Sociedade civil de artistas e literatos de São Gonçalo
domingo, 16 de abril de 2017
Artemisia Gentileschi
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Nossa força maior
Entrevista ao Antro Literário
Entrevista minha concedida ao meu amigo Leo Vieira no Antro Literário: http://antroliterario.blogspot.com.br/2017/04/antrovista-mauricio-duarte.html
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Rodrigo Gurgel: "Nossa ideia de intelectual está, desgraçadamente, presa à do acadêmico"
esconde opiniões contundentes a respeito – é claro! – daquilo que mais
entende: livros. Professor de literatura e escrita criativa, além de
crítico literário, Gurgel é autor de Esquecidos & Superestimados, Muita retórica – Pouca literatura e o mais recente Crítica, Literatura e Narratofobia.
Sobre a importância dos clássicos para a formação, das escolas como
espaço de debate e as redes sociais como ambientes de estímulo à
leitura, o escritor conversa com a Fausto
com exclusividade. Em um país que pouco se lê, qualquer caminho que
leve à boa literatura é válido? Intelectuais no topo dos rankings de
venda não é algo a se comemorar? Com a palavra: Rodrigo Gurgel.
Fausto — Importante é ler, independente de qual gênero seja o livro e de qual autor?
Rodrigo Gurgel: O ideal seria viver numa sociedade em
que todos não só fossem alfabetizados, mas também encontrassem na
leitura uma forma de divertimento e conhecimento. O mero escape do
cotidiano massacrante, por meio da leitura, exercício muito mais sutil e
muito mais complexo do que, por exemplo, o comportamento passivo diante
da tevê, já representaria uma vitória cultural sem precedentes. Mas
essa afirmação não exclui o fato de que há, sim, níveis de leitores:
entre o leitor que se dedica exclusivamente a romancinhos medíocres ou
livros de autoajuda e o leitor que aprecia Homero, Dante, T. S. Eliot,
Hemingway e Henry James há enorme diferença.
Qual a principal diferença entre esses leitores?
Essa diferença não se restringe à qualidade dos leitores ou do próprio
ato de ler, mas se reflete na vida do leitor. O segundo leitor, capaz de
dedicar-se a autores que exigem apreensão mais trabalhosa, certamente
será capaz de distinguir na realidade, na convivência social, matizes
que o primeiro leitor não perceberá ou demorará a perceber.
Por que ler os clássicos é tão importante para a formação?
Um clássico é uma obra que demonstra a maturidade do seu autor.
Maturidade mental, de costumes, no uso da língua e, portanto, na
elaboração do seu estilo. São “virtudes” apontadas por T. S. Eliot.
Acrescento a elas também o caráter universal dessas obras, ou seja, a
possibilidade de serem lidas e compreendidas por todas as culturas — o
que Eliot chama de “ausência de provincianismo”. Ou seja, um clássico é
uma obra que ultrapassa seu tempo, não por ser de vanguarda, mas porque
seu conteúdo trata de questões que são essenciais para o gênero humano.
Podemos, dessas características, depreender a importância de ler os
clássicos: esses livros apresentam as paixões humanas sem esquematismos,
sem moralismos, de forma intensa e original. São obras abertas à
complexidade do homem, do mundo, da história. São obras nas quais o
leitor sempre poderá encontrar uma explicação para o sentido da sua
própria vida, que sempre ajudarão o leitor a enfrentar o complexo
exercício de viver — e também divertem, empolgam, emocionam. Livros
assim provocam efeitos singulares na mente dos leitores. Marcam nossa
vida. Iluminam nossa vida.
Só o grande romancista, ao
investigar a complexidade da existência humana, torna presente, para o
leitor, o homem integral, o homem dividido, o homem que se interroga. Um
Proust coloca no bolso do colete cinquenta, cem, duzentos pretensos
intelectuais.
Rodrigo Gurgel
Redes sociais podem ser consideradas bons espaços para a formação de um leitor?
Não. Uma rede social é apenas o que seu próprio nome expõe: um
entrelaçado de relações sociais que se formam e se desfazem no contexto
de diferentes espaços virtuais. São ótimas redes de comunicação, de
troca de ideias. Mas são ótimas também para desviar nossa atenção e
impedir que nos tornemos bons leitores, que leiamos o que realmente
importa.
