sexta-feira, 29 de abril de 2016

Quem está segurando quem?



Fiquei muito contente em receber o Certificado de 3o. lugar no Apogeu Poético, Tema Liberdade da Academia Virtual de Letras da qual faço parte.  É uma honra e um prazer.

Apogeu Poético
Tema: Liberdade
Modalidade: Moderno

Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18


Quem está segurando quem?

Você é livre, meu amigo...

Estão as amarras com você?
Estão realmente segurando
você e todos nós, com força?

Estão os problemas a nos
afligir de modo tão grande?
Estão e não nos deixam viver?

Você é livre, meu amigo...

Nós que estamos segurando
essas amarras e nós que as
prendemos, nosso esqueleto.

Nós que estamos nos prendendo
nesses problemas e não os
deixamos ir, morrendo sim.

Você é livre, meu amigo...

Estão as correntes nos pés?
Estão mesmo encarcerando
você, eu e nossos amigos?

Estão as mentiras prendendo?
Nossas almas presas em redes
de ilusão, aprisionamento?

Você é livre, meu amigo...

Nós que estamos agarrando
as correntes e não queremos
nos livrar delas, olhe e veja.

Nós que estamos amargurados
nessas mentiras e de modo
nenhum desejamos deixá-las.

Você é livre, meu amigo...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

terça-feira, 5 de abril de 2016

Pintura abstrata



Pintura abstrata
guache s/ papel telado 240 g/m2
20 x 28 cm
2016
R$ 250,00
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quinta-feira, 31 de março de 2016

3o. lugar no Apogeu Poético da AVL



Fiquei em 3o. lugar no Apogeu Poético de março de 2016 da Academia Virtual de Letras Antonio Aleixo da qual eu faço parte. Muito contente!
Academia Virtual de Letras
Apogeu Poético – Tema: Reflexão
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18
Máscaras
Tudo é máscara, homem!
Máscara rubra, do falso
e demagógico clamor
pelos mais necessitados...
Distorcido arremedo
de vontade poderosa,
mas sem força, sem caminho...
Máscara blue, muito azul
profundo, que busca a
verdade, inútil hoje.
Metas de justeza que
nunca chegam a contento,
naufragando, alto-mar...
Máscara amarelada,
escrúpulo diligente
que torna velhos, os jovens.
Insensatez travestida
de precaução, retirando
toda espontaneidade...
Tudo é máscara, homem!
Máscara violácea, ainda,
dos que se perdem por trás
de práticas aberrantes.
Góticos umbrais de umas
catedrais mortas a dizer
as mesmas e poucas frases...
Máscara verde, também,
de tantos que querem a
preservação, mas abusam.
Fazem escudo, balela
do discurso da Mãe Terra,
sugam dinheiro com Ongs...
Máscara branca da paz,
várias vezes enfocada,
tão pouco guardada dentro.
Pacíficos mares nunca
navegados e apenas
citados por hipócritas...
Tudo é máscara, homem!
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

terça-feira, 29 de março de 2016

Poemas premiados



Fiquei em 2o. lugar no 12o. Prêmio Nacional de Poesia - Cidade Ipatinga no âmbito do 14o. Circuito de Literatura do Clube de Escritores de Ipatinga . 2015
Os poemas do grupo denominado Distúrbios são esses:


A espera
Longe, muito longe,
está minha espera.
E é Afrodite
que espero e que
me espera doutro
lado do espelho...
Não é Alice que
já foi embora anos
atrás, minha infância.
Porém, a filosofia
estética insiste
em se esconder...
A arte não é mais
do que investimento.
E não há fé entre
os habitantes da Lua,
esses miseráveis da
espera do longe...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



A vida que não volta atrás
Vórtices em uníssono.
Cabeça de Saddam Hussein:
“a Mãe de todas as batalhas”,
com desenho do South Park...
Osama Bin Laden em vídeo
ameaçando o Ocidente,
as torres desabando por
controle remoto, não por aviões...
Vítimas da guerra suja,
refugiados em profusão.
O menino morto na praia.
Limites que não existem mais...
Rabi, cura-me, cura-me.
Cada um cuida do seu
rabinho, ninguém cuida da
vida que não volta atrás...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



O gongo da transcendência
Enquanto dobra o
Cabo da Boa Esperança,
o velho torna-se o 
jovem; sua é a alma
do mundo, não há
mais nada a perder.
Exemplo das inquietudes
de Loki, o deus da
mentira; a vida passa
com suas meias verdades
que nos trazem memórias
e apagam tudo de ruim.
Quanto mais distante,
mais bonito fica na
saudade de quem já
experimentou, a ferro
e fogo, todas as
mortes em vida.
O velho e o jovem
são e não são, estão
e não estão, sendo esse
o gongo da transcendência
que o Oriente tanto
preza e a gente despreza.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



Quando
Quando Galilei Galileu
foi condenado pela
audácia de pensar,
pôneis azuis e unicórnios brancos
não trotavam livres nas florestas...
Quando Joana D´Arc
foi queimada viva
na fogueira do poder,
as cabeças de elfos não
carregavam coroas douradas...
Quando Edward Snowden
é um exilado na Rússia, 
não há nem sombra de
valquírias que possam
fazer valer guerreiros na morte...
Quando Ahmed Mohamed
é algemado e preso
por levar um relógio digital
para a escola, nos EUA,
não há mais magia de alquimistas...
Quando nem silfos do ar,
nem ondinas do mar
se atrevem a dar as caras;
os poucos gnomos da terra e
salamandras do fogo já se foram...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



