sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Paulo Caldas

Paulo Caldas



Até que ponto o real é real mesmo ou é apenas um espelho de sonho no qual a verdade é um ponto de vista?  A ambiguidade dos nossos anseios nos trazem inquietações filosóficas e espirituais porque são dúplices e tríplices ou as inquietações filosóficas e espirituais nos trazem anseios ambíguos porque são dúplices e tríplices?  Paulo Caldas, exímio artesão das artes plásticas, propõe uma “flecha mensagem” que nos atinge no peito, no coração...
Como em René Magritte, para quem as ambiguidades de um quadro seu “vêm da sua natureza profundamente introspectiva e são a resposta de um pensativo observador para a vida superficial ao redor de si”, nas palavras de Edmond Swinglehurst, Paulo Caldas pensa o mundo filosófica e espiritualmente, tanto quanto ideológica e socialmente.  Suas influências, segundo suas próprias palavras, vêm mais do que leu e do que ouviu do que propriamente do que viu.  As leituras de Richard Bach (Fernão Capelo Gaivota, Longe é um lugar que não existe), Khalil Gibran (O Profeta), Hermann Hesse (Sidarta, O Lobo da Estepe), Jiddu Krishnamurti (Sobre a liberdade), Lobsang Rampa (A Terceira Visão) e Manoel de Barros (O livro das ignorãças) alimentaram e alimentam sua arte surrealista ao lado de Pink Floyd, Vangelis, Tom Jobim e Chico Buarque, na música.
Profundo conhecedor do desenho e das suas possibilidades, o artista leva o observador de suas obras às indagações e conjecturas sérias a respeito da sua existência com jogos extremamente elaborados de figura e fundo. Também se utiliza de formas que se transformam e se metamorfoseiam numa verdadeira dança imagética onde as cores têm o papel fundamental de atrair o espectador.
A viagem que M. C. Escher – um irmão e mestre para Caldas – realizou à Granada, na qual foi fortemente impactado pelos azulejos mouros, de onde surgiram nele as inspirações para os padrões geométricos, transfigurados ao serem repetidos, formando novos desenhos, Paulo Caldas explorou nos recônditos da sua própria psique, da sua alma.  Suas pinturas são verdadeiras viagens fantásticas que estruturam realidades oníricas em concomitância com imaginações concretas, feitas no real palpável do pictórico e do gráfico.
Do modo de Iberê Camargo, o artista segue a linha do “não nasci para fazer berloques, enfeitar o mundo... eu pinto por que a vida dói.” Paulo conhece como poucos a arte de instigar e provocar, sendo um virtuoso desenhista que constrói pontes entre a imaginação e a realidade sem fazer falsas concessões aos modismos de qualquer natureza midiática.
Salvador Dalí, em sua grande voracidade surrealista, inspirou também fortemente Paulo Caldas, que soube extrair da arte delirante, alucinada, deliciosamente cativante e magnífica do catalão, seu substrato para uma criação autônoma e original que nada deve a nenhum dos pintores surrealistas de todos os tempos.
A situação atual do país o inquieta muito e o pintor deixa uma mensagem para todos os brasileiros e brasileiras: “Ser bom é mais barato.  Quando somos bons, economizamos energia positiva para o nosso país.  Vejam o que está sendo desperdiçado em decorrência da ação dos maus que infestam nosso Brasil.”

Mauricio Duarte

Referências:
A Arte dos Surrealistas . Edmund Swinglehurst . Ediouro . Rio de Janeiro . 1997
M. C. Escher . Artista gráfico holandês . http://www.ebiografia.com/m_c_escher/ . visitado em 16-10-2017
M. C. Escher . O artista das construções impossíveis .
M. C. Escher . Wikipédia . https://pt.wikipeida.org/wiki/Mauritis_Cornelis_Escher / visitado em 16-10-2017

Contatos com o artista:
Telefone: 82 999552464
E-mail: cordao-nordeste@hotmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/paulo.caldas.125

Endereço: Rua Marco Aurélio, 146 - Jd. Petrópolis II - Tabuleiro dos Martins, Maceió . AL

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Portinari


Portinari

Candido Torquato Portinari nasceu numa fazenda de café, próximo de Brodowski, interior de São Paulo, em 1903. Tendo pouco estudo e não completando nem o ensino primário, aos 14 anos de idade foi recrutado como ajudante por uma trupe de pintores e escultores italianos que realizavam restauração de igrejas e que passavam pela região de Brodowski.  Aos 15, deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes.  Recebe vários elogios de professores e da própria imprensa e aos 20 anos de idade já participa de muitas exposições, sendo destaque em vários jornais.  Interessa-se pelo modernismo e a partir da vitória da medalha de ouro no Salão da ENBA, com uma tela deliberadamente acadêmica e tradicional, parte para Paris e tem contato com artistas como Van Dongen e Othon Freisz, além de conhecer Maria Martinelli, com quem passaria toda a sua vida.
De volta ao Brasil, em 1931, muda completamente a estética da sua obra, valorizando as cores e as ideias nas pinturas.  Defende a necessidade da criação no Brasil de uma arte nacional e moderna, como Mário de Andrade já o fazia.  Nas telas O Mestiço e Lavrador de Café (as duas de 1934) os personagens são pintados em composições monumentais com campos cultivados ao fundo. 
Em 1940, após a visão de Guernica, de Picasso, seu trabalho passa a apresentar mais dramaticidade, expressando a tragédia e o sofrimento humanos, enfocando questões sociais brasileiras.  A catástrofe dos retirantes, por meio de gestos crispados das mãos e das lágrimas de pedra, são retratadas de modo magistral.
Em 1941 realiza painéis para a Biblioteca do Congresso em Washington D.C. (Estados Unidos) em têmpera, com grande luminosidade e com trabalhadores novamente como figuras centrais, como já fazia frequentemente em outros trabalhos.  Entre 1953 e 1956, realiza os murais Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova York, obras de grande dimensões, em que trabalhou com uma sobreposição de planos.
Em 1954, Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava e, desobedecendo ordens médicas, continua pintando e viajando com frequência para os EUA, Europa e Israel.  Em 1962 vem a falecer de intoxicação pelas tintas que utilizava nas telas.
Pintor, gravador, ilustrador e professor, o artista pintou quase cinco mil obras, desde pequenos esboços e pinturas de proporção padrão até gigantescos murais.  É considerado o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional em todos os tempos.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/portinari-por-mauricio-duarte/

