segunda-feira, 8 de junho de 2015

Prêmio Literacidade Poesia 2015



Dois poemas de minha autoria foram selecionados no Prêmio Literacidade Poesia 2015 na Categoria 4 – poemas breves: Curso Natural e  Loucura e Razão

Curso natural

Água da vida,
lume da espiral de vida.
Assim escorrendo
por entre meus dedos...

Cataratas correndo
ao córrego como fluxo.
Externando as emoções
Num feixe de maravilhas...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Loucura e razão

Loucura e razão
dançaram um tango
nos arrebaldes de
Buenos Aires...

Loucura e razão,
duas faces da coluna.
Duas partes da
mesma moedagem...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Leo Vieira: Parcerias que Devem Ser Evitadas

Isso é um assunto que com certeza já aconteceu e ainda acontece com a maioria dos profissionais da arte e das letras. Da mesma forma, também merece uma resenha: As propostas de trabalho sem retorno financeiro.
Volta e meia sou convidado para fazer pesquisa, desenvolver textos, organizar
projetos e até esboçar trâmites empresariais sem nenhum tipo de contrato ou
comissionamento. Em alguns deles, eu procuro recusar gentilmente e em outros eu nem mesmo me preocupo em responder.
Há algum tempo, fui convidado por um colega produtor teatral para pesquisar e
escrever um livro que seria baseado em uma peça dele. Ele havia dado muita
recomendação sobre como queria a obra; com aprofundamento com dados jornalísticos, narrativa mais verossímil, entre outras coisas. Recebi o material e fui deixando ele falar enquanto analisava tudo e nada dele falar em pagamento. O colega do teatro estava entusiasmado, mas não me deixava nada animado na questão salarial, até que ele soltou: "se houver lucro nas vendas, a gente divide".
Perguntei se a gente teria algum tipo de contrato e ele recusou. Sem contrato, nem garantia de recebimento. Apenas eu receberia algo se o livro (que eu escreveria sozinho, baseado na peça dele) obtivesse lucro.
Neste caso, expliquei o tempo que seria por mim dedicado e investido neste trabalho; afinal, uma boa parceria é a que proporciona um bom resultado para os dois lados. Ressaltei que se o livro (pesquisado, desenvolvido e escrito por mim) não obtivesse nenhum lucro, o trabalho seria realizado apenas para o bem dele, porém eu ficaria lesado porque não receberia nada.

Em outra ocasião, fui convidado para atuar em uma produção cinematográfica onde o recebimento seria hipotético. Eu topei pelo fato do trabalho ter sido rápido e também por ser amigo do produtor. Até aí tudo bem, mas depois eu fui convocado também para escalar o restante do elenco e convencer aos demais atores que teriam que trabalhar sem receber. Não teria contrato porque segundo o produtor, não haveria nenhuma garantia de retorno financeiro. Notei também que o ritmo da produção andava lenta exatamente por isso, com alguns profissionais envolvidos abandonando a obra.
Expliquei que contrato é um meio de preservação por ambas as partes, evitando possíveis processos de exigências autorais e financeiras posteriores.
São esses tipos de desgastes que podemos ter quando não raciocinamos como profissionais. Não dá pra ficar a vida inteira trabalhando somente pela
"camaradagem".

Leo Vieira

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® Leo Vieira- Direitos Reservados 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Tide Hellmeister


