Zé Malleta





Agora, sento-me na espreguiçadeira da varanda dos fundos para observar a chuva e o vento que se fazem presentes, caindo sobre a goiabeira e a mangueira, onde as suas folhas se entrelaçam as bananeiras que ficam próximas ao muro. Este balé de folhagens se reflete no pequeno riacho que se forma com as gotas que caem do telhado que sorrateiramente transcorre pelo jardim lateral. Lá fora, o paralelepípedo faz um brilho de ilusão sobre as calçadas. O cheiro da terra molhada se harmoniza com os cantos dos pássaros e os trovões bem longínquos. Neste instante, debruço-me sobre as mãos buscando inspiração para um próximo livro, não tendo data e nem hora para terminar porque as minhas letras vão além do “A”. Com elas eu posso tudo: caçar dinossauro com tubarão, ir ao futuro para ver se tem solução, voar em uma canoa desgovernada, que me salva de madrugada, próximo de um quente vulcão. Com elas, eu protejo a Onça Pintada, se penteando no espelho d’água onde o mal é derrotado num castelo de bombom. Mas como escrever é bom, bom, bom!
Décio Machado

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