Livro Palavras Abraçadas da editora Scortecci que eu participo como poeta.
Encomende comigo o seu exemplar e eu envio com um autógrafo especialmente para você.
Formato A5
Capa colorida
Miolo PB
200 páginas
papel Offset 75 g/m2
Editora Scortecci
2016
R$ 25,00 + FRETE
Só o que deixamos fazer
Olhei-me no espelho
da demarcação e disse:
É interessante, mas
não sou eu...
Demarcado estava o
território das tríades
espirituais do céu,
cuja língua desconheço...
Mas não foram elas
as responsáveis pela
minha consciência súbita,
e sim o desvelo do que constatei...
Constatei que todos
os esforços são vãos.
Nada do que fazemos
irá conjugar o verbo amar...
Só o que deixamos fazer...
Mauricio Duarte (Swami Divyam Anuragi)
Sociedade civil de artistas e literatos de São Gonçalo
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Palavras abraçadas
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Scortecci
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Realidades do absurdo
Novo livro de minha autoria, Mauricio Duarte, lançado.
Realidades do absurdo .
contos do futuro incerto e do presente improvável.
Realidades do absurdo traz
os contos de lugares esquecidos pelo tempo e pelo espaço em ficções científicas
em volta da mistura de tecno-ciência e magia. Tempos de nobreza e anarquia.
Tempos de morte e necrofilia. Tempos de incompreensão e revoluções.
Realidades do absurdo traz também o inesperado e o insólito da nossa atualidade recheada de idas e vindas do real que poderia ser e não foi, mas que, mesmo assim, é real em alguma dimensão paralela.
Delicie-se com o incerto e o improvável em 10 contos do absurdo.
Realidades do absurdo traz também o inesperado e o insólito da nossa atualidade recheada de idas e vindas do real que poderia ser e não foi, mas que, mesmo assim, é real em alguma dimensão paralela.
Delicie-se com o incerto e o improvável em 10 contos do absurdo.
Número de páginas: 80
Edição: 1(2016)
Formato: A5 148x210
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Brochura c/
orelha
Tipo de papel: Offset 75g
Ou encomende seu exemplar
físico do livro comigo e ganhe um autógrafo especialmente para você: https://www.clubedeautores.com.br/book/216854--Realidades_do_absurdo#.V8gbDVsrLIU
O ritmo natural
O ritmo natural
Criar condições para estabelecer um ritmo natural de atividades, descanso, lazer e trabalho é um problema para você? Viver um bem-estar em constante plenitude e cadência regular é difícil?
Sabemos que o ritmo acelerado e frenético das grandes cidades e o correspondente cotidiano de trabalho e compromissos não deixa espaço para muita reflexão e, quem dirá, ajuste desse dia-a-dia num ritmo mais suave. No passado, bem antes da Revolução Industrial, o fluir dos movimentos da natureza era observado pelo homem e, em contrapartida, havia vivacidade e sobriedade no semblante, na atitude e na vida espiritual da grande parte das pessoas daquelas épocas remotas. Hoje, diz-se que o homem contemporâneo passou a considerar “normal” navegar em um mar de problemas todos os dias de sua existência. As mudanças, em todos os níveis de sociedade e relacionamentos, nos tornaram pessoas frias, fleumáticas – a fleuma inglesa – ou pessoas emotivas, vulneráveis – a depressão e outras doenças – em muitos aspectos. Mas a balança dessa conta pode estar também se modificando novamente.
Nos anos 1960 e 1970, vários segmentos de espiritualidades orientais ou de estudos orientalistas trouxeram à baila o Tao e o Zen no ocidente. Décadas depois houve um boom da alimentação saudável, da ginástica e da boa forma nos anos 1980 e 1990. Mais recentemente a física quântica veio à tona com conceitos revolucionários.
O que de valioso tiramos dessas assimilações e absorções de ideais, valores e ideias que os antigos já conheciam efetivamente e que foram retomados pode nos mostrar nossa evolução ou pode nos trazer desequilíbrios. O ritmo natural de uma atividade é alcançado quando não temos um acréscimo de stress, de fadiga e de indisposição em nosso cotidiano e sim um adicionar de relaxamento, conforto e descontração. Para isso é preciso adequar essa nova atividade ao caminho suave (literalmente, judô) ou ao Tao, sábio conhecimento chinês oriundo das tradições xamânicas muito antigas daquela região asiática.
Significa utilizar esses novos conhecimentos com parcimônia, de modo equilibrado e como algo que trará perspectivas positivas para a nossa visão de mundo em formação ou já estabelecida. Mas que pode engrandecer a experiência pessoal e social com horizontes revalidados e reestruturados proveitosamente.
Nesse sentido, a labuta diária pode – e deve – ser encarada com otimismo, contentamento e boa disposição. Temos que criar nosso próprio ritmo natural e adequarmos às necessidades do cotidiano, os nossos propósitos; criando vínculos sociais e metas pessoais saudavelmente, sinceramente e sabiamente. Paz e luz.
Sabemos que o ritmo acelerado e frenético das grandes cidades e o correspondente cotidiano de trabalho e compromissos não deixa espaço para muita reflexão e, quem dirá, ajuste desse dia-a-dia num ritmo mais suave. No passado, bem antes da Revolução Industrial, o fluir dos movimentos da natureza era observado pelo homem e, em contrapartida, havia vivacidade e sobriedade no semblante, na atitude e na vida espiritual da grande parte das pessoas daquelas épocas remotas. Hoje, diz-se que o homem contemporâneo passou a considerar “normal” navegar em um mar de problemas todos os dias de sua existência. As mudanças, em todos os níveis de sociedade e relacionamentos, nos tornaram pessoas frias, fleumáticas – a fleuma inglesa – ou pessoas emotivas, vulneráveis – a depressão e outras doenças – em muitos aspectos. Mas a balança dessa conta pode estar também se modificando novamente.
Nos anos 1960 e 1970, vários segmentos de espiritualidades orientais ou de estudos orientalistas trouxeram à baila o Tao e o Zen no ocidente. Décadas depois houve um boom da alimentação saudável, da ginástica e da boa forma nos anos 1980 e 1990. Mais recentemente a física quântica veio à tona com conceitos revolucionários.
