. A lei tem o seu Fereur que é o seu espírito. É o que é conhecido pela palavra Deus. No julgamento de Ormuzd, o Fereur de Zoroastro é um dos mais bonitos ideais, porque Zoroastro preparou a lei.
Mas há um outro reinado abaixo do de Ormuzd, rei da luz. É o reinado de Ahriman, o senhor da escuridão. Ele não é adorado como deus, mas possui grande poder sobre o mundo. O esforço dos persas para resolver o problema do mal é visto nessa ideia do reinado da escuridão. Isso emerge face a face com o reinado da luz. Não há a não-esperança da existência humana que nós achamos no budismo; mas há a declaração que o mal é inseparável do ser finito. A velha pergunta foi respondida: “O que é o mal?” Como ele que criou a luz pode também criar a escuridão? Se ele foi bom e a reconectou para fazer o reino da bondade, como ele também pode fazer o reino do mal? A resposta é: Não veio da vontade do eterno. A criação do reino do mal e das trevas foi um inevitável resultado da criação do reino da luz e da bondade. Como uma sombra acompanha um corpo, assim o reino de Ahriman acompanha o de Ormuzd. Os dois reinos embora opostos, um ao outro, tem uma organização similar. Um é a contrapartida do outro. Na cabeça do reino do mal está Ahriman. Então, sete Erz-dews e uma inumerável multitude de Dwes. Eles foram criados por Ahriman cujo único e grande propósito foi a oposição ao reino de Ormuzd. Quando a luz foi criada, então Ahriman veio do sul e misturou os planetas. Ele penetrou por entre as estrelas fixas e criou o primeiro Erz-dwe, o demônio da inveja. Esse Erz-dwe declarou guerra contra Ormuzd e a longa batalha teve início. Como na Terra, bestas-feras lutam contra bestas-feras, assim, espíritos guerreiam contra espíritos. Cada um dos sete Erz-dwes tem seu especial antagonista entre os Amshaspands. Eles são do norte e são ligados aos planetas; mas como poderes e dignatários no reino de Ahriman, eles recebem a homenagem dos Dews inferiores e são servidos por eles como os Izeds são servidos pelos Fereurs. A existência do reino da escuridão é uma acidente na criação – uma circunstância que surge da manifestação do infinito mesmo, como o finito Ele permite o mal continuar, não porque seja muito forte para ele, mas porque fora dele, ele pode evocar uma bondade maior. A limitação será finalmente removida. A discórdia entre luz e escuridão acabará. O reconciliador aparecerá e então, começará um reino eterno de luz sem escuridão e pureza sem mancha. Os espíritos de Ahriman serão aniquilados. De acordo com algumas representações, o chefe deve ser aniquilado com eles; mas outras pensam que ele continuará a reinar sem um reino. Agora os Izeds esperam pelas almas afastadas e as preservam para o dia final; eles devem então, ir adiante e serem purificados com fogo. Eles devem passar por montanhas de lava incandescente e ir adiante sem hesitação e sem parar. Ahriman deve ser lançado na escuridão e o fogo dos metais deve consumí-lo. Toda a natureza deve ser renovada. O Hades deve ir embora. Ahriman foi-se. São regras de Ormuzd. O reino da luz é um e tudo. Mas quem é o reconciliador? Mitra, o deus homem. Ele é deus e ainda está na forma de um homem. Todos os atributos de Ormuzd são concentrados numa forma humana e fazem Mitra. Ele é o fogo, a luz, a inteligência, a luz do Céu. Para os persas o fim de toda religião é tornar-se luz. Em toda natureza, a religião clama pela vitória da bondade contra o mal. Ela crava a luz para o corpo e para o espírito, luz para guiar a casa, luz para regular o estado. Como símbolo de tudo que é bom na criação, seu choro é por luz, luz, mais luz!
Mitra é o doador da luz. Mas como distinguí-lo de Ormuzd que regula o reino da luz? Isso não é fácil de responder. Tornaria perplexo o mitólogo que quisesse achar um lugar para Mitra no panteão persa, sim, encontrar um lugar para ele de qualquer modo, sem dar a ele, atributos de Ormuzd, assim como Ormuzd tem que ter alguns atributos daquele que é inefável. Mas a perplexidade do mitólogo não quer dizer nada. É o bastante, para os persas, que Mitra é o mediador – o deus homem ou o lado humano de Deus. É o bastante, para os persas, que ele seja luz, o criador da luz, o grande defensor da luz contra as trevas e que ele finalmente alcançará a vitória, pela qual os discípulos de Zoroastro esperam por longo tempo. O Sol deve ser a sua imagem, ele é como aquele globo de fogo; é um reflexo do seu esplendor. Ele é a luz forte que vem do Eterno e ele é o princípio da luz material e do fogo material. Além do mais, os persas dizem em suas oferendas à chama sagrada, “Deixem-nos cultuar Mitra.”
Quando o mundo finito foi criado, a escuridão colocou-se em oposição ao Mitra, mas essa oposição é posicionada apenas no tempo. É a batalha do dia contra a noite; o lado da luz do ano lutando com o lado escuro; piedade guerreando contra impeiedade, virtude contra vício. O Eterno apenas criou a luz, mas a escuridão despontou e como o mundo emana dele, ele não pode deixá-la. Como Mitra, ele media e trabalha para alcançar a vitória. Nós vemos o grande Sol brigando e lutando, todo ano, sim, todo dia, ele obtém uma vitória nova e se purifica da mancha da escuridão. Isso não é Mitra? Qual o outro poder está nesse Sol a não ser a luz inteligente que luta contra a escuridão? Há esse princípio poderoso do certo que está lutando pela vitória; há esse eterno esplendor que se espalha e que é muito forte para a escuridão e antes disso todas as manchas devem desaparecer e todas as sombras irem embora. O reino da escuridão deve, ele mesmo, ser iluminado pela luz do Céu. O Eterno receberá, de novo, o mundo nele próprio. O impuro deve ser purificado e o mal feito bondade pela meditação de Mitra, o reconciliador de Ormuzd e Ahriman. Mitra é a bondade, seu nome é amor. Em relação ao Eterno, ele é a busca da graça; em relação ao homem, ele é o doador da vida e o mediador.
