Todos
nós já passamos por isso, principalmente na época escolar. Quantas vezes não
tivemos que ler um livro chato, enfadonho e indigesto somente por se tratar de
uma imposição de tarefa? Nem sempre estamos preparados para isso.
Acontece
também que nós precisamos desenvolver o nosso senso crítico e também de
interpretação. E isso se aprende somente em literaturas mais difíceis, como as
que nos são recomendadas desde a época da escola. E o aprendizado é uma
verdadeira pinça para desatar os nós do aprendizado obscuro.
A
partir do momento em que nos entregamos a um livro chato, temos dois dilemas:
um é tentar decifrar o que o autor quer nos contar com aquilo. O outro é como
que iremos conhecer o autor.
Cada
autor tem a sua forma de contar a sua história. É desta forma que um autor se
consagra, seja qual obra for. Isso faz uma grande diferença. As histórias
complexas nos estimulam no senso crítico e de aprendizado, e desta forma,
aprendemos a andar junto com o raciocínio do escritor.
Eu
já comentei certa vez de que não existe piada ruim e sim piada mal contada. No
caso dos livros também. Existem livros difíceis, mas se você se desenvolver,
irá descobrir coisas preciosas que jamais poderia imaginar que encontraria em
uma leitura cansativa.
Tudo
funciona como uma arte de escavar um terreno acidentado em busca de joias
brutas, porém preciosas com a devida lapidação. Então prepare a mente e
decifre. É hora de turbinar a sua imaginação.
Muitos
apreciam essa prática, mas honestamente não recomendo. O cérebro precisa estar
mais atento para absorver as informações, além de digerir o conteúdo, fazendo a
montagem e esboços do ambiente em que a leitura está lhe conduzindo. Uma mente
ocupada em diversas tarefas nem sempre vai lhe proporcionar uma boa viagem
literária. É claro que tudo isso é uma opinião pessoal.
Já
notou que muitas vezes o motorista diminui ou desliga o som enquanto está
querendo ler as placas na estrada durante a viagem? Sem contar também que
ficamos mais dispersos em conversar em uma festa com o som ligado.
Nem
sempre eu tenho o luxo de escrever com silêncio ambiente. Às vezes surgem
ideias e eu tenho que desenvolvê-las com som alto dos vizinhos, ou então com a
barulheira rotineira de casa ou do trabalho. Mas ainda assim, há uma grande
diferença do que quando estou trabalhando pela madrugada.
Se
ainda assim você não resiste em ter que escrever ou ler com música, experimente
então com músicas mais suaves e/ou instrumentais. Evite músicas altas e/ou
cantadas porque irão tirar a sua atenção.
No dia 9 de agosto de 2014, a SAL - Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo - participou e apoiou o Circuito Literário 2014 do grupo Recicla Leitores, realizado no Colégio Azevedo Lima, no bairro Paraíso, em São Gonçalo (RJ).
O evento teve participação de membros da SAL e uma banca de livros foi montada pela nossa Sociedade para a venda de obras de nossos autores associados.
A produção esteve nas mãos de Aline Lucas (Recicla Leitores) e Leo Vieira (SAL).
Esse
popular sistema que flagra as ações duvidosas de jogadores de futebol e também
dos cavalos na corrida também se aplica na literatura. Isso porque quando
escrevemos, nem sempre vamos acompanhar o andamento da história somente pela
ótica do narrador. Existem diversos personagens que estão em ação contínua
paralela com o protagonista. Neste caso, o autor deve ter atenção para não
deixar um determinado personagem no vácuo. Existem situações em que um
personagem simplesmente "dorme no ponto" e depois no momento decisivo
ele aparece do nada. Isso é incoerência literária.
Quando
for tirar o personagem de cena, o autor deve deixar subentendido o que ocorreu
fora de cena, seja como for. Os personagens inseridos devem estar em harmonia
como se fossem uma engrenagem. Isso deixa a história tão interessante e
sustentável quanto um enredo paralelo.
Como
treino, antes de escrever, desenvolva os enredos paralelos separadamente.