O que de valioso tiramos dessas assimilações e absorções de ideais, valores e ideias que os antigos já conheciam efetivamente e que foram retomados pode nos mostrar nossa evolução ou pode nos trazer desequilíbrios. O ritmo natural de uma atividade é alcançado quando não temos um acréscimo de stress, de fadiga e de indisposição em nosso cotidiano e sim um adicionar de relaxamento, conforto e descontração. Para isso é preciso adequar essa nova atividade ao caminho suave (literalmente, judô) ou ao Tao, sábio conhecimento chinês oriundo das tradições xamânicas muito antigas daquela região asiática.
Significa utilizar esses novos conhecimentos com parcimônia, de modo equilibrado e como algo que trará perspectivas positivas para a nossa visão de mundo em formação ou já estabelecida. Mas que pode engrandecer a experiência pessoal e social com horizontes revalidados e reestruturados proveitosamente.
Nesse sentido, a labuta diária pode – e deve – ser encarada com otimismo, contentamento e boa disposição. Temos que criar nosso próprio ritmo natural e adequarmos às necessidades do cotidiano, os nossos propósitos; criando vínculos sociais e metas pessoais saudavelmente, sinceramente e sabiamente. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/o-ritmo-natural-por-mauricio-duarte/
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
O início e o fim
O início e o fim
Não existe fim nem começo na cosmogênese do universo. Só há a continuidade eterna. No ápice do início está, em semente, o germe do fim e no fundo do poço do final está guardada a pequenina luz de um novo amanhecer.
Tudo se move em ciclos cósmicos e são necessários vários ciclos cósmicos, verdadeiros milhões de kalpas, para que uma nova ronda de civilização tenha lugar em algum plano de existência. A nossa civilização não é a primeira e nem será a última a florescer nessa realidade planetária. Desse modo, podemos dizer, sob certo ponto de vista, que a evolução espiritual das nossas consciências é o nosso objetivo e que essa evolução não tem começo nem fim; é um devir que se quer eterno. Grandes avatares, como Shakyamuni, o Buda, decidiram por esperar a evolução da humanidade inteira para só depois entrar no reino dos Céus.
Buracos negros, quasares, nebulosas, pulsares e supernovas demonstram o quanto é vasto e infinitamente perfeito o nosso universo. Tal dança cósmica do eterno é uma prova de que não é possível a imobilidade. Tudo está em constante mudança e o movimento é o único fator constante nessa alquimia universal; a própria mudança. Por esse motivo, talvez, devêssemos lembrar que nossos problemas são, no máximo, preocupações passageiras e que nada, nada mesmo, irá continuar o mesmo para sempre. Aliás, há um ditado que diz: “É preciso mudar muito para permanecer o mesmo.” Essa dicotomia da frase anterior corrobora com a nossa breve digressão sobre o início e o fim, haja vista que, é fato: as mudanças e os movimentos da nossa realidade natural levam a um estado geral de coisas harmônico e, embora multifacetada, multitudinária e pluridimensional, exibe em sua constante evolução uma dinâmica uma e sempre bela, boa e verdadeira. Portanto, em suas grandes modificações, o universo permanece, num certo sentido, sempre no mesmo ritmo. Quero dizer com isso que, saltos existem na natureza, mas a dinâmica geral, mesmo desses saltos, percorre uma trajetória já determinada, ainda que não sendo gradual. Trocando em miúdos, tanto a iluminação pelo Yoga de Pantajali – gradual – quanto a iluminação pelo Tantra de Tilopa – em saltos – ocorrem e ambos obedecem a um ciclo natural de consciência ampliada.
Sendo assim, tenhamos pressa indo devagar e percorramos sinuosamente nosso caminho reto para sermos plenamente libertos de Maya. O nosso lugar de direito no cosmos estará sempre nos aguardando, demore o tempo que demorar para nos lembrarmos dessa verdade. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/o-inicio-e-o-fim-por-mauricio-duarte/
sábado, 13 de agosto de 2016
VOZES QUE CALAM . poesia
Divulgação do livro VOZES QUE CALAM . poesia de minha autoria na Revista Divulga Escritor no. 21 de agosto/setembro:
https://issuu.com/smc5/docs/divulga_escritor_ed._21/c/smxbdnm
https://issuu.com/smc5/docs/divulga_escritor_ed._21/c/smxbdnm
sábado, 6 de agosto de 2016
Lançamento do livro VOZES QUE CALAM (poesia)
Na sexta-feira retrasada, dia 29 de julho foi lançado o livro VOZES QUE CALAM . poesia de minha autoria na FASG em São Gonçalo - RJ. O livro faz parte da coleção Sementes Líricas da Editora Literacidade.
Leitura de poemas do livro VOZES QUE CALAM de minha autoria, durante o lançamento do mesmo, hoje na FASG.
Livro da Silvia Savalla com minha dedicatória, hoje na FASG no lançamento do livro de poesia VOZES QUE CALAM de minha autoria.
Hoje na FASG no lançamento do livro de poesia VOZES QUE CALAM de minha autoria. Na foto, Silvia Savalla e eu.
Leitura do livro de poesia VOZES QUE CALAM, de minha autoria, durante o lançamento do mesmo, hoje na FASG. Na foto, Alysson Savalla e eu.
Hoje na FASG no lançamento do livro de poesia VOZES QUE CALAM de minha autoria. Na foto, Silvia Savalla e eu.
Leitura dos poemas do livro VOZES QUE CALAM de minha autoria no lançamento do mesmo, hoje na FASG.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Ideais elevados
Leia o novo texto da minha Coluna no Divulga Escritor:
Ideais elevados
Moralistas inveterados – não qualquer moralista – ou pessoas muito heroicas – não qualquer herói – podem dizer que ideais, valores e anseios elevados são a base da justiça, da liberdade e até da própria vida. Por outro lado, grandes filósofos – não qualquer filósofo – ou sábios iluminados – não qualquer sábio – podem dizer que um ideal tem a capacidade de tirar o presente da vivência, nos levando ao passado ou ao futuro e, portanto, é ruim por si só.
Na Idade Média o ideal do homem era Deus e Deus era a medida de todas as coisas. Naquela época o feudalismo gerenciava vassalos e senhores feudais para extrair da sociedade vigente uma harmonia. Mas veio, como não poderia deixar de vir, o novo e, com ele, a burguesia e os seus novos valores de liberdade e individualidade. O liberalismo nasceu para dar legitimidade ao capital e fazer dele a pedra de toque de um novo mundo. Nesse ínterim o homem passou a ser o modelo de todas as coisas e enriquecer não era mais visto como pecado ou com reprovação.