Ele trouxe a palavra como Brahma trouxe os Vedas, da boca do Eterno. É ele que fala nos profetas, é ele que consagra nos padres; é ele a vida do sacrifício e o espírito dos livros da lei. Nos heróis, ele é o que é heróico, nos reis é o que é nobre; no homem ele é homem. Há uma representação de Mitra da antiga escultura persa. Ele é um homem jovem prestes a cravar uma faca no touro equinocial. Deus condescendente aos limites de tempo e espaço, tornou-se incorporado ao mundo, identificando-se com a natureza perene. Então, por um acaso de auto-sacrifício que origina vida, ano após ano, a vida na natureza traz uma vítima para as estações.
A criação é, às vezes, descrita como Mitra e, às vezes, como Ormuzd. Deus aparece e fala a palavra “Honover”. Através dessa palavra, todas as coisas vivas são criadas. O progresso da criação avança como Ormuzd continua a pronunciar a palavra e é mais audível quanto mais a criação torna-se viva. Do Céu invisível que ele habita ele criou o céu em volta no espaço de 45 dias. No meio do mundo, sob o dwelling de Ormuzd, o Sol está colocado. A Lua surge e brilha com sua luz mesma. Uma região é endereçada a ela, na qual ela produz verdura, dá calor, vida e contentamento. Abaixo, é colocado o céu de estrelas fixas de acordo com os signos do zodiaco. Então os altos espíritos foram criados – os Amshaspands e os Izeds. Em 70 dias, a criação do homem foi completada e, em 375 dias, tudo foi criado por Ormuzd e Ahriman.
Honover, a palavra criadora “Eu sou” ou “Deixe estar”, é o elo que faz, de tudo, um só. Ela une terra e céu, o invisível ao invisível, o ideal ao real. Um período pode ser assinalado para a criação, mas, na verdade, a criação é eterna. Ormuzd tem criado sempre. De momento a momento, em eras eternas, a palavra tem sido dita pelo Infinito, pelos Amshaspands, pelos Izeds, pelos Fereurs, por todos os espíritos através da natureza. Esse é o mistério pelo qual e do qual o mundo ideal tem a sua existência. É o grau de todos os seres, o centro de toda vida, a busca de toda prosperidade. A lei de Zoroastro é a incorporação da lei de Ormuzd; desse modo, o Zend Avesta, ele mesmo, é chamado palavra viva.
Nesse Honover misterioso, os originais e os padrões das coisas visíveis existiram eternamente. Aqui nós captamos um reflexo do significado do culto simbólico da Pérsia. Considerando todas as coisas visíveis como cópias do invisível, o ideal foi cultuado através da sensibilidade. Orações são endereçadas ao fogo e à luz, ao ar e à água, porque os originais deles foram do mundo de Ormuzd. Mas principalmente ao fogo; templos foram erigidos à sua consagração; liturgias colocadas em seu culto; o fogo sagrado foi seguido antes do rei; ele queima religiosamente em todas as casas e em todas as montanhas. Não que a adoração seja diretamente e fortemente ao mero elemento material, mas sim à divina e forte existência cujo fogo é uma cópia, o símbolo, a representação visível. O que é o fogo? Espírito manifesto; matéria em sua passagem para o não-visto. O que é a luz? Quem pode descrever o esplendor que irradia no mundo? Não é a reiteração da majestade de Ormuzd, a efulgência do intelecto do infinito, tudo abarcando o Um?
Esse simbolismo é visto em toda natureza e em todas as formas da vida social e civil dos persas. O monarca iraniano é uma cópia do monarca do universo. Há sete ordens correspondendo aos sete Amshaspands. Há graduações e rankings que são todos misturados em um. Assim como no Estado, assim é, na família; ela é moldada a partir do padrão de coisas estabelecido. No mesmo princípio, todos os animais são divididos entre Ormuzd e Ahriman. Eles são classificados como úteis e peçonhentos, limpos e sujos. Como os reinos da luz e da escuridão tem seus chefes, assim também os reinos animais tem seus protetores e líderes. O unicórnio representa uma das puras bestas de Ormuzd, enquanto o símbolo representativo do reino de Ahriman foi um monstro – em parte um homem, em parte um leão e em parte um escorpião. Os observadores e a visão de grande alcance dos espíritos foram simbolizados por pássaros: eles pertencem à pura criação e são inimigos de Ahriman. Ormuzd foi representado pelo falcão e pela águia, cujas cabeças são supostamente imagens do tempo eterno. O dragão-serpente é Ahriman; seus espíritos são dwes e o seu símbolo é o Griphon, habitando as fendas das rochas desoladas. Nesse caminho de unidade diferenciada e inteligível, os persas colocaram o ser, bem como a origem de todas as coisas, no Um Impessoal.
O autor da introdução* da versão em inglês do Zend Avesta encontra, na religião persa, a mistura de muitos pensamentos arianos e semíticos. “A origem”, ele diz, “de muitos deuses e heróis que os persas cultuam e exortam, sem saberem quem são ou de onde eles vieram, foi subitamente revelada pelos Vedas. A religião dos magos foi o desenvolvimento iraniano da religião indiana e faz o segundo estágio do pensamento ariano. O supremo ou deus do céu foi Varana, uma divindade védica, o todo abraçando o céu. Os atributos espirituais do deus do céu foram diariamente se tornando mais e mais fortes e definidos e seus atributos materiais foram mais e mais colocados como pano de fundo. Embora, ainda, muitas características traiam essa formação, no corpo ou na natureza do céu. Ele é branco, brilhante, visto além e seu corpo é o melhor e o maior de todos os corpos. Ele tem o Sol como seu olho, as asas como bases, o fogo da iluminação por seu filho. Ele vete os céus como o branco enfeita o vestuário.”