domingo, 15 de outubro de 2017

Livro no Brasil não é caro coisa nenhuma


Uma longa resposta para a pergunta que não quer calar

A
ideia de que livro é caro no Brasil é repetida à exaustão, até por
pessoas que não costumam comprar livros. Desde sempre ouço gente dizer: livro é caro aqui.
Da hora.

Então, por que defendo que livro no Brasil não é caro?


adianto que a resposta para isso é imensa. E vou enumerar cada um dos
motivos pelos quais tenho plena convicção de que, não só para mim como
para qualquer pessoa razoável, o preço do livro no Brasil é bastante
justo.
Em
primeiro lugar, muitas pessoas acham o livro caro por causa do valor
que atribuem a ele — e aqui falo de valor agregado, valor psicológico, e
não monetário. Explico. O preço médio de uma promoção BigMac
no McDonald’s é vinte reais. É raro ouvir uma pessoa questionar o valor
do lanche. Até pode acontecer de dizerem que é caro em relação a outras
comidas; raramente, em relação ao seu preço no exterior.
De todo modo, por que falei disso? Porque o valor do BigMac é o valor do BigMac.
Ou você compra ou você não compra e vai comer em outro lugar, gastando
mais ou gastando menos. (Mas o McDonald’s continua lotado, e sempre é o
mais cheio de todos os restaurantes de um shopping, pelo menos em São Paulo.)
Com
vinte reais compra-se um livro em qualquer livraria, ou até dois, se
houver uma daquelas megapromoções no Submarino. Ou algumas edições pocket.
Ao comentar o assunto no Facebook, recebi várias respostas dando exemplos como esse. O escritor Eduardo Spohr
veio com um ótimo: é muito difícil gastar menos de cinquenta reais numa
balada (em São Paulo ou no Rio, ao menos, para onde, aliás, as lojas
virtuais costumam oferecer frete grátis de livros). Já o escritor José Roberto Vieira acrescentou que, somando tudo, incluindo estacionamento, não é incomum o preço de tudo chegar a cem reais.
Bem,
há livros nessa faixa de preço, mas, considerando a maioria dos títulos
no preço de lançamento, seria possível comprar pelo menos três com esse
dinheiro.
A também escritora Ana Lúcia Merege
mencionou o preço da entrada de cinema. Spohr nos lembrou também do
valor de um jantar em restaurante. Se pararmos para refletir sobre as
pequenas coisas supérfluas (que consumimos) do dia a dia, quase tudo
alcança ou até ultrapassa o preço médio de um livro.
Só observando você dizendo que livro é caro enquanto come todo sábado no McDonald’s.
Vou
dar um exemplo de quando estava trabalhando no estande da Vermelho
Marinho, numa feira de livros. Falo de uma feira destinada
principalmente a alunos e professores da rede municipal da cidade em
questão, público esse que recebe vales da prefeitura para comprar
livros. Como os vales de cada criança totalizam vinte e cinco reais,
todas as editoras participantes descem o preço dos livros o máximo
possível, para que todos possam comprar livros bons e baratos (vale
notar que nessa feira participam editoras de qualidade e fama
inquestionável como os selos do grupo Autêntica, Cosac Naify, Biruta e
Aleph, para citar apenas algumas).
Pérolas que ouvi:
  • Nossa, quanto livro caro! [de dez a quinze reais]. Cadê os de cinco? — diz a professora, ultrajada.
  • Vocês
    não trocam isso aqui [os vales] por dinheiro de verdade não,
    né? — professora pergunta, e, ante a resposta negativa: — Aff, nem dá
    pra ir no shopping. Vou ter que comprar livro. Que que eu vou fazer com
    livro?
  • Minha
    professora falou que só era pra comprar livro de cinco reais — diz
    criança do primeiro ano, meio assustada, meio incerta, segurando todos
    os vales contra o peito.
Gritando internamente.
Claro
que lá havia muitas professoras legais e maravilhosas, mas vamos pensar
nos exemplos acima, porque não são exceção e sim a regra em todas as
esferas sociais, e não apenas nas mais carentes. Muitos dos expositores
da feira eram editoras bastante gabaritadas, com obras infantis
premiadas no Jabuti, com obras detentoras do selo “Altamente
Recomendável”.
O
valor atribuído a um livro pelos editores parecia, àquelas pessoas,
alto demais, mesmo que o pagamento fosse realizado com vales dados pela
prefeitura. Não é por falta de incentivo do governo que muita gente não lê. Agora o pior é que essas pessoas têm influência sobre as crianças para quem dão aula, e incentivam esse tipo de pensamento.
Eu
cheguei a falar para uma professora mais grosseira que ela nunca devia
ter entrado numa livraria. De olhos arregalados, ela tentou negar, mas
eu disse: “Não, professora, eu sei que você nunca entrou numa livraria.
Se tivesse entrado, ia estar maravilhada por conseguirmos pôr tantos
títulos a dez ou quinze reais”. Não se trata de uma cidade sem
livrarias, nem distante da capital de São Paulo. Na verdade, é uma
cidade da grande São Paulo.
Bem, saindo dessa tragédia, ainda há mais a ser dito.

