segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

a ideologia de um cinema falsamente ingênuo



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Este artigo deseja mostrar que filmes inteligentes podem estimular
novas atitudes, pensamentos e sentimentos enquanto filmes aparentemente
bobinhos podem manipular as pessoas no sentido do consumismo , dos
preconceitos e dos tabus.




O cinema comercial americano nos induz a modelos idealizados.



Sou suspeita para falar sobre cinema americano pois fiz uma opção
sentimental e intelectual pelo europeu há anos luz. Isso não quer dizer
que os Estados Unidos não possuam grandes diretores e filmes memoráveis.
Muitos destes grandes diretores afirmam se inspirar em cineastas
europeus. E grande parte dos filmes mais irreverentes e subjetivos
criticam ferozmente o American way of life. Basta pensarmos em exemplos
não tão antigos como Pequena Miss Sunshine ( 2006) e Beleza americana (
1999). O primeiro questiona o sentido de ser fracassado em uma sociedade
que divide as pessoas entre vencedoras e perdedoras. Tal linha de
pensamento é conduzida por um personagem especialista em Marcel Proust ,
complexo escritor francês que teve uma vida de fracassos para os
padrões vigentes das sociedades capitalistas.


Abigail_Breslin.jpg
Abigail Breslin, protagonista de "Pequena Miss Sunshine".






Em Beleza americana o personagem vivido por Kevin Spacey afirma que o
melhor momento do seu dia é quando ele se masturba. Neste filme , mais
um retrato feroz do American way of life, todos usam máscaras. Ninguém é
realmente o que aparenta ser. A loira sexy na verdade é virgem. A
personagem vivida por Annette Bening , esposa de Kevin Spacey , esconde
atrás da sua motivação histérica a categoria mais deprimente de
fracassada. O vizinho machão e homofóbico na verdade é um gay reprimido.
Poderia citar muitos outros exemplos de filmes estadunidenses que
quebraram protocolos ; que questionaram o sistema e encantam com o senso
de realidade e trazem à tona a necessidade de entender o cinema como
algo que extrapola o mero entretenimento. A maioria assiste a filmes
para sonhar. Alguns poucos assistem para acordar. Porém, a maioria das
produções são para ganhar dinheiro mesmo.


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No entanto, falar que muitos filmes servem apenas para entreter ,
não significa dizer que tais obras são ingênuas ideologicamente falando.
Alguns filmes extremamente comerciais e aparentemente “bobinhos” ;
feitos apenas para rir , chorar ou dar medo, carregam uma ideologia
pesadíssima e perigosa, pois diferentemente do cinema independente e de
arte que nos convida a refletir , o extremamente comercial apresenta
todas as suas verdades como inquestionáveis. Vamos a um exemplo? A
mentira ( 2010) . Nome bem sugestivo. O filme fala sobre uma garota
recatada que quer se passar por uma devoradora de homens. Mais uma vez a
questão das máscaras para parecer bem sucedido em uma sociedade com
valores materialistas. Mas o grande problema deste filme se concentra na
personagem vivida por Lisa Kudrow , a atriz que interpretou por dez
anos a insólita e carismática Phoebe no seriado Friends. Lisa Kudrow
interpreta em A mentira uma diretora de escola que se envolve
sexualmente e afetivamente com um aluno. Mas o filme mostra apenas o
lado sexual da relação, ignorando a complexidade de um caso entre
professor/aluno.


Situação semelhante foi apresentada no filme The English teacher ,
traduzido para o Brasil como Adorável professora , estrelado pela
talentosíssima Julianne Moore. Na visão destes filmes, professoras e
diretoras que se envolvem com estudantes agem como loucas surtando ou
transmitem doenças venéreas porque são promíscuas e asquerosas. A
diretora vivida por Lisa Kudrow contaminou o aluno. A professora de
Julianne Moore tem relações sexuais com o estudante em plena sala de
aula e depois adota um comportamento transloucado. Se formos comparar
estas duas obras com o filme inglês Notas sobre um escândalo ( 2006)
veremos que a personagem da professora que comete a transgressão é um
ser humano completo, denso, que sofre e se sente sozinha. O seu erro não
a transforma em uma louca ou em uma mulher promíscua.


