sexta-feira, 17 de março de 2017

O Papel da Arte


Marcus Lontra, Curador de Arte.
Marcus Lontra, Curador de Arte.

A  disciplina e os compromissos com o ensino que acompanham a
técnica da gravura fazem dela um verdadeiro celeiro de propostas
conceituais e pesquisas estéticas algumas vezes desprezadas pelo olhar
apressado. A gravura é uma técnica intimista que exige tempo e
dedicação; a beleza de suas imagens revela-se lentamente, como um
pequeno universo que aos poucos nos invade e seduz.

“Pierrot”, 1914, Gravura em Metal. Carlos Oswald.

Após a atividade pioneira de  Carlos Oswald, a gravura moderna surge
na década de 20, através da via expressionista, com as obras de  Lasar
Segall e, posteriormente, de Oswaldo Goeldi. Segall sempre pautou seu
tema em torno da figura humana. Sempre comprometido com o drama da
existência humana, realizou imagens contundentes e de grande força
trágica. Goeldi, por outro lado, invadiu a angústia intrínseca do ser
humano. A solidão, a noite, os rejeitados, os animais entoam uma
estranha canção nostálgica e natural. Em meio ao trópico, ao delírio, à
exuberância, Goeldi faz do exercício da xilogravura uma revelação dos
aspectos sombrios do ser humano.

“A tarde”, xilogravura, Oswaldo Goeldi.

Nos anos 30, uma época de grande turbulência política, tanto
nacional quanto internacional, a gravura caracteriza-se como principal
técnica para os artistas interessados na veiculação de imagens
denunciadoras da opressão.

“Espanha”, xilogravura, Livio Abramo.

Ao contrário dos pintores, os artistas gravadores não abandonaram
suas relações com a ilustração. A grande maioria das imagens produzidas
pela gravura tem como tema o homem, o seu tempo, a sua luta, a sua vida.
Por essa ligação com a política e com a literatura, a gravura sempre
trabalhou como uma espécie de síntese entre a palavra e a imagem. Num
país sem tradição visual como o Brasil, a gravura foi e é de extrema
importância: ela aproxima a literatura das artes plásticas, ela recusa
essa espécie de pedantismo pseudo-intelectualizado que faz da arte
prisioneira das teorias filosóficas e a recoloca na vida diária e
cotidiana das pessoas. A gravura fala da gravura, fala da arte, mas não
se envergonha de falar sobre o seu país, sobre o homem, sobre a
realidade. A gravura é a arte da luta.

A presença de artistas estrangeiros, em especial da alemã Kate
Kollwitz, acaba por definir o perfil estético e conceitual da gravura
moderna brasileira. Destaca-se nesse momento Lívio Abramo, em especial
com a série Espanha, realizada entre 1936 e 1939, e que
sintetiza a formação desse artista que soube reunir e criar imagens de
grande contundência aliando-as a um ritmo construtivo de profundo rigor e
beleza. Em Abramo não existem concessões: a simplicidade de suas
composições é o caminho para revelar uma obra de grande densidade e
sofisticação, em especial na xilogravura.

“Mulheres errantes”, 1919, xilogravura. Lasar Segall.

Com o agravamento da situação política (ascensão do nazi-fascismo na
Europa e a implantação do Estado Novo entre nós), a arte moderna
acentua seus componentes políticos. É o momento do surgimento de
Portinari, síntese dessa relação.

A explosão da Segunda Guerra Mundial fez chegar ao Brasil diversos
artistas que aqui buscavam refúgio das perseguições raciais e políticas.
No âmbito da gravura destaca-se o nome de Axl Lescoschek que realizou
inúmeras ilustrações, conforme anota Roberto Pontual (em texto publicado
no site de gravura brasileira em maio de 2001), “xilogravuras de
pequena dimensão onde se fundem expressionismo, surrealismo e realismo, e
nas quais se pode encontrar curioso paralelo com as gravuras que
acompanham os nossos livretos de cordel” (muito difundido no norte e
nordeste, são pequenas estórias publicadas em papéis simples, sendo a
capa ilustrada com xilogravuras – cotidiano, lendas, política, folclore,
são alguns dos temas trabalhados). Nesta época surgem nomes de destaque
ainda hoje na arte brasileira: Fayga Ostrower,  Edith Behring,  Renina
Katz,  Almir Mavignier e  Ivan Serpa.

“sem título”, Gravura de Edith Bhering.

Sobre a gravura brasileira dos anos 40, Renina Katz sintetizou em
depoimento a Roberto Pontual (jornal do Brasil, 23/12/77): “Os anos 40
levam muito em conta as artes gráficas. A pintura e a escultura ainda
prevaleciam como representantes da grande arte (…). A gravura não tinha
prestígio bastante. Artistas de peso como Goeldi, Lívio Abramo e Carlos
Oswald não sensibilizavam o público e os colecionadores. A coragem dos
mestres gravadores em insistir na formação de uma geração, em época tão
hostil, pode ser considerada ato de bravura e de fé.” Cita-se aqui,
ainda, a presença no Brasil entre 1942 e 1947, de  Maria Helena Vieira
da Silva. Em torno dela passou-se a reunir um grupo de artistas que
acabaria por lançar as bases da abstração entre nós.

“sem título”, gravura, Renina Katz.