O que compõe o preço do livro?

A maior parte das pessoas não faz a menor ideia da quantidade de gente que trabalha num livro. Não tem problema, eu conto.
Começamos com o autor. Esse é óbvio, né?
Ok,
vamos adiante. Se o livro é nacional e inédito, quando aprovado pela
editora, depois de assinado o contrato com o autor, ele vai para um
copidesque. É comum que esse trabalho seja executado pelo editor, ou
assistente editorial. Essa pessoa mexe na estrutura do texto. É quem
manda o autor tirar uma personagem, aumentar a participação de outra,
tirar cenas, acrescentar outras, reescrever outras. Entre editor e
autor, essa troca pode acontecer várias vezes, ao longo de meses.
Engana-se quem pensa que o livro sai como o autor mandou.
Depois
que o texto foi retalhado e reconstruído, vai para um preparador de
texto. Essa pessoa vai tirar repetições, incoerências, corrigir erros de
coesão e dar uniformidade ao texto, em nível textual.
Seguindo-se
ao preparador, vêm as revisões. Digo no plural porque é uma verdade
universalmente reconhecida que, ao se mexer muito em um mesmo texto,
você deixa erros passarem e não consegue mais vê-los todos. Se a
preparação e o copidesque tiverem sido muito trabalhosos, o texto passa
idealmente por dois revisores; o primeiro limpa o grosso e o segundo
passa o pente fino. Em muitos casos pode haver um terceiro; às vezes até
um quarto revisor.
Adivinhe só: todas essas pessoas são pagas. Sendo funcionários da editora ou freelas, o valor do trabalho dela será incluso no preço final do livro.
Há mais coisas depois, mas antes quero fazer o percurso até aqui no caso de uma tradução.
Em
traduções não alteramos nada na estrutura do original (presume-se que
já tenha passado por tudo isso na editora de origem), mas a etapa é
substituída pela tradução em si. Antes disso, a editora paga um
adiantamento ao autor. Lembrando que, se o livro é estrangeiro, o custo
pode vir a ser pago em dólares ou euros, moedas bem mais valorizadas do
que a nossa. Só depois disso, os agentes literários (pois os gringos,
sempre os têm para conduzir as negociações) passam os arquivos para a
tradução.
Então
segue para o tradutor. Eu, enquanto tradutora, sempre faço uma revisão
de tradução antes de enviar a minha parte ao revisor de tradução
propriamente dito, mas isso não é a regra geral (até porque é comum
prazos de tradução serem IN-SA-NOS). O livro então sai do tradutor e vai
para o revisor de tradução, que vai pôr o original e o texto traduzido
lado a lado e ver se o tradutor não pulou nenhuma frase, ou se deu uma
escorregada em alguns pontos, o que é trabalhosíssimo.
Daí
vem um peso gigante sobre o revisor de tradução, porque recai sobre ele
a tarefa de pescar coisas que possam escapar ao tradutor. Só que ele também trabalha com as duas línguas.
Depois
do revisor de tradução, a obra vai para o preparador de textos, porque
não basta a tradução estar boa; ela tem que parecer um livro escrito em
português (gente, sigam meu perfil aqui no Medium, porque eu escrevo
textos sobre tradução e explico melhor esses detalhes do processo da
tradução, e o motivo de cada coisa).
O
preparador não costuma ver a obra original (a menos que vá fazer também
a revisão de tradução), só a traduzida, e seu trabalho consiste
principalmente em dar cara de língua portuguesa a ela. Dependendo do
tradutor, esse trabalho é mais difícil ou mais fácil.
Após o preparador, o texto passa por dois revisores, pelos mesmos motivos de que já falei no caso das obras nacionais.
Adivinhe? É, toda essa galera é paga.
Se
o livro tiver ilustrações internas, o ilustrador entra no processo.
Então vem a diagramação, que não é feita por mágica, mas sim por uma
pessoa. O livro costuma passar por uma revisão depois que a prova é
impressa, em seguida o diagramador faz as correções necessárias.
Entram os responsáveis pelas orelhas e quarta capa, o capista…
Ufa! Acabou?
Ora,
a coisa toda só começou. Até aqui não temos exatamente um produto. O
livro diagramado e a capa vão para a gráfica (que tem custos de papel,
tinta, máquinas…), e de lá ele sai como uma coisa física, real,
comercializável.
Sai como? Andando? Não. De transportadora — de onde virá para a editora a conta do frete.
Bem,
e quando os livros chegarem, para onde vão? Para um estoque, cujo
espaço é pago pela editora, porque nada é de graça nessa vida.
É
bom ressaltar que até aqui a editora só pagou e ainda não recebeu nada
(nem sabe se vai receber, aliás, porque vendas não são garantidas).
Enquanto isso acontece, o pessoal do marketing
está fazendo o que pode para promover o livro com o que tem ao seu
alcance: mídias sociais, blogs parceiros, anúncios e compra de espaço em
vitrines (no caso de editoras maiores), eventos. E o povo do comercial
está vendendo o livro para as livrarias e/ ou distribuidoras. Via de
regra, 50% do preço da capa fica com a livraria. Que, vale ressaltar,
não é nenhuma vilã. Na verdade, não há vilão.
A
livraria, por sua vez, tem vendedores, compradores, funcionários de
caixa, aluguel do espaço/ imposto, em alguns casos despesa de estoque,
pessoal de logística, administração, financeiro… Logo, o lucro dela
também é pequeno.
Quando há distribuidor, este fica com 10% do valor.
Voltemos
à editora. Aqueles 50% do preço de capa (ou 40%, caso a venda seja
feita via distribuidor) que ela vai receber por exemplar (estamos
supondo que todos vendam, hein, e isso não é sempre o que acontece) vão
pagar a gráfica, suas contas, os profissionais e o autor, e eventuais
empréstimos (porque nem todo mundo tem vários milhares de reais para
investir logo de cara).
Ah, o acerto das livrarias varia, mas costuma ser para noventa dias depois da venda do livro ser efetuada para o consumidor.
É que as livrarias, como têm todas as suas próprias despesas, não fazem
sempre compra de fato (quando o pagamento é para trinta, sessenta ou
noventa dias), preferindo fazer consignação. Ou seja, pagam o produto só
depois que o consumidor final (o leitor) efetua a compra.
Toda a cadeia para fazer o livro chegar à livraria já foi paga.