Vontades
Vestígios de ancestrais
são achados em algum lugar.
Os da Atlântida 
nunca são encontrados...
Especialmente hoje
estive taciturno,
mas não me pergunte porque...
Aquarelas são tão
bonitas quando
só insinuam...
Municípios arborizados
poderiam fazer parte
das cidades lunares...
Tudo isso são desejos
ou simples ansiedades,
que vem e vão, sem nexo...
Mas eu acredito que
minhas vontades serão
descartadas sim.
Ad infinitum...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

terça-feira, 1 de março de 2016

Página renovada no nosso Catálogo Online de Arte

Catálogo Online da Nossa Galeria de Arte - Página de Mauricio Duarte: Visite a minha página renovada no nosso Catálogo Online de Arte: seu espaço para apreciação e aquisição de arte. Novas peças de arte. Obrigado. Bem vindo(a).


domingo, 7 de fevereiro de 2016

Contemplando o próprio interior

Visite a minha Coluna no Divulga Escritor e leia o novo texto: Contemplando o próprio interior:



Contemplando o próprio interior


Nos últimos períodos históricos da nossa civilização foram desenvolvidas tecnologias que exploram ao máximo o exterior do homem em todos os aspectos, instâncias e graus. Porém não ocorreu o desenvolvimento paralelo ou concomitante das nossas dimensões psíquicas, emocionais, valorativas e éticas, nosso interior foi deixado de lado.
O resultado disso não poderia ser outro senão a criação de monstros como o cientificismo ou a normose, por exemplo.  No primeiro caso, é hipervalorizado o papel da ciência, sendo que o saber científico é considerado superior a todas as outras formas de conhecimento humano e compreensão humana da realidade como a religião, a filosofia metafísica, dentre outras.  Já a normose nos faz ajustados às normas, conceitos e padrões que nos trazem dor, sofrimento e angústia e que continuamos a praticar simplesmente porque “todo mundo faz”.
Para enfrentar esses monstros é preciso olhar para dentro.  Cultivar um mundo interior pode ser uma via de ressignificação e de tornar mais pleno nosso cotidiano.  Ouvir o coração, ouvir a mente, ouvir a alma e o espírito, enfim, pode realizar verdadeiras maravilhas por quem passa por dificuldades, sejam essas materiais, de doença física, psicológicas ou existenciais.
Nesse sentido, a divindade que existe na nossa fagulha interior pode nos guiar através dos nossos instintos a um caminho, seguindo uma tradição católica, evangélica, hindu, taoísta, xamânica, sufi ou até seguindo seus próprios pensamentos se você for agnóstico ou ateu.
Projetar nos outros, na situação econômica, política ou social a nossa felicidade não é aceitável.  Nossa felicidade está nas nossas mãos.  Temos que desenvolver o poder de compreender, aprender e crescer, que é muito diferente de, simplesmente, envelhecer e morrer.  As qualidades espirituais precisam florescer para que os dotes únicos e inatos de cada indivíduo venham dar vazão à sua consciência cósmica.
Desse modo, criar vínculos com os nossos semelhantes será fácil e melhorado em 100% de qualidade.  Porque antes teremos criado a sabedoria de ouvir a nós mesmos no mundo interior e nos respeitarmos como seres humanos plenos, vivos e autoconscientes.  Praticar essa sapiência no mundo exterior será apenas uma continuidade da nossa decisão e vontade interior.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/contemplando-o-proprio-interior-por-mauricio-duarte/

Projetos e mercados literários

Leia a Revista Divulga Escritor no. 18 e a minha participação especial com o texto Projetos e mercados literários.



Projetos e mercados literários

Quando em meados dos anos 1970, chegou-se à conclusão de que a interpretação do leitor era realmente importante no contexto da obra literária, a ponto de que “ser lido” completaria o livro e a atividade literária, isso foi uma verdadeira mudança.  Precisaríamos de uma mudança desse porte quando se fala de mercado literário, vendas de livros, editoras e livrarias.
Por que digo isso?  Porque o cenário literário de vendas tem se sustentado ultimamente com best-sellers e séries estrangeiras.  Se não for assim, pelo menos é o que parece, porque esses títulos sempre despontam com destaque nas prateleiras das megastores.  As livrarias menores seguem a mesma linha das megastores, investindo em títulos de grandes nomes internacionais, medalhões que sempre vendem.  Os novos escritores e as promessas tem que se contentar com posições subalternas dos seus livros que, muitas vezes, apenas compõem as estantes, mas não estão ali para serem vendidos realmente.
Para que essa realidade mudasse seria preciso que mudasse a cultura livreira e editorial no nosso país e no mundo.  Segundo Otto Maria Carpeux, “cultura é tudo aquilo que fica quando uma pessoa já esqueceu tudo o que aprendera.”  Se é verdade, podemos dizer que cultura é inerente ao nosso ser, que está além da simples acumulação de conhecimento.  E, desse modo, seria a atitude de perceber que o projeto editorial de democratização da literatura, de investimento na qualidade gráfica das obras, de focar num segmento e fazê-lo o mais expressivo possível do ponto de vista da variedade desse segmento, de estímulo à leitura de e-books ou de concentração nas boas traduções de estrangeiros e de aposta nos nomes brasileiros novos, poderão apontar caminhos para uma luz no fim do túnel.
Certamente nenhuma dessas mudanças podem ser implementadas se não houver um devido apoio governamental para os editores e livreiros e se tais fatores não forem pensados a longo prazo.  Também não será efetivo esse plano se não existir um fomento à formação de leitores novos com ajuda à criação de clubes de leitura e literários, à bibliotecas e centros culturais.
Recentemente a editora Cosac Naif entrou em falência, bem como a livraria Leonardo Da Vinci já havia entrado.  Sinais dos tempos?  Pode ser que tais malogros abram os olhos de quem forma opinião e de quem é responsável por políticas públicas relativas ao mercado editorial e livreiro no nosso país.  Esperemos que tempos melhores venham e nos façam esquecer essas perdas, cujas lacunas só podem ser preenchidas com projetos – editoriais e livreiros – de envergaduras semelhantes.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Como o esquerdismo está prejudicando a venda de HQs