Depois, organize os argumentos, frisando em alguns personagens. E nunca deixe
de revisar.
Depois
de fazer o argumento e desenvolver pontos onde a trama se desenvolve, temos que
nos atentar nos detalhes dos cenários, para que possamos escrever sem nos
prender em uma provável pegadinha literária. Tome sempre muito cuidado para não
se emaranhar em um deslize na descrição dos locais. Muitos leitores fazem
"tira-teima" literário para detectar incoerências. E se eles forem
críticos literários, podem avaliar negativamente isso.
Não
se deixe levar no "vamos ver no que dá". Escrever um livro é coisa
séria. E o mapa faz parte do enredo.
Se
você ainda não escolheu o mapa definido para onde irá acontecer a sua história,
você então irá precisar desenvolvê-lo. A primeira forma é o rascunho, que seria
simplesmente o desenho.
Depois,
com os pontos soltos do mapa (norte, sul, leste, oeste) você agora precisa
preencher essas áreas vagas, assim como um colono irá desbravar uma terra
virgem.
Observe
o que você está fazendo. Uma história de sucesso dependeu de um grande esforço
acadêmico. Você está escrevendo para atrair bons leitores.
Rotas
também são muito importantes, principalmente se você for usá-las. Não faça um
personagem fugir para um local do nada. Já pensou você descrever uma rota e
futuramente o personagem passar por ela? É algo fantástico fazer o leitor ser
cúmplice disso.
Tudo
isso deve estar em constante ação na trama, como se fosse um compasso. Não
perca o ritmo quando começar a narrar por ela.
As
rotas de fuga são necessárias para cenas de confronto. Se o enredo pedir isso,
desenvolva antes no mapa.
Se
você usar pelo menos uma parte do que está ressaltado neste texto, o embalo de
sua história está garantido. Mãos à obra.
No dia 13 de março de 2014 o Conselho Nacional de Direitos da Criança e
do Adolescente aprovou, de forma unânime, a resolução nº 163 que
considera abusiva toda e qualquer publicidade e comunicação
mercadológica dirigidas às crianças.
A resolução é apoiada por muitos como uma forma de proteger as crianças
contra os abusos, mas, se for colocada na prática, vai ter resultados
muito mais amplos.
Legislações restritivas à publicidade infantil existem em outros países
do mundo. Na Suécia, por exemplo, estão proibidos os comerciais na TV
aberta. Países como Chile e Peru proíbem anúncios de determinados
alimentos e bebidas. Na Grécia, anúncios de brinquedos só podem ser
anunciados na TV aberta em horário adulto. No Irã, bonecos dos Simpsons e
da Barbie não podem ser comercializados ou anunciados. Mas esse é o
primeiro caso de proibição total e absoluta de qualquer tipo de
comunicação comercial voltada ao público infantil.
A resolução considera abusiva "a prática do direcionamento de
publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de
persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço".
Estão proibidos linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de
cores; trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de
criança; representação de criança; pessoas ou celebridades com apelo ao
público infantil; personagens ou apresentadores infantis; desenho
animado ou de animação; bonecos ou similares; promoção com distribuição
de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público
infantil; e promoção com competições ou jogos com apelo ao público
infantil.
A resolução define a 'comunicação mercadológica' como toda e qualquer
atividade de comunicação comercial, inclusive publicidade, para a
divulgação de produtos, serviços, marcas e empresas realizada, dentre
outros meios e lugares, em eventos, espaços públicos, páginas de
internet, canais televisivos, em qualquer horário, por meio de qualquer
suporte ou mídia, no interior de creches e das instituições escolares da
educação infantil e fundamental, inclusive em seus uniformes escolares
ou materiais didáticos, seja de produtos ou serviços relacionados à
infância ou relacionados ao público adolescente e adulto.
Ou seja: a legislação, na prática, proíbe qualquer comunicação voltada
às crianças. O maior prejudicado com a norma é, claro, Maurício de
Sousa. Muitos têm comemorado o fato de que ele não pode mais colocar
seus personagens em produtos infantis, como pacotes de maçãs.