coisas que ajudam a baratear todo esse investimento? Sim. Uma das mais
expressivas é a quantidade de livros impressos, porque, quanto mais você
imprime, menor o valor por exemplar. É por isso que livros de mais ou
menos o mesmo número de páginas e mesma qualidade gráfica podem variar
até trinta reais dependendo do tamanho da editora: as maiores têm como
rodar dez mil livros numa só tiragem (o que é bem raro mesmo para elas),
enquanto nem todas as pequenas conseguem fazer uma tiragem de mil. Na
verdade, para algumas dessas, mil livros é uma tiragem imensa,
ambiciosa.
Ah, mas se diminuir a qualidade gráfica, fica mais barato!, você me diz.
Isso nos leva a outro problema…

A questão dos livros estrangeiros baratos

O
argumento mais frequente para se alegar que o livro brasileiro é caro,
é: no exterior, você encontra livros de três dólares/ euros, mas não
fazem edições tão baratas aqui.
Antes de qualquer outra coisa, os livros baratos são ou obras em domínio público há muito tempo (clássicos) ou best-sellers. Ninguém faz edição barata de lançamento. Só fazem mass market paperback
(aquele livrinho bem modesto, com miolo em papel “de pão”, capa que
rasga com um sopro e formatação minúscula) de sucessos estrondosos,
depois de tiragens de lançamento terem se esgotado (rápido, senão não é best-seller).
Na Europa, especialmente na França, livros de crítica literária e de arte e ciências humanas ganham pockets.
Você precisa entender o quanto isso é sintomático. Só livros que são
absoluto estouro de vendas ganham edições de bolso. Temos de levar em
conta que as edições iniciais por lá são de cinco, dez mil livros. Aqui,
em caso de livros técnicos, se mil venderem em cinco anos, ele é um
arraso.
Ok, entendi. Você acha que isso não tem nada a ver com você.
Outra coisa muito importante dentro desse quadro que você precisa ter em mente é que os livros best-seller
americanos estão em sua língua nativa, portanto eles não têm um alto
investimento em tradução para recuperar. Assim sendo, os primeiros
investimentos para colocar um lançamento no mercado tendem a ser
recuperados mais depressa. Ou seja, um livro de bolso brasileiro do
George R. R.Martin dificilmente vai ser tão barato quanto um americano,
mesmo tendo a mesma (baixa) qualidade e (alta) tiragem, pois aqui se
somam os custos de tradução e demais trabalhos editoriais que o original
não recebe, bem como o adiantamento de direitos autorais já mencionado.
Além
disso, a qualidade gráfica desses livros baratos é muito inferior à dos
nossos livros. Na verdade, mesmo as edições de luxo: eles não imprimem a
capa na parte dura, põem sempre uma luva em papel couché ou similar (que amassa e rasga que é uma beleza).
Por que não fazemos edições baratinhas, então? Aqui, até as editoras de livros pocket usam qualidade gráfica melhor, usando no mínimo offset (o papel branco normal).
Por
mais que eu conheça pessoas que declaram gostar de comprar edições
estrangeiras, e que gostariam de ter similares aqui, a realidade tem se
apresentado diferente desse discurso.
O nosso público leitor é menor e mais exigente em questão de qualidade de material.
Se
você discorda, repare em algumas situações que se repetem atualmente.
Por exemplo, em megapromoções do Submarino, é comum o livro vir com
qualidade inferior: capa mais fina, brilhante (no lugar daquela fosca
com verniz localizado), papel branco (no lugar do amarelo), sem orelhas.
Você
vê pessoas falando: “Nossa, que legal, baratearam a edição para
conseguir vender mais barato”? Até que vê. Às vezes. Mas o que
testemunhamos mais é uma enxurrada de “Aff, fui enganado, olha que livro
vagabundo, não é a edição da livraria”. Claro que não, cara pálida.
Você faz ideia do quanto custa imprimir um livro (especialmente os mais
grossos) com orelhas, capa em papel supremo, fosca, com verniz e miolo
em pólen ou avena (amarelos)?
Reclamam
da qualidade das edições feitas para vendas ao governo, destinadas à
distribuição em escolas públicas, por terem qualidade gráfica muito
inferior.
Nas
feiras de livros, das menores às bienais, enquanto vendia livros, vi
muita gente deixando de comprar tal livro porque o papel é branco,
porque não tem orelha, porque a formatação parece “espremida”.
O povo adora as edições de bolso capa dura da Zahar, né? Quer edição bonita, tem que pagar por ela, porque a editora já pagou.
O mercado literário, como qualquer outro, é regido pela lei da oferta e da procura. Se as editoras recebessem verdadeira demanda
de edições mais simples e baratas, elas as colocariam no mercado. Em
vez disso, o pouco que se coloca costuma ser desdenhado e demorar mais a
vender. Até as editoras especializadas em publicação de edições de
bolso estão cada vez mais criando edições de bolso “de luxo”. Esse
movimento tem uma razão de ser, ou não aconteceria. Algo que demora a
vender configura dinheiro investido sem retorno, dinheiro parado,
prejuízo.
Daí
você me diz: “mas eu compro edições gringas, então sou consumidor desse
tipo de livro”. Compra, e reclama que rasgou, que a lombada fica
danificada. E você não é maioria (novamente, se fosse, haveria o produto
no mercado).

