Esforçar-se é louvável, digno e honrado em quaisquer circunstâncias dos estudos e do trabalho. A rigor, quem aprende, quem estuda para aprender, tem, de acordo com o próprio tempo destinado, a colheita em forma de conhecimento elevado ou superficial, conforme tenha se aprofundado ou não. A rigor, também, quem trabalha, quem faz o serviço de alguma atividade profissional, também colhe frutos em matéria da recompensa, o salário ou o pró-labore e, muito mais, aos efeitos do seu trabalho como contribuição à sociedade em amplidão ou em reduzido efeito, conforme tenhamos nos dedicado mais ou menos e a depender da equipe que pertencemos e da situação laboral que enfrentamos.
A colheita do estudo e do trabalho sempre há, porque nenhum esforço é vão. Quando plantamos no estudo e no trabalho aguardamos que essa colheita seja positiva, mas nem sempre ocorre isto. Por vezes, o efeito é contrário, nos atrapalhamos e nos confundimos e o efeito positivo só será sentido muito tempo depois, talvez, até, depois da nossa morte. E, como toda atividade, o estudo e o trabalho também guardam relação com Deus. No entanto, quando nossa prática profissional se alicerça no tempo de Deus, seus frutos se estabelecem plenamente e se realizam um sem número de boas colheitas com naturalidade e sem nenhum obstáculo. Muitos esquecem disso... E querem apenas produzir sem a devida reflexão, no sentido espiritual, no sentido sagrado, sobre quais frutos aquele estudo e aquele trabalho irão ter no futuro, que bases do passado tiveram e como chegaram ao nosso presente. Muito existe, nesse sentido, no mundo, hoje em dia... mas, não se pode querer resultados sem se considerar o processo. Os fins não justificam os meios. O meio pelo qual se faz é tão importante quanto o que se faz, bem como o tempo em que se faz.
Que a nossa vida possa refletir tanto o esforço e a diligência no estudo e no trabalho, quanto à observância dos desígnios cósmicos e incomensuráveis de Deus na nossa própria existência e na dos outros, dos nossos semelhantes. Jesus disse: “(...)Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.” Ter em mente tão elevado critério, é, a um só tempo, esforçar-se e deixar Deus ser Deus na nossa vida, ao mesmo tempo. Paz e luz.
Artemisia Gentileschi, a filha de Orazio Gentileschi (1563-1639) foi uma das maiores seguidoras de Caravaggio e uma grande personalidade. Era precocemente bem dotada, conseguiu destaque na Europa e teve uma vida de independência rara para uma mulher daquela época. Nascida em Roma, em 1593, trabalhou principalmente lá e em Florença, até que se radicou em Nápoles em 1630, além de ter ido à Inglaterra visitar seu pai, de 1638 a 1640.
Em 1610 Artemisia pintou seu primeiro trabalho datado e assinado: Susanna and the Elders. Em fevereiro ou no princípio de março de 1612, Agostino Tassi, seu professor de perspectiva, foi acusado de tê-la estuprado e subseqüentemente julgado e preso. Em julho Orazio escreveu à Grande Duquesa da Toscana elogiando a mestria artística de Artemisia e requerendo o cumprimento da sentença de Tassi. Talvez para mitigar sua situação difícil, ao fim daquele ano ela casou com o florentino Pierantonio Stiattesi, saiu de Roma e mudou-se para a capital da Toscana.
A data de alguns dos seus trabalhos mais elogiados permanece controversa. Entre esses inclue-se Judith Beheading Holofernes (em Nápoles e sua última variante no Palácio Uffizi, Florença), a resposta à interpretação canônica de Caravaggio sobre o tema Lucretia (Pagano Collection, Genoa) e Judit and her Maiservant (Galleria Palatina, Florence). Artemisia assinava Lomi, o sobrenome real do seu pai, nos trabalhos florentinos tais como Gael and Sisera (1620, Museum of Fine Arts, Budapest). Grandemente considerada, ela foi aceita como o primeiro elemento feminino na Accademia del Disegno em 1616. A biografia sucinta de Baldinucci descreve sua atividade prolífica como retratista, embora poucos quadros tenham restado.