  • James Dermestcter


Livre Tradução do escritor e artista visual Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity . John Hunt . 1884 . Religião Persa

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terça-feira, 2 de julho de 2019

AVL em revista no. 2

 
 


AVL em revista no. 2 - IV Ano - julho de 2019


A nossa AVL em Revista chega a sua segunda edição. Está recheada de muito conteúdo literário e, claro, poético. São artigos e poemas em 43 páginas de puro deleite dos Acadêmicos da nossa AVL (Academia Virtual de Letras António Aleixo). Confira.

https://issuu.com/academiavirtualdeletrasavl/docs/revista_avl_2_-_julho_de_2019

segunda-feira, 24 de junho de 2019

LANÇAMENTO DE LIVRO E FESTA DE ANIVERSÁRIO: TUDO FOI SUCESSO!!!! Editora Canteiros de Maricá

Um encontro de acadêmicos da Academia de Ciências e Letras de Maricá (Maria Regina Moura e Patrícia Custódio) e da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências (Maurício Antônio Veloso Duarte)
Crédito da foto: Janaina Leal




"Evento fantástico no Clube Central de Icarai, Niterói. Gostei muito de reencontrar as amigas Maria Regina Moura e Patrícia Custódio.Uma verdadeira alegria. E o lançamento do livro de Iliana Maria Calheiros Manhães ficou lindo. Um primor de memória para as poetas Margarida Maria e Áurea Maria. Abraço grande."
Artista, Escritor e Acadêmico Mauricio Antonio Veloso Duarte Anuragi

domingo, 16 de junho de 2019

A Religião Grega

Leia o novo texto da Coluna do Escritor e Acadêmico Mauricio Antonio Veloso Duarte Anuragi 
no Divulga Escritor: A Religião Grega.