Uma última palavrinha sobre megapromoções

Cito Submarino e, mais recentemente, Amazon, por serem as lojas que trazem promoções de livros físicos a R$ 9,90, box de cinco livros por R$ 40,00, e outras coisas igualmente insanas.
Como isso é possível?
Há duas situações.
Em uma delas, feliz, os livros já se pagaram e agora só dão lucro. Se a loja recebe R$ 9,90, à editora é repassado valor bem
menor que esse. Podemos chutar uns 50%? Muito, mas sejamos otimistas.
Então as tiragens são imensas (custo de gráfica menor por exemplar), o
autor recebe direitos autorais em condições especiais (geralmente sobre o
preço de venda, e não o de capa), e o investimento inicial da editora
no trabalho editorial, publicitário e comercial já foi recuperado.
Se
não for nessas condições, a promoção só é possível com
encalhes — livros que não vendem e dão prejuízo à editora se muito tempo
parados no estoque, já que o estoque é pago de todo modo. Então, a
participação em uma promoção dessas é uma forma de perder menos dinheiro.
Então, para concluir, é o seguinte: se o livro vender muito, ele fica mais barato.
Se o preço não abaixa, costuma ser porque ainda não se pagou.
Se o preço abaixar sem o livro ter se pagado, ele dá prejuízo aos envolvidos.
Se o livro não se pagou, é porque não vendeu.
Considerando
tudo o que expliquei neste longo texto, não acho o livro caro no
Brasil. Mas, se você quiser achar, tudo bem. Só entenda que você, na
qualidade de consumidor, tem uma parcela de culpa nisso.






fonte:

Livro no Brasil não é caro coisa nenhuma – Cabine Literária – Medium

sábado, 14 de outubro de 2017

Arte, nudez e um debate distorcido

Uma intelectualidade que considera inaceitável ou retrógrado que a sociedade se mobilize em defesa de suas crianças perdeu
completamente o bom senso

 | Divulgação


A opinião pública brasileira se mobilizou nas últimas semanas para questionar duas manifestações artísticas que envolveram a presença ou a participação de crianças e adolescentes. No primeiro caso, o da exposição Queermuseu, realizada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, obras com conteúdo sexual explícito contavam com a visitação do público infantil, inclusive com excursões de escolas ao espaço cultural. No segundo, a performance La Bête tinha a participação do bailarino e coreógrafo Wagner Schwartz, que ficava nu em uma área delimitada, sendo que o público poderia “manipulá-lo”. Em São Paulo, no Museu de Arte Moderna (MAM), uma criança aparentando não mais de 5 anos
interagiu com o artista – com a repercussão do fato, surgiram fotos mostrando situação semelhante durante a execução da mesma performance, anteriormente, em Salvador.


A indignação popular deu origem a um movimento no sentido contrário, liderado especialmente por artistas e formadores de opinião, que têm se esforçado para classificar como “censuradores” aqueles que reclamam das manifestações artísticas em questão. Os mais exagerados, recorrendo à falácia da “rampa escorregadia” (tradução literal do inglês slippery slope, embora o termo mais adequado talvez seja “bola de neve”), afirmam que não estamos muito longe da distopia imaginada por Ray Bradbury em Fahrenheit 451,  obra que descreve uma sociedade na qual todos os livros eram queimados. Esses dois exemplos mostram como o debate tem sido distorcido para evitar aquele que é o verdadeiro problema tanto do Queermuseu quanto de La Bête.