Em 1620 Artemisia escreveu a Cosimo II de Medici informando-lhe sobre a intenção de ir a Roma, e há documentação desse fato em 1621 e novamente entre 1622 e 1626. Em 1627 ela estava em Veneza, mas mais tarde radicou-se em Nápoles, onde assinou seu mais antigo trabalho napolitano seguramente datado, The Annunciation (1630, Museo di Capodimonte, Naples). Parece que morou lá até sua morte, em 1651, com exceção de uma temporada na Inglaterra, de 1638 a 1640, para dar assistência ao seu pai já idoso.
Imagem: 1612 - 1613 Judith e sua serva - Galeria Palatina, Palácio Pitti - Florença - Itália - Pintura de Artemisia Gentileschi.
A escrita leve e elegante de Rodrigo Gurgel não
esconde opiniões contundentes a respeito – é claro! – daquilo que mais
entende: livros. Professor de literatura e escrita criativa, além de
crítico literário, Gurgel é autor de Esquecidos & Superestimados, Muita retórica – Pouca literatura e o mais recente Crítica, Literatura e Narratofobia.
Sobre a importância dos clássicos para a formação, das escolas como
espaço de debate e as redes sociais como ambientes de estímulo à
leitura, o escritor conversa com a Fausto
com exclusividade. Em um país que pouco se lê, qualquer caminho que
leve à boa literatura é válido? Intelectuais no topo dos rankings de
venda não é algo a se comemorar? Com a palavra: Rodrigo Gurgel.
Rodrigo Gurgel. Foto: Matheus Bazzo. Fausto — Importante é ler, independente de qual gênero seja o livro e de qual autor?
Rodrigo Gurgel: O ideal seria viver numa sociedade em
que todos não só fossem alfabetizados, mas também encontrassem na
leitura uma forma de divertimento e conhecimento. O mero escape do
cotidiano massacrante, por meio da leitura, exercício muito mais sutil e
muito mais complexo do que, por exemplo, o comportamento passivo diante
da tevê, já representaria uma vitória cultural sem precedentes. Mas
essa afirmação não exclui o fato de que há, sim, níveis de leitores:
entre o leitor que se dedica exclusivamente a romancinhos medíocres ou
livros de autoajuda e o leitor que aprecia Homero, Dante, T. S. Eliot,
Hemingway e Henry James há enorme diferença.
Qual a principal diferença entre esses leitores?
Essa diferença não se restringe à qualidade dos leitores ou do próprio
ato de ler, mas se reflete na vida do leitor. O segundo leitor, capaz de
dedicar-se a autores que exigem apreensão mais trabalhosa, certamente
será capaz de distinguir na realidade, na convivência social, matizes
que o primeiro leitor não perceberá ou demorará a perceber.
Por que ler os clássicos é tão importante para a formação?
Um clássico é uma obra que demonstra a maturidade do seu autor.
Maturidade mental, de costumes, no uso da língua e, portanto, na
elaboração do seu estilo. São “virtudes” apontadas por T. S. Eliot.
Acrescento a elas também o caráter universal dessas obras, ou seja, a
possibilidade de serem lidas e compreendidas por todas as culturas — o
que Eliot chama de “ausência de provincianismo”. Ou seja, um clássico é
uma obra que ultrapassa seu tempo, não por ser de vanguarda, mas porque
seu conteúdo trata de questões que são essenciais para o gênero humano.
Podemos, dessas características, depreender a importância de ler os
clássicos: esses livros apresentam as paixões humanas sem esquematismos,
sem moralismos, de forma intensa e original. São obras abertas à
complexidade do homem, do mundo, da história. São obras nas quais o
leitor sempre poderá encontrar uma explicação para o sentido da sua
própria vida, que sempre ajudarão o leitor a enfrentar o complexo
exercício de viver — e também divertem, empolgam, emocionam. Livros
assim provocam efeitos singulares na mente dos leitores. Marcam nossa
vida. Iluminam nossa vida.