Mas a legislação é tão ampla que afeta quase toda a produção nacional
destinada às crianças. As revistas em quadrinhos infantis, por exemplo,
dificilmente se sustentam sem publicidade. Produzir um gibi infantil é
um processo caro que quase nunca se paga apenas com as vendas de
revistas (até porque essas vendas se reduzem a cada ano). Da mesma
forma, os desenhos animados só são exibidos por causa da publicidade.
Não por acaso, as TVs abertas estão tirando desenhos animados de sua
programação. Há de se perguntar como ficarão os canais infantis da TV
por assinatura, até porque eles não poderão mais ser anunciados e também
não poderão mais exibir publicidade.
Na prática, a resolução joga uma pá de cal no mercado de desenhos
animados infantis, que vinha apresentando um crescimento invejável, com
personagens como Peixonauta e Turma da Mônica, e coloca em situação
difícil as revistas infantis nacionais, já que não é permitida nem mesmo
a publicidade das próprias publicações. Ou seja: a revista do Cebolinha
não pode mais anunciar o conteúdo da revista do Cascão. Pior ainda para
autores que queiram lançar gibis com personagens novos, que não poderão
ser divulgados. Nem mesmo a distribuição de brindes para as crianças
são mais permitidos. Na prática, Maurício de Sousa ainda está em uma
situação melhor do que outros quadrinistas que queiram lançar outras
publicações infantis. Nunca mais veremos o lançamento de outros gibis.
Mas essa é uma visão otimista. A legislação é tão ampla que, na prática,
pode proibir até mesmo as capas dos gibis infantis. Veja-se: a
legislação considera "'comunicação mercadológica' como toda e qualquer
atividade de comunicação comercial, inclusive publicidade, para a
divulgação de produtos, serviços, marcas e empresas realizada, dentre
outros meios e lugares, em eventos, espaços públicos, páginas de
internet, canais televisivos".
Todo manual de marketing explica que um dos elementos essenciais da
comunicação mercadológica é o merchandising, ou apelo no ponto de venda.
No caso das bancas de revista, o apelo comercial é feito através das
capas das revistas. Ou seja, sob qualquer aspecto, a capa de um gibi é
uma comunicação mercadológica. Se a norma realmente for seguida, os
editores de revistas infantis terão que se adaptar, uma vez que não
poderão mais exibir personagens nas capas de suas revistas. Uma solução
talvez seja vender as revistas lacradas, com tarjas escondendo os
personagens da mesma forma como hoje se faz com as revistas
pornográficas. Num mercado em que gibis vendem cada vez menos, a
resolução pode ser a pá de cal no mercado de quadrinhos nacionais.
Lendo a legislação lembrei do amigo desenhista Antonio Eder, que, mesmo
depois de adulto, ainda tinha o álbum de figurinhas do Palhaço Zequinha,
lançado pelo governo do Paraná no final dos anos 1970. O álbum era
gratuito e as figurinhas eram trocadas por notas fiscais. Um incentivo
para que a população exigisse notas fiscais que fez a alegria de muitas
crianças curitibanas. Pela nova legislação, a iniciativa seria ilegal,
uma vez que a norma proíbe a "promoção com distribuição de prêmios ou de
brindes colecionáveis".
Engana-se quem acha que o problema se restringe apenas aos quadrinhos
infantis. Como maioria das pessoas acha que todo gibi é para crianças,
toda a produção nacional pode ser afetada. Um exemplo: quando lancei o
meu livro "Grafipar, a editora que saiu do eixo", perguntei porque o
livro era vendido lacrado e com uma tarja avisando que se tratava de um
livro para adultos. No meu entender, o livro era obviamente para
adultos, até pela referência no subtítulo à produção erótica. "Tente
explicar isso a um juiz", respondeu um editor. "Se tem desenho na capa e
é quadrinhos, um pai pode achar que é para criança e nos processar. Já
aconteceu com outros livros semelhantes". Ou seja: provavelmente para os
"especialistas" do conselho, todo quadrinho é para criança e se encaixa
na norma, até porque uma das definições para isso é o uso de cores
chamativas.