A religião grega


“Para entender” diz Mr. Maurice, “a diferença entre a fé egípcia e a fé grega, não é necessário um estudo de grandes volumes em quantidade elevada ou visitar terras distantes – nosso próprio Museu britânico trará o contraste entre as duas em toda a sua força. Se passarmos da antecâmara das antigui-dades para a sala que contem as Elgin Marbles, nós sentiremos, ao menos uma vez, que estivemos noutro mundo. A opressão dos animais com expressões sedentas de sangue, a perplexi-dade que trazem os modelos grotescos, tinha passado; você agora está no meio das formas humanas, cada individualidade natural e em graça, ligadas e juntas em grupos harmoniosos, expressando a beleza animal perfeita, demonstra, ainda mais, o domínio da inteligência humana sobre os animais.” (Boyle Lectures, p.109).
Nenhum verdadeiro constraste poderia ter sido feito entre os deuses do Egito e os da Grécia. Os primeiros eram raramente humanos, os últimos, raramente, qualquer coisa menos que humanos. Ainda assim, aqui o contraste tem fim. Passamos, aparentemente, do indefinido para o definido, do infinito para o finito, mas é apenas aparência, é apenas no que concerne à forma externa das mitologias. No espírito interior, nós estamos rodeados pelo infinito mais uma vez. Os gregos podem estar aproveitando mais a natureza do que os egípcios, mas eles continuam reverenciando-a.
O grego pode sentir o domínio do homem sobre a natureza e estar cônscio que a liberdade da vida humana é maior do que o instinto bruto, mas o grego não está cônscio dessa realidade sem pensamentos do Infinito; o grego não está cônscio sem um profundo sentimento através do qual, há alguma coisa ou algum Ser superior e além de todos os pensamentos e todas as concepções – um Ser que é paga e imperfeitamente imaginado a partir daquelas divindades humanas que o grego criou e que ele cultua por sua sabedoria, seu poder e suas formas na beleza. Os gregos, bem como os egípcios, cultuavam a natureza. Os nomes das antigas divindades na Theogony são envidência o bastante para afirmar essa premissa. Kronos e Chaos, Erebus e Nyx com Gaea, Ether e Hermes, testificam a sua própria origem e significado. Um elemento da história, sem dúvida, tem seu lugar com as lendas dos deuses. Divindades misteriosas e estrangeiras podem ter sido introduzidas por outras nações, mas a evidência é preponderante em colocar que o culto grego foi essencialmente um culto da natureza.
Os céus, o oceano, o mundo não-visto tem cada um, um reino e, cada um, um rei divino ou regulador colocado sob o reino. Todas as montanhas, rios, lagos, árvores e florestas tem suas divindades que presidem. O espírito da poética não pode ir além disso. Uma colheita abundante foi o júbilo de Ceres. Quando o vinhoaparece, foi Bacchus que o revela. Quando as tempestades estão atingindo as embarcações, foi Netuno, na profundidade, agindo. Tormentas conscientes do doador do mal, foram as fúrias procurando vingança. Todas as virtudes e todos os vícios, todas vantagens, intelectuais e morais, tornam-se deuses. Guerra foi Marte e beleza foi Vênus; eloquência foi Mercúrio; prudência foi Minerva e Echo, nada mais do que um som reverberado pelo ar, por uma ninfa em lágrimas que chamou esse som de Narcissus.
Eles foram bonitos deuses humanos, mas eles pertecnciam, na sua existência, à imaginação grega, dando vida e forma aos poderes manifestos da natureza. Eles forma todos criados. Pindar sabia deles e falou deles quando disse:”Háum tipo que é ambos, deuses e homens e ambos respiram ar, da mesma mãe e a primavera vem da mesma fonte original.” Hesiod sabia deles quando colocou a história e a origem e mostrou como cada um foi produzido de cada qual.
Não são somos inatingíveis pelos traços do período de transição, quando a mente grega estava passando da reverência egípcia às formas grotescas para o culto das divindades humanizadas. Os primeiros deuses gregos foram monstros. As crianças, os filhos de Uranos e Gaea foram titãs e ciclopes e outros gigantes com centenas de cabeças. Até as divindades que depois foram as mais famosas do panteão foram originalmente de formas monstruosas. Pausanias menciona uma estátua de Júpiter que, além dos dois olhos, tinha um terceiro olho na testa. Nós lemos também a respeito de um Apolo com quatro mãos e as quatro cabeças de Silemes, como também as três mãos e as três cabeças de Hermes, relembrando-nos de estágios similares da mitologia hindu.
Mas os gregos foram monoteístas bem como politeístas. Eles cultuavam um deus, assim como, muitos. Sabemos disso, a partir da filosofia grega, também de São Paulo, que fundou o culto ateniense do “deus desconhecido”, como ele tinha se declarado a eles. Que eles fossem inconsistentes, São Paulo usou como degrau de escada para seu argumento de porque eles deveriam abandonar os ídolos em favor do Deus vivo.