Ideais, valores e ideias transformam-se, mudam com o contexto histórico, com as relações da sociedade e com as circunstâncias geopolíticas. É preciso ter mente que um ideal serve de base para metas e objetivos de alguém, mas até certo ponto. Se esse ideal nos tolhe, tirando a nossa naturalidade e espontaneidade, é melhor que abandonemos esse horizonte por mais elevado que seja. Porque nenhuma civilização por mais evoluída que tivesse sido – ao menos na história dita conhecida, salvo os habitantes da Atlântida e da Lemúria, por exemplo – tem como pressuposto uma evolução aos níveis de iluminação e consciência ampliada de avatar. A multidão nunca reivindica seu papel divino – e às vezes nem o humano, que corresponde à cidadania plena – e sua evolução por direito.
Por esse mesmo motivo, um ideal sendo muito elevado, não pode deixar de ser deturpado em muitas perspectivas e de se tornar uma aberração em muitos sentidos quando é abraçado pela multidão. A verdade é um fenômeno que só acontece aos indivíduos. A massa nunca chega à verdade.
Não quero dizer com isso que seja errado seguir um ideal ou trazer um ideal na mente e no coração como suporte para transcendência. Mas que esse ideal não molde uma estrutura rígida demais ou permissiva demais em nossa alma e em nossas ações, é fundamental.
Afinal, são os ideais que movem as forças produtivas de mudanças ao longo da história e são eles que nos possibilitam nos apoderarmos do nosso destino e nos fazermos seres humanos plenos. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/ideais-elevados-por-mauricio-duarte/
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Entrevista à Ceiça Carvalho do Arca Literária
Entrevista minha à Ceiça Carvalho do Arca Literária (27/07/2016).
http://www.arcaliteraria.com.br/30746/
http://www.arcaliteraria.com.br/30746/
1. Fale-nos um pouco de você.
Eu sou um meditador. Tanto no sentido que nós, no ocidente temos; meditar sobre um determinado assunto ou sobre um tema, quanto no sentido oriental: esvaziar a mente de pensamentos e conectar-se com o amor divino. O enlevo é que traz as coisas celestes e esse enlevo pode vir pela arte, pela literatura, tanto quanto pela oração e pela meditação. Só no enlevo podemos fazer a escolha certa, a escolha pela evolução espiritual. Escolha que é livre, tem que ser livre, nunca por coação. Como neossanyasin e católico eu me utilizo da arte e da poesia para atingir o enlevo, dentre outros objetivos, como a reflexão, o pensamento crítico ou apenas a fruição estética. Acesse meu blog: Arte para enlevo . http://www.arteparaenlevo.blogspot.com.br . Leio muito e gosto de futebol e vôlei. Adoro traduzir textos antigos sobre espiritualidade do inglês para o português. A sensualidade feminina me fascina muito. Gosto de ouvir música clássica, rock e new age.
2. O que vc fazia/faz além de escrever? De onde veio a inspiração para a escrita?
Sou artista visual e ilustrador, além de designer gráfico e web designer por formação. Trabalho com poesia, contos e romance como escritor e também estou cursando a pós-graduação em Docência do Ensino Superior para me dedicar ao ensino. A inspiração para a escrita veio pela coleção de história-em-quadrinhos de super-heróis na minha infância e juventude, primeiramente. E também por algumas experiências em romance na minha adolescência no colégio em concurso e depois por conta própria. Os jogos de RPG (Role Playing Game) e a atividade como anarquista – um período mais ou menos recente da minha vida que já passou – também me levaram a escrever.
3. Qual a melhor coisa em escrever?
Trazer à realidade os mundos e universos interiores, colocando para fora sentimentos, pensamentos, reflexões e meditações a respeito da vida e do cotidiano. Escrever é manter viva a conexão com todo o arcabouço histórico e literário do imaginário da nossa identidade como povo brasileiro e como cidadão cosmopolita que a globalização, embora tão nociva e destruidora em inúmeros aspectos, também permite, sob outros pontos de vista.
4. Você tem um cantinho especial para escrever?
Escrevo normalmente na mesa da sala de estar, da minha casa, embora eu tenha um espaço reservado e separado na área de entrada junto com o computador com mesa de desenho e pintura, junto com livros e materiais diversos. A foto que eu envio é da mesa da sala de estar.

5. Qual seu gênero literário? Já tentou passear em outros gêneros?
Como poeta me situo num eu lírico em versos livres, geralmente. Gosto do romantismo e do expressionismo, trafegando por essas vertentes, bem como pela poesia social e espiritualista. Gosto de Carlos Drummond de Andrade, nosso mestre maior. Em contos e romances passo pelo inusitado e pelo insólito, bem como pelo texto simples e direto, espiritualizado e envolvente. Gosto de Paulo Coelho, por exemplo. Já escrevi ficção científica em contos e em prosa poética, que não é meu gênero literário favorito.
6. Fale-nos um pouco sobre seu(s) livro(s). Onde encontra inspiração para título e nomes dos personagens?
VOZES QUE CALAM é o resultado da minha seleção no Concurso da Editora Literacidade com a Coleção Sementes Líricas. Esse livro é composto por poemas de pequeno número de versos e bastante concisos com temas muito variados, mas com uma linha condutora nas vozes que muitas vezes se calam ou que calam outrem; vozes enfáticas e contundentes ou abafadas e sufocadas. São as vozes mais necessárias.
OS ARCANOS é proveniente do Desafios dos Escritores, programa do Núcleo de Literatura de Brasília que eu participei pela internet. O livro narra a aventura de um dia de vida do devoto caminhante Nonato Cardoso dos Santos que larga a esposa e o filho para ir até Juazeiro do Norte. Nessa cidade comemorava-se a procissão de Nossa Senhora das Candeias e a saga de Nonato por meio de visões e acontecimentos sobrenaturais o leva à santidade nesse dia.
A inspiração para títulos e nomes dos personagens vem de dois aspectos que levo em consideração: pesquisa; em relação ao tema proposto e à sonoridade do título ou do nome e evocação pessoal; ao que me remete aquela frase, palavra ou nome.