Até os filmes de terror não fogem à ideologia. Em obras como
Sexta-feira 13 , a mocinha boazinha , que gosta de crianças, boa filha e
recatada nunca morre. São brutalmente perseguidas , mas no final,
sempre acontece alguma coisa; sempre chega alguém que as salva. Em
filmes como os do diretor italiano Mario Bava qualquer um poderia
morrer: bonzinhos e mauzinhos; recatadas e taradas.


La_Maschera_del_Demonio.png
Barbara Steele em "A máscara de Satã" , do italiano Mario Bava.








O cinema comercial estadunidense aparenta ser o que menos ensina. Mas
provavelmente é o que mais ensina; é o que mais fornece lições de moral
fechadas. Lições adequadas aos interesses de um sistema que prioriza o
sucesso e não a felicidade.


Grande parte da produção comercial americana se dedica a fazer
historinhas aparentemente bobinhas , mas que na realidade colocam os
Estados Unidos como os mocinhos do mundo e seus inimigos como os vilões.
Durante a Guerra Fria , que se estendeu do fim da Segunda Grande Guerra
até a queda do Muro de Berlim ( 9 de novembro de 1989) muitos filmes
mostraram os países da extinta União Soviética como os vilões do mundo.
Por exemplo: O Franco atirador ( 1978). Confesso que me deixei levar por
este filme esteticamente comovente. Mas na cena final, quando os
personagens cantam o hino dos Estados Unidos , senti uma cortina ser
aberta e pude ver os atores demaquilados. Percebi que na realidade o
filme era uma propaganda americana. Os Estados Unidos nunca engoliram
perder para o Vietnã e atribuíram aos soldados rivais uma crueldade
exclusiva, que na verdade existe em todo povo que vence.


Táxi Driver de Scorsese foge à regra. Neste filme , um veterano da
guerra do Vietnã salva uma garota da prostituição, deixando um enorme
rastro de sangue. A família da garota e a sociedade agradecem. Por outro
lado o personagem nos parece o tempo todo desajustado. Enfim, o filme
não fornece uma resposta fechada , o que o torna no mínimo muito
interessante.


Travis_Bickle.png
Robert De Niro em "Taxi Driver" , de Martin Scorsese.








Esta relação maniqueísta ainda vigora no cinemão americano. Eles
continuam como os mocinhos. Agora os vilões são outros. Durante toda a
sua trajetória, o cinema comercial americano funcionou e funciona como
um instrumento de persuasão ; uma máquina de fazer ideologia disfarçada
de indústria do entretenimento. Consideramos quase todas as culturas não
ocidentais estranhas e brutais porque as conhecemos por meio de jornais
e filmes comerciais , veículos nem sempre preocupados em se aprofundar
no sentido antropológico da palavra. Sabemos fatos , costumes. Mas não
entendemos os porquês. Julgamos o outro por meio de nossos critérios.


Somos estimulados a repetir padrões comportamentais que nos fazem
sofrer e nos roubam a espontaneidade para nos encaixarmos em um pseudo
modelo de sucesso, que nada tem a ver com felicidade no sentido mais
genuíno da palavra. As comédias românticas induzem às mulheres a
esperarem por um tipo de relacionamento idealizado , o que faz muita
gente sofrer demais. O dinheiro, o poder e a beleza são supervalorizadas
; a sexualidade é tratada como um tabu; o consumismo é estimulado. Por
tal razão é muito enriquecedor assistir a todo tipo de filme e entrar em
contato com fontes de conhecimento variadas. Desta forma, poderemos
construir nossas próprias opiniões com um olhar mais abrangente.





a ideologia de um cinema falsamente ingênuo

Carreira Básica ou Literária?