Santo Agostinho adotou o mesmo argumento contra a filosofia dos pagãos. Na “Cidade de Deus” ele pergunta, “Se Júpiter é tudo, porque Juno também e porque outros deuses?” E de novo, ele diz, “Se Júpiter e Janus são ambos o Universo, eles tinham que ser não dois deuses, mas apenas um.” Que eles cultuassem o único Deus, que é diferente de todos os deuses, é manifestado até por sua mitologia. Homer fez de todos os seres, deuses, bem como homens, vieram do Oceano, exceto aquele que é preeminetemente Deus, que é diferente de deuses e homens. Hesíodo, também, dá a todos os seres, um começo exceto a Zeus. Sófocles, diz: “É verdade que há um só Deus, que fez céus e terras,” e Eurípedes endereça a Zeus como o próprio existente, como aquele que colocou tudo nos ombros, que é resplandescente como luz e aquele que, por causa da nossa visão fraca, é velado na escuridão. Pindar distingue entre os deuses criados e ele que é o mais poderoso de todos os deuses, o senhor de todos as coisas e o criador do Universo. Esse Deus que é como Brahma dos hindus, o desconhecido impessoal. Na mitologia é representado como a maior das divindades. Zeus margeia os maiores atributos. Zeus corresponde a Brahma e Ormuzd. Seu nome é o maior de todos. Ele é natural em sua infinitude. Esse é o caráter de Zeus nos versos órficos. Nos tempos que se seguiram, ele se tronou famoso como o rei dos deuses e homens, mas, primeiro, como um ser prodigioso, o primeiro e, ainda, todas as coisas, o pai e, sim, a mãe do mundo, porque Zeus não é nem masculino nem feminino, mas os dois gênereos em um. O Universo foi criado nele e, pela sua presença, ele constitue o peso dos céus, o fôlego da terra e das profundezas do mar. Ele é o oceano vasto, o profundo Tartarus, os rios, das fontes e outras coisas, o deus imortal e da bondade. O que quer que seja, é contido no seio de Zeus. Ele é o primeiro e o último, a cabeça e o meio de todas as coisas. Ele é o fôlego de todo ser, a força do fogo intangível, a onda do mar, o Sol, a lua e as estrelas, o rei do Universo; aquele poder e aquele deus que governa tudo; o grande corpo de Zeus é idêntico ao grande corpo da natureza. A antiguidade dos versos órficos pode ser argumentada, mas o que eles dizem de Zeus é igual ao que dizem outros poemas. Nos versos dos Cleanthes, os homens são chamados “a primavera de Zeus”. O Universo é dito como sendo emanado dele e por obedecer ao seu poder e vontade. Ele é imanente na criação, estando em todos os lugares. Céus, terra e oceanos presenteiam a ele seus olhos. Os versos de Aratus, com os quais São Paulo colocou quando se dirigia aos antenienses a respeito do “Deus desconhecido”, tem o mesmo significado, enquanto eles mostram Zeus como passou a ele que é onipotente e onipresente. “Vamos começar por Zeus.” O nome não deve nunca ser esquecido, pois há tudo como Zeus: todos os caminhos, lugares públicos, florestas, assim como todos os mares. Ele está presente em todos os lugares, tudo o que respira, não respira sem Zeus, por que nós somos a primavera de Zeus.
Nem Zeus é a única deidade universal. Comentadores alexandrinos, com alguma razão, utilizaram outras deidades, para quem foram descritos os maiores atributos dele que é infinito. Assim são Kronos e Minerva, Necessidade e Fortuna e até Vênus e seu filho Eros, de acorno com o que diz Zeno: “Deus é chamado de tantos nomes quantos são diferentes os poderes e as virtudes.” Nos Argonautas de Orfeu, Eros é representado produzindo Caos e Kronos também, num fragmento órfico preservado por Proclus, é representado como contemporâneo à noite antiga.
Na primeira sátira de Lucilius, um dos deuses diz: “Não há nenhum de nós que seja chamado Melhor de todos os deuses, como pai Netuno, Liber, Saturno, Pai Marte, Janus, Pai Quirinus.” Um desses chefes deuses era Apolo. Abaixo da imagem de deus jovem, a margear a luz e a adoração da criação, os gregos adoravam a majestade com que, Euripedes disse, foi velada a luz. Como o Sol revigora a terra dando saúde ao doente e força ao fraco, assim Apolo, o deus da medicina vem trazendo radiante luz. A terra comemora em suas raízes, a música das suas pradarias e o rejuvenescer das suas fontes à glória do rei do dia. Apolo é o deus da beleza, o emblema da sabedoria e o autor da harmonia. No seu templo em Delfos, estava inscrito a palavra Ei – “Em arte”, com a qual Plutarco leu o nome verdadeiro de Deus. Nós somos criaturas do dia colocados entre o nascimento e a morte: tão logo nós retamos a fonte como nossa existência, o ser não pertencerá a nós - “Deus sozinho é.” “Isso basta.” Plutarco diz, “e não apenas próprio, mas peculiar a Deus porque ele sozinho é ser, porque os mortais não tem participação no ser verdadeiro, porque o que começou e terminou e está continuamente mudando, não é nunca o mesmo, nem nunca está no mesmo estado.” A divindade, na qual o templo, em sua palavra está inscrita, foi chamada Apolo, que significa “não muitos”, porque Deus é um – sua natureza mais simples – sua essência não é decomponível.