Só o grande romancista, ao
investigar a complexidade da existência humana, torna presente, para o
leitor, o homem integral, o homem dividido, o homem que se interroga. Um
Proust coloca no bolso do colete cinquenta, cem, duzentos pretensos
intelectuais.
Rodrigo Gurgel
Redes sociais podem ser consideradas bons espaços para a formação de um leitor?
Não. Uma rede social é apenas o que seu próprio nome expõe: um
entrelaçado de relações sociais que se formam e se desfazem no contexto
de diferentes espaços virtuais. São ótimas redes de comunicação, de
troca de ideias. Mas são ótimas também para desviar nossa atenção e
impedir que nos tornemos bons leitores, que leiamos o que realmente
importa.
É uma batalha inglória a das livrarias contra os sites de download gratuito de livros?
Não creio. O livro assumiu, em nossa cultura, um papel crucial — e
mantemos com ele uma relação sensorial e, ao mesmo tempo, de confiança
no seu poder de preservar a cultura e abrir, de forma constante, novas
perspectivas de estudo, de conhecimento. Eu próprio utilizo diferentes
aparelhos para leitura de e-books, mas o contato com o livro permanece
insuperável — em termos de prazer, de facilidade de acesso e de
indexação do conteúdo estudado. Considero o livro um objeto de riqueza
inesgotável.
É bom que intelectuais ocupem os primeiros lugares em vendas de livros?
Precisaríamos, antes de tudo, definir o que é um “intelectual”, tarefa
que escapa ao objetivo desta entrevista. Depois, seria indispensável
classificar esses intelectuais, buscando discernir quais realmente
exercitam seu intelecto na busca da verdade e não se refestelam na
segurança dos discursos ideológicos ou dos lugares-comuns das
panelinhas. Mas essa tarefa também é impossível neste espaço. Resta-me,
portanto, aguardar pelo tempo em que teremos nossos melhores romancistas
ocupando os primeiros lugares desses rankings, porque intelectuais e
filósofos de autoajuda não chegam aos pés de um grande romancista. Só o
grande romancista pode oferecer acesso à vida iluminada, à exploração da
nossa própria intimidade, das nossas lutas individuais e coletivas. Só o
grande romancista, ao investigar a complexidade da existência humana,
torna presente, para o leitor, o homem integral, o homem dividido, o
homem que se interroga. Um Proust coloca no bolso do colete cinquenta,
cem, duzentos pretensos intelectuais. É o que falta ao Brasil: mais
romances, mais ficção, ou seja, mais vida, mais experiências éticas — e
menos especulações intrincadas e artificiosas. Precisamos de romancistas
que presentifiquem, diante do leitor, a riqueza da vida — e não de
pretensos intelectuais que vivem supondo o que deve ser a vida segundo
esta ou aquela ideologia.
Qual seria a sua definição de intelectual? Ainda que uma definição breve…
Nossa ideia de intelectual está, desgraçadamente, presa à do acadêmico —
quase sempre um sociólogo — que, figura carimbada dos programas
jornalísticos, aparenta ter uma opinião formada sobre os mais variados
assuntos. Contudo, nada pode estar mais distante da vida intelectual do
que esse esse falso expert que tem soluções mágicas para todos os
problemas. Um intelectual é alguém que, ao mesmo tempo, se interroga e
interroga o seu tempo; questiona-se e questiona a sua cultura, os
valores da sua época, as escolhas e o modo de viver dos seus
contemporâneos; investiga o que o passado nos legou e realiza o diálogo
crítico entre essa tradição e o presente. Ou seja, ele transcende a
ordem imediata das coisas e busca a verdade que nasce desse diálogo com o
conhecimento universal, com a inteligência. O comentarista da tevê ou
do rádio é, quase sempre, o servidor de um partido ou de uma ideologia —
ele se traveste de intelectual, mas, por ser quem é, só consegue
repetir fórmulas prontas, tem o desempenho de um ilusionista das
palavras. O verdadeiro intelectual está em busca de respostas que
independem da ideologia dominante ou dos modismos acadêmicos. O que ele
busca é um encontro pessoal com a verdade.