É uma batalha inglória a das livrarias contra os sites de download gratuito de livros?
Não creio. O livro assumiu, em nossa cultura, um papel crucial — e
mantemos com ele uma relação sensorial e, ao mesmo tempo, de confiança
no seu poder de preservar a cultura e abrir, de forma constante, novas
perspectivas de estudo, de conhecimento. Eu próprio utilizo diferentes
aparelhos para leitura de e-books, mas o contato com o livro permanece
insuperável — em termos de prazer, de facilidade de acesso e de
indexação do conteúdo estudado. Considero o livro um objeto de riqueza
inesgotável.
É bom que intelectuais ocupem os primeiros lugares em vendas de livros?
Precisaríamos, antes de tudo, definir o que é um “intelectual”, tarefa
que escapa ao objetivo desta entrevista. Depois, seria indispensável
classificar esses intelectuais, buscando discernir quais realmente
exercitam seu intelecto na busca da verdade e não se refestelam na
segurança dos discursos ideológicos ou dos lugares-comuns das
panelinhas. Mas essa tarefa também é impossível neste espaço. Resta-me,
portanto, aguardar pelo tempo em que teremos nossos melhores romancistas
ocupando os primeiros lugares desses rankings, porque intelectuais e
filósofos de autoajuda não chegam aos pés de um grande romancista. Só o
grande romancista pode oferecer acesso à vida iluminada, à exploração da
nossa própria intimidade, das nossas lutas individuais e coletivas. Só o
grande romancista, ao investigar a complexidade da existência humana,
torna presente, para o leitor, o homem integral, o homem dividido, o
homem que se interroga. Um Proust coloca no bolso do colete cinquenta,
cem, duzentos pretensos intelectuais. É o que falta ao Brasil: mais
romances, mais ficção, ou seja, mais vida, mais experiências éticas — e
menos especulações intrincadas e artificiosas. Precisamos de romancistas
que presentifiquem, diante do leitor, a riqueza da vida — e não de
pretensos intelectuais que vivem supondo o que deve ser a vida segundo
esta ou aquela ideologia.
Qual seria a sua definição de intelectual? Ainda que uma definição breve…
Nossa ideia de intelectual está, desgraçadamente, presa à do acadêmico —
quase sempre um sociólogo — que, figura carimbada dos programas
jornalísticos, aparenta ter uma opinião formada sobre os mais variados
assuntos. Contudo, nada pode estar mais distante da vida intelectual do
que esse esse falso expert que tem soluções mágicas para todos os
problemas. Um intelectual é alguém que, ao mesmo tempo, se interroga e
interroga o seu tempo; questiona-se e questiona a sua cultura, os
valores da sua época, as escolhas e o modo de viver dos seus
contemporâneos; investiga o que o passado nos legou e realiza o diálogo
crítico entre essa tradição e o presente. Ou seja, ele transcende a
ordem imediata das coisas e busca a verdade que nasce desse diálogo com o
conhecimento universal, com a inteligência. O comentarista da tevê ou
do rádio é, quase sempre, o servidor de um partido ou de uma ideologia —
ele se traveste de intelectual, mas, por ser quem é, só consegue
repetir fórmulas prontas, tem o desempenho de um ilusionista das
palavras. O verdadeiro intelectual está em busca de respostas que
independem da ideologia dominante ou dos modismos acadêmicos. O que ele
busca é um encontro pessoal com a verdade.
Não é possível levar em conta que tais livros, os do topo dos
rankings, sejam considerados uma porta de entrada ao universo dos
clássicos, por exemplo, ou de obras mais densas?
Tudo é possível. Alguém que hoje lê o repetitivo e pegajoso autor de
vinte manuais de autoajuda pode, amanhã, motivado pelas mais diversas
influências, ler Platão ou Cecília Meireles. Mas, perceba: estamos no
campo do que é possível, do que pode ou não ocorrer, daquilo que é
eventual. Um acaso feliz é sempre bem-vindo, mas continua sendo um
acaso.