O fenômeno físico misterioso foi, a partir da antigas mitologias, feito prolífico de lições morais e mentais. A história de Dionísio foi profundamente significante: ele não foi apenas o criador do mundo, mas o guardião, o liberador e o salvador. As brincadeiras em que ele se ocupava quando foi surpreendido pelos Titãs – o topo, a roda, a roca de fiar, as maçãs douradas hesperianas – foram preeminentemente cosmogonicas. Um emblema de classe similar é o espelho mágico com a face da natureza no qual, de acordo com noções platônicas, mas que existia provavelmente antes de Platão, o Criador colocou-se a si mesmo imperfeitamente refletido e a taça ou o seio do ser no qual a matéria tornou-se grávida da vida ou onde a deidade panteísta tornou-se misturada com o mundo. Dionísio, deus do manto com muitas cores é o resultado dessa manifestação personificada. Ele é o polinômio, o tudo em muitos, as variações do ano, a vida passando em inumeráveis formas. Mas de acordo com o dogma da antiguidade, as formas de vida são uma série de migrações purificadas a partir das quais o divino princípio reacende à unidade da sua busca. Inebriado com a taça de Dionísio e feito no espelho da existência, os espíritos, esses fragmentos e partículas da inteligência universal esquecem seus nascimentos e passam à formas terrestres que servem de invólucros. – Dionísio, o deus desse mundo, o lado da mudança da deidade.
O deus Pan ocupava, até mesmo no julgamento de Sócrates, o lugar do supremo Deus e isso, porque, seu nome, implica que ele é O Todo-Poderoso, a personificação de tudo o que é natureza no infinito. Pan é o lado natural das divindades gregas. Ele regula as árvores e as casas nos lugares desolados e solitários. Ele foi a natureza, como aparecia para os pastores e fazendeiros, na sua liberdade, grandeza e nos aspectos mais selvagens e não sem gentileza e sem prazer. Todo estudante de colegial sabia que ele era uma deidade alegre, tocando música com sua flauta pastoril de sete bocas com as nnfas graciosas dançando em suas vestes rústicas. Seu corpo era tosco como a terra luxuriante, mas sua face mostrava o concílio de Ammon. Como os céus são radiantes como a luz, assim também era o sorriso de Pan. Ele tinha chifres como o Sol e a lua, sua vestimenta de pele de leopardo era uma figura das várias belezas do mundo; mas ele não era todo bonito. Como a natureza vela alguns de seus segredos, ela também vela as deformidades de Pan. Nos versos órficos, ele é chamado o Todo do Universo – céu e mar, o regulador da terra, o fogo imortal; todos esses eram atributos de Pan.
O que foi dito dos deuses dos gregos pode, também, ser dito das divindades de Roma. Os romanos, também fizeram Deus e a natureza, um - finito do lado humano e infinito, no lado divino. Sua mitologia, como sua literatura, foi um eco fraco da dos gregos. Seus poetas e filósofos apenas repetiram o que já havia sido dito. O Júpiter deles é o grego Zeus; ele é primariamente os céus ou a porção do Universo visível que aparece para nós. Essa verdade é petrificada na linguagem romana. “Mau tempo.” é “mau Júpiter”; estar em ar aberto é estar “em Júpiter” e estar do lado de fora, no frio, é estar “no frígido Júpiter. “Por cima”, diz Ennius, “do céu claro, que todo homem invoca Júpiter,” E Cato diz: “ele está no céu, na terra e no oceano. Onde quer que se mova, onde quer que se vá, onde quer que se veja, está Júpiter.” Virgílio, numa imitação dos poetas gregos, disse: “Deixe-nos começar com Júpiter; todas as coisas estão cheias de Júpiter.” Em outro lugar, ele descreve: “deitado e inclinado, ele mostra”, como onipotente pai vindo do seio da sua adorável esposa. Os poderes da natureza personificados, isso é politeísmo grego. Natureza em sua infinitude, abarcando todo o conhecido do ser com o qual a mente é preeeminentemente manifesta; isso é monoteísmo grego.
A pesquisa da religião persa foi originalmente feita por Creuzer em Symbolik, Framjee´s, Parsees, Hyde´s Veterum Persareem Religionis Historia e Spiegel´s Translations of the Zenda Avesta. Alguns adendos foram feitos pela introdução de Dermesteter. Bunsen mantém firme a noção de que foi Bactia e não a Pérsia, a morada original de Zoroastro e sua doutrina. The Fargard, o primeiro livro do Zend Avesta, dá conta de que a imigração dos arianos para a Índia começou pela Bactria. Agora a língua da porção antiga do Zend Avesta é Ato Bactrian, o que encontra-se muito próximo do argumento de que ele deriva de uma comparação entre o Zoroastrismo e o Brahmanismo. O antigo culto védico foi um culto da natureza, mas o Zoroastrismo coloca um Deus supremo sobre a natureza. “Nós temos que assumir” diz Bunsen, “que o original Zoroastro fundou uma nova religião antes da imigração para a Índia como uma mera contraposição ao naturalismo novo Bactrian e que, arianos, os grandes consquistadores da expedição, foram a última cena do país Índia. O Agni, ou o culto do fogo, que é mencionado é parte dos Versos indianos, tem que ser considerado como uma remanescência da doutrina pré-zoroastriana.