7. Qual tipo de pesquisa você faz para criar o “universo” do livro?
Pesquiso ambientes, lugares e estilos de época relativas à história do romance que estou fazendo ou contos. Pesquiso uma linha norteadora de visão do mundo para poesia. Muitas vezes, começo um texto “pela metade”; quero dizer que começo num diálogo ou no meio do poema ou num acontecimento no meio da história e daí, racionalizo e componho o final e depois o início, ou ao contrário, primeiro o início e depois o final. Portanto, a minha pesquisa vai sendo direcionada, de acordo também, com esse recorte da criação.
8. Você se inspira em algum autor ou livros para escrever?
Inspiro-me muito em Paulo Coelho que é inclusive meu patrono na Academia Virtual de Letras, que eu participo na internet. Alexei Bueno e Cecilia Meireles na poesia. Também gosto muito da linguagem seca de Graciliano Ramos. Com relação aos livros que me marcaram: Frankenstein de Mary Shelley , Macunaíma de Mário de Andrade, o Pequeno Príncipe e Meu Pé de Laranja Lima; esses dois últimos que sempre esqueço de citar.
9. Você já teve dificuldade em publicar algum livro? Teve algum livro que não conseguiu ser publicado?
Minhas publicações são todas sob demanda no Clube de Autores. Somente esse ano, finalmente, consegui publicar de forma convencional pela Editora Literacidade, meu primeiro livro de poemas com ISBN, ficha catalográfica, tudo pronto, a partir do Concurso dessa Editora do Pará, capitaneada pelo grande Abílio Pacheco. Antes disso, procurei e recebi várias propostas para publicação de editoras pequenas e médias, mas não pude acertar com nenhuma delas por impedimento financeiro, já que essas editoras precisavam que eu bancasse totalmente ou parcialmente a publicação.
10. O que você acha do novo cenário da literatura nacional?
A geração que estreou em livro nas primeiras décadas do nosso século XXI é muito diversificada. Gosto do Lourenço Mutarelli e do Michel Melamed. Mas tem muitos outros. E são todos muito bons. 2/3 da população brasileira é analfabeto funcional, só 15% da população entre 20 e 60 anos de idade tem curso superior. Vivemos um abismo social. Nesse contexto vejo com bons olhos o nosso literário atual. Poderia ser melhor, mas não é ruim. Já tive uma opinião muito diversa dessa. Acho que o tempo vai passando e a gente vai percebendo que nada é tão ruim que não possa piorar e nada é tão bom que não possa melhorar (risos). Enfim, é a realidade, temos que aceitar.
11. Recentemente surgiram vários pessoas lançando livros nacionais, uns são muito bons, outros nem tanto, outros são até desesperadores, o que você acha sobre este boom?

A facilidade e a difusão da internet permitem uma ampliação do conhecimento nunca antes vista. Tanto no sentido do conteúdo do que se escreve e do como se escreve quanto na editoração e na publicação desses escritos. Todos tem voz e vez. Isso é positivo, no meu entender. Tem mercado suficiente, ao menos potencialmente, para o kitsch, para o misticismo barato e para obras de grande valor literário. Tem literatura para todos os gostos, tanto para o leitor médio quanto para o leitor sofisticado. Já fui muito mais crítico do que hoje sobre esse assunto. Dizem que é a idade, a gente vai amadurecendo (risos) e aceitando certas realidades.
12. Qual sua opinião sobre os preços elevados dos livros nacionais?
Se você pensar que a educação, um bem universal, é tratado como mercadoria ou semi-mercadoria na nossa atualidade, podemos perceber que não há preocupação com a cultura, de maneira nenhuma. Na verdade, os preços dos livros nacionais refletem essa opção pela elite que o Brasil está fazendo. Hoje, não sou de direita nem de esquerda, sou de centro, sou centrista, mas é inegável que a política neoliberal tem aumentado a exclusão social grandemente.
13. Qual livro você falaria: “queria ter tido esta ideia”?
O Vencedor está só de Paulo Coelho. É um livro que foge um pouco do padrão do autor. Ele narra o mundo do show bussiness, das celebridades e dos grandes negócios de forma espetacular.
14. Se tivesse que escolher uma trilha sonora para seus livros qual seria?
Fire de Kitaro, Esse tal de Roque Enrow de Rita Lee e Persuassion de Santana
15. Já leu algum livro que tenha considerado “o livro de sua vida”?
Frankenstein de Mary Shelley. É um livro aterrador e impressionante como está tão atual e novo, a cada dia que passa. O cientificismo e a tecnociência ameaçam nos levar a um mundo sem ética nem valores e a criar monstros se não estivermos atentos.
16. Você tem novos projetos em mente? Se sim, pode falar sobre eles?
Gostaria de manter segredo sobre o que estou planejando, mas posso adiantar que estou trabalhando em contos e num romance, mas sem nenhuma perspectiva de término ainda. Fora isso, participarei de muitas coletâneas de poesia brevemente.
17. Você acompanha as críticas feitas por blogueiros nas redes sociais? O que você acha sobre isso?
Os blogueiros tem muito a contribuir para o nosso cenário literário e efetivamente o fazem. Gosto de alguns blogs, mas raramente acompanho.
18. Se pudesse escolher um leitor para seu livro (escritor, alguém que admire) quem seria?
Gostaria que o Lourenço Mutarelli lesse um livro de minha autoria. Gosto muito dos quadrinhos dele.
19. Qual a maior alegria para um escritor?
A maior alegria, sem dúvida, é ser lido. Cada vez que um leitor(a) se emociona com o que o escritor(a) colocou no papel, ou na tela, é um novo alento para que continue seu trabalho. Para mim, em particular, é uma vitória dupla porque minha formação é muito mais visual do que literária, mas talvez por causa disso mesmo, eu tenha enveredado pela literatura. Se eu tivesse feito uma formação em Letras, teria ficado nas artes visuais, somente, contrariamente, não sei. A imagem hoje domina e não tem como escapar.
20. Deixe uma mensagem a nossos leitores e para aqueles que estejam iniciando no mundo da escrita literária.
Agradeço a oportunidade à Ceiça e à Arca Literária de falar sobre meu trabalho. A mensagem que eu deixo é: Leia sempre e aprenda sempre. Não tenha medo de errar quando estiver escrevendo. Só no erro se acerta. E não tenha pressa de publicar. Tudo tem seu tempo. Publicar só para dizer que publicou não quer dizer nada. Tenha em mente que o bom texto aparece ao deixarmos fluir nosso imaginário mais íntimo, mais visceral e isso leva tempo. Acredite que o trabalho do escritor é 99% de transpiração e 1% de inspiração. Trabalhe sempre.
sábado, 16 de julho de 2016
Identidades irreconhecíveis
Leia o novo texto da minha Coluna no Divulga Escritor . Identidades irreconhecíveis .