O mercado literário é escorregadio, disputado e também decepcionante, se você realmente quer saber mais, antes de se aventurar nele. Pode ser que essa classificação não seja muito agradável logo de início, mas é o mais importante que você descubra até mesmo para que saiba o que realmente espera conseguir através dele.
Você escreveu, tem o seu livro e decide enfim publicá-lo. Sua mãe e seus amigos elogiaram e disseram que você devia se tornar escritor. Isso aí não basta. Preste bem a atenção nesses momentos, se você realmente quer se aventurar ou apenas massagear o seu ego com uma publicação. Os críticos literários não vão passar a mão na cabeça de ninguém, ainda mais quando se é um autor iniciante.
Se a carreira literária que você escolheu é apenas "vamos ver no que vai dar", então será muito simples; é só providenciar o registro na Biblioteca Nacional, revisão, diagramação, capa e encomendar um tiragem pequena em uma gráfica ou editora por demanda, com ISBN, código de barras e ficha catalográfica. Faça uma reunião com amigos em uma biblioteca ou pizzaria e convide um fotógrafo de um jornal para fazer
uma foto e uma nota no jornal local. Você venderá uns quinze exemplares no dia (o que já é ótimo, porque garantirá o retorno do que investiu na impressão). O resto você poderá vender nos anúncios no blog.

Agora, se você quer construir uma carreira literária, o caminho será mais espinhoso. Você terá que adotar alguns métodos e o investimento será maior também. Nas postagens seguintes, apresentarei métodos essenciais para que seu nome fique realmente reconhecido e respeitado no mercado cultural literário. Não tenha pressa e seja sábio na caminhada, porque o sol ainda ilumina espaço para todos.

Leo Vieira

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O culto do multiculturalismo





 
Rodrigo Constantino
 

“Uma cultura só tem importância se for boa para os indivíduos”. (Kwame Anthony Appiah)