A década de 40, marcada pela guerra, constituiu-se numa espécie de
laboratório de formação dos grandes acontecimentos artísticos que
caracterizaram a década seguinte e que ainda hoje marca o mais rico
período da arte moderna no Brasil. A forte influência expressionista no
Rio Grande do Sul justifica a ação de   Carlos Scliar e  Iberê Camargo,
artistas maiores na arte brasileira. Também o paranaense Poty
Lazzarotto, com imagens da vida urbana cotidiana acrescida de um certo
lirismo e que ministrou cursos de gravura em diversas capitais do
Brasil, ajudando assim a expandir as ações da técnica.

“Estrutura em movimento”, gravura em metal, Iberê Camargo.

Com o final da Segunda Grande Guerra, as vanguardas abstratas
retomam seu lugar de destaque no cenário artístico. No Brasil, a
burguesia dá início a um processo de modernização do circuito artístico.
A criação dos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro é
fundamental nesse processo. Através deles e da Bienal de São Paulo,
cuja inauguração em 1951 reuniu obras que sintetizam todo o movimento
modernista, deu-se início a grande disputa que pautou a década de 50: os
movimentos abstracionistas versus a arte realista, de caráter político e
social. Nesse embate a gravura teve um importante papel. O artista
gravador perseguia a profissionalização e desenvolvia trabalhos junto à
imprensa, à propaganda, ao mercado editorial. Os custos inerentes à
técnica faziam dele um ser mais preocupado com aspectos cotidianos do
que com discussões que seduziam adeptos do concretismo, quase todos
pintores ou escultores. A gravura é uma técnica artesanal; é um trabalho
complexo. Para ser um gravador é indispensável dominar todo o processo,
que envolve várias etapas e nenhuma pode ser eliminada. Em outras
palavras: não pode haver um gravador aficcionado, gravador de
“domingos”, que ocasionalmente realize umas gravuras em suas horas
livres. Pelas próprias imposições da técnica, o gravador está obrigado a
profissionalizar-se ou, pelo menos, a dedicar-se ao trabalho durante
períodos longos e contínuos.

O mundo que vivia a excitação provocada pelo final da guerra também
enfrentava a realidade da Guerra Fria entre “as nações democráticas e os
países da Cortina de Ferro”, conforme frisou Churchill em 1948. Surge a
bomba atômica. Na defesa da paz, diversos artistas organizaram-se em
defesa da vida. No Brasil, os gravadores fiéis às suas tradições e às
suas origens expressionistas criaram obras de grande qualidade estética,
pautadas pelo rigor da técnica do desenho e permeadas de humanismo,
retratando tanto valores universais quanto situações do cotidiano do
trabalhador brasileiro. O objetivo era valorizar os aspectos
nacionalistas, democratizar o acesso à informações artísticas e
conscientizar a população sobre os perigos de um mundo dominado por um
sistema econômico que, em nome de uma suposta modernidade, mantinha dois
terços da população do planeta na mais ampla miséria. A síntese dessa
filosofia foi a criação dos Clubes de Gravura de Bagé e Porto Alegre,
que se espalharam por todo o país. Diversos artistas utilizavam-se da
gravura para desenvolver um amplo trabalho cujo resultado ultrapassava
os limites estreitos do meio artístico. Sob a liderança de Carlos
Scliar, recém chegado da Europa, os clubes de gravura formam um
instrumento eficaz da ação e divulgação da arte no Brasil. Nome como os
de Glauco Rodrigues, Danúbio Gonçalves,  Glênio Bianchetti, no Rio
Grande do Sul, e Renina Katz em São Paulo, tornaram-se conhecidos
nacionalmente graças à eficácia das suas ações.

Durante a década de 50, o Rio de Janeiro destacou-se como principal
centro gerador da produção de gravura em nosso país. A presença de
Oswald Goeldi, Iberê Camargo e Lívio Abramo na então capital federal
serviu como fator aglutinador. Diversos gravadores vieram para
temporadas de estudos no Rio.

“A criação: adão e eva”, xilogravura, Gilvan Samico.

É importante notar que, a partir dos anos 50, a gravura de origem
expressionista, originária do sul e sudeste, passa a dialogar com a
produção nordestina, de forte influência popular, em especial as
xilogravuras de literatura de cordel. Destaca-se  Gilvan Samico por sua
capacidade de sintetizar o espírito de construção modernista com a
cultura tradicional nordestina. Suas gravuras constituem um dos mais
significativos exemplos da arte brasileira, sua produção é atemporal e
recusa fronteiras. Ela mergulha na mística, na simbologia, na
religiosidade popular. Cada gravura de Samico é uma demonstração da
capacidade da arte de comentar o universal sem abandonar o individual.

Na Segunda metade da década de 50, a produção de gravura em São
Paulo passou a se destacar, graças a Lívio Abramo, Renina Katz e
 Marcelo Grassmann. Este último, com uma obra de profunda dramaticidade,
povoada por homens e animais que atuam como verdadeiros arquétipos das
forças antagônicas, da Vida e da Morte. Nesse momento ainda, a gravura
amplia suas ações: além dos compromissos com a ilustração, com a
denúncia, com o papel social da arte, ela passa a buscar uma integração
com a arquitetura, com a ambientação, com o espaço de convívio. Esse é o
caso de Maria Bonomi que desenvolveu na xilogravura imagens de grandes
dimensões de extraordinária beleza que se destacam no cenário da arte
moderna do Brasil.

“5823”, xilogravura, 1958. Fayga Ostrower.

A valorização da gravura brasileira nos anos 50 deve-se
principalmente à Fayga Ostrower, pioneira da abstração. À precisão
técnica, Fayga sempre soube aliar uma profunda compreensão do espaço
moderno. Suas manchas de cor articula-se para a criação de um discurso
extremamente sofisticado onde as formas dialogam orientadas por uma
sólida base teórica.

O ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro marca
o momento áureo da gravura brasileira: final da década de 50 e início
dos anos 60. Johnny Friedlander, que já havia sido professor de Arthur
Luiz Piza,  Flávio Shiró, Edith Behring e Sérvulo Esmeraldo em Paris,
transfere-se para o Rio de Janeiro. Foi a primeira experiência de
oficina planejada para a gravura e é graças a ela que a gravura em metal
atinge sua maturidade, equiparando-se em nível técnico e experimental
com a xilogravura, cujo principal centro passa a ser o Estúdio Gravura,
comandado por Abramo e Bonomi em São Paulo. No Rio,  Rossini Perez,
  Roberto De Lamonica e  Anna Letycia destacam-se como jovens
professores.

“Tatus”, gravura em metal, 1961. Anna Letycia.

Com a influência da Pop Art no Brasil a gravura passa a merecer
destaque ainda maior. As imagens impressas constituem elemento
fundamental para o conceito Pop. O destaque nesse momento é Anna Bella
Geiger, aluna de Fayga Ostrower, que dá continuidade às pesquisas e
mergulha numa fase orgânica para, posteriormente, dentro dos postulados
de superação do movimento neoconcretista, fazer da sua ação resultado da
experimentação baseada no conceito e não na prática artesanal. Ana
Bella soube dessacralizar a gravura e a sua influência é ainda visível
hoje nos jovens gravadores do Rio de Janeiro.

“sem título”, 1966, xilogravura. Anna Bella Geiger.

Nesse momento, a litografia, técnica usual para impressão de rótulos
comerciais durante o século XX, e a serigrafia, ideal para estamparia,
passam a adquirir a aura artística graças ao trabalho do serígrafo
 Dionísio Del Santo e aos trabalhos de  Darel Valença com a litografia,
técnica que iria desenvolver-se em São Paulo com a presença de  Octávio
Pereira.

Ilustração para poema, gravura, Darel.

Para alguns artistas, somente a xilo e o metal constituem técnicas
de gravura, já que as matrizes são entalhadas e os sulcos causados pelas
goivas, pela ponta-seca ou pela ação de ácidos corrosivos fazem com que
a impressão se dê através do negativo e da inversão. Tanto a litografia
quanto o silk-screen e mais ainda, a monotipia são, na verdade, grafias
sobre o suporte.

Nos anos 70, os jovens artistas direcionavam suas pesquisas para a
descoberta de suportes não tradicionais. As técnicas de reprodução foram
incorporadas ao mercado de arte, interessado tão somente em editar
imagens de artistas consagrados, viabilizando a sua aquisição por um
preço mais acessível. Num país sem tradição deu-se o domínio da
malandragem: imagens de baixa qualidade e sem nenhum valor artístico
passaram a seduzir uma pequena burguesia enriquecida interessada em
adquirir somente as assinaturas. Uma grande parte da produção de gravura
desse período nada mais é que cópia mal feita de imagens pictóricas. Os
verdadeiros artistas gravadores refugiam-se em pequenos núcleos de
resistência e se dedicam ao ensino da técnica para as novas gerações. É o
caso de Evandro Carlos Jardim em São Paulo e de Anna Letycia no Rio de
Janeiro, que determinaram os pilares da nova produção da gravura surgida
no final da década de 70 e início da de 80.

“Estras irregulares sobre o vidro fantasia brilhante”, Evandro Carlos Jardim.

Nos anos 80 a valorização da ações artesanais fez da gravura uma
importante técnica de veiculação de imagens. Já a partir da década de
90, a produção da gravura foi variada e se espalhou por todo o país.







fonte:

O Papel da Arte - by Julio Reis

domingo, 12 de março de 2017

Certificado de participação

Meu certificado de participação no 2o. Sarau Virtual da AVL


Nossa Senhora das Dores e SAL vão apresentar animações para os alunos






Dirigido pelas Irmãs da Imaculada Santa Clara, uma Congregação
Católica fundada na Itália, o Colégio Nossa Senhora das Dores formulou
parceria com a SAL – Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo e com o
Estúdio Alexandre Martins – único especializado em animação, no
Município – para que, mensalmente os alunos possam assistir a animações
conforme a faixa etária, oriundas do Brasil e de outros lugares do
mundo.


A reunião entre o Colégio e a SAL teve as presenças da Irmã Deise –
responsável pelo ambiente de vídeo e pela Educação Infantil –  e
de Frederico Carvalho e Sônia Bianquini, respectivamente diretor e
diretora substituta do Colégio. A SAL foi representada pelo presidente
Alexandre Martins, também atual presidente do Conselho Municipal de
Cultura. O encontro contou com a aprovação da Madre Regina (Maurizia)
Benedetti, superiora da Associação Educacional.



Alexandre Martins (SAL), irmã Deise e a Profa. Sônia Bianquini.

Já no mês de março, a equipe da Irmã Deise escolherá as animações que farão parte da exibição para os pequenos.

Os pais e responsáveis presentes à Reunião de Pais, no último dia 11,
ficaram muito contentes com a iniciativa, que é apenas a primeira de
muitas que ocorrerão durante o ano.

O objetivo do projeto é despertar o interesse das crianças e jovens
para a “grande tela”, principalmente podendo serem iniciados para o
campo da animação, visto que Alexandre Martins é responsável pelo único
estúdio especializado em São Gonçalo.


