Sociedade civil de artistas e literatos de São Gonçalo
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
A breve vida da página "Armandinho morrendo violentamente"
Falamos com o criador da página que parodiava a famosa tirinha de Alexandre Beck
Armandinho é uma tirinha criada por Alexandre Beck no jornal Diário Catarinense. Você deve conhecer o quadrinho, já são seis coletâneas de tiras editadas e quase 730 mil likes no Facebook. Certo?
Com tamanho alcance, tem quem goste e tem quem deteste o garotinho que sempre tem uma resposta pronta para diversas situações e geralmente sempre se comporta de maneira politicamente correta.
Tom Magalhães, mestrando em Direito pela UFRJ, é da turma que não é muito fã do menino. O que irrita ele nem é o conteúdo das tiras. Em muitas situações, Tom concorda com Armandinho, mas acha o moleque irritante demais desde a primeira vez que o viu.
Por conta disso, decidiu criar a página Armandinho morrendo violentamente para postar paródias onde o menino sempre morre após sua tirada final.
Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook
Em menos de dois dias, a página se espalhou rápido e ganhou 6 mil seguidores, chamando atenção de quem entendeu a piada como o criador da página queria e de gente que via na página uma “resposta da direita” para o quadrinho, sempre associado a uma postura progressista e de esquerda. A confusão estava armada.
No pouco tempo que a página existiu, Tom chegou a esclarecer o assunto em um post.
Muita gente tá interpretando essa página como se fosse contra o Armandinho por ele ser “de esquerda” ou “comunista” ou por ser a favor dos direitos humanos, do feminismo, ou o caramba a quatro, e portanto como uma página “de direita”.
A interpretação é livre, e o texto quando cai na rede é peixe, pra ser interpretado da forma que for interpretado.
Mas queria deixar claro que nossa opinião é que essa interpretação é burra, porque o fato de o armandinho ser irritante não tem nada a ver com uma ou outra posição política estar certa ou errada.
Será que interpretar isso aqui como outra pregação, só que de uma ideologia oposta, não é meio babaca?
Mas a brincadeira só acabou quando o próprio autor da tirinha original, Alexandre Beck, apareceu com uma notificação extrajudicial, chegando a falar com Tom por telefone ontem. No mesmo dia, o criador da paródia decidiu tirar a página Armandinho morrendo violentamente do ar.
Em entrevista para o blog, ele explicou a decisão: “O autor me disse, por telefone, que a paródia o tinha incomodado bastante porque expressaria, segundo ele, valores opostos aos do original, e usaria o personagem dele para pregar a violência. Não concordo com essa interpretação, mas também não me sinto confortável de ferir os sentimentos do cara, se a interpretação dele é diferente. Esse é um dos motivos pelos quais já não me senti mais à vontade para seguir administrando a página pessoalmente”.
Na página oficial do Armandinho no Facebook, muita gente foi reclamar da postura de Beck por fazer a notificação extrajudicial. No Twitter, mais pessoas também reclamaram da pressão feita contra a página. Muitos dos órfãos, inclusive, agora estão criando suas próprias paródias, extrapolando de longe a ideia original em alguns casos. Páginas, como a Pentelho.burro, armazenam essa produção.
Para entender todo os detalhes do caso e levantar o debate, conversamos com o autor da paródia. Leia a íntegra. (Procurado pelo blog em seus canais oficiais, o autor Alexandre Beck não deu retorno até a publicação do post).
Brasileiros – Quando e por qual razão você decidiu criar a página, é uma ideia só sua?
Tom Magalhães - Bom, eu tinha a ideia de matar esse personagem, em diferentes graus de consciência, já há algum tempo – provavelmente desde a primeira vez que eu vi a tirinha. A decisão de criar a página é de anteontem, e foi por procrastinação. Estou preparando o material pra minha qualificação de Mestrado (o tema é, veja só, a relação entre direito, linguagem e violência), e acho que queria alguma coisa pra desviar minha atenção de vez em quando.
Mas eu não diria que a ideia é minha, por dois motivos. O primeiro é que, como ficou claro pra mim pela reação do pessoal que curtiu a página, a ideia já estava na cabeça de muita gente. A vontade de que o personagem morresse no final das tirinhas, a imaginação da morte dele, já se faziam presentes pra uma parte dos leitores fortuitos do original — acho que por motivos que se relacionam principalmente a concepções diferentes de humor e de arte, que podem gerar emoções fortes.