Uma das maiores ameaças à liberdade
individual atualmente encontra-se no culto do multiculturalismo. Vários
autores notaram este risco, entre eles Thomas Sowell, da Escola de
Chicago. Em sua coletânea de textos Barbarians Inside the Gates,
Sowell lembra que o mundo sempre foi multicultural, por séculos antes
de o termo ser cunhado. Tratava-se de um multiculturalismo num sentido
prático, diretamente oposto ao que o atual culto dos relativistas
culturais prega. Como exemplos, Sowell lembra que o papel onde seu livro
foi escrito fora inventado na China, as letras vieram da Roma antiga e
os números da Índia, através dos árabes. O autor é um descendente da
África, que escrevia enquanto escutava música de um compositor russo.
A razão pela qual tantas coisas se
disseminam pelo mundo todo está no simples fato de que algumas coisas
são consideradas melhores que outras, e as pessoas desejam o melhor para
si. Esta obviedade é justamente o contrário do que o credo do
multiculturalismo atual defende, alegando que nada é melhor ou pior, mas
“apenas diferente”. Na verdade, as pessoas mundo afora não apenas
“celebram a diversidade”, elas escolhem aquilo de sua própria cultura
que desejam manter e aquilo que preferem abandonar em prol de algo
melhor vindo de fora. Quando os índios americanos, por exemplo, viram os
cavalos dos europeus, eles não se limitaram a “celebrar a diferença”,
eles começaram a montar em vez de ir andando. À contramão do que o culto
do multiculturalismo defende, as pessoas não buscam viver “em harmonia
com a natureza”, e sim obter o melhor que puderem. Eis o motivo pelo
qual, desde automóveis até antibióticos, os bens demandados se
espalharam pelo mundo. Não importa o que os filósofos do
multiculturalismo dizem, é isso que milhões de pessoas fazem.
Para Sowell, este tipo de
multiculturalismo moderno é uma dessas afetações que algumas pessoas
podem se dar ao luxo de ter enquanto estão usufruindo de todos os frutos
da tecnologia moderna. Normalmente não são pessoas pobres vivendo em
países muito atrasados que bradam sobre as “maravilhas” das diferentes
culturas. São “intelectuais” de países desenvolvidos que olham com
desdém para os processos que tornam possível a produção de todo tipo de
conforto que desfrutam.
Uma cultura é, segundo a definição da Enciclopédia Britânica,
um padrão integrado de conhecimento humano, crenças e comportamentos
que são resultados da capacidade humana de aprendizagem e transmissão de
conhecimento para as gerações seguintes. Cultura consiste então em
língua, idéias, crenças, costumes, códigos de conduta, instituições,
ferramentas, técnicas, rituais, arte, símbolos etc. A cultura de um povo
pode evoluir com o tempo. Cultura se aprende. Os relativistas culturais
tentam logo acusar de “nazistas” aqueles que conseguem enxergar
objetivamente instituições e costumes superiores – ignorando que Hitler
falava em superioridade racial dos arianos, algo que seria inato, não
aprendido. O conceito de raça humana sequer faz muito sentido. Já
estoque de conhecimento, instituições, valores e avanços não só existem e
variam muito de cultura para cultura, como uns são bastante superiores a
outros. Ou será que alguém realmente acredita que a cultura da Suíça é
apenas “diferente” daquela existente no Zimbábue, e não melhor? Será que
os costumes de sacrifício infantil praticados pelos incas seriam
atualmente vistos como “apenas diferentes” pelos relativistas culturais?
Como conciliar isso com a demanda por um código de direitos humanos
universais?
Algo inerente aos relativistas culturais,
pelo fator contraditório de suas crenças, é o constante uso de dois
pesos e duas medidas. Ao mesmo tempo em que relativizam todas as
barbaridades provenientes da cultura atrasada que pretendem defender,
esquecem o relativismo e partem para a objetividade de julgamento na
hora de condenar as culturas que detestam – normalmente as mais
avançadas e livres. Assim, cortar o clitóris passa a ser apenas uma
“diferença cultural”, como colocar um brinco na filha. Mas o
“consumismo” ocidental é algo podre, que deve ser combatido, e não
apenas uma “diferença” de valores. Uma cultura que prega a morte de
“infiéis” é apenas uma cultura “diferente”, enquanto se um país for se
defender dessa ameaça, sua “cultura belicosa” passa a ser repugnante. Os
relativistas fingem não perceber que se “tudo vale”, porque nenhuma
cultura é superior a outra, então um povo pode alegar ter como valor
supremo em sua cultura o extermínio de outras culturas. Com qual
critério objetivo um relativista consegue julgar algo, se tudo não passa
de “diferenças culturais”? Quando os relativistas culturais alegam, por
exemplo, que nenhuma cultura está num estágio inferior e que seus
costumes são “apenas diferentes”, estão sendo coniventes com a prática
nefasta de matar por apedrejamento uma mulher cujo único “crime” foi ter
cometido adultério. Queiram ou não, o fato é que os adeptos desse culto
do multiculturalismo são cúmplices dessas barbaridades.
O filósofo Kwame Anthony Appiah explicou
de forma bastante objetiva os riscos da visão coletivista da cultura, em
detrimento ao direito de livre escolha individual. O autor, nascido em
Gana, é Ph.D. pela Universidade de Cambridge e lecionou em Harvard e
Princeton, além de autor do livro Cosmopolitanism, onde defende que a
globalização fez bem às culturas regionais. A globalização não
uniformiza, diversifica. A reclusão é que exaure a inspiração. Culturas
fechadas estão fadadas ao insucesso. Basta comparar a diversidade nos
Estados Unidos, com inúmeras culturas diferentes convivendo lado a lado,
com a maior homogeneização de uma Coréia do Norte, isolada do mundo.
A população deve ter a liberdade de
escolha de quais produtos culturais deseja consumir. Appiah dá o exemplo
das camisetas que os africanos usam, deixando de lado suas roupas
coloridas tradicionais. Se as camisetas cumprem a função de cobrir o
corpo e são mais baratas, que mal há em deixar as vestes tradicionais
para ocasiões especiais apenas? Tirar o direito de escolha dos
indivíduos em nome da “preservação cultural” beira o desumano, e
normalmente quem pensa assim está longe, no conforto justamente de
culturas mais liberais. O mesmo vale para o resto dos produtos
existentes. Os indivíduos devem ser livres para decidir qual filme
desejam assistir, quais músicas querem escutar ou qual comida pretendem
comer. Quanto mais liberdade de mercado, com abertura para diferentes
países e culturas, maior o número de opções disponíveis. Appiah chama de
“preservacionistas culturais” aquelas pessoas com bom padrão de vida em
algum país ocidental, normalmente, que olham para as culturas
diferentes e exóticas como algo interessante, bonito, que deveriam ser
mantidas para sempre da mesma forma. Mas, como Appiah diz, “se o costume
é ruim para o bem-estar de uma grande parcela daquela população, o fato
de fazer parte da cultura não é motivo para insistir no erro”.
O foco deve ser o indivíduo e sua
liberdade de escolha, não a tribo, a nação ou a cultura. A cultura não é
um fim em si, mas um meio para a felicidade dos indivíduos. E cada um
deve ser livre para escolher como quer buscar sua felicidade. Eis
justamente o que o culto do multiculturalismo deseja impedir.

Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.




O culto do multiculturalismo | Rodrigo Constantino - VEJA.com

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O que falta ao mercado de quadrinhos no Brasil

Um dos mais famosos quadrinistas brasileiros,
Marcello Quintanilha, defende a volta das revistas comerciais, críticos
mais analíticos e um esforço maior dos artistas em atrair público




Marcello Quintanilla (Foto: Divulgação)
Marcelo Quintanilha
Unir suspense, diálogos coloquiais, tipos populares em uma arte - e traço - extremamente realistas fez de Tungstênio um dos HQs mais bem avaliados de 2014 no Brasil e no exterior. Trata-se da primeira graphic novel
de Marcello Quintanilha, um dos mais famosos quadrinistas brasileiros.
Ele, que vive na Espanha desde o início dos anos 90, quando foi ser
colaborador de uma revista belga, gosta mesmo de retratar o cotidiano
brasileiro. Gosta dos sem-grana, do ex-sargento de Salvador, dos amores
do subúrbio e do motorista do busão. "Todo o meu universo temático diz
respeito exclusivamente à vida que eu conheci no Brasil".

Nascido em Niterói, em 1971, Quintanilha começou a carreira em 1988,
ilustrando revistas de terror e artes marciais, vendidas a preços
populares em bancas. Seu primeiro trabalho autoral é de 1991, chamado
"Acomodados! Acomodados!". A história venceu a 1ª Bienal de Quadrinhos
do Rio de Janeiro naquele ano. Obteve maior visibilidade e alcançou mais
leitores com a publicação do livro Sábado dos Meus Amores. Depois, ilustrou a seção de quadrinhos e crônicas do jornal O Estado de S. Paulo, e a adaptação do clássico de Raúl Pompeia, O Ateneu, até ir morar em Barcelona e, de lá, também colaborar com publicações como o El País e a revista La Vanguardia.

Ao mesmo tempo em que sua carreira sobreviveu a momentos duríssimos do
mercado de quadrinhos brasileiro no final dos anos 80, ela também lhe
trouxe a chance de  ter contato lá fora com o que há de melhor nas
gibiterias espanholas e lojas europeias. Nos últimos anos, seus
trabalhos ganharam força no mercado brasileiro, que cresceu, evoluiu e
hoje conta com editoras especializadas, eventos gigantescos e um público
que extrapolou os pequenos nichos. Mas o Brasil ainda caminha devagar.



Para Quintanilha, o boom atual dos quadrinhos por aqui não é
necessariamente um sinal de que o mercado se fortaleceu. "A consolidação
dependerá do quanto os produtores serão capazes de ampliar a parcela do
público interessada em quadrinhos e do quão capazes seremos nós,
artistas, de conquistar novos públicos", afirmou. Em entrevista à Época
NEGÓCIOS, Quintanilha comenta sobre a evolução gráfica e comercial dos
quadrinhos brasileiros, de que forma a decadência das bancas afeta esse
mercado e como é seu processo criativo:

Como você analisa a cena atual do mercado de quadrinhos no Brasil? 

