Níveis de realidade e níveis de percepção que se encontram:
o “sagrado”
Todo o
conhecimento científico clássico nos serviu durante muito tempo e foi a partir
dele que chegamos em todas as descobertas atuais e todo o desenvolvimento
tecnológico de hoje em dia.Porém ele
foi superado. Quer pela física quântica e seus correlatos como a Gnose de Princeton,
quer pela Teoria da Complexidade e seus desdobramentos filosóficos,
sócio-culturais e especificamente científicos.É por isto que os níveis de realidade (objeto) e os níveis de percepção
(sujeito) não podem mais prescindir da intersecção entre si mesmos: o
território do “sagrado”, Deus ou a Força Maior, o Todo.Níveis em descendência ou em ascendência que
se encontram no ponto X.O ponto X no
diagrama de Gilbraz Aragão em “Do Trandisciplinar ao Transreligioso” em “A Teia
do Conhecimento . Fé, ciência e transdisciplinaridade” . Editora Paulinas,
página 136, sobre a transdisciplinaridade e o diálogo transreligioso, representa
justamente esta questão que poderia ser facilmente utilizada em analogia para a
Arte-enlevo. A arte-enlevo na qual, a arte e o artista ou a arte e o espectador
se relacionariam com a intersecção entre ambos, o experienciar, a fruição que,
quando frutífera, gera o enlevo e dinamiza o “sagrado”.
Poema selecionado na Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea - Além da Terra, Além do Céu . Vol. III da Editora Chiado:
Vazio Era dos signos-marcas em todos espaços, todos lugares, virtuais ou não. Símbolos-identidades, tremeluzindo e piscando ininterruptamente... Sinergia dos logotipos em profusão cabalística a sorrir e deitar-se para o sexo; vende-se o sexo, qualquer um, não importa. Ícones da luxúria onipresente... São os donos ilimitados das ruas, shoopings, praças, bares, avenidas, olhos, mentes. Lembram-nos do grande vazio existencial que enchemos de nada... Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Recebi hoje o livro com a minha participação na Coletânea Contos e Poemas de Textos Anônimos da 5a. Edição da FLAL 2018 (Festival de Literatura e Artes Literárias) com o patrocínio da Divulga Escritor (Shirley Cavalcante) e da Leia Livros pela amiga escritora Nell Morato, organizadora da publicação.
O poema selecionado:
CIDADE-NOITE
Cidade morta-viva em enorme dormida, de arranha-céus frios todos, cai encima da tal lua...
A noite é essa contumaz convidada que não pede passagem, só adivinha nosso anseio...
Tranquilamente passa por entre os dedos como areia de uma praia longe, perdida à madrugada...
Por mais que trafeguemos pelas suas vielas dessas arquiteturas podres, não saberemos nunca...
Cidade, uma suntuosa cadeia de ouro bem puro, a que não se desprende dessa função de zeitgeist...
Sensibilidade em camadas de artesania poética... O estilo amplamente usado a serviço do gráfico-pictórico que transpassa em muito a representação... e chega na re(a)presentação do real de modo único, especial...
Rosario Vidal Ferreño trabalha com fluidez e naturalidade; com suavidade e liberdade... Sendo designer de moda como formação e profissão, a artista incorpora o universo da estética corporal, do fashion e do styling no seu trabalho artístico. A persistência do tema dos retratos gráficos de moças de frente e de perfil nos mostra e nos demonstra sua combatividade no terreno incógnito da beleza e no terreno árido do sensível... A beleza e o sensível são da ordem do efêmero e, ao mesmo tempo, da ordem do que permanece, senão na realidade, ao menos na memória da retina, cristalizada no momento... A potência do momento é o que Rosario busca e, nessa busca, vale fechar os olhos para ver melhor. Como, aliás, na sua marca registrada, sua identidade visual: o olho de mulher fechado, que revela por não ver o que há, mas o que está por trás, o que se esconde, o que potencializa o oculto... Como num movimento interior que nunca cessa.