Acredita que há uma demanda para boas discussões literárias e filosóficas?
Sempre haverá. É assim desde que o homem é homem.
A pergunta de 1 milhão de dólares é então como torná-las
viáveis para quem fala, ou seja, os escritores e comentadores; assim
como para quem ouve, leitores, público em geral?
Mas as boas discussões — e também as inúteis — já são exequíveis e
permanentes. Hoje, a Web antecipa e realiza as discussões, predispondo
seus participantes ao encontro real, físico. Todas as condições estão
dadas. Talvez o que falte, como sempre faltou em muitos projetos, é uma
vontade de concretização, uma predisposição ao ato de consumar, em
termos concretos, o que se realiza via internet. Falta o que sempre
faltou aos sonhos que não se realizaram: vontade e coragem. Mas falta a
alguns. A outros, sobra.
O politicamente correto em sala de aula pode causar danos irreparáveis a curto, médio ou longo prazos no leitor?
O politicamente correto já causa danos irreparáveis. Neste exato
momento, em milhares de salas de aula, no mundo inteiro, crianças são
condicionadas a acreditar, por exemplo, que o sexo das pessoas é uma
escolha meramente cultural e não uma imposição biológica. Milhões de
crianças aprendem que Che Guevara foi um herói e não um criminoso. Ou
seja, milhões de crianças são treinadas para desconhecer a realidade e
acreditar numa fantasia ideológica. Este já é um “admirável mundo novo”.
E nós, que ainda enxergamos a realidade, somos considerados
“selvagens”.
Se a sala de aula não abrir espaço para a discussão de ideias, quem abraçará essa demanda ou ela tende a deixar de existir?
Tenho sérias dúvidas em relação ao papel e à importância da escola. Um
mero sistema de alfabetização jamais assegurou, como pretendiam os
revolucionários de 1789, a criação da verdadeira cidadania, do
verdadeiro senso crítico. O que vemos são milhões de alfabetizados
ignorantes sendo pastoreados por demagogos e populistas. Na verdade, a
escola, em todos os níveis, oferece muito pouco. A escola sempre
ofereceu e sempre oferecerá apenas o suficiente para, na maioria dos
casos, formar cidadãos submissos ao Estado e à ideologia dominante. Olho
para minha própria formação e vejo uma evidência muito clara: se não
fosse o impulso constante da minha família, principalmente as
intermináveis discussões que mantive com meu pai, e meu desejo de
conhecimento, minha voracidade de leitor, eu seria apenas mais um idiota
útil — bem alfabetizado, mas idiota. Da mesma forma, quando olho o
passado e revejo meus professores, quantos permanecem, quantos realmente
me marcaram? Dois ou três, no máximo.
***
fonte: Fausto Mag.
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Spiga
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
domingo, 9 de abril de 2017
Arte-enlevo . artes visuais
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Triste é ver que se vendem por tão pouco...
Triste é ver que se vendem por tão pouco...
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/triste-e-ver-que-se-vendem-por-tao-pouco-por-mauricio-duarte/
Recebendo insígnias na SAL
sexta-feira, 31 de março de 2017
Proibidão: Música para Adultos
Por Júlio Servo
*
O que ficou conhecido como Funk Carioca, pancadão ou proibidão é música sim, ao contrário do que pensam alguns: música da pior espécie.
O erotismo, tema abordado na grande maioria dos casos, não possui tratamento estético nenhum. Tanto as letras como as danças tratam dos genitais pelos mais variados nomes, dos "lances", gravidezes; das formas mais explícitas, banais e sem reflexões; como só numa mesa de boteco, aqueles homens absurdamente mulherengos e zombeteiros são capazes de tratar.
A função do Funk Carioca não trabalha o contexto romântico-erótico nem com beleza e nem com pragmatismo. Fosse uma explicitude do sexo com uma nudeza fria, cínica, sarcástica ou bem humorada ( lembram da banda Blitz?), poderia ser imoral, mas ainda assim teria uma função artística superior. Mas não, o Proibidão conseguiu descer a círculos infernais piores dos que do Axé de dulplo sentido dos anos 90.