Então eu só criei a página, e o fato de ela ter tido tanta adesão me parece ser porque a ideia já estava no “inconsciente coletivo”. Inclusive, tenho que concordar com o que o criador da tirinha me disse, que a página só cresceu tão rápido por causa da fama do personagem, ainda que seja, digamos, a partir do negativo dessa fama. O segundo motivo pelo qual eu não me sinto dono da ideia é que eu não desenho as tirinhas, embora tenha chamado o artista – que até o momento quis permanecer anônimo – e feito a sugestão. Assim, a maioria das decisões específicas sobre a forma como o personagem morre – que incluem as principais decisões estéticas e humorísticas que dão o valor do negócio – são dele.
A ideia, então, não é minha nem numa ponta, nem na outra. Eu só a pus em funcionamento e assumi, assim, a responsabilidade, já que, embora meu nome não aparecesse na página, se o caso fosse levado a juízo seria eu o responsável.
Com a página no ar ainda, muita gente a classificou como humor negro ou mesmo uma página de direita, esse não era bem seu objetivo, certo?
Acho difícil dizer que não seja humor negro quando se trata de rir da morte e da violência. Não tenho nada contra humor negro, embora existam versões nada a ver dele. O pessoal de direita, dessa nova direita burra que infelizmente tá crescendo no país – e que é, inclusive, responsável por boa parte do humor negro nada a ver que tem sido produzido – é que me incomoda. Teve um pessoal que identificava o personagem como “de esquerda” e, só por isso, viu a paródia como passando uma mensagem “de direita”. A interpretação é livre quando o negócio cai na rede, é claro. Mas acho, como interpretação, pouco inteligente.
O personagem é irritante (pra mim, pelo menos) porque passa didaticamente uma mensagem. Daí você vê a paródia como passando didaticamente a mensagem contrária? Por exemplo, de que esquerdistas chatos têm que morrer. Me parece que o cara que interpreta assim não tá entendendo nada. Como disse, inclusive, um dos seguidores da página, eu compartilho a maioria das posições que o personagem expressa. Isso não me impede de querer ver ele morrendo, porque o irritante não é o que ele diz e sim a forma e o momento em que ele o diz. Não tem nada a ver com a mensagem, e inclusive questiona a relação entre humor e mensagem. Acho que foi o Woody Allen que disse algo assim: “Me perguntaram qual a mensagem dos meus filmes; eu disse que fiz um trato com os correios — eles passam as mensagens, eu faço os filmes”.
Acho que o negócio é, então, antes de mais nada fruto de um abismo entre a nossa (minha, de quem curtiu a página) concepção de humor e de arte e a que é assumida pela tirinha parodiada. Não é uma divergência política, a não ser na medida em que concepções de humor e de arte têm consequência política. Eu, particularmente, acho que a função do humor e da arte está em um jogo mais complexo e delicado do que simplesmente transmitir um conteúdo específico. Tem outras formas de usar a linguagem que servem melhor à transmissão de mensagens.
Daí que quem interpreta o negócio como um embate entre coxinhas e petralhas, esses dois lados que, infelizmente, estão tomando e emburrecendo todas as discussões no Brasil, não me parece entender muito de piada nem de arte. Mas não dá pra esperar muito humor e senso estético de quem afina com o Bolsonaro, né?
Você esperava que o autor mandasse tão cedo um pedido para que o trabalho fosse interrompido? O que você achou dessa atitude?
Queria esclarecer que, no fim das contas, o autor disse que nunca tinha tido a intenção de acionar a justiça nem de tirar a página de circulação, embora a primeira mensagem que ele me mandou dissesse “aguardo imediata retirada de todo trabalho de minha autoria […] ou irei acionar os meios cabíveis para os devidos reparos financeiros”. Inicialmente, nem pensei que a coisa fosse crescer ao ponto de ele entrar em contato conosco, ao ponto de envolver a pessoa dele, pra além da tirinha, pessoalmente. E, mesmo que fosse o caso, achei que ele deixaria rolar, por vários motivos.
Primeiro porque esse negócio de paródia, remix, etc., para mim hoje já é lugar comum. Depois porque as tirinhas do cara expressam bem diretamente uma visão progressista, de tolerância e que costuma, no espectro político, vir acompanhada de uma liberação maior desse tipo de prática, até de um certo entusiasmo diante das possibilidades recombinatórias da rede livre.