superman2-570x251 

Por Darin Wagner [*]


Se assim como eu você é
um conservador, você leu cada vez menos HQs nos últimos 12 anos. Para
aqueles que sabem do que estou falando, a visita semanal ao jornaleiro
se tornou um exercício irritante ou um passeio monótono.
Abra
uma revista em quadrinhos do seu super-herói favorito da infância, na
esperança de reavivar aquela magia que você sentiu no passado e você
verá logo na seqüência de abertura se tratar de um desastre em uma
plataforma petrolífera. Você sabe o que vai ser dito de imediato e se
decepciona, seja pelo seu super-herói favorito de infância ou por algum
outro personagem para dar credibilidade à história. Você vira a página, e
com certeza, o seu super-herói favorito de infância resmunga sobre a
dependência de seu país do petróleo ou do quanto
a
perfuração de petróleo é inerentemente perigosa para o meio ambiente e
de como isso não vale a pena ou simplesmente murmura baixinho para si
mesmo sobre os males da indústria americana. É nessa hora que você põe
de volta a revista na prateleira e seu jornaleiro perde uma venda. (Soa
familiar?
O Dia Mais Claro Nº 3 continha um cenário semelhante com o Aquaman.)
Abra
outra revista em quadrinhos de uma equipe de super-heróis que você
costumava ler assiduamente na qual haja um membro da equipe que
compartilhe muitos dos mesmos pontos de vista sócio-político que você
têm, mas ele não é muito bem articulado (pelo design, posso lhe dizer) e
faz tudo errado (novamente, pelo projeto) e você percebe que ele é o
“idiota da equipe” precisamente
porque ele está ali supostamente para representá-lo. (Outro exemplo O Dia Mais Claro Nº 4 onde o Rapina [criação de Steve Ditko] diz ter destruído a juke box de um restaurante por ter tocado uma música do Dixie Chicks.
O Rapina foi criado para representar o conservadorismo durante a Guerra
do Vietnã, mas hoje ele é, aparentemente, um homem das cavernas
imprudente que não entende o conceito de conservadorismo a respeito dos
direitos de propriedade privada.) Então você coloca essa revista em
quadrinhos de volta na prateleira e caso não tenha ido embora até agora,
você tem certeza de que irá passar por pelo menos mais três
experiências como esta antes de encontrar uma história em quadrinhos de
super-herói que é, na melhor das hipóteses, menos politizada.
sh 05Vemos
isso o tempo todo, não é? A Canário Negro acabou de fazer um comentário
sobre a suposta insegurança das SUVs enquanto perseguia um bandido em
uma das páginas de
Birds Of Prey. Já a editora Marvel, nas páginas da Alpha Flight,
um canadense estaciona o carro em frente ao hidrante ao tentar votar e
ganha uma multa por isso. O homem acusa a policial (o alter ego de
Snowbird
) de supressão do direito ao voto e de estar “assediando os patriotas
que estão tentando mudar as coisas”… ao que ela responde “Por favor,
senhor.
Somos canadenses.”
Isso ainda se estende
dos quadrinhos para a animação. No episódio da série animada Liga da
Justiça “Paraíso Perdido,” O Superman e a Mulher-Maravilha estão
investigando um shopping center. A Mulher Maravilha olha para o interior
do shopping e compara-o a um templo. O Superman responde: “Sim, para
aqueles que veneram os seus cartões de crédito.” Agora, o que devemos
fazer com isso? O Superman claramente não tem grande estima por shopping
centers, no mínimo. (Isto é estranho, considerando que o personagem já
simbolizou algo chamado de “estilo de vida americano,” que foi
consagrado, entre outras coisas, pelo capitalismo.)
Mas voltando aos
quadrinhos. Óbvio que de forma individual este morde e assopra não é
algo que se possa ignorar… pois têm um efeito cumulativo. Eles nos
desgastam e, eventualmente, a emoção e magia dos super-heróis dos
quadrinhos deterioram-se pela irritação que nos causam. Isso ocorreu
cada vez mais ao longo dos últimos doze anos: As pessoas por trás das
cenas deixam suas posições políticas pessoais infectarem as histórias de
super-heróis, as quais em outro tempo já foram apolíticas e cujas
aventuras eram destinadas ao entretenimento de qualquer pessoa. Este fim
em si mesmo não seria tão ruim se não fossem sempre as mesmas opiniões
políticas repetidas ad nauseum.
Colocando de uma forma simples, as HQs de hoje exalam esquerdismo de uma forma gritante.
Uma coisa que aqueles
que discordam (a maioria dos quais invariavelmente autodenominam-se de
“progressistas”) irão dizer é que não há conservadorismo nas histórias
em quadrinhos porque os super-heróis são inerentemente
conservadores. Ao dizer isso, eles dão a entender que estão, de fato,
equilibrando o jogo ao colocar esses personagens a proferir com bastante
freqüência gracejos e adágios esquerdistas. Tenho de discordar disso. O
primeiro super-herói de quadrinhos, Superman, enfrentou a agenda
esquerdista nas suas primeiras histórias. O personagem só se tornou um
símbolo de autoridade jurídica posteriormente. A maioria dos
super-heróis, pode-se argumentar, são apolíticos em virtude da
capacidade do leitor de inserir sua própria visão política no personagem
quando o escritor não o tenha feito. Mesmo o Arqueiro Verde poderia ser
um personagem conservador, ao invés de um esquerdista como o conhecemos
desde Hard Traveling Heroes.
Flash_Green_Lantern_Brave_and_the_Bold_4Agora, você pode dizer: “Darin, obviamente você não sabe que o Arqueiro Verde é baseado em Robin Hood e como todo mundo sabe, Robin Hood roubava dos ricos para dar aos pobres. Ele seria um Black Bloc nos dias de hoje. “Bem, é assim que os esquerdistas vêem Robin Hood… mas se você analisar a fundo o Robin Hood
você descobrirá que o personagem devolvia ao povo o dinheiro que lhe
foi roubado pelo estado… então alguém poderia facilmente dizer que Robin Hood seria um Tea Partier nos dias atuais e, portanto, o Arqueiro Verde também poderia ser.
Gente, eu sei que os
quadrinhos são criados por artistas. Eu sei que os escritórios da Marvel
e da DC estão em Nova York. Percebi antes de começar a escrever este
artigo que pedir por conservadorismo autêntico nas histórias em
quadrinhos tanto da DC quanto da Marvel para combater os ataques
constantes, referências, sarcasmo e o estereótipo que impõe é como pedir
aos indigentes para deixar o lixo em paz. Eu entendi…
…mas para o bem da
indústria dos quadrinhos, a ascensão e hegemonia do sentimentalismo
esquerdista devem ter um fim e esse fim deve ser imediato.
Qualquer um sabe que
quando uma forma de entretenimento fica politizada, há um sério risco de
sua audiência cair no mínimo à metade. O público leitor de HQs tem
minguado progressivamente e está mais do que na hora da indústria levar
em consideração que grande parte do problema é o conteúdo. A situação se
agravou a tal ponto que alguns dos esquerdistas, com mente aberta, que
são leitores assíduos de HQs estão abandonando o hábito porque o que tem
ocorrido é óbvio. Sei que alguns de vocês irão objetar o que aqui foi
exposto com variações de “eu não vejo dessa forma” ou “esse cara está
trolando” ou “cale a boca.” Tudo bem, vá em frente e exerça seu direito…
mas isso não ajudará a indústria dos quadrinhos ou fazer o público se
expandir novamente.