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/identidades-irreconheciveis-por-mauricio-duarte/
Identidades irreconhecíveis
Se eu não me reconheço no outro, no próximo, não me reconheço na minha própria pessoa também. Partindo dessa premissa, podemos colocar alguns pontos de concordância e divergência quanto a esse “reconhecimento”.
Quando um estrangeiro vem nos interpelar a respeito de uma característica cultural ou linguística específica inexistente em sua própria língua ou cultura, precisamos nos utilizar de aproximações. Se a palavra “saudade” não existe em língua inglesa, usamos algo próximo a “I miss you”, Te perdi ou “homesickness”, nostalgia. Ambas as expressões são toscas nesse sentido, dirão muitos e, não correspondem à realidade da nossa “saudade” nem dão conta do que ela seja. Mas é um começo...
Assim também ocorre quando estamos num abismo social entre uma classe e outra do nosso abrangente e amplo espectro nacional. Para alguém inserido num contexto de violência extremada cotidianamente – numa favela dominada pelo tráfico de drogas, por exemplo – falar em momento de descontração não é a mesma coisa que falar dessa “descontração” para alguém num contexto de vida dito pequeno-burguês de classe média alta – num apartamento de condomínio fechado, por exemplo. Para a primeira pessoa a descontração ou tranquilidade pode vir com uma catarse; num baile funk ou ouvindo um rap, ou ainda numa alegria momentânea do gol em estádio de jogo de futebol. Para a segunda pessoa a descontração ou tranquilidade pode vir na audição de uma rádio que transmita música clássica – são poucas hoje em dia – ou mesmo nas práticas de yoga ou meditação. Não vai aí nenhum juízo de valor. Ocorre que são momentos distintos, nenhum melhor nem pior do que o outro, mas são distintos.
A catarse exigida para uma vida dedicada a uma atividade intelectual e com relativa baixa taxa de stress oriunda de violência física imediata é uma. E a catarse requerida por uma vida pautada em regras rígidas de controle necessárias ao trabalho repetitivo e alienante e a uma exposição à violência física imediata todo dia, ininterruptamente, é outra.
Em geral, a violência que vivemos é “democrática”. Hoje em dia, todos temos que conviver com esse cenário de terror de um modo ou de outro, nas grandes cidades, periferias ou regiões adjacentes aos grandes centros. Mas há algo que nos une, além da violência, aspecto negativo por excelência. A nossa humanidade, aspecto positivo por excelência. Somos humanos e vivemos, melhor ou pior, da forma que podemos, em nosso cotidiano, absorvendo ou rejeitando os problemas que nos são apresentados. Resolvendo ou deixando em aberto nossas diferenças, diversidades, o certo é que mais cedo ou mais tarde, tais “diferenças”, “diversidades” ou como queiramos chamar o abismo social que cria tantas especulações nas ciências sociais e filosofia desde Émile Durkheim até Zigmunt Bauman e até muito antes, com Platão e Confúcio, irão nos tornar presa fácil dos totalitarismos e fascismos de ideologias repressivas quando baixarmos a guarda da eterna vigilância que é o preço da liberdade, como já foi dito um sem número de vezes.
Estejamos seguros e fortes tanto para salvaguardar nossas individualidades quanto para ampliar nosso entendimento e compreensão do outro, do próximo. Só assim poderemos garantir liberdades, autonomias e identidades próprias de um povo que vive a democracia. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/identidades-irreconheciveis-por-mauricio-duarte/
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Meu Patrono Visto por Mim
Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18
Meu Patrono Visto por Mim
Nesse texto pretendo frisar os
livros de Paulo Coelho que mais me marcaram através de rápidas observações que
pontuo. São eles:
. O Monte Cinco
. Veronika decide morrer
. Nas margens do Rio Piedra eu sentei e chorei
. O vencedor está só
O Monte Cinco é quase um relato bíblico
e me recordo que comecei a lê-lo ao mesmo tempo em que lia também, o Evangelho
Segundo Jesus Cristo do Saramago. Como
eu consegui conciliar as duas leituras não me lembro. O livro me trouxe em detalhes à época do
Profeta Elias e sua vida em torno do Divino Pai, do Divino Filho e do Divino
Espírito Santo. Para uma boa Lectio
Divina (leitura orante da Bíblia) nada melhor do que essa história; fora isso,
trata-se de uma grande narrativa, lindamente contada.
Veronika decide morrer narra as
desventuras de uma moça que tenta o suicídio e é internada numa clínica
psiquiátrica por causa disso. Um livro
muito intrigante que eu adorei, apesar de mexer um bocado comigo. Sinto como se fosse hoje, mesmo tendo passado
muito tempo de o ter lido, o frio na barriga cada vez que eu retomava a
leitura. Como em todos, ou na maioria
dos seus livros, o autor traça inúmeras passagens espiritualistas ou de
espiritualidade ao longo da trama.
Nas margens do Rio Piedra eu sentei e
chorei é sobre a aventura amorosa de um devoto católico que está prestes a
se ordenar padre na igreja católica e uma moça que o encontra na Europa depois
de anos sem se verem. Os dois se
apaixonam e ambos terão que fazer escolhas cruciais em suas vidas. Quando li esse livro pela primeira vez foi um exemplar emprestado da
minha mãe e eu lembro que me impressionou muito a linguagem simples e direta
que caracteriza o texto do Paulo Coelho.
O vencedor está só narra a saga de um
dia no show bussiness e nos grandes negócios das elites em Cannes, onde top
models, candidatas a atrizes, atrizes de verdade, atores famosos e atores nem
tão famosos, empresários, estilistas e um assassino em série estão presentes
num thriller de muita emoção, mas de contemplação espiritual também, como não
poderia deixar de ser em se tratando de uma obra de Paulo Coelho. Quando li o livro que ganhei de presente dos
meus pais, num aniversário meu, senti a mesma sensação gostosa da leitura rápida
e fluída pela cabeça, enquanto eu lia O Alquimista, muitos anos antes.