O traço das suas peças remetem a Egon Schiele, as cores a Matisse e o tratamento geral da composição, talvez, a Miró. Mas sua arte é singular, no sentido do sentimento do que se mostra e do que se esconde, num movimento de repercussão amplamente dinâmico do olho que transmite suas impressões da vida interior da mulher. Sua arte está na mola propulsora do cotidiano feminino.
A artista valoriza a natureza como aspecto primordial e entende a arte como coisa de nós, seres humanos, do que temos de melhor como seres humanos. Daí as flores, paisagens e pássaros... Natural da Galícia, Espanha, Rosi Vidal trabalha com a emoção como matéria-prima. A emoção da arte que se desdobra como vida, como estética, como força e vitalidade naturais. Transformação do natural que revela o que se esconde... Pura exaltação do olhar...
Professor e irmãos gêmeos produziram revista em quadrinhos
Enviado Direto da Redação
Foto: Sandro Nascimento
Por Rennan Rebello
Para
muita gente, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) pode parecer algo
restrito às aulas no colégio ou na universidade. Talvez por isso não
tenha uma visão mais ampla sobre o assunto que, além de atrair
pesquisadores de diversas partes do mundo, também envolve um mercado
peculiar e específico sobre este capítulo da história. Mas, em São
Gonçalo, cidade que enviou soldados para a batalha, o professor de Artes
Visuais Antônio Junior, 51 anos, e os irmãos gêmeos e graduandos em
História, Daniel e Danilo Mota, 21, produziram uma revista de história
em quadrinhos intitulada “Smoking Snakes: Você sabe de onde eu venho?”,
com QR-Codes (códigos lidos por aplicativos que dão acesso a materiais
extras como vídeos). A principal finalidade da iniciativa é a educação
histórica através da memória do município que, de certa maneira,
contribuiu para o êxito das tropas da Força Expedicionária Brasileira
(FEB) no conflito armado.
A Rua Gaspar de Freitas, no bairro Mutondo, em São Gonçalo, ainda não
é conhecida por sua história, no entanto não seria ousado dizer que em
um futuro próximo será conhecida por três moradores que utilizam fatos
históricos sobre a Segunda Guerra Mundial mesclando com a trajetória de
ex-combatentes gonçalenses por meio da arte quadrinista. Apesar de serem
de gerações distintas, o professor Antônio Junior e os gêmeos Daniel e
Danilo Mota nutriam um laço de amizade na vizinhança, que tomou
proporções no nível profissional.
“Conheço os meninos desde pequenos e já tinha amizade com a família
deles, mas o que uniu de fato foi o assunto sobre a Segunda Guerra e o
fato de, apesar de serem jovens, adoram coisas antigas. Além disso, eles
também desenham assim como eu, e o projeto nasceu naturalmente. Criei o
selo ‘Ôba’ (objeto de aprendizagem) através do qual lançamos a HQ
“Smoking Snakes” no ano passado, escrita e desenhada por nós três. Foi
literalmente um trabalho em grupo, que vem dando certo. Em eventos
voltados neste sentido, os exemplares são bastante solicitados”, explica
o professor que recentemente lançou em paralelo por seu selo mais uma
revista do gênero, a “Smoking Snakes - relembrando os bravos”em formato
mangá (quadrinho japonês).
À parte do projeto editorial, a paixão por este assunto fez com que
os “irmãos da guerra” passassem a colecionar artigos originais, produzir
roupas da época e se juntarem à Associação dos Ex-Combatentes de São
Gonçalo, com sede no Patronato e conta com a direção do veterano Nelson
Moreira Botelho, de 98 anos. Além dele, há suspeita de mais alguns vivos
na cidade.
“Nosso avô, o Mota, que citamos na revista foi ex-combatente,
mas ele não era de São Gonçalo, e no roteiro fizemos questão de citar
combatentes daqui, como o senhor Oswaldo Mendes, que faleceu em 2016.
Gostamos muito deste tema e fizemos questão de integrar a associação.