[*] Darin Wagner. “How Liberalism May Be Hurting Comic Book Sales”. Bleeding Cool, 5 de Janeiro de 2012

Tradução: Rodrigo Carmo
Revisão: Flávio Ghett

fonte: Como o esquerdismo está prejudicando a venda de HQs – Tradutores de Direita

Como o esquerdismo está prejudicando a venda de HQs


superman2-570x251 

Por Darin Wagner [*]


Se assim como eu você é
um conservador, você leu cada vez menos HQs nos últimos 12 anos. Para
aqueles que sabem do que estou falando, a visita semanal ao jornaleiro
se tornou um exercício irritante ou um passeio monótono.
Abra
uma revista em quadrinhos do seu super-herói favorito da infância, na
esperança de reavivar aquela magia que você sentiu no passado e você
verá logo na seqüência de abertura se tratar de um desastre em uma
plataforma petrolífera. Você sabe o que vai ser dito de imediato e se
decepciona, seja pelo seu super-herói favorito de infância ou por algum
outro personagem para dar credibilidade à história. Você vira a página, e
com certeza, o seu super-herói favorito de infância resmunga sobre a
dependência de seu país do petróleo ou do quanto
a
perfuração de petróleo é inerentemente perigosa para o meio ambiente e
de como isso não vale a pena ou simplesmente murmura baixinho para si
mesmo sobre os males da indústria americana. É nessa hora que você põe
de volta a revista na prateleira e seu jornaleiro perde uma venda. (Soa
familiar?
O Dia Mais Claro Nº 3 continha um cenário semelhante com o Aquaman.)
Abra
outra revista em quadrinhos de uma equipe de super-heróis que você
costumava ler assiduamente na qual haja um membro da equipe que
compartilhe muitos dos mesmos pontos de vista sócio-político que você
têm, mas ele não é muito bem articulado (pelo design, posso lhe dizer) e
faz tudo errado (novamente, pelo projeto) e você percebe que ele é o
“idiota da equipe” precisamente
porque ele está ali supostamente para representá-lo. (Outro exemplo O Dia Mais Claro Nº 4 onde o Rapina [criação de Steve Ditko] diz ter destruído a juke box de um restaurante por ter tocado uma música do Dixie Chicks.
O Rapina foi criado para representar o conservadorismo durante a Guerra
do Vietnã, mas hoje ele é, aparentemente, um homem das cavernas
imprudente que não entende o conceito de conservadorismo a respeito dos
direitos de propriedade privada.) Então você coloca essa revista em
quadrinhos de volta na prateleira e caso não tenha ido embora até agora,
você tem certeza de que irá passar por pelo menos mais três
experiências como esta antes de encontrar uma história em quadrinhos de
super-herói que é, na melhor das hipóteses, menos politizada.
sh 05Vemos
isso o tempo todo, não é? A Canário Negro acabou de fazer um comentário
sobre a suposta insegurança das SUVs enquanto perseguia um bandido em
uma das páginas de
Birds Of Prey. Já a editora Marvel, nas páginas da Alpha Flight,
um canadense estaciona o carro em frente ao hidrante ao tentar votar e
ganha uma multa por isso. O homem acusa a policial (o alter ego de
Snowbird
) de supressão do direito ao voto e de estar “assediando os patriotas
que estão tentando mudar as coisas”… ao que ela responde “Por favor,
senhor.
Somos canadenses.”
Isso ainda se estende
dos quadrinhos para a animação. No episódio da série animada Liga da
Justiça “Paraíso Perdido,” O Superman e a Mulher-Maravilha estão
investigando um shopping center. A Mulher Maravilha olha para o interior
do shopping e compara-o a um templo. O Superman responde: “Sim, para
aqueles que veneram os seus cartões de crédito.” Agora, o que devemos
fazer com isso? O Superman claramente não tem grande estima por shopping
centers, no mínimo. (Isto é estranho, considerando que o personagem já