Deixo o link do vídeo em que o
autor descreve momentos de criação e como eles ocorrem na vida de um
escritor. O vídeo está em inglês. https://youtu.be/vKBOKLF3Ul8
Observação: Esse vídeo é
disponibilizado no blog oficial do autor: http://paulocoelhoblog.com/
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Por que a Flip está mais chata do que cagar de terno?
A
última mesa da FLIP, a Feira Literária de Paraty, terminou com gritos
de “Fora Temer”. A notícia pode ser encontrada reverberada rapidamente
no Google em jornais de esquerda como El País, Folha, Brasil 247, Fórum e Agência Petroleira de Notícias (sic).
última mesa da FLIP, a Feira Literária de Paraty, terminou com gritos
de “Fora Temer”. A notícia pode ser encontrada reverberada rapidamente
no Google em jornais de esquerda como El País, Folha, Brasil 247, Fórum e Agência Petroleira de Notícias (sic).
Em se tratando de notas sobre
literatura, é necessário pedir escusas pela obviedade literária que vai
acima. Falando de escritores (ou da classe artística, letrada ou
intelectual brasileira), é redudante, tautológico e pleonásmico afirmar
que mais de um deles freqüentou o mesmo ambiente e começou a gritar
babuinamente: “Fora Temer! Fora Temer!”
literatura, é necessário pedir escusas pela obviedade literária que vai
acima. Falando de escritores (ou da classe artística, letrada ou
intelectual brasileira), é redudante, tautológico e pleonásmico afirmar
que mais de um deles freqüentou o mesmo ambiente e começou a gritar
babuinamente: “Fora Temer! Fora Temer!”
Qualquer um no país hoje sabe que se
dois jornalistas forem ao banheiro juntos, em 2 minutos estarão
gritando: “Fora Temer!”. Se mais de dois músicos se juntarem para fazer
uma jam, depois do segundo acorde já virá um “Fora Temer”. Se
um painel com dois escritores para comentar a conjuntura política
nacional for feito no Rio Grande do Sul ou no Acre, o resultado será
pouco mais do que berros histéricos de “Fora Temer!”. Se for na FLIP,
que deveria reunir os maiores escritores do mundo, o resultado só será
diferente por toda a rouanetosfera esperar Karl Ove
Knausgård terminar sua apresentação para iniciar o “Fora Temer! Fora
Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer!”
dois jornalistas forem ao banheiro juntos, em 2 minutos estarão
gritando: “Fora Temer!”. Se mais de dois músicos se juntarem para fazer
uma jam, depois do segundo acorde já virá um “Fora Temer”. Se
um painel com dois escritores para comentar a conjuntura política
nacional for feito no Rio Grande do Sul ou no Acre, o resultado será
pouco mais do que berros histéricos de “Fora Temer!”. Se for na FLIP,
que deveria reunir os maiores escritores do mundo, o resultado só será
diferente por toda a rouanetosfera esperar Karl Ove
Knausgård terminar sua apresentação para iniciar o “Fora Temer! Fora
Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer!”
A maldição de nossa época é a própria
crença de que nossa época é algo a ser louvado por si, uma época das
épocas, a super-época – finalmente estaríamos “na nossa época”, como se
fosse melhor do que todas as outras épocas. É o credo chamado modernismo,
ideologia que chama tudo o que não seja ela própria de ideologia. A
superioridade da moda sobre a tradição, a glorificação do que está vivo
como elevado a tudo aquilo que mereceu luto por ter morrido.
crença de que nossa época é algo a ser louvado por si, uma época das
épocas, a super-época – finalmente estaríamos “na nossa época”, como se
fosse melhor do que todas as outras épocas. É o credo chamado modernismo,
ideologia que chama tudo o que não seja ela própria de ideologia. A
superioridade da moda sobre a tradição, a glorificação do que está vivo
como elevado a tudo aquilo que mereceu luto por ter morrido.
Uma das marcas do modernismo no Brasil,
com todos os defeitos do modernismo, besuntado em caipirismo e
macaqueação barata, foi o poema Poética, de Manuel Bandeira, que versa:
com todos os defeitos do modernismo, besuntado em caipirismo e
macaqueação barata, foi o poema Poética, de Manuel Bandeira, que versa:
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Qualquer brasileiro já foi julgado,
condenado e torturado pelo crime de ser brasileiro a ler estas
malfadadas na escola para entender o que é modernismo (não vai muito
além disso). A seita modernista, “antropofágica”, umbigocêntrica e
masturbatória como sói, acabou devorando-se a si própria: hoje, ali na
FLIP 2016, é o lirismo funcionário público com livro de ponto espediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Ou, no caso, à sra.
Dilma Vana Rousseff e sua capacidade de dar lei Rouanet pra quem não
venderia livro nem com miçanga grátis em feira hippie.
condenado e torturado pelo crime de ser brasileiro a ler estas
malfadadas na escola para entender o que é modernismo (não vai muito
além disso). A seita modernista, “antropofágica”, umbigocêntrica e
masturbatória como sói, acabou devorando-se a si própria: hoje, ali na
FLIP 2016, é o lirismo funcionário público com livro de ponto espediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Ou, no caso, à sra.
Dilma Vana Rousseff e sua capacidade de dar lei Rouanet pra quem não
venderia livro nem com miçanga grátis em feira hippie.
Pedindo novamente escusas, não averiguei se os escritores (nem averiguei quem são
os escritores) vociferando “Fora Temer!” na FLIP apóiam a Lei Rouanet.
Mas aposto que, perguntados sobre a crise desgraçada da literatura
brasileira, que não produz mais um escritor digno de um
Guimarães Rosa ou Lima Barreto, obtemperarão de pronto: “Quêêê?
Maaaagina que a literatura brasileira tá uma porra, nós somos excelentes, mas se a literatura,
e não nós, escritores que a produzem, está pior do que encoxar a mãe no
tanque, tudo o que precisa é entupir o rabo dos escritores de Lei
Rouanet para fomentar a cultura, amém, Dilma, afinal, se os
leitores não lêem nossos livros, que são perfeitos, pra ficar chuchu
beleza só precisa é o governo obrigá-los a pagar nossa vida de luxo
burguês pra gente poder morar no Leblon e passar férias em Paris sem
precisar vender livro, que aí a literatura estará salva!”.
os escritores) vociferando “Fora Temer!” na FLIP apóiam a Lei Rouanet.