O Poibidão (prefiro chamar assim pra não blasfemar contra o verdadeiro Funk - aquele do James Brown pra quem não conhece); não expressa verdades ou visões sobre outras coisas que não 90% de sexo e uns 10% de bandidagem e criminalidade (Só aí, vemos como ele é limitado).
A sua função é menos artística e mais como pornografia sonora; onde "novinhas" e "velhinhas", simulam o coito rebolativamente nas mais variadas posições imagináveis.
Tal como a pornografia convencional, o Pancadão estimula o erotismo e provoca a libido; mas como a pornografia visual, sua projeção é mecânica e robótica. Ele é incapaz de emular no ouvinte os detalhes, agonias, aspirações e elevações do sexo real, feito por um casal que minimamente nutre um afeto carinhoso - e eu nem disse amor...
Os bits e as dobras do som funcionam como um mantra ao repetir dezenas de vezes num minuto, a palavra "vagina", por exemplo. Claro, as letras desse estilo, optam por vocábulos mais chulos...
Os mantras lançam sobre o imaginário afetado dos ouvintes uma cortina de fumaça que mutilará as nuances do sexo para aqueles que não tem o mínimo de arcabouço cultural ou espiritual fora dessa desgraça artística.
O Proibidão - acho que esse seja realmente o melhor nome pra vertente pornográfica - por vezes, chega a aproveitar aqueles passos menos indecorosos, rápidos e cheios de gingado do Pancadão carioca ( onde as pernas se cruzam e descruzam e flexionam numa coreografia bacana e rememoram letras infantes como o de "Minha Vó tá maluca" que trazem um pouco de humor e tem uma função- esta sim- mais musical do que sexual.
Imaginem os filmes de cinema (nenhum dos grandes festivais ou premiações tem troféus para o estilo "película adulta"). As garotas de progama conhecidas como atrizes pornô (falo assim, com todo o carinho por elas e sem moralismo - é apenas um fato) não precisam de talento, nem disciplina e nem vocação artística nenhuma. Ou melhor, sua potência artística - se existe-, nesse tipo de produção é próxima a zero - ainda que tenham estudado dramaturgia durante anos.
O caminho que escolheram, inferioriza as suas virtudes interpretativas; pois gemer de um jeito ou de outro, por mais verossímil que seja um gemido, não envolve disciplina nenhuma a não ser o resgate de emulações simplórias que estão no imaginário da maioria dos seres humanos. E simular uma pessoa que não existe - um personagem - é bem diferente de fazer algo que a maioria dos seres humanos fazem ou farão um dia na sua intimidade.
A geração do Proibidão, será uma das mais frustradas sexualmente.
Justamente por bestializar e, mais ainda, robotizar o sexo, terá dificuldades de experimentar, pelo menos, por muito tempo, a plenitude dos prazeres sensoriais, e falo dos físicos mesmo (para ser redundante). Menos capazes ainda, serão, de usufruir da influência que a alma e o espírito podem promover, elevando à potência máxima a experiência sexual, emanando sobre esse quase-ritual divino, criado, dentre outras coisas, para que um homem e uma mulher celebrem a sua união e se recreiem nela.
Não é a toa que o Dr. William Lane Craig exponha que pessoas com valores mais elevados tem uma vida mais satisfatória nessa área...
A minha esperença é que a maioria dos ouvintes de Proibidão ouçam - sim, é triste dizer isso, e é assunto pra um próximo capítulo- pelo menos, pagode.
E antes de dizer que eu não sei nada sobre este lixo que jamais esteve na minha playlist musical, não ignore o meu poder de análise e síntese.
E muito menos a pesquisa de campo:
Acabei de voltar de um baile "funk".
* * *
Júlio Servo é poeta e blogueiro. Seus poemas, artigos e vídeos são publicados no www.poesiaetudomais.wordpress.com
domingo, 26 de março de 2017
Direitos autorais - VOZES QUE CALAM - poesia
sábado, 25 de março de 2017
A arte visionária e o uso ou não de psicoativos
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/a-arte-visionaria-e-o-uso-ou-nao-de-psicoativos-por-mauricio-duarte/