simbolizou algo chamado de “estilo de vida americano,” que foi
consagrado, entre outras coisas, pelo capitalismo.)
Mas voltando aos
quadrinhos. Óbvio que de forma individual este morde e assopra não é
algo que se possa ignorar… pois têm um efeito cumulativo. Eles nos
desgastam e, eventualmente, a emoção e magia dos super-heróis dos
quadrinhos deterioram-se pela irritação que nos causam. Isso ocorreu
cada vez mais ao longo dos últimos doze anos: As pessoas por trás das
cenas deixam suas posições políticas pessoais infectarem as histórias de
super-heróis, as quais em outro tempo já foram apolíticas e cujas
aventuras eram destinadas ao entretenimento de qualquer pessoa. Este fim
em si mesmo não seria tão ruim se não fossem sempre as mesmas opiniões
políticas repetidas ad nauseum.
Colocando de uma forma simples, as HQs de hoje exalam esquerdismo de uma forma gritante.
Uma coisa que aqueles
que discordam (a maioria dos quais invariavelmente autodenominam-se de
“progressistas”) irão dizer é que não há conservadorismo nas histórias
em quadrinhos porque os super-heróis são inerentemente
conservadores. Ao dizer isso, eles dão a entender que estão, de fato,
equilibrando o jogo ao colocar esses personagens a proferir com bastante
freqüência gracejos e adágios esquerdistas. Tenho de discordar disso. O
primeiro super-herói de quadrinhos, Superman, enfrentou a agenda
esquerdista nas suas primeiras histórias. O personagem só se tornou um
símbolo de autoridade jurídica posteriormente. A maioria dos
super-heróis, pode-se argumentar, são apolíticos em virtude da
capacidade do leitor de inserir sua própria visão política no personagem
quando o escritor não o tenha feito. Mesmo o Arqueiro Verde poderia ser
um personagem conservador, ao invés de um esquerdista como o conhecemos
desde Hard Traveling Heroes.
Flash_Green_Lantern_Brave_and_the_Bold_4Agora, você pode dizer: “Darin, obviamente você não sabe que o Arqueiro Verde é baseado em Robin Hood e como todo mundo sabe, Robin Hood roubava dos ricos para dar aos pobres. Ele seria um Black Bloc nos dias de hoje. “Bem, é assim que os esquerdistas vêem Robin Hood… mas se você analisar a fundo o Robin Hood
você descobrirá que o personagem devolvia ao povo o dinheiro que lhe
foi roubado pelo estado… então alguém poderia facilmente dizer que Robin Hood seria um Tea Partier nos dias atuais e, portanto, o Arqueiro Verde também poderia ser.
Gente, eu sei que os
quadrinhos são criados por artistas. Eu sei que os escritórios da Marvel
e da DC estão em Nova York. Percebi antes de começar a escrever este
artigo que pedir por conservadorismo autêntico nas histórias em
quadrinhos tanto da DC quanto da Marvel para combater os ataques
constantes, referências, sarcasmo e o estereótipo que impõe é como pedir
aos indigentes para deixar o lixo em paz. Eu entendi…
…mas para o bem da
indústria dos quadrinhos, a ascensão e hegemonia do sentimentalismo
esquerdista devem ter um fim e esse fim deve ser imediato.
Qualquer um sabe que
quando uma forma de entretenimento fica politizada, há um sério risco de
sua audiência cair no mínimo à metade. O público leitor de HQs tem
minguado progressivamente e está mais do que na hora da indústria levar
em consideração que grande parte do problema é o conteúdo. A situação se
agravou a tal ponto que alguns dos esquerdistas, com mente aberta, que
são leitores assíduos de HQs estão abandonando o hábito porque o que tem
ocorrido é óbvio. Sei que alguns de vocês irão objetar o que aqui foi
exposto com variações de “eu não vejo dessa forma” ou “esse cara está
trolando” ou “cale a boca.” Tudo bem, vá em frente e exerça seu direito…
mas isso não ajudará a indústria dos quadrinhos ou fazer o público se
expandir novamente.