Mas aposto que, perguntados sobre a crise desgraçada da literatura
brasileira, que não produz mais um escritor digno de um
Guimarães Rosa ou Lima Barreto, obtemperarão de pronto: “Quêêê?
Maaaagina que a literatura brasileira tá uma porra, nós somos excelentes, mas se a literatura,
e não nós, escritores que a produzem, está pior do que encoxar a mãe no
tanque, tudo o que precisa é entupir o rabo dos escritores de Lei
Rouanet para fomentar a cultura, amém, Dilma, afinal, se os
leitores não lêem nossos livros, que são perfeitos, pra ficar chuchu
beleza só precisa é o governo obrigá-los a pagar nossa vida de luxo
burguês pra gente poder morar no Leblon e passar férias em Paris sem
precisar vender livro, que aí a literatura estará salva!”.
Alguém aí aposta 2 reais contra?
Literatura política
Tem alguma coisa mais cacete do que política? Não inventaram a literatura para estarmos num nível mais alto, que engloba
a política e a explica sob auspícios de uma visão maior, ao invés de
deixar que as bajulações e lambeção de bolas oficiais determinem nossa
metafísica?
a política e a explica sob auspícios de uma visão maior, ao invés de
deixar que as bajulações e lambeção de bolas oficiais determinem nossa
metafísica?
Como já bem observou Olavo de Carvalho,
talvez o Brasil seja o único país do mundo cuja literatura não reflete
nada da realidade do país. Qualquer país subdesenvolvido na África, Ásia
ou Oriente Médio tem mais chance de Nobel por ter uma literatura que
reflita os problemas atuais das pessoas, da crise moral ao terrorismo.
Bola de feno passando na FLIP.
talvez o Brasil seja o único país do mundo cuja literatura não reflete
nada da realidade do país. Qualquer país subdesenvolvido na África, Ásia
ou Oriente Médio tem mais chance de Nobel por ter uma literatura que
reflita os problemas atuais das pessoas, da crise moral ao terrorismo.
Bola de feno passando na FLIP.
No Bananão, toda a literatura está até
hoje falando da ditadura militar, com personagens mais rasos do que
carcaça de planária. Nenhum personagem com conflito interno: a feminista
desiludida, o esquerdista buscando novos conceitos depois da corrupção
do PT, o pobre cuja vida não consiga ser explicada pela sociologia de
Vila Madalena.
hoje falando da ditadura militar, com personagens mais rasos do que
carcaça de planária. Nenhum personagem com conflito interno: a feminista
desiludida, o esquerdista buscando novos conceitos depois da corrupção
do PT, o pobre cuja vida não consiga ser explicada pela sociologia de
Vila Madalena.
A política reflete uma realidade: apesar de criar novos fatos a partir disso, torna-se mero esquematismo e flatus vocis se tenta criar fatos nihil ad rem. E hoje escritor faz política, e não literatura.
As
grandes obras literárias apreciadas pela bolha flipista são como novela
da Globo: se o mocinho progressista não vencer as trevas representadas
por sua avó e o tripé mulher-negro-homossexual não passar pela Jornada do Herói
de vítima social a reconhecido pela elite, o livro imediatamente é
tachado de machista, racista e homofóbico, concluindo-se, portanto, que é
fascista.
grandes obras literárias apreciadas pela bolha flipista são como novela
da Globo: se o mocinho progressista não vencer as trevas representadas
por sua avó e o tripé mulher-negro-homossexual não passar pela Jornada do Herói
de vítima social a reconhecido pela elite, o livro imediatamente é
tachado de machista, racista e homofóbico, concluindo-se, portanto, que é
fascista.
Os maiores escritores do Brasil a
fazerem literatura, e não pastiche de propaganda do PT com norte moral
de Globo News e Folha de S. Paulo, como Alexandre Soares Silva, Karleno Bocarro ou Rodrigo Duarte Garcia
foram convidados pela FLIP? Ou só vale a cabala das “causas sociais” e
pobre-feminismo-ditadura que substituiu a fase em que literatura
brasileira só falava de mato, sertão e índio?
fazerem literatura, e não pastiche de propaganda do PT com norte moral
de Globo News e Folha de S. Paulo, como Alexandre Soares Silva, Karleno Bocarro ou Rodrigo Duarte Garcia
foram convidados pela FLIP? Ou só vale a cabala das “causas sociais” e
pobre-feminismo-ditadura que substituiu a fase em que literatura
brasileira só falava de mato, sertão e índio?
Críticos literários brilhantes como Rodrigo Gurgel ou Martim Vasques da Cunha são chamados a fazer crítica literária, ou só vale a troca de afagos entre confrades da camarilha? Tem alguma coisa a ser defendida na literatura brasileira que mereça aplausos numa FLIP sem ser por política e amizade com os poderosos da indústria cultural nacional – e, via de regra, estatal?
Quando o editor da Record, maior editora
do Brasil, Carlos Andreazza, comentou que seus escritores eram
boicotados pela FLIP, a direção da festa literária acusou-o de
corporativismo. Para quem é corporativista, só se pode pensar por esta
clave: crer que os outros é que querem usar o poder de monopólio para
defender sua claque, quando apenas a própria FLIP faz isso e o que
Carlos Andreazza achava mais interessante era justamente o contrário:
ter várias idéias, e não uma só.
do Brasil, Carlos Andreazza, comentou que seus escritores eram
boicotados pela FLIP, a direção da festa literária acusou-o de
corporativismo. Para quem é corporativista, só se pode pensar por esta
clave: crer que os outros é que querem usar o poder de monopólio para
defender sua claque, quando apenas a própria FLIP faz isso e o que
Carlos Andreazza achava mais interessante era justamente o contrário:
ter várias idéias, e não uma só.
Tudo no país se tornou puxadinho do PT. A FLIP não seria exceção.
Ficção e realidade
Há, claro, uma explicação simples para
um país continental desinteressar-se quase de todo pela literatura, com
todos os pensantes e falantes da nação preferindo os jornais e o
noticiário a tentar encarar meia hora de um romance brasileiro.
um país continental desinteressar-se quase de todo pela literatura, com
todos os pensantes e falantes da nação preferindo os jornais e o
noticiário a tentar encarar meia hora de um romance brasileiro.