Alexandre Martins, presidente da SAL, Frederico Carvalho e Irmã Deise.

Todos os temas elencados serão voltados para os objetivos
educacionais e formativos do Colégio Nossa Senhora das Dores, dando
ênfase, também, às artes.


Segundo a direção do colégio, outros projetos já se encontram em fase
de estudo de viabilidade, mas dois já são dados como certos: uma
parceria com o Projeto de Reflorestamento do Morro da Matriz de São
Gonçalo, visando a consciência ecológica. O segundo é a abertura
histórica do acervo documental e fotográfico do Colégio desde o seu
início, abrindo mais informações para documentar a história de São
Gonçalo.



fonte: Bom dia, São Gonçalo!!!

sábado, 11 de março de 2017

Mata

Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18



Mata

Tanta mata, floresta,
Mata tanta, gente.
É vida, mas é morte,
Ao mesmo tempo...

Esse mote já vem
Desde muito longe,
Matando gente
Que mata o tempo...

Matador que mata...
Dor de quem
Poderia ter matado
A necessidade...

Morreu nas lutas
Da mata como
Chico Mendes,
Morto na mata...

Mato que mata...
Desmata toda
A mata, que implora
Não me mate, não...

Mata bendita;
Maldito é o homem,
Matando uma mata
Que só lhe dá vida...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


segunda-feira, 6 de março de 2017

2o. Sarau Virtual da AVL




Registro do 2o. Sarau Virtual da AVL (Academia Virtual de Letras António Aleixo).

Texto de abertura:

Eu, Mauricio Duarte, líder da Comissão de Eventos da AVL
(Academia Virtual de Letras António Aleixo) declaro aberto
o 2o. Sarau Virtual da AVL.
Que nossos versos atinjam as mentes, os corações e as almas
de todos aqueles que amam a paz, a dignidade e a justiça,
a liberdade, a virtude e a consciência.
Esperamos tornar o mundo melhor com nossas poesias
para que sempre se possa dizer:

Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho.
Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos.”

Sociedade dos poetas mortos  (filme norte-americano do gênero drama, lançado em 1989 e estrelado por Robin Williams, Robert Sean Leonard e Ethan Hawke.)

Texto de encerramento:


Eu, Mauricio Duarte, líder da Comissão de Eventos
da AVL (Academia Virtual de Letras António Aleixo)
declaro encerrado o 2o. Sarau Virtual da AVL.

Os poemas que forem postados depois de 21:00 hs não serão considerados
para efeito na contagem de premiação.

Devo dizer que foi um prazer enorme e uma honra
igualmente grande tê-lo(a)s conosco em nosso evento.
Tivemos poesias de alta sensibilidade, qualidade e quantidade
à toda prova durante todo o período em que ficou
aberto o Sarau desde 01 de fevereiro e hoje, 05 de março, especialmente.

Espero que todos tenham apreciado nossos momentos poéticos juntos
e que possamos estar sempre juntos em cada Sarau anual da AVL.

Todos os participantes receberão certificados de participação.
O 1o., o 2o. e o 3o. lugares também receberão certificados, bem
como as três menções honrosas. O critério para essa avaliação será
o de contagem de número de comentários em cada postagem de poema.
Peço, no entanto, paciência para esperar o resultado que precisa
ser feito manualmente pela nossa equipe da Comissão de Eventos da AVL.

Um grande abraço a todo(a)s e que a poesia seja nosso norte, sempre...
Um por todos e todos pela poesia!

Texto de registro:

O 2o. Sarau Virtual da AVL realizado ontem, dia 05 de março de 2017, teve 104 participantes, 73 pessoas que demonstraram interesse, 1.900 convidados e 405 postagens. Um alcance muito bom, considerando que estávamos no rescaldo do Carnaval.

Além disso tivemos 174 respostas, 391 visualizações e 3.400 pessoas alcançadas desde 01 de fevereiro do corrente ano.

Sucesso total!

sábado, 4 de março de 2017

Sarau Virtual da AVL



Olá amigos e amigas. Amanhã, dia 05 de março, será nosso Sarau Virtual da AVL. 


Peço que todos compartilhem e chamem os amigos pelo link do evento: https://www.facebook.com/events/391443327876984/

Bem vindo(a)s.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Crise nas livrarias: Insistindo no erro até encontrar o fracasso

Haroldo Ceravolo Sereza*, 02/03/2017
A Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo | ©Divulgação
A Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo | ©Divulgação
Vamos dar uma volta antes de falar da crise das livrarias? Acho que vale a pena.


Essa história é de quando eu trabalhava n’O Estado de S. Paulo,
no começo dos anos 2000. Poucos anos antes a direção do Jornal da Tarde
implementou um modelo de fazer jornalístico que exigia a figura do
“personagem”. No jargão jornalístico, “personagem” é uma pessoa comum
que “encarna” a notícia. Por exemplo, se há um crescimento no número de
pessoas que estudam japonês na cidade, o “personagem” a ser apresentado é
um típico paulistano da Mooca, preferencialmente com sotaque italiano,
que gosta de ler mangás originais. Ele vai explicar porque acha
importante ler mangá. A notícia ideal nesse modelo não é “cresce o
número de escolas de japonês” em São Paulo, mas “Antonio Carcamano está
aprendendo japonês para ler mangás”. Se a inflação está crescendo por
causa dos hortifrútis, a “personagem” é a dona de casa que está parando
de comprar tomates por causa do preço. E por aí vai.