Mas o autor me disse, por telefone, que a paródia o tinha incomodado bastante porque expressaria, segundo ele, valores opostos aos do original, e usaria o personagem dele para pregar a violência. Como já disse, não concordo com essa interpretação, mas também não me sinto confortável de ferir os sentimentos do cara, se a interpretação dele é diferente. Esse é um dos motivos pelos quais já não me senti mais à vontade para seguir administrando a página pessoalmente. Prefiro deixar que a coisa tenha uma dimensão difusa do que que vire uma coisa minha contra ele, afinal não tenho nada pessoal contra o cara.
O autor afirmou que se tratava de uma questão mais de direitos autorais do que uma represália ao conteúdo, correto? Você citou um trecho da lei que permitira algo dentro da linha do projeto, mas optou por tirar a página do ar. Por que tomou essa decisão?
Não foi bem isso. Na notificação inicial que ele mandou à página, ele falava em “uso comercial” e indicava responsabilidade criminal. Depois, quando conversamos por telefone, me pareceu que o que incomodava ele mais era o conteúdo. Mesmo sabendo que não havia fins lucrativos, ele se sentia incomodado, como disse, porque via ali uma mensagem oposta às ideias dele. São, é claro, duas coisas diferentes. Uma coisa é que você tem o direito, segundo a lei brasileira, de não permitir uma paródia quando ela não é facilmente discernível da obra original, ou quando a coloca em excessivo descrédito. Na minha opinião nenhuma das duas coisas é o caso, mas isso é debatível.
Outra coisa é você não querer que o treco vá contra as suas ideias. Isso a lei não prevê, é claro, porque seria contrário à liberdade de expressão exercida através da paródia, que não precisa pedir autorização ao criador do original para existir, muito menos concordar com as ideias dele. Acho o sentimento de ficar ofendido com uma paródia antidemocrático, se é que um sentimento pode ser antidemocrático, mas acho que isso é da conta do autor, e não da minha.
Tomei a decisão de tirar a página do ar, então, por conta desse conflito pessoal que acabou aparecendo e que não quero ter, e também por conta da questão jurídica. Mesmo que esclarecida pelo autor a ausência de intenção de processo, a possibilidade fica lá, de alguma forma, no background, e não quero ter que pensar nisso. É claro que, se fosse uma questão muito importante pra mim, daria pra levar isso adiante.
Mas acabei achando, no fim das contas, que o fim da página pode ser mais interessante que a sua continuidade. Afinal, trata-se de uma piada única. Ela se repete com variantes, mas não me parece que tivesse potencial pra continuar, no mesmo formato linear e unificado, por muito tempo, sem perder a graça e decair. Acho que, com a mobilização que se gerou na rede, as possibilidades criativas são muito mais interessantes.
O pessoal que se conheceu através da página criou um grupo onde estão sendo criadas muitas coisas, algumas ao meu ver muito interessantes. Há muita coisa escrota, também, mas isso faz parte. Essa produção disseminada, horizontal me parece bem mais interessante. É o Freakazoid, a força criativa incontrolável da internet, que pode fazer tanto coisas sensacionais quanto as piores merdas. Isso aí, então, já não é mais conosco. Até porque, conhecendo o artista que fez as paródias, não sei por quanto tempo ele se interessaria por manter esse projeto. Acho que rapidamente enjoaria. Ele gostou, certamente, de fazer as tirinhas, mas está totalmente alheio a toda a polêmica que está rolando.
Quando eu disse a ele que a página sairia do ar, mas que tinha adicionado ele ao grupo privado, ele nem foi olhar o que estava acontecendo, e me respondeu com uma frase sensacional: cool guys don’t look at explosions. Caras legais não olham para explosões.
Que discussão você espera que surja do caso? Muita gente já anda espalhando o material e produzido coisas semelhantes em outros lugares.
Eu, ao contrário do cara que não olha para explosões, me interesso muito pelo debate que surge do negócio. Ele levanta vários temas que me interessam — paródia e liberdade de expressão; funções do humor e da arte; interpretação da arte e das leis; direito e justiça. Um amigo meu que é especialista em direito autoral, disse que se esse caso fosse à justiça provavelmente seria discutido em congressos acadêmicos (como o caso da “Falha de São Paulo”, por exemplo). Isso é porque ele fica no limiar da interpretação da lei, isto é, naquele espaço em que, pelo texto, não dá pra saber de antemão qual a interpretação correta.