No pior dos cenários, até mesmo as coleções de miniaturas de personagens
de quadrinhos (como os da Marvel e DC, que temos visto nas bancas)
ficam comprometidas. Explica-se: a legislação atual já proíbe vender em
banca de revista algo que não seja revista. Assim, quando se pretende
lançar algo do gênero, coloca-se uma revista junto, e diz-se que o
boneco é brinde para quem comprou a revista. Como agora brindes são
proibidos e como a maioria das pessoas vê quadrinhos como coisa
exclusivamente de crianças...
Uma legislação que coíba abusos na publicidade infantil seria bem vinda.
Mas a proibição total, com uma lei tão ampla que pode afetar até as
capas dos gibis nacionais interessaria a quem?
Em tempo, as citações entre aspas foram retiradas diretamente do site do
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente.
Em entrevista, Mônica de Sousa pede um debate mais racional sobre publicidade dirigida a crianças
por Thiago Herdy
Monica de Sousa, filha do cartunista Mauricio de Sousa, que
inspirou a personagem dos quadrinhos. Com ela, seus ‘amigos’ Cascão e
Magali - Marcos Alves
SÃO PAULO - A resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente que considera abusiva publicidade infantil é alvo de
elogios de alguns e críticas de outros, entre estes a filha de Mauricio
de Sousa.
O GLOBO: Qual é a relação da Turma da Mônica com a questão da infância?
MÔNICA
DE SOUSA: Nossa meta sempre foi trabalhar para o bem-estar da criança.
Passamos valores como amizade, respeito aos pais, aos mais velhos, uma
sociedade mais ou menos equiparada, onde todo mundo tenha pai e mãe
cuidando com carinho.
No que a resolução impacta o negócio de vocês?
A
resolução quer, de alguma maneira, sumir com todos os personagens
infantis. Estende-se a embalagens, que não podem ser coloridas, bonecos,
que não podem ter som... É muito radical. Podemos trabalhar em conjunto
com as instituições para chegar a um denominador comum. A sociedade
está consumindo mais, a doença do século é a obesidade, mas isso tem que
ser trabalhado com educação, não proibição.
Proibir não é o melhor para proteger a criança?
Se
você proíbe uma criança de ver alguma coisa, a está deixando mais
alienada. Ela tem que crescer e saber discernir entre certo e errado. A
família tem que passar isso. É simplista proibir comerciais de televisão
e personagens. Isso vem de uma sociedade que está com problema
emocional. Pais e mães estão substituindo o convívio por dar presentes.
Isso não é culpa da publicidade, e sim dessa sociedade, que está carente
dessa relação.
A resolução ajuda a lidar com o consumismo exagerado?
Empresas
deixaram de anunciar para crianças. Qual foi a consequência? Deixou de
existir o espaço infantil nas TVs abertas. quando se proíbe uma
publicidade dirigida à criança, esta não deixará de ver televisão e
vitrines, vai começar a consumir um produto que não é para ela, mas para
um adulto. Produtos voltados para crianças são mais bem preparados para
elas. Tiraram todo horário infantil da criança da TV, agora os canais
passam receitas.
É a publicidade infantil que garante programas infantis na TV?
Sim.
Refrigerante não anuncia mais para criança. Mas os comerciais dele são
vistos por elas. Esse tipo de resolução é tapar o sol com a peneira. Não
vai melhorar o que está acontecendo, o fato, que é a obesidade. Três
fatores fazem a criança comer demais: genético, emocional e exemplo da
família. Colocar o governo para proibir qualquer publicidade é muito
fácil. Educar é que é mais difícil.
As regras que já existem vão no caminho da resolução?