Parece bacana, né? Mas pense num jornal inteiro assim: fica repetitivo, superficial e, quase sempre, preconceituoso.


Bom, o fato é que a direção do Jornal da Tarde aproveitou um
momento de crescimento e apostou no modelo. Os mais animados falavam em
“new jornalism”, os mais burocratas gritavam aos repórteres: “Cadê a
personagem?! Eu quero a personagem”. Passados alguns meses, resolveram
fazer uma pesquisa sobre o que pensava o leitor. E a resposta foi
bastante simples: aquela história de personagem estava enchendo o saco:
os cadernos que haviam mergulhado no projeto eram os mais mal avaliados.


A direção do jornal não recuou. Insistiu no projeto. O resultado
prático? Bom, muita gente vai dizer que foi a internet que acabou com o
Jornal da Tarde, outros dirão que o Estadão nunca deixava ele crescer.
Mas o fato é que o Jornal da Tarde não existe mais...


Acabou a historinha. Vamos às notícias.


Comecei falando de jornalismo, mas eu queria mesmo é falar da
crise que as grandes redes de livraria estão vivendo. Duas notícias de
impacto recentes: a Saraiva estaria negociando a aquisição de ações da
Cultura (ou fusão com, como preferem alguns) e a Fnac está decidida a
deixar o Brasil.


Essa crise é uma bola cantada. Muita gente vai culpar a Amazon,
mas vamos pensar os casos isoladamente. As dificuldades da Cultura são,
de fato, as mais difíceis de lidar. Isso porque ela é, ainda, um canal
importante de venda de livros e está na memória afetiva de todo leitor
paulistano. Quem não comprou livros lá certamente desejou isso.


Quem acompanha o mercado há alguns anos sabe que o modelo de
crescimento da Cultura baseou-se em um tripé: abertura de lojas em
profusão (inclusive com financiamentos do BNDES), imposição de condições
cada vez mais duras aos fornecedores (ampliação do desconto e dos
prazos de pagamento) e venda de espaços nas lojas.


A venda de espaços começou quando eu ainda era apenas jornalista.
Foi adotada por Saraiva, Nobel e Laselva. A Cultura negava. Um dia
liguei para a Cultura, porque me chegara por e-mail sobre as condições e
preços das vitrines. A Cultura negou tudo. Disse que era mentira, que o
e-mail era falso. Deixei o jornal antes de a matéria ser concluída, mas
pouco depois a mesma apuração foi feita pela Folha, por outro repórter.
Nela, Pedro Herz, o dono do negócio, reconheceu o que dizia que não
existia e tratou como algo “normal”.


A reação da Cultura a meu telefonema mostrava que era incerto
aquele caminho. A livraria sempre se pautara por ser uma referência não
só comercial, mas também cultural. Quando a vitrine passa a ser
organizada não de acordo com o interesse cultural ou comercial imediato,
mas na lógica do marketing, a aura da Cultura começava a se perder.


Mas isso faz mais de treze anos. O processo de mercantilização da
livraria foi lento e progressivo. Em 2010, ajudei a organizar uma
Primavera na Cultura, uma exposição de editores independentes associados
à Libre (Liga Brasileira de Editoras) na rede.


Foi um trabalho pesado de negociação e a conversa, na verdade,
frustrante: não apenas o espaço reservado ficou muito aquém do
inicialmente imaginado, como a conversa de um dos diretores com os
editores, num dos eventos que organizamos, mostrou que as lojas da rede
seriam cada vez menos abertas, na prática, à edição independente. Nunca
mais repetimos o evento.


Anos depois, cheguei a discutir, numa reunião em minha editora,
quando a Amazon ainda ameaçava entrar no Brasil, um projeto de
valorização da bibliodiversidade com representantes da Livraria Cultura.
Não avançaram. A cada nova loja que a Cultura abria, mais distante
ficavam os compradores dos editores independentes. Mais prazo era
exigido e também mais descontos. Havia algo de errado no caminho
escolhido.


Uma visita a meia dúzia de lojas da Cultura mostra outro problema
da rede formada: ela não é homogênea. O problema da rede é que ela se
sustenta como projeto econômico quando a compra é centralizada. Isso
reduz os custos da operação e facilita as negociações com margens
maiores. O problema desse projeto é que ele exige que a ponta também
seja semelhante: o público de uma loja tem de ser parecido com o de
outra, para que a compra centralizada seja acompanhada por um resultado
de vendas positivo em todas as pontas da rede. Mas basta visitar as
lojas dos shoppings Vila Lobos, Iguatemi, Bourbon e Market Place e a
livraria do Conjunto Nacional, todas em São Paulo, para perceber que os
frequentadores são cultural e socialmente diversos o suficiente para não
procurarem os mesmos livros. Imagine então quando estamos no centro do
Rio, na livraria do cine Vitória, ou nas lojas de Fortaleza e Porto
Alegre...


Livraria Saraiva no ostentoso Shopping Higienópolis em São Paulo | ©Leo Neto
Livraria Saraiva no ostentoso Shopping Higienópolis em São Paulo | ©Leo Neto

A Saraiva definitivamente não é minha livraria como consumidor e sequer
vende os livros da Alameda (mesmo no site). A rigor, ela não é uma
livraria, mas uma loja que vende livros, o que parece a mesma coisa, mas
não é. Porém, a seu favor, há uma homogeneidade nas lojas suficiente
para que os mesmos livros fiquem bem confortáveis no shopping
Higienópolis ou West Plaza. Em Brasília, Rio, Salvador: toda vez que vou
a uma Saraiva, sinto que estou num lugar para um público que existe em
todos esses lugares; quando vou à Cultura do Iguatemi, eu não consigo
imaginar como um espaço tão grande pode render, vendendo livros, o
suficiente para se manter. Especialmente para um público que vai ao
shopping para comprar bolsas de milhares de reais – não há livros nesse
preço, como sabemos (caro no Brasil é a bolsa Louis Vuitton,
registre-se).