O que está ocorrendo é a demonização de qualquer um que se oponha ao Queermuseu ou a La Bête

Como já tivemos a oportunidade de explicar, nada do que tem ocorrido nos casos em tela nos faz pensar em censura. A população que se mobilizou contra o Queermuseu, por exemplo, não solicitou ao Estado que, por via de decisão judicial, mandasse fechar a exposição; em vez disso, recorreu ao boicote contra o banco cujo espaço cultural abrigava a mostra. A repercussão negativa, os danos à imagem do banco e a perspectiva da perda massiva de clientes fez o Santander decidir, livremente, pelo encerramento da mostra antes do prazo previsto. Custa acreditar que artistas que sentiram na pele, durante a ditadura militar, o que foi a verdadeira censura, com o poder estatal vetando a divulgação de suas obras, quando não forçando-os ao exílio, classifiquem como “censura” a postura das pessoas que se indignaram com a exposição.


Mas a maior e mais evidente distorção no debate sobre La Bête e o Queermuseu está na tentativa de descrever a indignação popular como sendo motivada pela exibição da nudez humana ou do ato sexual. Não nos cabe, aqui, entrar na questão específica do valor artístico de obras com este conteúdo; importa é dizer que a questão não é essa: a grande onda de indignação popular se dirigiu contra o fato de crianças estarem sendo expostas aos conteúdos artísticos.


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O próprio projeto do Queermuseu, elaborado para a captação de recursos pela Lei Rouanet, demonstrava uma intenção deliberada de promover a visitação infantil.  Nessa época em que até professores universitários são obrigados a  colocar, nas ementas de seus cursos, avisos de que certos conteúdos podem ferir sensibilidades, não havia nenhuma classificação etária ou aviso – pelo contrário: parte do material impresso era destinado especialmente para “distribuição aos professores que acompanharem os alunos na visita de escolas”, por meio de um “Caderno do Professor”. A
descrição dos objetivos afirma que “pretende-se com o resultado aproximar o público escolar das diversas linguagens da arte contemporânea e seus autores”. Além disso, 10% da tiragem total dos
catálogos da exposição foi enviada a bibliotecas de escolas públicas que tivessem levado seus estudantes ao Queermuseu.


 No caso do MAM, por outro lado, havia indicação etária; a responsabilidade, aqui, recai principalmente sobre a mãe que acreditou não haver problema nenhum em levar sua filha para tocar um estranho nu, mas não se pode esquecer a omissão dos responsáveis pela mostra, que permitiram esse tipo de situação. O próprio artista, por que não?, poderia ter interrompido a performance para ressaltar a inconveniência da interação com a criança, já que havia razão suficiente para tal; no entanto, a julgar pela imagem de Salvador, em que Schwartz aparece sorridente, em pé, também totalmente nu, de mãos dadas com quatro meninas, parece difícil que ele veja algo de errado nisso.


Quem tenta fazer crer que o problema, para as pessoas indignadas, era a nudez ignora completamente que o que está em jogo aqui é a preservação da infância. A própria Associação Médica Brasileira veio  a público fazer um alerta sobre La Bête , afirmando que a performance não era “adequada”, que “situações de nudez, contato físico e intimidade com o corpo são próprias do desenvolvimento humano” desde que em determinadas circunstâncias bem específicas, e que pais e educadores cuidem especialmente da educação sexual de suas crianças para poupá-las “de situações inadequadas, as
quais podem ter repercussões imprevisíveis, dependendo da vulnerabilidade emocional de cada criança ou púbere, mais até do que da intensidade da experiência”.


 E, como consequência natural da distorção do debate – que inclui também, é claro, a atitude de quem não quer debater nada para não acabar forçado a admitir o absurdo –, o que está ocorrendo é a demonização de qualquer um que se oponha ao Queermuseu ou a La Bête, equiparado aos já citados queimadores de livros de Fahrenheit 451 ou até mesmo aos nazistas que condenavam a “arte degenerada”. O desprezo que certa classe artística e formadora de opinião devota a quem não aplaude essas manifestações artísticas se materializou no olhar fulminante de uma atriz que, em um programa televisivo, teve de ouvir a crítica perfeitamente razoável de uma senhora que condenou o fato de uma criança ter sido levada para tocar um estranho nu, com a genitália à mostra. O próprio diálogo entre as duas  evidencia o que temos descrito aqui: a atriz evitou o tema real, preferindo criticar o “ambiente de ódio nas redes sociais” e dizendo ser “terrível que o nu choque o brasileiro”, como se o problema fosse a nudez, ao que a integrante da plateia reagiu imediatamente, lembrando que o problema não era o nu em si, mas a presença da criança.

Uma intelectualidade que considera inaceitável ou retrógrado que a sociedade se mobilize em defesa de suas crianças perdeu completamente o bom senso. Quando essa classe se organiza em campanha para a demonização de quem questiona esse ataque à infância, é preciso perguntar quem é o verdadeiro autoritário, quem está tentando calar quem – não pela via estatal, mas pela desmoralização, sutil ou escancarada.



fonte:

 Gazeta do Povo







quarta-feira, 11 de outubro de 2017

XVII Concurso Nacional PoeArt de Literatura – 2017

Fui selecionado para participar do livro Vozes de Aço (XIX Antologia Poética de Diversos Autores) Homenagem (ACEITA E AUTORIZADA) ao escritor/Acadêmico Geraldo Carneiro no XVII Concurso Nacional PoeArt de Literatura – 2017.