Existem
alguns abusos. Merchandising em programa infantil é absurdo. De alguma
maneira, você está colocando um ídolo ali dizendo que usa aquele
produto. Mas a Maurício de Sousa tem suas regras. A gente não tem
licenciamento de refrigerante e bala, porque mudou a sociedade. Faz 16
anos que trabalhamos com frutas no licenciamento. De alguma maneira,
estamos fazendo com que a mãe tenha a força do personagem para
incentivar a criança a experimentar frutas e verduras.
A resolução inviabiliza isso?
Tudo. Até a maçã não teremos mais, não pode ter personagem na embalagem.
Algo que promove a boa alimentação não estaria preservado?
Não,
porque não pode estar associado ao produto. Miram em uma caixa de
marimbondo e pegam todos os passarinhos em volta. Que empresa vai
licenciar produto para crianças, se vai ter que se defender o tempo
inteiro?
Qual é hoje a ética interna da Mauricio de Sousa Produções?
Os
personagens ilustram a embalagem, mas não testemunham sobre o produto. A
Mônica não fala “essa minha força vem em função disso!”, nunca fizemos
isso.
Por quê?
O Maurício proíbe falta de
ética, de maneira que desqualifique a criança. Meu pai, por exemplo, não
aceita nem ser júri de desenhos, porque não consegue dizer para uma
criança que o desenho dela não está bom. Meu pai é um artista. E quer
que a arte dele sobreviva a tudo isso.
Quando um personagem aparece em uma embalagem, ele apoia a compra do produto?
Ele não está fazendo com que (a criança) consuma, mas com que escolha aquele produto entre outros.
Isso não é usar uma relação que ela estabeleceu com o personagem em outro lugar, fora do mercado, para sugerir uma compra?
Não
é só isso. Tem o aval do Mauricio, que toma cuidado com quem fabrica o
produto dele. A gente se pergunta: você daria esse produto para seu
filho? Todo mundo quer licenciar, negamos a maioria. E com propostas
boas financeiramente.
O uso de personagens infantis em produtos para adultos é uma forma de se aproveitar da influência da criança na família?
A
criança já manda na família, está com força fenomenal. Eu não concordo
com isso, no meu tempo quem decidia eram a mãe e o pai. Não tem a ver
com o personagem, é o poder que a criança está tendo.
Anunciante se aproveita da vulnerabilidade da criança?
É
o contrário, a criança está percebendo a vulnerabilidade dos pais, sabe
o que quer vestir ou com o que quer brincar. Não vai deixar de
consumir, pois a família está consumindo.
O bombardeio mercadológico não contribui para este problema?
Com certeza.
Mas não é contra isso que a resolução quer atuar?
Nas
classes A e B há diminuição de obesidade e de consumo, porque se tem
mais informação. Por que não se faz a mesma coisa com o personagem? O
personagem promovendo educação familiar, educação de consumo, isso é
interessante. Vamos pegar essa força para isso também. Não destruindo os
personagens.
Na
escrita, o que deixa a obra especial é a verossimilhança. O autor precisa
convencer
o leitor na hora de contar a sua história. Para isso, ele precisa
ilustrar
as características do local, seja ele real ou fictício. Isso tudo depende
da
disposição do autor e com o foco que ele pretende ter. Exemplo: se a obra for
de aspecto mais jornalístico, como um suspense de detetives, uma boa
alternativa é focar em um ambiente verídico, como um ponto turístico. Mas o que
fazer se o autor não conhece? Simples; pesquisa. Um autor precisa ler e estudar
muito. Tudo dependerá de sua força de vontade e criatividade. E nesses momentos
vale de acordo com seu interesse. Inclusive, pesquisar com guias turísticos as
mais preciosas curiosidades.
Agora,
se o seu enredo beira mais na literatura fantástica ou então livro infantil,
é
sempre bom criar algo. Pense no tipo de bairro e cidade ideal para fazer morada
aos seus personagens. Pense, desenvolva, desenhe, crie, sonhe e depois vá
acrescentando as características. Aos poucos, a história vai toda fluindo
junto.
Serão
esses endereços especiais que darão toda profundidade e sustento para todas as
suas obras.