Ainda não falei sobre a Fnac, talvez porque seja muito difícil
pensar a Fnac hoje como uma livraria. A livraria era apenas um puxadinho
num negócio de venda de aparelhos eletrônicos a preços altos e
qualidade média. Como livraria, que é o que nos interessa, a Fnac sequer
era um negócio: os livros estavam lá talvez por tradição, talvez porque
o modelo foi pensado ou adaptado unindo as duas pontas. Mesmo as
iniciativas culturais, como o prêmio Fnac-Maison de France, foram
escasseando. Assim, a Fnac há muito tempo não era um local de venda a
sério de livros.


As dificuldades dessas grandes redes, por outro lado, são uma
oportunidade para as livrarias independentes. Isso está acontecendo nos
Estados Unidos e pode ocorrer aqui também.


Não se trata, no entanto, de uma tarefa simples. Passa por uma
leitura mais refinada do público frequentador e de como incrementá-lo
organicamente, da manutenção de um acervo e de uma seleção de livros que
seja interessante para o comprador habitual de livros e não apenas para
o leitor de best-sellers (muitas vezes a mesma pessoa, diga-se, mas que
pende um dia para um lado, outro para o outro) e, sobretudo, pela
convicção de que os títulos disponíveis e a informação precisa são mais
relevantes do que um bom café ou um giro de capital rápido, mas infiel.


A livraria como um espaço cultural, com sua lógica tradicional,
de encontro e de surpresa que a internet não pode proporcionar: esse é o
desafio que está posto para quem quer se recuperar e para quem quer se
construir como alternativa.


Evidentemente esse assunto não se esgota assim: a crise é uma
ótima oportunidade também para repensarmos a urgência da lei do preço
único do livro, que as redes tanto bombardearam, criando dificuldades
para si mesmas, que agora se mostram tão explícitas.


Mas esse tema fica para um outro texto.




fonte:  PublishNews

quinta-feira, 2 de março de 2017

Informação, conhecimento e espiritualidade



Informação, conhecimento e espiritualidade

 
A Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro contava em 1996 com 8 milhões de volumes, mais ou menos, e mantinha o posto de a 8ª. Biblioteca do mundo em importância. Por mais vasto que fosse ou que seja hoje o seu acervo não chega nem perto da infinidade de material disponível na web para todos, de uma forma ou de outra, gratuitamente, ou com acesso relativamente barato.  Como essa amplidão se reflete, em termos de espiritualidade, no homem contemporâneo?
Primeiro é preciso pensar que tamanha informação disponível descortinou um sem número de questões filosóficas, místicas, espirituais, morais, éticas, humanas e de toda ordem, número, gênero e grau, em qualidade e quantidade, nunca vistas na história da humanidade.  Toda essa informação, devidamente apreendida por Universidades, pode vir a ser transformado em conhecimento.  Além disso, é fato que a descentralização do saber ocorre em passos largos não só pela informatização e pela rede mundial de computadores, mas pela própria globalização que, embora ameaçada por terrorismos, catástrofes naturais, acidentes vários e outras “vicissitudes contemporâneas”, não parou e nem dá sinais de que vai parar.  Porque impulsionada pela ampliação do capital, que ocupa todos os espaços possíveis e imaginários, a globalização almeja transformar o mercado em mercado global o quanto antes em áreas inacessíveis ou longínquas  do mesmo modo que faz com os grandes centros urbanos e suas periferias e subúrbios...
Nesse contexto, a espiritualidade ou religiosidade tem pouco espaço de manobra.  Reduz-se, muitas vezes, ao ambiente do lar e da intimidade pessoal, quando muito, haja vista que, a mente do homem atual não para de pensar num só segundo.  Esvaziar a mente ou experimentar um minuto de silêncio não é fácil.  A mídia usa de um marketing que visa preencher todos os espaços, e, claro, o imaginário coletivo e pessoal é um espaço disputado – e muito disputado – tanto pelos grandes conglomerados empresariais quanto por comércios locais e pequenos negócios.
Gerir a informação adequadamente e proveitosamente é tarefa hercúlea para nós, pessoas do nosso tempo.  Mas quanto mais tarefas diárias tivermos e quanto maior for o caos informacional a que somos submetidos no nosso tempo interior, maior é a necessidade de meditação.  Querer escapar dessa necessidade é, a um só tempo, criar mais confusão e mais caos e/ou correr o risco de estafa emocional, psíquica ou de desordens de saúde física e espirituais também.  Porque o “lixo mercadológico” da sociedade de consumo que é jogado todos os dias com Facebooks, Whatsapps, Twitters, TV, rádio, revistas, jornais, entre outras mídias, precisa ser digerido pela nossa mente de algum modo.  Por isto, é necessariamente fundamental possuir centramento e discernimento, bem como consciência corporal, mental e da alma elevados e estimulados sempre.  O que só é conseguido por meio de meditação.
Que um exercício espiritual, conforme nossas crenças, visões de mundo e concepções filosóficas e/ou espirituais possa fazer parte da nossa rotina diária.  Só assim será possível viver plenamente e com qualidade.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/informacao-conhecimento-e-espiritualidade-por-mauricio-duarte/

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Sem título



sinto teu toque
sinto tua voz...
em mim; tê-la
é minha tua
vez, linha e
altivez, estou
contigo; todo
querer resume
minha... em nós...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Certificado de participação no Apogeu Poético Festivo em Homenagem ao Poeta António Aleixo

Meu certificado de participação no Apogeu Poético Festivo em Homenagem ao Poeta António Aleixo, Patrono da Academia Virtual de Letras (AVL).