Não é possível levar em conta que tais livros, os do topo dos
rankings, sejam considerados uma porta de entrada ao universo dos
clássicos, por exemplo, ou de obras mais densas?
Tudo é possível. Alguém que hoje lê o repetitivo e pegajoso autor de
vinte manuais de autoajuda pode, amanhã, motivado pelas mais diversas
influências, ler Platão ou Cecília Meireles. Mas, perceba: estamos no
campo do que é possível, do que pode ou não ocorrer, daquilo que é
eventual. Um acaso feliz é sempre bem-vindo, mas continua sendo um
acaso.
Acredita que há uma demanda para boas discussões literárias e filosóficas?
Sempre haverá. É assim desde que o homem é homem.
A pergunta de 1 milhão de dólares é então como torná-las
viáveis para quem fala, ou seja, os escritores e comentadores; assim
como para quem ouve, leitores, público em geral?
Mas as boas discussões — e também as inúteis — já são exequíveis e
permanentes. Hoje, a Web antecipa e realiza as discussões, predispondo
seus participantes ao encontro real, físico. Todas as condições estão
dadas. Talvez o que falte, como sempre faltou em muitos projetos, é uma
vontade de concretização, uma predisposição ao ato de consumar, em
termos concretos, o que se realiza via internet. Falta o que sempre
faltou aos sonhos que não se realizaram: vontade e coragem. Mas falta a
alguns. A outros, sobra.
O politicamente correto em sala de aula pode causar danos irreparáveis a curto, médio ou longo prazos no leitor?
O politicamente correto já causa danos irreparáveis. Neste exato
momento, em milhares de salas de aula, no mundo inteiro, crianças são
condicionadas a acreditar, por exemplo, que o sexo das pessoas é uma
escolha meramente cultural e não uma imposição biológica. Milhões de
crianças aprendem que Che Guevara foi um herói e não um criminoso. Ou
seja, milhões de crianças são treinadas para desconhecer a realidade e
acreditar numa fantasia ideológica. Este já é um “admirável mundo novo”.
E nós, que ainda enxergamos a realidade, somos considerados
“selvagens”.
Se a sala de aula não abrir espaço para a discussão de ideias, quem abraçará essa demanda ou ela tende a deixar de existir?
Tenho sérias dúvidas em relação ao papel e à importância da escola. Um
mero sistema de alfabetização jamais assegurou, como pretendiam os
revolucionários de 1789, a criação da verdadeira cidadania, do
verdadeiro senso crítico. O que vemos são milhões de alfabetizados
ignorantes sendo pastoreados por demagogos e populistas. Na verdade, a
escola, em todos os níveis, oferece muito pouco. A escola sempre
ofereceu e sempre oferecerá apenas o suficiente para, na maioria dos
casos, formar cidadãos submissos ao Estado e à ideologia dominante. Olho
para minha própria formação e vejo uma evidência muito clara: se não
fosse o impulso constante da minha família, principalmente as
intermináveis discussões que mantive com meu pai, e meu desejo de
conhecimento, minha voracidade de leitor, eu seria apenas mais um idiota
útil — bem alfabetizado, mas idiota. Da mesma forma, quando olho o
passado e revejo meus professores, quantos permanecem, quantos realmente
me marcaram? Dois ou três, no máximo.
Uma explosão de cores! Força, dinamismo, originalidade... Em uma palavra... audácia! Assim é a pintura de Spiga. Criação que nos remete às vicissitudes e agruras da vida, às dificuldades, mas sobretudo ao gesto transversal da vida, a vida levada aos extremos, engolida aos grandes pedaços; com uma garra inquebrantável...