Vejo hoje uma multiplicação de publicações que não chegava nem perto de
quando comecei. Quando comecei, esse mercado vinha de um refluxo
editorial, havia enfrentado crises econômicas e sofrido com as políticas
monetárias. O quadrinho sentiu muito tudo isso. Mas vejo hoje que isso
não só foi recuperado como o quadrinho adquiriu outro tipo de
visibilidade e impulso. Há leis de incentivo e há a internet, que é um
veículo que traz muita exposição para novos autores. Nesse sentido,
atualmente, o panorama é muito melhor do que era há alguns anos. Mas há
um longo caminho ainda a percorrer. É preciso que esse mercado se
consolide, é preciso buscar ampliar o público e ter um público
consumidor mais presente. É este o grande fator que diferencia os
mercados mais estabilizados (Europa, Japão) do mercado brasileiro. Vejo o
momento atual como parte de um processo que, lamentavelmente, foi
interrompido muitas vezes. Então apesar de toda essa movimentação atual
no cenário de quadrinhos o que vai definir se o mercado brasileiro se
consolidará é a evolução desse processo atual.

O que é necessário para essa evolução ocorrer?

A manutenção dos fatores atuais: editoras realmente investindo em
quadrinhos, estímulo e público para eventos, feiras, festivais. É
fundamental que as histórias produzidas no Brasil adquiram outro
patamar, subam de qualidade, tragam mais profundidade. Essa consolidação
depende do quão capazes serão os produtores de ampliar a parcela de
público interessada em quadrinhos; o quão capazes seremos nós, artistas,
de conquistar novos públicos.



Em termos editoriais e gráficos, podemos falar em uma evolução dos quadrinhos brasileiros?

As publicações têm melhorado e ganhado qualidade. O quadrinho autoral,
por exemplo, é o que tem adquirido mais destaque, e as sucessivas
publicações deixam evidente que ele está em pleno processo de
desenvolvimento e consequente amadurecimento. Há muito incentivio e
algumas editoras interessadas em explorar esse campo. Mas, em
contrapartida, tivemos uma completa decadência das revistas comerciais.
Quando comecei minha carreira, foi desenhando histórias de terror e
artes marciais que saíam na banca com periodicidade mensal. Hoje, não
temos mais revistas de consumo: de aventura, terror, policial. Em
qualquer um dos principais mercados mundiais de quadrinhos, as
publicações de gênero respondem pela maior parcela do mercado, fazendo
com que o quadrinho autoral gire em torno desse núcleo.

De que modo a falta desse tipo de publicação [de gênero] prejudica o mercado brasileiro?

Seria um fator que contribuiria para a consolidação do mercado. O fator
comercial é essencial para o mercado. E, com isso, eu não quero dizer
que histórias autorais não são comerciais. É que se comercializa de
maneiras diferentes. Um quadrinho autoral, normalmente, vai ser focado
em determinado número (pequeno) de exemplares e para determinado tipo de
público. Enquanto os para consumo maior, terão outro tipo de
tratamento, outra tiragem. A questão é que quadrinhos autorais têm
seguido um caminho no Brasil, enquanto outras publicações de gênero não
tem seguido caminho nenhum.

O Gabriel Bá afirmou recentemente que os quadrinhos
independentes no Brasil estão ficando cada vez melhores, ao mesmo tempo
em que ficam mais caros e as tiragens continuam as mesmas. Para ele,
está está cada vez mais difícil encontrar fanzines baratos, porque todo
mundo já parte para revistas sofisticadas. Você concorda?


Acho que é uma parte de um processo natural que ocorre no mundo todo.
As revistas decaíram. A cultura de banca se perdeu muito. Na Espanha,
nem se compra mais em banca. Os quadrinhos migraram – aqui há centenas
de gibiterias, que vendem revistas de gênero, consumo e autorais. Com as
lojas especializadas de quadrinhos, as revistas passam a ser tratadas
de outra forma. Além disso, nos últimos anos vimos uma evolução enorme
do processo produtivo que levou a um salto qualitativo visual: do papel
às cores. Isso acaba encarecendo o produto e fará com que,
inevitavelmente, o público fique limitado. Esse processo, que ocorre
agora no Brasil, não é um privilégio do Brasil. Já aconteceu em todos os
países de mercado consolidados.

Qual é o papel da crítica especializada de quadrinhos? Em que
medida, tanto os veículos maiores quanto blogs especializados, conseguem
atrair mais público e impactar as vendas? 