Todos
sabemos que o mercado editorial vem crescendo progressivamente, com altos
índices de vendas no país. Porém sabemos que isso em nada vem afetando
positivamente para o lado dos escritores. O que vem crescendo junto com as
vendas são o número de publicações e também de editoras. Somos um país que
possui mais editoras do que livrarias.
Nesse
ritmo, as editoras por demanda surgiram aos montes. São centenas delas que
estão pela internet com o anúncio em letras garrafais "Publique o seu
livro". É uma ótima oportunidade para quem é leigo no assunto, mas o
cliente tem que tomar cuidado para não ter prejuízo em seu investimento
literário.
Indo
nesse embalo mercadológico, agora tenho notado editoras
"estrangeiras" por demanda oferecendo serviços editoriais e
demonstrando pseudo-interesse nas obras dos clientes. Isso eu já venho notado
há alguns anos, e está preocupando tanto quanto a pertinência em escrever sobre
o assunto.
O
registro do livro só é válido no país em que é feito. Você precisa registrar o
livro lá fora também para que tenha os direitos reservados. Se fosse assim, a
Disney, o Mauricio de Sousa, a Marvel e outras produtoras não teriam esse
engajamento através de seus escritórios multinacionais.
Entregar
livro para editora estrangeira é o mesmo que entregar a chave do banco para o
Al Capone.
É
ingenuidade acreditar que um país estrangeiro irá se interessar por um livro
desconhecido.
Lembre-se que o "Aventuras de Pi" é um plágio descarado de um livro
nacional.
Continuem
espertos e não queiram dar um passo maior que a perna na trilha editorial.
Tenham paciência que no momento certo, a oportunidade vai chegar.
Continuando sobre as dicas sobre encomenda de livro com uma editora por demanda, cuidado para não cair no conto do vigário de comprar um lote de 300 ou 500 exemplares somente por fazer você economizar duas ou três vezes menos.
Quando você encomenda um lote (pensando no provável lucro que terá com as vendas) você acaba adquirindo mais 3 problemas: o dinheiro que você não tinha pra gastar, o montante de vendas que você terá que fazer e o volume inútil de livros na sua casa que você precisa se livrar, antes que o mofo e as traças façam a festa.
É muito difícil alguém vender um lote de livros de uma vez. Daí, no embalo do desespero para que você se livre dele rápido, acaba vendendo a preço de banana ou então distribuindo pra um monte de gente que você nem mesmo conhece.
Encomende sempre uma quantidade menor (até 30 livros) e venda em lançamentos programados ou feirinhas culturais de sua cidade. Se você sentir confiança, vá aumentando as encomendas e investindo em novos títulos.
Há dois anos atrás, a agência de propaganda DM9 aportou no Rio. Para
se lançar, traduziu e aplicou uma campanha que já acontecia em outros
lugares do mundo: “Sim, eu sou.” Uma sentença afirmativa e poderosa pela
sua simplicidade. No caso, as frases eram sobre o estilo de vida
“carioca zona sul”. Traduzida para “Sim, eu sou carioca”, a campanha
estourou no Facebook. Dias depois, uma usuária lançou o “Sim, eu sou
niteroiense”, que também impactou os moradores da ex-capital fluminense.
Olhando as duas páginas, não foi muito difícil chegar à conclusão
óbvia: e por que não, São Gonçalo?
Se você mora na cidade do Rio, sabe
que nos últimos anos ficou muito mais fácil ser (ou dizer que é)
carioca. As olimpíadas deram um gás nesse sentimento que vinha perecendo
desde a inauguração de Brasília. Niterói também não ficou para trás.
Depois do bom trabalho de marketing dos últimos governos, somado à sua
inserção nas 10 cidades com melhor IDH do Brasil, teve reascendido seu
orgulho, ferido desde 1975, com a transferência da capital fluminense
para a cidade do Rio.
Já falei sobre o tal “Cinturão Fluminense” num outro post. Um “Rio paralelo” que existe dentro do estado, mas sem aquele status
que gera algum tipo de orgulho. Tirando o bordão “Uhul, Nova Iguaçu”,
popularizado pela participante Fani no longínquo Big Brother 2007, qual o
outro momento que você viu alguma cidade da região metropolitana
festejada dessa forma? Talvez nunca. Salvo na boca de um ou outro
político.