A discussão se a paródia é legítima ou não dá muito pano pra manga. Ela reproduzia 100% do original, mas ao mesmo tempo era facilmente distinguível dele. Ela era, certamente, violenta contra o original, como toda paródia em alguma medida é, mas é discutível que grau de desabono ao original justifica a supressão de uma paródia, afinal as paródias têm que existir e elas estão aí pra complicar. Seria preciso uma desvalorização muito grave do original pra justificar a supressão, mas isso é bem “subjetivo”. Acho que esses casos limítrofes são importantes porque levantam a discussão, tanto a discussão do direito quanto a da arte, a do humor, etc.
Acho que essa bola foi levantada e ainda vai quicar um pouco, e isso é ótimo, ainda que, evidentemente, saia do controle de qualquer pessoa ou entidade específica. Teve gente oferecendo espaço para publicação, uma página de “jovens de direita”. Um pessoal que faz uma paródia muito ruim do Latuff (que, em si mesmo, já é da turma do cartum com mensagem, mas pelo menos o faz muito bem) prestou uma homenagem à página que achei totalmente equivocada, porque era tão didática e sem graça quanto aquilo que pretendia criticar.
Muita gente tá instrumentalizando o negócio, então, dessa forma nada a ver e ainda por cima com uma mensagem escrota. Mas isso faz parte do jogo. Tem muita gente fazendo coisa interessante também, e tanto as coisas boas quanto as ruins levantam questões.
—
Quer ler mais sobre o assunto? Vale passar pelo post de Marcel R Goto, que chegou a receber uma resposta de Alexandre Beck sobre a página.
A breve vida da página "Armandinho morrendo violentamente" - Brasileiros
domingo, 8 de janeiro de 2017
Livro do Mês
No "Livro do Mês" da Sinestesia de janeiro, o livro VOZES QUE CALAM de minha autoria. Confiram lá, amigo(a)s. Obrigado. Bem vindo(a)s.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
A doença como norte não é o que precisamos
A doença como norte não é o que precisamos
Segundo Alan Watts em A cultura da contra cultura . Transcritos editados, um autor antigo, é verdade, mas que continua atual, “ao que se refere à mente humana, sabemos tanto quanto sabíamos sobre a galáxia em 1300. [...] Nós não sabemos como a psicoterapia é feita, assim como não sabemos realmente como o gênio musical, artístico e literário é consumado.[...]” E a indústria farmacêutica lucra muito todo ano com medicamentos que, muitas vezes, não obtém resultados satisfatórios, ou pior, causam efeitos colaterais terríveis.
Existem, na verdade, vários tipos de saúde física e mental – e até espiritual, se levarmos em conta os chakras, a alma e o espírito. Pelo menos as que são listadas na medicina ayurveda: Vata, Pitta e Kapha. Em Uma visão ayurvédica da mente . a cura da consciência, David Frawley relata que a “inteligência (Buddhi) é o instrumento da percepção por meio do qual resolvemos as dúvidas e tomamos decisões.” A mente (Manas), segundo o mesmo autor, é “o instrumento do pensamento em que alimentamos as dúvidas.” Como diria um pajé sábio, a mente mente e só a mente-que-sabe sabe que sabe e não precisa mentir; justamente porque sabe. Mas saber pela metade também pode ser perigoso. E é, na maioria das vezes, eu acrescentaria. Um provérbio zen diz: “Um monge que tem um satori vai para o inferno em linha tão reta quanto uma flecha.” Um satori é um estado de êxtase espiritual passageiro e que serve como etapa para trazer o adepto de volta ao ponto no qual veja e perceba que a sua mente normal é a mesma mente do Buda. A única diferença é que Buda está acordado e nós estamos dormindo. Entrelaçados e enredados numa imensa teia de Maya (ilusão) que nos dá a sensação falsa, totalmente falsa, de que estamos no controle.
Mas todos estamos nesse mar de ilusão. Inclusive os médicos, farmacêuticos e todas as pessoas que trabalham na grande estrutura de produção e distribuição de remédios, por exemplo.
Já percebeu? Na sociedade ocidental, de hoje em dia, todos ou quase todos, tem um medicamento do qual fazem uso frequente. A razão disso é que fomentar a indústria farmacêutica dá trabalho para muita gente, inclusive indo do pesquisador que chefia a equipe onde nasce a descoberta da nova droga “que cura o caroço da sua orelha esquerda” até o atendente da imensa rede de drogarias espalhada por todos os lugares, que aliás, não para de crescer.