Não Dês Esmola a Santinhos

“Não dês esmola a santinhos,
Se queres ser bom cidadão;
Dá antes aos pobrezinhos
Uma fatia de pão.”

Antonio Aleixo


Glosa

Não dês esmola a “santinhos”
porque de nada serve,
muitos dos religiosos
só querem fidelizar...

Fidelizar a grana toda!
Se queres ser bom cidadão;
larga desse proselitismo
e ajuda o pobre que te pede...

Fazem-se de mansinhos
para pôr só no bolso...
Dá antes aos pobrezinhos
já que eles, sim, precisam...

Desses padres, Deus não
vê a sombra nem pintada.
Mas não ignore quem pede
uma fatia de pão...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Pirataria pode aumentar venda de quadrinhos, diz estudo




Um estudo publicado pelo professor Tatsuo Tanaka, da Faculdade de Economia da
Keio University no Japão, revelou dados interessantes sobre os efeitos
da disponibilidade acesso gratuito sobre o mercado de quadrinhos.
Segundo o estudo, em alguns casos, o acesso a cópias gratuitas dos
quadrinhos pode aumentar a vendagem deles.


Tanaka estudou o efeito da disponibilidade online gratuita dos
mangás, quadrinhos tradicionais japoneses que são lançados de maneira
serial (uma vez por semana, por exemplo). Ao todo, o estudo (pdf)
contabilizou a vendagem de 3.360 volumes de 484 séries diferentes de
mangás ao longo de oito meses.


Esses números não foram incidentais: segundo o pesquisador, as
editoras japonesas de mangás pertencem a um grupo pró-restrição cultural
chamado CODA. Entre julho de 2015 e março de 2016, o CODA promoveu uma
campanha maciça de deleção de cópias digitais ilegais de quadrinhos.
Dessa maneira, a pesquisa pode facilmente comparar a vendagem dos mangás
antes e depois da medida restritiva.


Resultados


Segundo Tanaka, os resultados da comparação foram duplos: para os
mangás que ainda estavam sendo lançados, a disponibilidade de acesso
gratuito a eles pela internet causava uma diminuição das vendas. Por
outro lado, essa disponibilidade fazia com que a venda de mangás que já
haviam se encerrado aumentasse.


Isso poderia, segundo Tanaka, ser devido a um "efeito
publicidade" gerado pela disponibilidade digital dos mangás. Em outras
palavras, o fato de os mangás antigos estarem disponíveis na internet
acaba servindo como "propaganda" para os mangás que já se encerraram.
Nesse caso, o acesso aos quadrinhos acaba reavivando o interesse dos
leitores nele.


Implicações


Para o pesquisador, "um ponto importante que deve ser ressaltado é
a implicação política desse resultado desigual da pirataria. Se o
efeito da pirataria é desigual, desativar os sites piratas de maneira
indiscriminada não é a melhor solução". Isso porque, de acordo com seu
estudo, a "pirataria" pode ajudar a venda de quadrinhos que já se
encerraram.


Tanaka ressalta, no entanto, que não é possível dizer, de maneira
taxativa, se a disponibilidade de acesso gratuito aos mangás é boa ou
ruim para o mercado. Embora o ganho percentual que essa disponibilidade
dê aos quadrinhos antigos seja muito maior que a perda percentual que
ela dá aos quadrinhos novos, em números absolutos a situação é oposta.


Para dar um exemplo com números inventados: um mangá
antigo pode vender 150 cópias em vez de 100 caso esteja disponível
gratuitamente na internet. Por outro lado, um mangá novo pode vender 900
cópias em vez de 1000 caso esteja disponível. Embora o ganho percentual
no primeiro caso seja superior à perda percentual no segundo (+50%
contra - 10%), em números absolutos o ganho no primeiro caso é menor que
a perda no segundo caso.


Outras áreas


O pesquisador ainda diz que há motivos para acreditar que os
efeitos da "pirataria" sobre o mercado de mangás podem ser semelhantes
aos efeitos da "pirataria" em outros mercados. Um estudo citado por ele
revelou que a disponibilidade gratuita de música online diminuiu a
vendagem de discos de artistas populares, mas aumentou as vendas de
discos de artistas menores.


De fato, pesquisas diferentes conduzidas na Austrália e na Suécia
já mostraram que a disponibilidade gratuita de cultura pode aumentar a
quantia que as pessoas investem nesse setor. Esses estudos, que
avaliavam o impacto da "pirataria" sobre os gastos com cultura, revelou
que usuários que consumiam uma mistura de conteúdo legal e ilegal
gastavam mais com esse setor do que os que apenas consumiam conteúdo
legal. 




fonte: 

Olhar Digital

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

PF indicia 29 por rombo de R$ 30 milhões via Lei Rouanet


Ação
é decorrente da Operação Boca Livre, que desmontou corrupção em
projetos culturais; para PF, falta de fiscalização permitiu 'duas
décadas de desvios'





A Polícia Federal indiciou 29 investigados na Operação Boca Livre – apuração sobre desvios de recursos públicos estimados em R$ 30 milhões liberados pelo Tesouro via Lei Rouanet.
O relatório final do inquérito da PF atribui a dez empresas parcerias
com o esquema supostamente montado pelo Grupo Bellini Cultural, alvo
principal da investigação. Foram indiciados empresários, um advogado e
executivos de grandes companhias – laboratórios, montadora, farmacêutica
e até banca de advocacia –, por estelionato contra a União e associação
criminosa. Alguns foram enquadrados também em falsidade ideológica.