Eu vejo uma particularidade em relação à forma como o quadrinho é
apresentado ao grande público. Vejo que uma imensa parcela de críticos
se auto impõe a responsabilidade não de depurar a diversidade de
material que chega até os leitores, mas, sim, promover a linguagem do
quadrinho enquanto produto. Parece que o objetivo não é analisar, mas
trabalhar a favor da ampliação do público consumidor. O resultado disso,
se pensarmos em um público cujo contato com o quadrinho é pequeno ou
mesmo nulo, pode ser justamente o contrário do pretendido, já que
ocorrerão distorções que valorizam de modo de modo excessivo apenas
trabalhos medianos, ou até abaixo disso.

Pensando em ser quadrinista profissional, qual é a perspectiva
que hoje um jovem brasileiro pode ter? Comparando com a época que você
começou é mais fácil?


É diferente. Eu trabalhava em uma editora que tinha uma proposta
editorial e tive que me adaptar àquele tipo de proposta. Já hoje, a
perspectiva que os jovens e artistas têm, é que você é quem vai
formalizar a sua proposta e apresentar à editora ou buscar um
financiamento colaborativo, por exemplo. No caos do Brasil, é melhor
trabalhar desse segundo jeito. Porque a única editora que tem um estúdio
com uma proposta clara é a do Mauricio de Sousa. Não acho que é fácil.
Se você está inserido no mercado norte-americano, por exemplo, dá para
viver disso desde cedo. Porque é um mercado, assim como o europeu, muito
massificado. Existe um consumo muito grande de quadrinhos nesses
países. Editoras podem assumir contratos financeiros diversos e artistas
podem sobreviver só disso.

Trecho de Tungstênio: Quintanilla descrever Richard, um policial de Salvador que vive entre dilemas, mas não hesita em agir (Foto: Divulgação)
Você é reconhecido como um ótimo cronista, mas em críticas
recentes muitos jornais afirmaram que seu desenho e traço têm até se
destacado mais.  Como você descreveria o seu processo criativo? A
história é aleatória e o desenho a acompanha?


Eu realmente deixo as coisas acontecerem. Sei que isso não é usual no
mundo profissional, mas é como venho trabalhando. E as histórias são
muito consistentes justamente devido a isso. Quero dizer que o tempo que
é necessário para criar uma história não é algo contabilizável. Eu
posso terminar histórias em um espaço curto de tempo ou demorar anos.
Mas sei que tenho certa liberdade nesse aspecto devido às editoras com
as quais trabalhos – onde tenho confiança e liberdade. Muitas editoras
trabalham com prazos mais apertados e exigem dos artistas uma adaptação a
suas propostas. Meu trabalho não está vinculado a nenhum tipo de
proposta editorial que venha a ser colocada no mercado por alguma
editora. É uma diferença substancial. Eu desenho de todas as formas e
cada história tem um processo criativo diferente. Há histórias minhas em
que comecei desenhando e criando um pequeno storyboard e só depois fiz
os textos. Porque em alguns momentos simplesmente eu podia não ter
história. É válido não seguir caminhos – começar a desenhando e ver o
caminho que eles te levam. Agora, por exemplo, no caso do Tungstênio, eu
tinha uma história – que ouvi no rádio – e já criei com começo, meio e
fim.

Você comentou recentemente que não sentia saudades do Brasil,
porque você trouxe o Brasil inteiro com você quando foi para a
Barcelona. Em Tungstênio, a gente vê um retrato muito próximo do
brasileiro, dos 'heróis do cotidiano', daqueles que geralmente não são
os protagonistas. Qual é o Brasil que te inspira?


Infelizmente, muitas das coisas que me encantaram e com as quais
mantenho uma relação nostálgica não existem mais. É o bairro operário de
Niterói onde nasci, o Barreto, é crescer nos anos 70 em um local que
enfrentava um grande processo de deterioração. O apogeu ali já havia
passado há duas décadas, mas todo o universo operário estava ainda muito
presente. Isso me afetou de maneira fundamental, passou a ser a chave
com a qual eu pude formalizar meu trabalho. Um trabalho que dialoga com
as coisas simples, da vida cotidiana.