Somos uma sociedade doente, sem dúvida. Mas esse fato só corrobora com outro fato; a saber, o de que o sistema sustenta essa sociedade doente e alimenta essa sociedade doente para que ela permaneça... doente. Como diz a música do grupo de rock Titãs: “Miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas são diferentes.” Mal comparando, podemos dizer que doença é doença em qualquer lugar que prevaleça o bom senso. Doença é um estado incomum, não natural do organismo, um sinal de que algo vai errado no organismo. Saúde, existem vários tipos de saúde. Conforme o grau de sabedoria de cada um, conforme o grau de instrução de cada um e conforme o grau de possibilidade financeira de cada um. Sem falar nos tipos peculiares ayurvédicos já citados.
Não acredito que a medicina preventiva envolvendo práticas como, de novo, ayurveda, alimentação saudável, vegetarianismo, meditação, tai-chi-chuan, acunpuntura, dentre outras, possam ter sido planejadas e elaboradas por acaso. Não, há uma razão. A razão é que o normal do nosso organismo é funcionar bem, saudavelmente. E prevenir custa bem menos do que remediar.
O stress da vida contemporânea e a rapidez das informações que se sucedem à nossa frente, alimentam, sem dúvida, essa triste realidade: vivemos mal, vivemos doentes, desde o berço, passando pela juventude e vida adulta até a maturidade, velhice e morte.
Mas pode existir uma saída dessa situação. Uma educação holística e ecológica seria o começo, o primeiro passo para uma vida saudável ou, ao menos, um sinal que pudesse nos mostrar o norte: a saúde. Porque a doença como norte não é o que precisamos. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/a-doenca-como-norte-nao-e-o-que-precisamos-por-mauricio-duarte/
domingo, 1 de janeiro de 2017
Nem a arte visionária nem cultura nenhuma precisa disso
Nem a arte visionária nem cultura nenhuma precisa disso
Adoro a arte psicodélica. Sempre gostei. A cultura psicodélica é fascinante. Estar em viagem sem sair do lugar é tudo o que me restou, sendo medianamente "pobre" de classe média baixa. Eu gostava particularmente da música de Bob Marley e de algumas coisas experimentais do Sonic Youth, gostava de histórias em quadrinhos de Moebius e de arte visionária de Alex Grey, gostava de filmes de Godard e Luc Besson. Ainda gosto. E muito.
Mas não gosto de ver o que está se fazendo com o braço político da cultura psicodélica ou alternativa ou qualquer que seja a definição que se dê. O libertarismo, usado como trampolim para projeto de poder alicerçado em "benesses" - que de benesse não tem nada - como a liberalização das drogas.
Muitos querem isso e para "isso", vale tudo, até posar de bom moço contra o Donald Trump - outro desgraçado, não tenho nada a favor do Donald Trump pelo contrário - a fim de ganhar votos para um novo partido político, o libertários. Amigos, não se deixem enganar.
Principalmente porque a arte visionária e a cultura psicodélica ou alternativa não precisam disso. Elas tem o seu valor independente de qualquer coloração política. Pense nisso. Paz e luz.
Mas não gosto de ver o que está se fazendo com o braço político da cultura psicodélica ou alternativa ou qualquer que seja a definição que se dê. O libertarismo, usado como trampolim para projeto de poder alicerçado em "benesses" - que de benesse não tem nada - como a liberalização das drogas.
Muitos querem isso e para "isso", vale tudo, até posar de bom moço contra o Donald Trump - outro desgraçado, não tenho nada a favor do Donald Trump pelo contrário - a fim de ganhar votos para um novo partido político, o libertários. Amigos, não se deixem enganar.
Principalmente porque a arte visionária e a cultura psicodélica ou alternativa não precisam disso. Elas tem o seu valor independente de qualquer coloração política. Pense nisso. Paz e luz.
Estados alterados de consciência para a realização de arte visionária
Estados alterados de consciência para a realização de arte visionária
É possível alcançar os estados alterados de consciência, os EACS ou os ENOCS, estados não-ordinários de consciência a partir de técnicas naturais, como a meditação, o tai-chi-chuan, a yoga, a recitação, o mantra, a oração ou qualquer tipo de exercício espiritual sem recorrer ao uso de drogas de qualquer tipo. Muito mais relevante - e diverso da experiência com drogas - é este experimento. Não me refiro, obviamente, ao contexto do Santo D´aime e do Vegetal, contexto religioso e espiritual que possui toda relevância e importância tanto quanto à experiência espiritual em si, quanto ao alcance da visão em posterior realização de arte visionária.
sábado, 31 de dezembro de 2016
É preciso
É preciso
Pedir para alguém rezar
e ir à igreja nem é humano...