Na religião egípcia, dentro dos antigas escritos mencionados, no texto, temos Plutarco, Macrobius, Prophyry, Apuleius,... nós temos Pritchard, Bunsen e The Egiptians Texts em Records of the Past, mais recentemente Hibbert Lectures de M. Renouf e artigos no Contemporary Review por Stuart Poòle (janeiro de 19 e maio de 1880). No mesmo Review, M. Demesteter contribuiu com um artigo com o assunto inteiro de Mitologia Indo-Européia (outubro de 1879). Chaeremon (de acordo com Porphyry) explicou a religião egípcia como que ignorando uma causa suprema; Eusebius seguiu essa interpretação, mostrando, novamente, o absurdo do paganismo. Após o que, esperando provar a ideia de uma inteligência espiritual como invenção dos tempos modernos e muito absurda para os homens da antiguidade. Iamblichus refutou Chaeremon. Essa interpretação da religião egípcia é do mesmo tipo que faz o budismo, ateu, o que transforma o ateísmo numa nação das maiores do mundo. Porphyry deu à racionalidade do culto do animal uma perspectiva panteísta. Ele diz que todas as criaturas vivas tem seus degraus de participação na essência divina e sob à semelhança de animais. O culto dos egípcios é nos poderes que os deuses tem revelado nas várias formas de criaturas vivas (De Abs. IV. 9) M. Renouf coloca hinos a Osíris e outros deuses que mostram características do culto egípcio. Osíris tem alguma relação com o grego Adonis e isso, quem sabe, conecta-o a Thammuz, na mitologia Phoenician.
“ Thammuz come next behind,
Whose annual wound in Lebanon allured
The Syrian clamsels to lament his fate,
In amorous ditties all summer´s day,
While smooth Adonis from his native rock
Ran purple to the sea, suffuse with blood
Of Thammuz yearly wounded: the love tale
Infected Sion´s daughters with like heat;
Whose wanton passions in the sacred porch
Ezekiel saw, when, by the vision led,
Of alienated Judah.”
Milton – Paraíso Perdido
Quando Patricius editou os trabalhos de Hermes Trimegistus no século dezesseis, as autoridades católicas obrigaram-no a adicionar Scholia, explanando que algumas coisas, como a doutrina da criação e a existência de deuses, não estão de acordo com a fé católica; mas a essência da teologia, tais como, de que Deus é intelecto, de que ele fez o mundo em imitação à palavra, de que talvez, Deus não tenha essência – o que leva a mente como um pai gera um filho; de que Deus é masculino e feminino e de que o homem é feito da vida e da luz, são para serem entendidos num senso ortodoxo – sano modo. Plutarco, citando Hecataeus, diz que os egípcios consideraram as divindades primitivas e o universo como idênticos e Eusebius, citando os Genica e os antigos livros hermaic, pergunta: “Você não foi informado por Genica que todos as almas individuais são emanações de um grande Alma?”
Anchises, no sexto livro da Eneida, explicando a Enéias, a lei da transmigração das almas, diz: “O espírito entre os céus nutrido e entre a terra e as águas a grosso modo iluminado pelas órbitas da lua e pelo brilho das estrelas e difuso entre as partes, uma mente atua na fábrica toda e mistura-se no grande corpo: portanto as raças do homem e do gado e as vidas dos pássaros e dos monstros, com o que o mar produz por cima do grosso modo. “Isso”, diz Bishop Warburton, “foi a doutrina dos antigos egípcios como nós aprendemos de Platão, que diz, “Eles ensinaram que Júpiter é o espírito que pervarde todas as coisas.” Ele acrescenta que os filósofos gregos corromperam esse princípio com o spinozismo com o qual nós temos um momento com o quarto Georgic -
“Alguns disseram que os besouros tem uma parte na mente divina e nos desígnios etéreos, porque Deus pervarde todos os lugares e trata do mar e dos céus. Portanto, nuvens, ovelhas, homens, toda a raça de bestas, cada nascimento deriva sua vida.” Isso pode passar da simples doutrina egípcia, sem supostamente uma corrupção (?) da influência da filosofia grega. A conta da religião grega é tomada de autores clássicos. “Os deuses da Grécia” diz Mr. Mackay, no seu Progresso do Intelecto, “são tão fixados e personificados em sua poesia que quase, são inteiramente concernidos a sua essencial generalidade de característica; mas em proporção, com as pesquisas asiáticas das ideias gregas, ou, de qualquer modo, extendendo nossa visão além dos limites do círculo épico, os deuses ou os seres humanos que os representam, tornaram-se mais complexos, multiformes e independentes até o último de todos os mistérios e contradições das genealogias no mistério do panteísmo.” As notas de Ludovico Vives em De Civitate Dei de Santo Agostinho são cheias de representação da mitologia grega em seus aspectos do culto da natureza.