Espero ajudar a manter, popularizar o assunto e encontrar outros
ex-combatentes e pesquisar suas vidas”, disse Danilo que estuda
História, na Faculdade de Formação de Professores (FFP/Uerj) e possui um
arquivo em seu celular no qual consta o nome e informações específicas
de quase todos os soldados brasileiros do Exército que lutaram na
Itália, junto com o contingente militar oriundo dos Estados Unidos.
Outro objetivo que passa a ser em comum do trio é a promoção de um
turismo ligado a este gênero, aproveitando o passado e a Praça dos
Ex-Combatentes que, apesar de má conservada pelo poder público, tem
artigos originais da Segunda Guerra, como um tanque de guerra, no
entanto as peças estão vandalizadas e pichadas.
“É uma pena vermos essas relíquias neste estado, pois além de serem
originais, poderiam servir como turismo com passeios guiados e local
para palestras e aulas ao ar-livre. Estamos diante de algo histórico mas
infelizmente a maioria não tem este conhecimento, e o nosso intuito é a
difusão da informação. Queremos também desmitificar que este tema
militar é coisa de ‘reacionário’ ou de adeptos da ‘direita’. Isso não
tem nada a ver, isso é história, inclusive os combatentes tinham
diversas visões políticas, inclusive de esquerda”, comentou Danilo, que
faz sua graduação em História, no campus da UFF em Campos dos Goytacazes
onde seu avô nasceu.
Aos interessados em adquirir um exemplar do quadrinho basta entrar em
contato com o grupo através do perfil no Instagram: @smokingsnakeshq ou
pela página no Facebook: Smoking Snakes.
João Barone, uma inspiração
O rock ‘n’roll também fez sua homenagem aos ex-combatentes através da
banda de heavy metal sueca Sabaton ao citar os militares da FEB, na
música “Smoking Snakes”. O que inspirou os pesquisadores de São Gonçalo
em batizar a ação quadrinista com o mesmo título. E, em solo brasileiro,
o baterista João Barone, dos Paralamas do Sucesso, que também pesquisa o
tema e lançou o livro “1942 - o Brasil e sua guerra quase desconhecida”
(2016), inspira Daniel, também é baterista e tem um exemplar
autografado da publicação, na música como no estudo do assunto.
“João Barone é um dos maiores bateristas da América Latina e não é à
toa que é reverenciado. Toco desde os 14 anos e não tem como não tê-lo
como influência. Por coincidência, ainda temos o interesse em comum
sobre o Brasil na Segunda Guerra. Já o presenteamos com um exemplar da
nossa revista. Foi um dia inesquecível”, contou Daniel, o “João Barone
gonçalense”, que toca aos sábados à noite com sua banda de rock
Thecybeis e composta somente por irmãos, incluindo Danilo (que é
baixista), no Australian Pub, no bairro Mutondo, onde reside desde a
infância.
Atuação do Brasil ‘in loco’ no conflito
Após um acordo entre os governos brasileiro e americano em 1944, o
então presidente Getúlio Vargas enviou tropas da Força Expedicionária
Brasileira (fundada em 1943), para guerrear ao lado dos países aliados
contra as forças do eixo composta pela (Alemanha nazista, Itália
fascista e Império do Japão).
Os brasileiros estiveram nos campos de batalhas em solo italiano ao
lado dos norte-americanos e foram bem sucedidos. Mas antes do sucesso na
missão, havia uma descrença da população brasileira sobre a ida da FEB à
Segunda Guerra, e era comum escutar na época a expressão “Só se a cobra
fumar”, que tinha um sentido pejorativo de descrença e ironia. A partir
disso, e como resposta aos compatriotas, os combatentes nacionais
passaram a se intitular como “Cobras fumantes”, o que acabou fazendo com
que os militares dos Estados Unidos passassem a se referir ao pelotão
verde e amarelo na versão inglesa do termo, ou seja, “Smoking Snakes”.
O Nosso Canal Respirando Poesia entrevista o Artista Visual, Escritor e Acadêmico da AGLAC, Mauricio Duarte. Acompanhe a trajetória do autor neste Vídeo brilhantemente apresentado pela Poetisa Bartira Mendes.