Sabia?
e ir à igreja nem é humano...
Sabia?
Pedir para alguém obrar
enquanto o mundo morre,
não pode ser misericórdia...
Sabia?
enquanto o mundo morre,
não pode ser misericórdia...
Sabia?
Pedir para alguém casar,
ter filhos, depois netos,
não é verdadeiramente bom...
Sabia?
ter filhos, depois netos,
não é verdadeiramente bom...
Sabia?
Tudo é relativo, sim?
Não, não é isso que digo.
Quero dizer que o que resta
de humano em nós,
está de cabeça para baixo...
Não, não é isso que digo.
Quero dizer que o que resta
de humano em nós,
está de cabeça para baixo...
É preciso ser mal para viver
e deixar viver... e esquecer os mortos...
e deixar viver... e esquecer os mortos...
Mas ser bom é preciso para viver feliz
e fazer viver... e tornar a vida menos morta...
e fazer viver... e tornar a vida menos morta...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Humilde em alto grau
Humilde em alto grau
Faça um teste e descubra
quem é humilde frente
a qualquer um: se o menor
ou o maior, ou ainda, sim,
o maior de todos: Deus.
Quem souber ser pequeno
frente aos pequenos, é,
por certo, merecedor
da palavra humilde...
quem é humilde frente
a qualquer um: se o menor
ou o maior, ou ainda, sim,
o maior de todos: Deus.
Quem souber ser pequeno
frente aos pequenos, é,
por certo, merecedor
da palavra humilde...
Mas não para por aí!
Ser grande frente aos
grandes pode também
ser mérito do nosso
humilde, porque mostra
a solidariedade
com todos, distinção,
que poucos têm em geral.
Mas há humilde maior...
Ser grande frente aos
grandes pode também
ser mérito do nosso
humilde, porque mostra
a solidariedade
com todos, distinção,
que poucos têm em geral.
Mas há humilde maior...
Saber-se grande, mesmo,
é fazer-se pequeno
quando teria que ser
grande, frente ao maior,
que de tão maior, é, assim,
magnânimo e não
pode demonstrar essa
grandeza toda, sendo
humilde em alto grau...
é fazer-se pequeno
quando teria que ser
grande, frente ao maior,
que de tão maior, é, assim,
magnânimo e não
pode demonstrar essa
grandeza toda, sendo
humilde em alto grau...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Dimensões simbólicas
Dimensões simbólicas
pastel seco e nanquim s/ papel telado 240 g/m2
21 x 29,7 cm
2016
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
sábado, 17 de dezembro de 2016
Natal de esperança
Leia o novo texto da minha Coluna no Divulga Escritor . Natal de esperança .
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/natal-de-esperanca-por-mauricio-duarte/
Natal de esperança
Todo Natal nos perguntamos quando o espírito natalino irá fazer valer o nascimento do Salvador, Jesus Cristo e, nos trazer a paz tão sonhada na nossa cidade, no nosso país, no nosso mundo. Mas Deus sempre sabe o momento. O tempo de Deus não é o nosso.
Incognoscível é o Deus de Abrãao, de Isaac e de Jacó. Seu nome, segundo crenças judaicas, é impronunciável. Segundo São Dionísio, bispo de Atenas na igreja dos primeiros dias, Deus é tudo e é nada, é luz e é escuridão, é dia e é noite. D´Ele nada podemos afirmar sem que tenhamos que refutar a premissa logo depois. Porque as palavras não dão conta. O amor de Deus é infinito, bem como Sua misericórdia. Seria pretensão humana das mais tolas, tentar compreender as razões divinas e perguntar por que não cessa a violência, a guerra, o mal, tudo enfim, que nos assola a humanidade há tanto tempo e de tão variadas formas ao longo da história como nós conhecemos. Mas ainda assim, poder-se-ia questionar o porquê de tais acontecimentos terríveis sob a face da Terra. Afinal, questionar é humano e só se goza plenamente do livre arbítrio quando se usa a filosofia adequadamente. Portanto, poder-se-ia dizer, inclusive, que Deus não é justo. O que escapa ao homem de ciência – ou de filosofia – é que Deus é lento para a cólera, que seus mandamentos são justos – embora nem sempre os aceitemos – que sua verdade é eterna e que Ele sempre cumpre suas promessas. Só uma profissão de fé pode servir de base para essa confiança. É disto que se trata: confiança. O devoto confia na promessa divina e porque ele confia, ele é salvo. Um salto de fé é o que nos pede Jesus. “A casa está pegando fogo”. Saia da casa. Venha agora para o Sol, para o mar, para a viagem da sua vida. Uma viagem da qual não será mais o mesmo, morrerá e renascerá como novo homem, como nova mulher.