Livre Tradução do escritor e artista visual Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity . John Hunt . 1884 . Religião Grega

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sábado, 15 de junho de 2019

Certificado e Emblema da ACADEMIA DE ARTES CIÊNCIAS E LETRAS DO BRASIL





Certificado e Emblema da ACADEMIA DE ARTES CIÊNCIAS E LETRAS DO BRASIL conferidos a mim, Mauricio Duarte, pelo Presidente Comendador Maestro Armando Caraaüra (Presidente) e pela Comendadora Francisca Castro (Vice-Presidente).

Aguardando

Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 39



Aguardando

Aguardo a chuva subir
para as nuvens, ou a fé
deixar de crêr em Deus,
para que eu possa sair
e ver o pôr do sol
pintar tudo de coral...

Aguardo a lagarta ir
para o casulo, ou a luz
se transformar em sombra,
para que eu possa sair
e ver a nossa noite,
em cantoria abrilhantar...

Aguardo o mar se tornar
areia, ou o carvão, diamante,
para que eu possa sair
e ver a aurora clarear
a existência dos filhos
da nossa resistência...

Aguardo o monte erodir,
ou o céu cair sobre nós,
para que eu possa sair
e ver o nosso dia,
para mim, para ti,
para, sim, todos nós...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

domingo, 9 de junho de 2019