A Boca Livre foi deflagrada em 28 de junho. Ela precedeu a Operação Boca Livre S/A, que saiu às ruas
em outubro e fez buscas em 29 empresas – patrocinadoras que atuaram em
conjunto com o Grupo Bellini, “associando-se aos seus integrantes com o
fim exclusivo de desviar recursos”. A PF evitou um rombo ainda maior, de
mais R$ 58 milhões, com a identificação de projetos fraudados que
estavam em curso e que permitiriam ao Grupo Bellini captar recursos
nesse montante. O relatório final da primeira operação foi encaminhado
ao Ministério Público Federal (MPF).


A PF indiciou executivos ou funcionários das empresas:
Intermédica Notredame, KPMG, Lojas Cem, NYCOMED PHARMA (Takeda), Grupo
Colorado, Cecil S/A, Scania, Roldão, Demarest Advogados e Laboratório
Cristália. Os investigadores apontam ainda fragilidades do Ministério da Cultura (MinC)
na concessão e fiscalização de recursos públicos que bancaram projetos
culturais desde o início da vigência da Rouanet, em 1992, até 2013.


Durante longo período os patrocínios eram aprovados, mas não
passavam por auditorias, o que, segundo a PF, permitiu a ação de
fraudadores. O relatório final sugere abertura de ação por improbidade
administrativa para responsabilização de funcionários do MinC por “danos
ao erário e omissão”. No âmbito criminal, a PF se deparou com um
“extenso lapso temporal”, entre as fraudes e a comunicação formal à
corporação, prejudicando a identificação de funcionários do Ministério
que teriam alguma ligação com a organização investigada.


Fraudes aprimoradas

A PF só foi informada dos desvios em 2014 por meio de uma
nota técnica da Controladoria-Geral da União (CGU). “O que tudo indica é
que não existiu uma fiscalização efetiva, que permitiu essas duas
décadas de desvios de recursos da Lei Rouanet”, destaca a delegada
Melissa Maximino Pastor, que presidiu o inquérito. “Quando o Ministério
da Cultura deu início à fiscalização dos projetos, em 2012, a associação
criminosa começou a aprimorar as fraudes. A investigação demonstra isso
empiricamente. Quando se inicia a fiscalização do órgão que libera e
controla o recurso público as fraudes ganham sofisticação.”


Em 2013, o Ministério da Cultura emitiu uma Instrução
Normativa restringindo a quantidade de projetos por pessoas jurídicas e
pessoas físicas. Na ocasião, foram bloqueadas contas de três empresas do
Grupo Bellini. “O Grupo Bellini, que até então estava com as contas
bloqueadas, começa a se utilizar de mais empresas, em nome de
funcionários, por isso essa quantidade de indiciados.”


A PF identificou nove empresas que fizeram parceria com o
Bellini Cultural e outras três que auxiliavam o grupo nas fraudes, além
de diversas pessoas físicas. Essa “estrutura de papel” obteve junto ao
Ministério mais de uma centena de projetos. O relatório final da Boca
Livre foi encaminhado ao Ministério Público Federal. O inquérito foi
aberto no final de 2014 e seguiu para a Inteligência da PF em novembro
de 2015, quando as investigações começaram a ganhar fôlego.


A Polícia Federal afirma que o Ministério da Cultura foi
avisado das irregularidades, envolvendo projetos do Grupo Bellini e
servidores da pasta, três anos antes dos investigadores receberem a
denúncia. “Um rastreamento preliminar revelou indícios de adulteração de
documentos, projetos extremamente similares, um projeto igualzinho ao
outro, um dos dois não aconteceu”, relata Melissa.


Cantores famosos

“A falta de fiscalização permitiu a continuidade delitiva
até a deflagração da operação, em junho de 2016”, afirma a delegada
federal, que revela ter descoberto, também, uma “lei invisível do
mercado cultural”, sob a qual produtoras teriam de oferecer ou aceitar
exigências ilícitas de grandes empresas para garantir o aporte no
projeto cultural. Ela ressalta que as empresas já possuem uma grande
vantagem, que é a vinculação de um projeto cultural à sua marca sem
custos – uma vez que, para as que tem um lucro real de até 4%, o
dinheiro utilizado no patrocínio é abatido do imposto de renda.


Entre essas contrapartidas, segundo a PF, indiciados do
núcleo central do Grupo Bellini contaram que empresas exigiam
contrapartidas como, por exemplo, festas de final de ano com cantores
famosos, em troca de apoio aos projetos. “A disputa era tão acirrada
entre os produtores culturais que se não atendessem às solicitações não
iriam conseguir aporte em nenhum projeto cultural”, assinala a delegada.
“A investigações confirmaram isso. As grandes empresas tiveram
inclusive a coragem de formalizar contratos de patrocínio com objetos
ilícitos.”



fonte:

PF indicia 29 por rombo de R$ 30 milhões via Lei Rouanet | VEJA.com