O espírito natalino é, a um só tempo, criador e instaurador de novo tempo na história humana, na qual podemos crer verdadeiramente na fonte do tesouro divino que se fez homem no meio de nós para nos salvar. Por essa razão, é nosso dever e salvação dizer sempre: “Graças a Deus!” “Graças se dê em todo momento!” Mesmo quando a situação ou o contexto não são positivos; Deus sempre sabe o momento. O tempo de Deus não é o nosso.
Que o Natal possa trazer esperança no futuro para todos, sem exceção, os de pouca fé e os de muita fé, os de ciência e os de misticismo, os daqui e os de lá. Feliz Natal! Paz e luz!
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/natal-de-esperanca-por-mauricio-duarte/
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
O início e o fim
Leia a minha participação na 24a. edição da Revista Divulga Escritor, Revista Literária da Lusofonia. Com o texto O início e o fim. Página 46.
https://issuu.com/smc5/docs/divulga_escritor_revista_literaria__d2e995d3b5622b/46
https://issuu.com/smc5/docs/divulga_escritor_revista_literaria__d2e995d3b5622b/46
O início e o fim
Não existe fim
nem começo na cosmogênese do universo.
Só há a continuidade eterna. No
ápice do início está, em semente, o germe do fim e no fundo do poço do final
está guardada a pequenina luz de um novo amanhecer.
Tudo se move
em ciclos cósmicos e são necessários vários ciclos cósmicos, verdadeiros milhões
de kalpas, para que uma nova ronda de civilização tenha lugar em algum plano de
existência. A nossa civilização não é a
primeira e nem será a última a florescer nessa realidade planetária. Desse modo, podemos dizer, sob certo ponto de
vista, que a evolução espiritual das nossas consciências é o nosso objetivo e
que essa evolução não tem começo nem fim; é um devir que se quer eterno. Grandes avatares, como Shakyamuni, o Buda,
decidiram por esperar a evolução da humanidade inteira para só depois entrar no
reino dos Céus.
Buracos
negros, quasares, nebulosas, pulsares e supernovas demonstram o quanto é vasto
e infinitamente perfeito o nosso universo.
Tal dança cósmica do eterno é uma prova de que não é possível a
imobilidade. Tudo está em constante
mudança e o movimento é o único fator constante nessa alquimia universal; a
própria mudança. Por esse motivo,
talvez, devêssemos lembrar que nossos problemas são, no máximo, preocupações
passageiras e que nada, nada mesmo, irá continuar o mesmo para sempre. Aliás, há um ditado que diz: “É preciso mudar
muito para permanecer o mesmo.” Essa dicotomia da frase anterior corrobora com
a nossa breve digressão sobre o início e o fim, haja vista que, é fato: as
mudanças e os movimentos da nossa realidade natural levam a um estado geral de
coisas harmônico e, embora multifacetada, multitudinária e pluridimensional,
exibe em sua constante evolução uma dinâmica uma e sempre bela, boa e
verdadeira. Portanto, em suas grandes
modificações, o universo permanece, num certo sentido, sempre no mesmo
ritmo. Quero dizer com isso que, saltos
existem na natureza, mas a dinâmica geral, mesmo desses saltos, percorre uma
trajetória já determinada, ainda que não sendo gradual. Trocando em miúdos, tanto a iluminação pelo
Yoga de Patanjali – gradual – quanto a iluminação pelo Tantra de Tilopa – em
saltos – ocorrem e ambos obedecem a um ciclo natural de consciência ampliada.
Sendo assim,
tenhamos pressa indo devagar e percorramos sinuosamente nosso caminho reto para
sermos plenamente libertos de Maya. O
nosso lugar de direito no cosmos estará sempre nos aguardando, demore o tempo
que demorar para nos lembrarmos dessa verdade.