Poemas, de minha autoria, que estão no livro:
Movimento cósmico
Universos colidem... e se amalgamam
em grandes e inúmeras galáxias... rodopiam,
rodeadas por imensos quasares... energia
em suas fronteiras de luz que nunca terminam...
Mundos se formam... se desformam, num átimo.
Tudo que era, deixa de ser... também tudo
que não era passa a ser... num balanço de grande
monta que não para, sem começo nem fim...
Mauricio Duarte


Gratidão pela vida
Pedras n´água do rio
são como falsos desvios;
trazem alguns caminhos,
mas não impedem, assim,
o fluxo do tal rio...
Também esses que perdem
gratidão pela vida;
trazem deles caminhos,
mas não impedem, assim,
o fluxo maior da vida...
Mauricio Duarte

domingo, 1 de outubro de 2017

Carlos Scliar


Carlos Scliar


O máximo do sintético num cubismo revisitado com carga gráfica pessoal e intransferível...  Assim vejo o trabalho artístico de Carlos Scliar; pintor, gravador, desenhista, ilustrador, designer gráfico, cenógrafo e roteirista.  Scliar nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul em 1920 e recebeu as primeiras aulas de arte com o pintor austríaco Gustav Epstein em 1934.  Um ano depois, defrontou-se com o dilema de todos os artistas plásticos da época: conformar-se com a arte das academias ou iniciar sua própria leitura do modernismo.  Escolheu o último e logo assumiu posição de contestação aos acadêmicos, juntamente com artistas do grupo Santa Helena.
Ao longo de sua carreira brilhante, burilou sua poética visual com amplas perspectivas e possibilidades, sempre visando uma inovação.  Suas colagens em relevo enceradas s/tela demonstram o seu grande viés de pesquisa pictórica e gráfica, consubstanciado em peças de arte que retratam coisas simples.  Um copo numa mesa, junto com outros objetos: papel, garrafas, vela, uma cadeira ao lado da mesa, nada que remeta ao extraordinário; não, a simplicidade, apenas a simplicidade, em grau máximo.  Mas com uma releitura do cubismo fora de toda ordem que já tenha sido tentada.  Tratamento espacial onde se pinta o que se conhece, mais do que o que se vê, mas esse “conhecer” está longe de ser inocente ou inconsequente, pois é refletido, pensado, trabalhado, desenvolvido a partir da técnica cubista de utilização dos vários pontos de vista de um mesmo objeto numa só imagem.  Por vezes, a sua composição revela contornos até da pop art, com inserções em serigrafias altamente gráficas, cuja configuração mais remetem à uma peça de design gráfico como no Álbum Redescoberta do Brasil.
Mas sua maior “mirada” estava mesmo na linha do realismo socialista, o cubismo em releitura com traços que transfiguravam a composição influenciada por Lasar Segall e Candido Portinari, poderiam dizer alguns, ou Picasso, Braqüe e Juan Gris, diriam outros.  No entanto, o certo é que o artista possuía uma clareza gráfica que despontava de qualquer influência possível e assinalava sua marca individual, indiscutivelmente e inapelavelmente.
Praticou diversas experimentações, como a vasta produção em guache e vinil encerados, como já disse.  Sendo que sua assimilação e posterior contribuição pessoal vindo do legado cubista, tem grande destaque na relação figura e fundo, na qual, segundo o poeta e crítico, Ferreira Gullar, Scliar primava pela ambiguidade e complexidade, em visão que o tornou mestre, verdadeiramente.
Carlos Scliar faleceu em 28 de abril de 2001, no Rio de Janeiro, onde foi cremado.  A capacidade brasileira de apropriação de várias culturas, épocas, etnias e informações é uma das grandes contribuições do artista plástico e homem Carlos Scliar para a identidade artística do país de forma original e provocadora, segundo o curador Marcus de Lontra Costa.
Num período de convalescência, perguntado por um repórter em quanto tempo ele pintava um quadro, respondera: “Em uma hora e 80 anos”.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Referências:
                Enciclopédia Itaú Cultural . Carlos Scliar . http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9898/carlos-scliar
                Catálogo de exposição . Carlos Scliar . da reflexão à criação . Caixa Cultural Rio de Janeiro . Galeria 3 . agosto de 2016


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/carlos-scliar-por-mauricio-duarte/

sábado, 30 de setembro de 2017

Como a transgressão se tornou um cliché da arte contemporânea

por







Surgiu
ao redor dos modernistas uma classe de críticos e empresários prontos
para explicar por que não é uma perda de tempo admirar uma pilha de
tijolos, ou sentar calmamente para ouvir dez minutos de um som
excruciante, ou para estudar um crucifixo conservado em urina.


Para
convencer si próprios que eram os verdadeiros progressistas, que andam
na vanguarda da história, os novos empresários se cercaram de outros
da sua laia, promovendo-os a todos os comitês que eram relevantes para
seu status, e esperando para serem promovidos em troca. Assim surgiu o
establishment modernista – um círculo isolado de críticos que formam a
espinha dorsal das nossas instituições culturais.


“Originalidade”,
“transgressão” e “trilhando novos rumos”. Esses são termos de rotina
emitidos por burocratas dos conselhos de arte e pelo establishment dos
museus sempre que eles querem gastar dinheiro público em alguma coisa
que jamais sonhariam em ter na sala de casa. Mas esses termos são
clichês, assim como as coisas que eles costumam elogiar. Portanto a
luta contra o clichê acaba em clichê, e a tentativa de ser genuíno
resulta em falsidade.