[*] Darin Wagner. “How Liberalism May Be Hurting Comic Book Sales”. Bleeding Cool, 5 de Janeiro de 2012

Tradução: Rodrigo Carmo
Revisão: Flávio Ghett

fonte: Como o esquerdismo está prejudicando a venda de HQs – Tradutores de Direita

terça-feira, 24 de novembro de 2015

"Imagine", do John Lennon, é um lixo




Sejamos francos: tem algo naquela música que seja verdadeiramente bom, ou vamos continuar seguindo a modinha?








Há algumas “vacas sagradas” que ganham autoridade imediata no imaginário coletivo, esta coisa tão bem trabalhada pela sociologia, pelas Letras, pelo jornalismo.
Quando Ayrton Senna, no auge da fama,
ligou para Juca Kfouri, então diretor da revista Playboy, para tentar
impedir que algumas fotos de Adriane Galisteu, que já havia posado para a
revista, viessem a público e o Brasil inteiro conhecesse Galisteu
biblicamente junto ao tricampeão mundial de Fórmula 1, ouviu como
resposta:
– Ayrton, o Pelé, o dom Paulo Evaristo
Arns, o Chico Buarque e você não pedem favor. Vocês mandam! Vocês são as
únicas razões de alegria para o Brasil…
(história narrada no livro Ayrton: O herói revelado, de Ernesto Rodrigues)
Assim era Ayrton, assim foi Pelé, assim é
Chico Buarque (ou era, antes do fracasso do PT). Assim é, no mundo,
John Lennon. Não à toa, todos seres humanos pavorosos para quem os
conheceu de perto.
Considerado
por alguns idosos como o músico mais importante do mundo por ter sido o
líder dos Beatles, John Lennon tem sua validade dada como
inquestionável. E por que é inquestionável? Porque é líder dos Beatles. O
cara “mais famoso do que Jesus Cristo” vive dessa retroalimentação de
que todos devem “respeitar” os Beatles por serem grandes, e que são
grandes porque merecem respeito, sem que a humanidade pareça muito ávida
de escapar deste moto perpetuo das celebridades famosas por serem famosas.
Mas sejamos francos: sua música Imagine é um lixo. Bem, todas as suas músicas são, mas foquemos apenas em Imagine. E é ela que é tocada pra tudo quanto é lado assim que algo violento ocorre no mundo.
Foi tocada num piano em Paris. Foi
tocada por Eddie Vader e Coldplay em suas recentes apresentações. Deve
estar sendo tocada em tudo quanto é rádio e show de banda ruim que vive
de cobrar couvert de pessoas querendo almoçar e tendo de
enfrentar algum desafinado sem perícia técnica para ser borracheiro
gritando mais alto do que a voz normal das pessoas durante uma refeição.
Nem comentemos sua estrutura rítmica risível (só comparável ao “dó-ré, dó-ré, dó-ré-mi-fa” de Que país é esse?). Qualquer criança com meia hora de aula de piano é capaz de tocar Imagine
inteirinha sem erros, mas basta que seja o John Lennon para todos
dizerem: “Oh, mas é a música que marcou todo o mundo!”, como se Ai se eu te pego do Michel Teló não tivesse feito o mesmo décadas depois do rei do “iê-iê-iê”.
O problema é que, além de ser uma música “linda” apenas por repetir duas notas óbvias ad nauseam,
sua letra é, na mais franca das hipóteses, de uma masturbação mental
adolescente de matar de vergonha qualquer pessoa vacinada, alistada, com
alguma obrigação na vida e com contas a pagar.
E isto é considerado um “hino da paz”
por qualquer um que aja 102% do seu tempo em desacordo com a música (os
únicos que podem agir de acordo com ela são mendigos, hippies e
terroristas). Só por ser aquela música que diz “Imagine o mundo inteiro
vivendo em paz” para pessoas que se odeiam dançarem juntinhas fazendo
sinal de paz e amor se não precisarem conversar entre si, e apenas
repetir roboticamente o hino lobotomizado do sr. Lennon enquanto molham
as calcinhas.
Como a cena retratada por André Barcinski após o show de Paul McCartney em 2010: “E
quem, meia hora antes, cantava ‘Give Peace a Chance’, não mostra
escrúpulos em correr na frente de um casal de idosos para pegar a
primeira condução.”
South-Park-hippies 