Quando pensei em fazer a página, já imaginava todas as piadas
prontas. Conheço meu povo. Muitas com razão. Sempre achei a palavra
“gonçalense” sonoramente estranha. Coisa minha? Sei lá. No passado, por
conta da qualidade dos hospitais, muita gente, como eu, nasceu em
Niterói. Fato que não ajuda na hora de falar “sou gonçalense”. A música
do Seu Jorge popularizou o apelido “São Gonça”, apesar de não ser comum
falar assim na cidade. Com tantos vieses, a frase da campanha foi “Sim,
eu sou de São Gonçalo”. Deu certo. Em uma semana, alguns mil já
participavam da página.
De lá pra cá, o SIM foi,
parou, serviu de inspiração para outras páginas, voltou e aos poucos
encontrou a sua real função. Hoje, a página tornou-se um bom caminho
para os estudos do que se pode chamar de “marketing de cidade”,
realçando o laço entre cidade e cidadão. Com a ajuda da população, já
fizemos pesquisas de comportamento; construímos o Alagamaps, um mapa com os alagamentos georreferenciados; fizemos ações de valorização dos bairros, com marcas conhecidas trocadas pelos nomes dos bairros; informativos sobre o que acontece no território; e um Instagram, com os melhores filtros e ângulos que deixam a cidade com outro olhar.
Tudo isso de forma colaborativa, como todos os livrinhos de marketing
sempre dizem que dá certo. Por fim, no último mês de 2013, lançamos o site simsaogoncalo.com.br,
que pretende ser um meio de propor soluções para a cidade. E quantos
reais custou? Quase nada, comparado à motivação e disposição empregada.
Sem cartões postais, nem pontos turísticos, ficou claro que o
importante na 16ª maior cidade do Brasil é aquilo que ela tem pra mais
de 1 milhão: gente. E nesses dois anos, foi essa gente que me ajudou a
descobrir a real vocação da cidade: o entretenimento, fruto da alegria
das pessoas.
Curiosamente, diante de tantas dificuldades, é a mesma
alegria que permeia as favelas, a baixada, entre outros vários pontos
desse território cortado pelo Paraíba do Sul. O objetivo é transformar o
“Sim São Gonçalo”
num piloto que resgate a boa vontade e a participação do cidadão nas
cidades fluminenses e, porquê não, nos “bairros-cidade” como Campo
Grande, Méier, Santa Cruz e Santíssimo. Afinal, o cliente precisa estar
satisfeito até mesmo quando o pagamento é compulsório, como são os
impostos.
Estou longe de ser um apaixonado pela cidade. Não tenho aquele
sentimento de pertencimento forte nem por Niterói, minha cidade natal,
nem por São Gonçalo, minha morada, e nem pelo Rio, ambiente de estudos e
trabalho. Na verdade, tenho aversão ao bairrismo que assola o ser
humano. Meu coração bate mesmo é pelo estado do Rio de Janeiro, pois sei
que as cidades são completamente dependentes entre si.
Contrariando as aspas da matéria, minha intenção está longe de atrair
turistas. Entretanto, deixar a cidade atraente é especialidade da casa.
Se esse processo vai dar certo ou não, eu não sei. Só sei que a cada
ano tem mais gente com um celular na mão. E assim está ficando difícil
contar historinha feliz em cima do palanque. Aliás, não esqueça: esse
ano é ano par.
Uma dica prática para fazer bonito na encomenda de livro com uma editora por demanda: quando solicitarem um orçamento, peçam sempre que esbocem também o valor de custo e o de venda. Já vi muita situação em que um livro de 100 páginas ficou no site por R$38 reais (!).
O que vai acontecer? O livro vai ficar no site somente como mostruário, porque ninguém vai querer comprar.
Daí, pra baratear, você terá que comprar um lote, mas isso é assunto para a próxima postagem.