Para quem lê em inglês, o original deste belo ensaio está aqui













 fonte: Politicamente Incorreto

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

José A. Kuesta



José A. Kuesta

Toda a herança mágica, mística, mitológica e histórica do Egito Antigo fascinam nosso artista mestre José A. Kuesta.  Mais do que isto, todo esse legado egípcio antigo é representado, transformado e reconfigurado.  Numa releitura de seus símbolos em criação totalmente original e afinada com o zeitgeist, esse nosso caldo cultural diversificado e abrangente contemporâneo, José A. Kuesta nos mostra o que de mistério, expressividade e criatividade pode advir desta abordagem.
O abstracionismo do artista é de uma singularidade sem igual e é realizado de forma completamente atual, como já disse.  Isto se dá, a partir de cores e manchas, colagens, grafismos, traços, carimbos, num amálgama de elementos gráfico-visuais e pictóricos, cuja influência pode ser encontrada em vários lugares.  Paul Klee, o expressionismo abstrato e a própria história do Egito Antigo são algumas destas influências que também ganham maior corpo quando da sua aproximação com a tendência da arte abstrata dentro da arte informal, chamada pintura matérica.  A pintura matérica é uma vertente pictórica que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, desenvolvida primeiramente na França, com os trabalhos dos artistas Fautrier e Dubuffet.  Suas composições utilizam, na pintura, conjuntos de cortes, furos ou rasgos.  Também são utilizados nesse tipo de arte, materiais diferentes tradicionais, incluindo: quadro, areia, sucata, trapos, madeira, serragem, vidro ou gesso. A arte de Dubuffet, por exemplo, ficou conhecida como Arte Brut.
José A. Kuesta demonstra total maestria nessas composições, de um estilo inconfundível, que se assemelham a documentos antigos, sendo repaginados e reformulados para o nosso tempo.  De um modo inteiramente novo e sem falsas concessões a um ou outro determinado conceito estético da moda, o artista faz com que nos deparemos com o inevitável do abstracionismo: a pintura é tinta e papel, bem como outros materiais.  Mas além, disto, a pintura é sonho, é divagação, é força e é infinidade de muitos modos diferentes. Aliás, a própria escolha do Egito Antigo como base inspiradora, é, a um só tempo, reveladora de seu conhecimento das chaves esotéricas, únicas em todo o planeta Terra – só comparáveis às chaves esotéricas da Índia e da antiga Pérsia, atual Irã, porque efetivamente nenhuma outra tradição, além destas três, as possui – e de suas consequências, principalmente estéticas.  Não é à toa que quando perguntado sobre que frase poderia representar sua visão artística, José A. Kuesta respondera: “A arte é uma forma de religião”.

Mauricio Duarte

Contatos com o artista:
Galeria de Arte Saatchi: www.saatchiart.com/joanku

sábado, 12 de agosto de 2017

Pai Eterno, eterno pai



Pai Eterno, eterno pai


Mesmo que o mundo diga que não,
mesmo que os tempos sejam moucos,
sei que meu pai sempre será o pai;
Pai, que eterno, não deixa de sê-lo
se ninguém acredita mais nele...

O trabalho e o valor do trabalho,
mesmo quando nos tiram este mesmo
trabalho...
Seis dias para criar o mundo,
descanso no sétimo dia...

Descanso?  Qual?
Só há o amanhã se há a labuta hoje.
De tudo o que meu pai me ensinou,
o valor do trabalho é o que fica
para mim... Sempre...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Feliz Dia dos Pais, meu pai, João Duarte Pinheiro!!!


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/pai-eterno-eterno-pai-por-mauricio-duarte/

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Crescer na vida




Crescer na vida

Crescer é viver em abundância... Só a plenitude pode reservar algo além do que conhecemos e do que esperamos da vida.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sábado, 5 de agosto de 2017

Arte-enlevo

Arte-enlevo

A arte pela arte como no axioma do romantismo ou o valor da harmonia do classicismo são válidos e podem ainda suscitar muito debate, discussão e, sobretudo, expressão artística muito relevante. Proponho, no entanto, uma arte-enlevo, uma arte em que fosse transpassado o atributo de ser simplesmente arte da prática artística.
A arte-enlevo transpassaria a condição de arte, da peça de arte porque estaria em dinamicidade com a estética fenomenológica e representaria expressões artísticas onde se previsse o êxtase, o maravilhoso, o enlevo. Logicamente, a reflexão, a crítica e o humor não deveriam ser relegados ao segundo plano. Mas a arte-enlevo daria prioridade ao alçar pleno do ser humano em níveis espirituais, mentais, psíquicos e do imaginário coletivo.
A paixão pelo sagrado e pelo profano podem ser exploradas igualmente, adequadamente e proveitosamente pela arte, mas a arte-enlevo se propõe ao elevar de mentes, consciências e espíritos tanto de quem a realiza quanto de quem a observa, na pura crítica reflexiva, no puro deleite de sensações e em âmbitos de maior apreciação estética plena.
Mauricio Antonio Veloso Duarte (Sw. Divyam Anuragi)

Meu 13o. Louvor na AVL


Meu 13o. Louvor na AVL. Estou muito contente. Muito obrigado Presidente Maria Ivoneide Juvino de Melo Juvino de Melo e Vice-Presidentes Sy MoisesLuiza Senis. É uma honra e um prazer fazer parte da AVL. Um grande abraço a todos e todas confrades e confreiras. Um por todos e todos pela poesia.

quarta-feira, 26 de julho de 2017