Como já dissemos aqui, tais músicas ultra-populares, da dor-de-corno ao hip hop, da MPB à música de cópula e hedonismo grupal, são meras generalizações extremas.
Dizer: “Como seria lindo se todo mundo vivesse em paz” é generalizar o
mundo inteiro, como se todo mundo fosse concordar sempre, fosse se
tornar feliz forever, como se para a vida ser um mar de rosas
bastasse se encaixar no plano global de “paz e amor, bicho”. Como se não
houvesse mais vida a ser vivida, chegássemos no “fim da História” de
Hegel e Fukuyama,
como se a humanidade atingisse um plano global em que tudo se encaixa
perfeitamente, sem dialética interna, sem conflito algum, sem nada a
atrapalhar nossa felicidade. Como se virássemos meras engrenagens numa
grande máquina social.
Felizmente, a vida tem tristezas. Até o filme Divertidamente
sabe disso. Não é um mundo feito, uma existência sem aventura, sem
nenhum conflito entre vontade e responsabilidade. Não vivemos em uma
realidade em que basta dizer “Imagine um mundo sem ganância e fome” para
estarmos bem alimentados e a louça estar lavada e guardada.
Quem seguiu a regra desta musiquinha
soporífera, brega e analfabeta foram Stalin, Pol-Pot, Mao Zedong, Kim
Il-sung, Napoleão Bonaparte, Enver Hoxha, Nicolae Ceaușescu, Slobodan
Milošević, Adolf Hitler e toda sorte de totalitário genocida que pensou
que o mundo realmente ficaria lindo sem uma ordem religiosa, sem céu e
nem inferno, que não precisávamos mais desta coisa restritora que são
“países” (está vendo aquele monte de refugiados vindo no horizonte?),
que bastava abolir a propriedade privada e a religião para se criar a
“Irmandade dos homens” e “todas as pessoas viverem a vida em paz”.
Não lembro onde achei a imagem. Imagine um mundo sem direitos autorais?
Não lembro onde achei a imagem. Imagine um mundo sem direitos autorais?

É este o mundo “without possessions”.
Sem propriedade privada, você pode pegar tudo o que seu vizinho tem e
trabalhou para ter, e pronto. Todos vivem em paz. Talvez seu vizinho
fique meio irritado alguma hora e pare de trabalhar, mas sempre haverá
outro vizinho. E assim por diante. Até que todos estarão comendo casca
de árvore, como os camponeses sob o socialismo de propriedade coletiva
de Mao Zedong, que chegaram a morrer de fome na proporção de mais
de 5 milhões por ano. E quem não se lembra da fábrica do “de cada um
conforme suas habilidades, a cada um conforme suas necessidades” de Ayn
Rand em A Revolta de Atlas?
John Lennon desafia: “Imagine todas as
pessoas vivendo pelo dia de hoje”. Olha, é muito fácil imaginar: todo
mundo numa puta suruba, fumando pentelho, sem responsabilidade alguma,
chafurdando no próprio vômito, refastelando-se em gastar o mundo,
torrando indiscriminadamente tudo o que vê pela frente “sem
fronteiras”, como se a vida fosse uma grande república adolescente.
É o velho clichê: “Pra que levar a vida a sério, se você não vai sair vivo dela mesmo?” E a resposta é muito óbvia: porque eu preciso pagar as minhas contas.
Porque o dia de amanhã chega, e essa zona e cheiro de vômito de whisky e
a privada do banheiro entupida não vão se limpar sozinhas (já tentei
cantar Imagine para elas, o resultado foi nulo). Porque o
médico que vai te salvar de ter uma overdose de cocaína aspirada
analmente só consegue te salvar se ele próprio não tiver vivido apenas
para o dia de hoje ontem. Porque viver para o dia de hoje é o que
político faz todo santo dia com nossos impostos.
É exatamente o que Lennon prega com este
“Imagine todas as pessoas compartilhando todo o mundo”. Nunca ocorreu
alguém perguntar ao sr. João Lennon por que ele não compartilhou uma
porcaria dos royalties de suas musiquinhas com nosotros,
a humanidade rés-do-chão, o povo que pega ônibus e desce nas bocada, as
pessoas que vivem de algo mais do que cantar para multidões basbaques
desmioladas.
peace-love-world-peaceO
que John Lennon quer dizer é: “Imagine um mundo em que todos concordam
comigo”, e aí descreve seu paraíso na terra. Com as generalizações
gigantescas “all the people” e “the world”, Lennon faz mesmo com que todas as pessoas que o ouçam achem que a música é feita para cada um deles, pessoalmente. Esquecem-se
de que, fora de palavras lindas e sem sentido concreto como “a paz
mundial”, a pia de louça continua suja e alguém vai ter de lavá-la. Que
Lennon estava se lixando para nós. Que as pessoas são diferentes, e eu
quero a liberdade de ser diferente e discordar de você, do John Lennon,
do Chico Buarque ou do Evaristo Arns. E que eu quero vaca sagrada no
formato bife Angus ao ponto da casa, enquanto você caiu no papinho
vegetariano do Paul McCartney. E aí, como é que fica a paz e o live as one?
Aliás, por que Lennon prega este mundo
perfeito, em palavras abstratas e ocas, mas não conseguiu manter
relações de paz nem com outro pacifista mais chato do que cagar de
macacão, o senhor Paul McCartney? Não é curioso como nem Lennon consegue
seguir nem meia das suas frases, que prometem ser o hino de paz na
humanidade?
Discordar é um direito fundamental do homem. “The world live as one”,
como quer o sr. Lennon, é seguir um planejamento prévio de algum
totalitário querendo mandar nas minhas sinapses para não escapar de seu
esquematismo de “vida feliz para todo mundo”. Como se alguém pudesse
saber mais do que quero e do que me faz feliz do que eu mesmo (comecem
jogando essa música no esgoto). Como se as pessoas fossem parar de
empacar do lado esquerdo das escadas rolantes, ouvir funk no busão ou
votar no PT simplesmente se eu dissesse: “Imagine todos nós vivendo em
paz!”
Imagine um mundo em que você não tenha visto a BENGA do John Lennon
Imagine um mundo em que você não tenha visto a BENGA do John Lennon