Pigmentos sobre pigmentos. A mancha do “deformismo” – palavra criada pelo próprio artista – que enlaça e desenlaça ao mesmo tempo... Criatura e criador num só universo; interagindo como numa dança que pode ser tanto o balé clássico como uma festa do congado, passando pelo frevo pernambucano ou pelo samba de uma escola de samba carioca. A composição é fluída, é sempre fluída, sempre nos leva de uma ponta a outra da tela, em expressividade fora do comum.
A cor é o próprio tema de muitas composições do artista, como em Paul Klee e em Miró. E são cores intensas, como em Kandinsky. Mas que não se engane quem vislumbra suas peças: Spiga é original, não há nem nunca houve igual... Autodidata por natureza, vocação e escolha própria, o pintor não se inspira em nenhum outro. “Sou adepto de minhas criações”, dispara certeiro quando perguntado sobre alguma influência. Para ele, “a arte não tem restrição.” E tudo pode ser testado, experimentado, questionado e... deformado. “Quero encontrar um ponto entre o abstrato e o deformismo”, conclui mais longamente sobre obras atuais.
Spiga tem uma trajetória muito rica de 45 anos na pintura! Sua maestria das formas, cores e linhas transpassa cada pincelada, cada mirada ao longo da criação... E nada escapa ao seu olhar...
Juazeiro do Norte, cidade dos romeiros de Nossa Senhora das Candeias, possui uma nova/antiga luz, a luz de Spiga, filho querido do Ceará, que ilumina e engrandece o olhar de quem se detém em suas criações... Longa vida ao nosso experimentador/artista/pintor do alto de sua maturidade artística!
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Contatos com o artista:
Telefone : (88) 988072953
Atelier: Rua Pio X 937 – Centro – Juazeiro do Norte, Ceará
Linhas, cores,
formas, pontos, tudo que envolve uma composição de artes visuais precisa,
necessita, requer, pede um porquê; não só um significado, mas um porquê. Não estou com isto querendo valorizar o
império do funcionalismo ou da funcionalidade... Não, longe disso. O porquê estético é tão bom – ou até melhor,
na maioria das vezes ou em grande parte das vezes – do que o porquê funcional quando
se trata de arte.
Como uma linha
será: sinuosa, reta, grossa, fina, leve, pesada, rápida, lenta, elétrica,
serena, são todas questões também de suma importância para o artista que se
debruça sobre sua obra.
Significado e
significante estão entrelaçados insofismavelmente, mesmo que não nos reportemos
à semiótica. A composição, seja ela qual
for, possui forças que guiam o olhar do observador, de dentro para fora, de
fora para dentro, da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, no
sentido horário, no sentido anti-horário.
Em n direções. Contrastes e
semelhanças, proximidade e distância influenciam essa trajetória da visão. E para que esse caminho visual possa se dar
com mais ou menos autenticidade, com mais ou menos beleza, com mais ou menos
força, o significante necessita ter relação direta com o significado. No design gráfico, o conceito: forma e
conteúdo. Nas artes plásticas, a expressividade: fatura e poética.
Nesse sentido,
pesquisar as artes visuais pressupõe um olhar direcionado e atento ao que
queremos, desejamos ou ansiamos como artistas para que não nos contentemos com
o início ou o meio da jornada, mas cheguemos ao seu final para completar nossa
visão autoral de forma plena.
Muitos se vendem por um lugarzinho ao sol, outros por 1 bilhão de reais... Tudo isso é muito pouco... Tanto o lugarzinho ao sol quanto o 1 bilhão de reais.