Vejamos o caso da ararinha, que Fábio Pegrucci narrou com presteza:
Em 1977, num episódio que marcou a
história de Brasília, um menino de 13 anos caiu no recinto das ariranhas
no jardim zoológico da cidade, sendo imediatamente atacado pelos
animais que, pra quem não sabe, são ferocíssimos.Um militar, de nome Sílvio Hollenbach,
que passeava por ali com a família, ao ouvir os gritos por socorro,
pulou no fosso e salvou o garoto; contudo, foi puxado por uma perna por
um dos animais, sendo em seguida atacado por vários deles, até que
funcionários do zoológico finalmente chegassem para resgatá-lo.O garoto foi hospitalizado e recebeu
alta em poucos dias. Porém, lacerado por mais de cem mordidas, Sílvio
Hollenbach morreu por infecção generalizada, três dias depois.“Tenente Sílvio Delmar Hollenbach” hoje é
o nome oficial do Jardim Zoológico de Brasília, em homenagem ao herói; é
nome de ruas e escolas em várias cidades; também dá nome ao auditório
do Hospital das Forças Armadas de Brasília, onde o militar servia à
época.Adilson Florêncio da Costa é o nome do
menino salvo por Sílvio; hoje, trinta e nove anos depois, Adilson foi
preso pela Polícia Federal.Ex-diretor do Postalis – o fundo de
pensão dos funcionários dos Correios -, Adilson é acusado no
envolvimento em fraudes que resultaram em prejuízos de 90 milhões ao
fundo, numa intrincada tramoia que inclui a criação de uma empresa de
fachada destinada a assumir o controle de universidades falidas para,
através delas, captar recursos para supostamente recuperar as
instituições de ensino.Segundo investigações da PF (deem um
Google e vocês, se tiverem curiosidade e paciência, vão entender), o
fundo Postalis, e também o fundo Petros, da Petrobras, foram os únicos
que investiram pesadamente o dinheiro da aposentadoria de seus
funcionários em títulos emitidos pela empresa gestora das universidades –
e (surpresa!) o dinheiro sumiu, as universidades faliram, o preju ficou
todo com os funcionários das estatais.Ainda segundo investigações, os
destinatários principais da rapinagem seriam o senador Renan Calheiros
(PMDB – AL), a campanha derrotada ao governo do Estado do Rio de Janeiro
de Lindbergh Farias (PT – RJ) e o ex-sindicalista, ex-ministro de Dilma
Rousseff e deputado federal Luiz Sérgio (PT – RJ).A PF come pelas beiradas, enquadrando
primeiro os bandidinhos pé-rapados, porque os bandidões – pra variar –
têm foro privilegiado. Mas, em breve, tudo isso vai estar nas manchetes
dos principais jornais.É uma PUTA história, que começa com ariranhas enfurecidas e termina com ladrões de aposentadorias presos: merece um filme!
Ah, a propósito: a família do herói Sílvio Demar Holenbach aguarda há 33 anos por um singelo “obrigado” da família do então menino Adilson Florêncio da Costa.
Tem como alguma ficção romanceada dos escritorezinhos brasileiros concorrer com histórias como essa?
Convenhamos: a Lava Jato vale mais do
que muita série hollywoodiana (House of Cards?! Puff!!), um Eduardo
Cunha, um Jair Bolsonaro, uma Sara Winter, um José Dirceu são
personagens muito mais ricos e complexos do que 99% dos personagens de
toda a nossa literatura.
que muita série hollywoodiana (House of Cards?! Puff!!), um Eduardo
Cunha, um Jair Bolsonaro, uma Sara Winter, um José Dirceu são
personagens muito mais ricos e complexos do que 99% dos personagens de
toda a nossa literatura.
Que dirá a concorrência com os
“livros-reportagens” de jornalistas da Folha “debatendo” entre a Ave
Maria e o amém na FLIP, com seus relatos de viagens pela Síria, para
mostrar que não entendem lhufas do conflito, mas vêem um monte de gente
pobre matando outro monte de gente pobre e passam a escrever sobre como é
tudo “muito mais complexo do que dizem por aí” e ganham resenhas de
seus cupinchas no caderno de Cultura afirmando que “o livro levanta mais
dúvidas a cada página” já que até na análise da realidade os escritores
brasileiros não consegue sair de si mesmo.
“livros-reportagens” de jornalistas da Folha “debatendo” entre a Ave
Maria e o amém na FLIP, com seus relatos de viagens pela Síria, para
mostrar que não entendem lhufas do conflito, mas vêem um monte de gente
pobre matando outro monte de gente pobre e passam a escrever sobre como é
tudo “muito mais complexo do que dizem por aí” e ganham resenhas de
seus cupinchas no caderno de Cultura afirmando que “o livro levanta mais
dúvidas a cada página” já que até na análise da realidade os escritores
brasileiros não consegue sair de si mesmo.
Alguma chance de isso tudo ser minimamente mais emocionante, interessante e agradável do
que o próprio movimento de xadrez do juiz Sérgio Moro? Do que o jogo de
delator delatando que quem ainda não foi preso comprou o silêncio para
não delatar quem poderia delatar ainda mais? Das notícias em moto perpetuo de
que homem de cabelo branco penteado para trás acusou outro homem de
cabelo branco penteado para trás de corrupção e afiançou que ele próprio
é inocente? Do que o chorume da feminista famosinha graças à Globo
promovendo feminismo xingando a Globo de golpista fascista? Como um
grupo de escritores gritando “Fora Temer” na FLIP quer ser mais lido do
que alguém que, digamos, escreva ou faça algo com mais do que 5
palavras-clichês?
que o próprio movimento de xadrez do juiz Sérgio Moro? Do que o jogo de
delator delatando que quem ainda não foi preso comprou o silêncio para
não delatar quem poderia delatar ainda mais? Das notícias em moto perpetuo de
que homem de cabelo branco penteado para trás acusou outro homem de
cabelo branco penteado para trás de corrupção e afiançou que ele próprio
é inocente? Do que o chorume da feminista famosinha graças à Globo
promovendo feminismo xingando a Globo de golpista fascista? Como um
grupo de escritores gritando “Fora Temer” na FLIP quer ser mais lido do
que alguém que, digamos, escreva ou faça algo com mais do que 5
palavras-clichês?
O Brasil, definitivamente, não é pra principiantes e amadores.
Por que a Flip está mais chata do que cagar de terno? – Senso Incomum
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