Paz e luz.
Mauricio Duarte
(Divyam Anuragi)
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
9o. Louvor Acadêmico na AVL
Fico muito feliz em receber meu 9o. Louvor Acadêmico na AVL (Academia Virtual de Letras).
"Em consonância com as atividades desenvolvidas ao longo do mês, são agraciados com louvores, os acadêmicos.
A AVL, tem a honra de congratular seus pares pelas atividades desenvolvidas em novembro do ano corrente."
Maria Ivoneide Juvino de Melo
Presidente
"Em consonância com as atividades desenvolvidas ao longo do mês, são agraciados com louvores, os acadêmicos.
A AVL, tem a honra de congratular seus pares pelas atividades desenvolvidas em novembro do ano corrente."
Maria Ivoneide Juvino de Melo
Presidente
domingo, 4 de dezembro de 2016
Jornada ao interior
Leia o novo texto da minha Coluna no Divulga Escritor.
Jornada ao interior
“Não sou cristão, nem muçulmano, nem judeu, nem zoroastriano; não sou da terra nem dos céus, não sou corpo nem alma...” Rumi
Acolhemos a presença da luz quando ela nos apresenta sua florescência, seu brilho que são divinas? Estamos abertos ao Divino Espírito Santo quando Ele está próximo? A porta para o caminho espiritual não é franqueada com facilidade e também depende de esforço pessoal e mérito pessoal. Mas não quer dizer que Deus não venha quando não merecemos – se fosse assim Ele nunca viria, porque nunca merecemos efetivamente – mas significa que aproximar-se da Árvore da Vida se refere a uma experiência espiritual mais profunda. Experiência que só pode ser alcançada quando estamos devidamente sintonizados com nosso guia interior.
Perfeição, harmonia e beleza formam nossa vida mesmo que não estejamos conscientes desses valores ou atributos, mesmo que não os queiramos e/ou os rejeitemos veementemente. Por que? Porque a fagulha divina está em todos nós. O contrário desses ideais, grassa todo dia pelo planeta Terra, dirão alguns. Morte, violência, crime, guerra, tudo enfim que os noticiários jogam na nossa cara todo dia. Porém, há uma esperança no futuro que mostra sempre sua face equilibrada e sagrada quando nos voltamos para a espiritualidade sincera. Isto ocorre por sermos legitimamente herdeiros da graça divina, aliás, como toda criação, toda a natureza. No entanto, é uma moeda, tem duas faces: a positiva e a negativa. Quando negamos uma destas faces, perdemos a moeda inteira, nosso tesouro. Significa que com a meditação, por exemplo, exploramos nossos lados reprimidos e podemos conhecê-los profundamente e nos conhecer como seres plenos. Tal ação é humana – demasiadamente humana dirão alguns novamente – mas não é negando nossa humanidade que iremos ascender espiritualmente. Pelo contrário, aceitar os próprios defeitos – aceitar não é praticar más ações quando elas nos apetecem e sim compreender a dinâmica dessas forças em nosso interior – é parte considerável, substancial do processo de iluminação; sem o qual nada de verdadeiramente positivo em espiritualidade pode ser feito.
Esta espiritualidade desenvolvida não é cristã, budista, judia ou de qualquer outra denominação ou tradição. Ela é divina, ela é universal e pode ser alcançada com práticas e hábitos como recitação, oração, mantra, meditação, yoga, dentre outras. Também não é uma espiritualidade puramente inefável ou puramente transcendente. Ela o é também. Mas inclui nosso corpo, nosso cérebro e nossa mente com uma amplitude total, com aceitação total. Luxúria “não é profana” quando realizada com amor, com compromisso, com cumplicidade e quando não somos reduzidos à prática do sexo somente. Preguiça “não é profana” quando entendemos e compreendemos a sua inércia e tentamos sinceramente não cair nela quando ela surge. Até o ódio “não é profano” quando é sentido com consciência e com discernimento para que não venhamos a ser dominados por ele novamente. Todas são facetas da nossa vida que, se não forem aceitas, explodirão de modo involuntário e inconsciente, mais cedo ou mais tarde.
Desse modo, estar preparado para o sagrado, é viver harmoniosamente com qualidades e defeitos, ciente que a vida circula por todos os lados, tanto nos ambientes do nosso espírito e alma que gostamos, quanto nos que não apreciamos. Essa é a única verdadeira jornada ao interior. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
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