Ter caráter é algo que já foi desmascarado por iluminados. Mas a conduta ilibada e a ética, além do senso de solidariedade e de fraternidade podem não ser parte, exatamente, de um caráter. Podem ser parte de uma lógica da amorosidade, do respeito a si mesmo e ao próximo, da virtude pela virtude, do querer bem à sua família, amigos e colegas. Não é preciso ser alguém “de caráter” para ser uma pessoa do bem. É preciso consciência e sabedoria. Consciência e sabedoria, por sua vez, adquirem-se, conquistam-se ou não se adquirem, não se conquistam. Não está no DNA. Não é herança genética.
É preciso fazer valer a condição de ser humano e realmente ser um ser humano, sem concessões aos “jeitinhos” ou modismos, às safadezas ou “praticidades”. Ser resoluto é saber que o que se faz é o melhor para si e para os outros tendo sempre a ética, a verdade e a liberdade, além da solidariedade e da fraternidade como norte. Cônscio dessa condição, o verdadeiro cidadão ou a verdadeira cidadã não precisa realmente de caráter, o caráter é a sua consciência em si mesma, dissolvida em seus atos, palavras e atitudes.
O que significa exatamente imiscuir-se na consciência? Significa que nada que seja contrário ao desejo de auxiliar – de verdade – o próximo e a si mesmo poderá ter lugar na sua vida, no seu cotidiano, nos seus atos, palavras e atitudes se você não quiser. O livre arbítrio continua e sempre continuará, no entanto, a possível tentação de uma má conduta não será considerada por você como uma possiblidade razoável. Será uma possiblidade e apenas isso. Por exemplo, quem trabalha com risco de cortar-se em algum equipamento de modelagem em madeira, sabe que é preciso atenção. Há a possibilidade de se ferir, mas essa probabilidade é minimizada pelos procedimentos de segurança. Estar cônscio, imerso na consciência, significa um pouco isto, adotar medidas de segurança enquanto se trabalha com riscos. Poder traz riscos, como também, tentações e se essas tentações forem tratadas negligentemente podem se tornar realidade e acabar devorando a pessoa. Já foi dito: “Se alguém olhar muito para o abismo, o abismo o devorará.”
Não se trata aqui de defender moralismos ou idealismos, mas de ter em si mesmo, uma fagulha divina que te guie pelo melhor caminho, pela melhor opção, pela melhor conduta. Esse guia interior é alcançado por meio de meditação e oração. Não há outro meio... Só a partir de um encontro pessoal com Deus se consegue consciência na vida.
Portanto, é necessária uma revisão de valores e ideais se quisermos realmente possibilitar o surgimento de um novo homem. Não é possível ter-se o bem na existência, quando o bem não é nosso íntimo, não faz parte do nosso dia-a-dia, não é nosso companheiro e não está sempre presente do raiar do dia ao crepúsculo. Pensar, refletir e chegar à conclusão da necessidade de uma prática espiritual diária é condição básica para a finalidade da virtude. Paz e luz.
Eu, Mauricio Duarte, recebendo minhas insígnias de associado da SAL, Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo, na Sessão Solene dos 10 anos da instituição.
O que ficou conhecido como Funk Carioca, pancadão ou proibidão é música sim, ao contrário do que pensam alguns: música da pior espécie.
O erotismo, tema abordado na grande maioria dos casos, não possui tratamento estético nenhum. Tanto as letras como as danças tratam dos genitais pelos mais variados nomes, dos "lances", gravidezes; das formas mais explícitas, banais e sem reflexões; como só numa mesa de boteco, aqueles homens absurdamente mulherengos e zombeteiros são capazes de tratar.
A função do Funk Carioca não trabalha o contexto romântico-erótico nem com beleza e nem com pragmatismo. Fosse uma explicitude do sexo com uma nudeza fria, cínica, sarcástica ou bem humorada ( lembram da banda Blitz?), poderia ser imoral, mas ainda assim teria uma função artística superior. Mas não, o Proibidão conseguiu descer a círculos infernais piores dos que do Axé de dulplo sentido dos anos 90.