 
Tide Hellmeister

Aristides de Almeida Hellmeister ou Tide Hellmeister, como ficou conhecido, foi artista gráfico, artista plástico e ilustrador. Sua trajetória profissional começou numa emissora de televisão, a TV Excelsior como assistente do pintor e cenógrafo Cyro Del Nero.  Depois trabalhou na editora Massao Ohno e na gravadora RCA Victor fazendo capas de livros e de discos.
O seu trabalho como ilustrador é reconhecido como de qualidade ímpar. Em 1964 foi premiado na Bienal do Livro do México e dois anos mais tarde, recebe o Prêmio Leo na Argentina como capista de discos.  Em 1973 é considerado o melhor artista gráfico paulista pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Entre 1978 e 1983 foi diretor e consultor de arte na Editora Abril. É novamente premiado pela APCA em 1989 por suas colagens.  De 1990 a 1997 ilustra a coluna do jornalista Paulo Francis no jornal O Estado de São Paulo.
Suas colagens e inserções gráficas de tipologia e escrita são sempre muito expressivas e contundentes.  Como no cartaz “Galo”, que realizou para Editora Gráficos Burti em 1992; cartaz comemorativo do ano da 2ª. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Nele vemos a figura de um galo formado por recortes coloridos, pinceladas de tinta e riscos gráficos coloridos e com inserções, de cima para baixo, de duas linhas de frase no branco, que fazem referência à escrita à mão, escrita de cartas ou de assinaturas.  Um fetiche contemporâneo, bem como todo o repertório de imagens que o artista utiliza como colagem e recurso plástico e gráfico.  Um movimento da pata da esquerda para a direita faz o galo seguir na mesma direção do nosso olhar quando lemos na nossa escrita ocidental, reforçando a elegância e a fluidez da peça.  Encima os dizeres Acrilicolagem, o nome de Hellmeister e a notação sobre a 2ª. Conferência das Nações Unidas separados por um fundo arroxeado, do fundo preto onde fica o galo, por um beiral em formas triangulares.
Mas o artista também sabia ser sutil e misterioso quando queria, sem deixar de lado a expressividade que era, talvez, sua maior marca.  Como na ilustração para o livro de poemas de Otoniel S. Pereira, “Bichário”.  Numa das páginas vemos a ilustração do poema “Gato” realizada com maestria sem igual.  Um grande rasgo num fundo maior preto e também num fundo menor com um xadrez escuro e azul em perspectiva, revela dois olhos felinos, reforçados por uma nova inserção do focinho do animal logo abaixo. Encimados por uma pincelada amarela, a “moldura” ganha vida.  E riscos arroxeados no meio e embaixo completam a composição com as inconfundíveis inserções gráficas de texto corrido escrito à mão em branco (na parte de baixo) e em roxo (na vertical à esquerda). O poema tem seu lugar garantido à direita embaixo em branco no fundo preto enquanto que o seu título vem mais acima em branco, num box vermelho.
“Eu sou um grude” assim se auto-definia, Tide Hellmeister que, certamente, fazia referência às suas colagens quando o disse.  Mas o correto é que o artista não partia da vontade de fazer uma colagem quando iniciava um trabalho, mas antes, seguia sua intuição, aplicando diversas técnicas. E por isso utilizava o termo “collage”. Um dos ícones do cenário das artes gráficas nacionais e mundiais, o grande mestre teve em 2006 o lançamento do livro Tide Hellmeister, Inquieta Colagem sobre seu trabalho juntamente com um debate no Museu da Casa Brasileira em São Paulo. O artista faleceu em São Paulo, em 2008, nos deixando um legado artístico sem igual.

Mauricio Duarte

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Leo Vieira: Valorize-se Escritor!

Certa vez eu fui ao dentista e durante a minha espera, apareceu uma senhora com o seu filho adolescente precisando de um serviço emergencial (a clínica onde ele é atendido já estava fechada). Ela informou uma parte do aparelho do rapaz havia se quebrado, deixando solto uma parte do cabo de metal, correndo grande risco de ferir a bochecha dele. A mãe alegou que somente precisaria  cortar o pedaço do metal, porém o dentista disse que teria que remover o cabo inteiro e colocar outro (provisório) até o jovem ser atendido pelo dentista original para apertar o aparelho devidamente. O serviço teria o valor de uma consulta e a mãe (esperando apenas por uma gambiarra grátis ou com um valor simbólico) logo desistiu do orçamento, indo embora com o menino.

Isso me fez pensar em muitas ocasiões em que outros profissionais são desvalorizados e se deixam desvalorizar com esses tipos de clientes. Os desenhistas convidados para "fazer um desenho rápido", um taxista "pra levar daqui até ali", um designer "pra dar um jeitinho no site", um advogado "pra dar uma olhadinha no processo", entre outras coisas.

Não tenha medo de perder um cliente. Continue profissional e confiante que o seu reconhecimento chegará.


Leo Vieira

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