Preencha o esquematismo oco (os velhos clichês que herdamos do Iluminismo)
de Lennon com alguma substância, como por exemplo o que você pensa, e
todo o seu delicado castelo de cartas volta a ser o que é: a repetição
no piano dos acordes dó e fá até alguém surtar e te dar um tiro. E nem
quis fazer referência ao que realmente aconteceu na vida de Lennon.
Também não é curioso como estes que
sempre pedem a paz têm as vidas mais longe da paz de uma velhinha que
faz bolo pros seus netinhos porque é 102% tradição, família e
propriedade privada? Lennon tentava passar a perna até nos seus
companheiros de banda, batia em mulher, chafurdava em heroína enquanto
ignorava os filhos (seu filho considerava McCartney mais pai do que
ele), era ególatra e mentiroso compulsivo, era um burguezinho que se
dizia proletário, dava dinheiro para os assassinos dos Black Panthers. Ou, como diz Imagine, “Nothing to kill or die for”.
Isto para não falar de quem realmente
agüentava Lennon, como sua porra-louquíssima Yoko Ono, capaz de, após
sessão de fotos e toda a pompa e circunstância de um mundo cheio de
posses e desigualdade entre seres humanos, pegar um microfone para
berrar por 2 minutos numa exposição de arte moderna para receber uma
carrada de aplausos por sua genialidade. Quem não ouviu, que ouça.
Preferencialmente se souber que só tem 2 minutos de vida: serão os 2
minutos mais longos de sua curta passagem por este Vale de Lágrimas:
Hoje muitos jovens de país que tiveram
os Beatles como referência adoram achar que a Inglaterra é o máximo por
ter nos dado os Beatles. Falta notar que tudo o que é bom na terra de
Sua Majestade era rejeitado pelos Beatles: monarquia, bons modos, civilidade aristocrática, gentileza tradicionalista dos gentlemen, o individualismo que permite a noção de fronteira da cultura anglo-saxã.
Lennon e seus maloqueiros de Liverpool
queriam bagunça, jeitinho, tratavam maconha como causa política,
adotavam qualquer religião (!) como verdade suprema, desde que fosse
exótica e cheirasse mal, eram hipócritas e davam sorrisos pela frente e
facada pelas costas, odiavam o capitalismo e enriqueciam por ele.
Queriam que a Inglaterra fosse exatamente como o Brasil, diga-se. É
melhor usar nossa bandeira para se referir aos Beatles, e não a gloriosa
cruz que representa as ilhas de nossa gloriosa Rainha.
iron maiden england 

Uma
infância muito mais saudável e uma noção de mundo muito melhor, mais
complexa e aventureira, está em quem buscou na Inglaterra outra
referência, como os conservadores e aristocráticos do Iron Maiden.
Estes sim sabem colocar Shakespeare, G. K. Chesterton, Samuel Taylor
Coleridge, Gaston Leroux, Edgar Allan Poe, Frank Herbert, William
Golding, Alfred Tennyson, John Wyndham e até um Aldous Huxley em suas
letras – além, é claro, da Bíblia.
Estes sabem que o homem possui bem e mal
dentro de si e que precisam enfrentá-los no mundo, e que sempre assim
será (é isso que reclamam nos “fanáticos obscurantistas religiosos”, sem
perceber que é desnecessário ser qualquer uma dessas coisas para saber
disso – apenas é impossível saber disso e ser de esquerda ao mesmo
tempo).
Estes são os bem-aventurados:
aqueles que têm uma aventura, uma missão diante de si. Que sabem que a
vida possui inimigos. Responsabilidades. Valores frágeis a serem
defendidos, que são muito mais facilmente destruídos do que
reconstruídos. Por isto são conservadores. Ao invés de crer que a vida é “living for today” e
criar um plano “sem propriedades e países” em que todos terão
completado a aventura do ser humano e vão apenas viver à base de maconha
e discursos genéricos no violão, tratam de tornar a dificuldade da vida
algo que faça sentido e tenha beleza, ao invés de negá-las em prol de “um mundo em que todo mundo concorda”.
A vida para o fã de Iron Maiden é
defender o bem. Para o beatlemaníaco, é fazer sarau e esperar que algum
trouxa pague as suas contas.
Pessoas que crescem ouvindo Iron Maiden
sabem da aventura que é viver. Pessoas que crescem tendo como
referências John Lennon, Beatles, Chico Buarque, Paulo Evaristo Arns e
Ayrton Senna crescem pedindo paz e tolerância e votando em defensores do
MST e do Estado Islâmico para cuidar dos obscurantistas. Ou viram
comentaristas de política achando que gritar “democracia” e “religião
pacífica” é a solução para o mundo. Prefira quem sabe o valor
inestimável que tem a aventura da vida.
Up the irons! \m/


Sobre Flavio Morgenstern
Flavio Morgenstern é analista político,
escritor e tradutor. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe
livre aos black blocs, as manifestações que tomaram as ruas do Brasil"
[http://bit.ly/1diPiPz]. Siga no Twitter: @flaviomorgen




fonte:

"Imagine", do John Lennon, é um lixo - Senso Incomum