O Poibidão (prefiro chamar assim pra não blasfemar contra o verdadeiro Funk - aquele do James Brown pra quem não conhece); não expressa verdades ou visões sobre outras coisas que não 90% de sexo e uns 10% de bandidagem e criminalidade (Só aí, vemos como ele é limitado).
A sua função é menos artística e mais como pornografia sonora; onde "novinhas" e "velhinhas", simulam o coito rebolativamente nas mais variadas posições imagináveis.
Tal como a pornografia convencional, o Pancadão estimula o erotismo e provoca a libido; mas como a pornografia visual, sua projeção é mecânica e robótica. Ele é incapaz de emular no ouvinte os detalhes, agonias, aspirações e elevações do sexo real, feito por um casal que minimamente nutre um afeto carinhoso - e eu nem disse amor...
Os bits e as dobras do som funcionam como um mantra ao repetir dezenas de vezes num minuto, a palavra "vagina", por exemplo. Claro, as letras desse estilo, optam por vocábulos mais chulos...
Os mantras lançam sobre o imaginário afetado dos ouvintes uma cortina de fumaça que mutilará as nuances do sexo para aqueles que não tem o mínimo de arcabouço cultural ou espiritual fora dessa desgraça artística.
O Proibidão - acho que esse seja realmente o melhor nome pra vertente pornográfica - por vezes, chega a aproveitar aqueles passos menos indecorosos, rápidos e cheios de gingado do Pancadão carioca ( onde as pernas se cruzam e descruzam e flexionam numa coreografia bacana e rememoram letras infantes como o de "Minha Vó tá maluca" que trazem um pouco de humor e tem uma função- esta sim- mais musical do que sexual.
Imaginem os filmes de cinema (nenhum dos grandes festivais ou premiações tem troféus para o estilo "película adulta"). As garotas de progama conhecidas como atrizes pornô (falo assim, com todo o carinho por elas e sem moralismo - é apenas um fato) não precisam de talento, nem disciplina e nem vocação artística nenhuma. Ou melhor, sua potência artística - se existe-, nesse tipo de produção é próxima a zero - ainda que tenham estudado dramaturgia durante anos.
O caminho que escolheram, inferioriza as suas virtudes interpretativas; pois gemer de um jeito ou de outro, por mais verossímil que seja um gemido, não envolve disciplina nenhuma a não ser o resgate de emulações simplórias que estão no imaginário da maioria dos seres humanos. E simular uma pessoa que não existe - um personagem - é bem diferente de fazer algo que a maioria dos seres humanos fazem ou farão um dia na sua intimidade.
A geração do Proibidão, será uma das mais frustradas sexualmente.
Justamente por bestializar e, mais ainda, robotizar o sexo, terá dificuldades de experimentar, pelo menos, por muito tempo, a plenitude dos prazeres sensoriais, e falo dos físicos mesmo (para ser redundante). Menos capazes ainda, serão, de usufruir da influência que a alma e o espírito podem promover, elevando à potência máxima a experiência sexual, emanando sobre esse quase-ritual divino, criado, dentre outras coisas, para que um homem e uma mulher celebrem a sua união e se recreiem nela.
Não é a toa que o Dr. William Lane Craig exponha que pessoas com valores mais elevados tem uma vida mais satisfatória nessa área...
A minha esperença é que a maioria dos ouvintes de Proibidão ouçam - sim, é triste dizer isso, e é assunto pra um próximo capítulo- pelo menos, pagode.
E antes de dizer que eu não sei nada sobre este lixo que jamais esteve na minha playlist musical, não ignore o meu poder de análise e síntese.
E muito menos a pesquisa de campo:
Acabei de voltar de um baile "funk".
* * *
Júlio Servo é poeta e blogueiro. Seus poemas, artigos e vídeos são publicados no www.poesiaetudomais.wordpress.com
Direitos autorais devidamente reconhecidos ao livro de minha autoria . VOZES QUE CALAM . Sementes líricas de Mauricio Duarte . poesia pela editora Literacidade do Pará.