É essa a maior inspiração do seu trabalho?

Sim. Mas muitas das coisas nas quais me inspiro eu não presenciei
necessariamente. Eu trabalho a partir do que tenho comigo, do que penso,
não sinto essa distância. Meu trabalho não é presencial. Eu não
acredito na banalidade em si. Eu acredito na mítica do dia qualquer, em
que qualquer coisa pode acontecer. Eu nunca acreditei nisso [que alguém
tinha que falar o que fazer] e eu não acredito que seja possível pensar
isso para ninguém. Simplesmente porque minha forma de trabalhar nunca
foi para as editores, foi para os leitores. Quero buscar comunicação. É
isso o que mais me interessa quando faço quadrinho. Busco me comunicar
com o maior número de pessoas possível.














fonte: O que falta ao mercado de quadrinhos no Brasil | Época NEGÓCIOS - notícias em Visão

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Academia Brasileira de História em Quadrinhos é fundada no Rio de Janeiro










Abrahq01No último dia 30 de janeiro de 2015 foi comemorado o Dia do Quadrinho Nacional, que marca o aniversário do lançamento da primeira HQ brasileira, As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora de Angelo Agostini. E por todo o país, vários eventos ocorreram celebrando a nona arte.
E neste dia foram empossados no Rio de Janeiro os primeiros artistas membros da ABRAHQ, a Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos. Foram 20 artistas, incluindo nomes como Gedeone Malagola, Jayme Cortez, Flavio Colin, Edmundo Rodrigues e Francisco Ferreth.
Como alguns dos homenageados já faleceram, a Academia vai empossar
alguns artistas da atualidade que ocuparão as cadeiras nomeadas em honra
aos mestres citados, no mesmo molde da Academia Brasileira de Letras.
A ideia da academia é de Agata Desmond, co-fundadora da marca HQ Forever,
que tem como objetivo preservar a memória dos quadrinhos brasileiros e
unir os profissionais pela valorização da profissão de quadrinistas.
Abrahq02
A cerimônia ocorreu às 19:30, na Rua
das Palmeiras nº 13, no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro, e foi
presidida pelo ator e diretor de teatro Fernando Resky.

Sobre o Press Release.


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Academia Brasileira de História em Quadrinhos é fundada no Rio de Janeiro | Zine Brasil

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Casa do Patrimônio lança novo Caderno Temático de Educação Patrimonial


 

26/01/2015











Capa Caderno Tematico



Com o título Diálogos entre Escola, Museu e Cidade,
a Casa do Patrimônio (PB), do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), lança o 4º número do Caderno Temático de
Educação Patrimonial.


Nesta edição, os artigos apresentam reflexões sobre práticas de
Educação Patrimonial por todo o Brasil, que tomam os espaços educativos
da escola e do museu como polos a partir dos quais se desenvolvem
experiências sensoriais e interpretativas que extrapolam seus limites
físicos e sua atuação institucional. A ampliação desse limite entre o
dentro e o fora incorpora novos elementos às práticas educativas e
revela como as referências culturais são palpáveis e acessíveis a
qualquer um de nós, pois permeiam nosso cotidiano, nossa vizinhança,
nossa cidade.


As abordagens apresentadas nos convidam a inovar nos projetos de
Educação Patrimonial, perceber o patrimônio de outra forma, aguçar o
olhar, e, não satisfeitos, olhar novamente, reinterpretar. No espaço
convencional da sala de aula, na visita ao museu ou no passeio pela
cidade, o desafio que está posto é conseguir uma aproximação entre
patrimônio e população, compreendendo que o interesse comum da
preservação está muitas vezes contido justamente nas referências mais
preciosas e mais familiares, que povoam o bairro, a escola e a cidade.


A versão digital do Caderno Temático pode ser acessado no blog da Casa do Patrimônio da Paraíba:  http:\\casadopatrimoniojp.com




























fonte: .:: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ::.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dia do Quadrinho 2015: mais um evento apoiado pela SAL





O Estúdio Alexandre Martins apresenta o Dia Nacional do Quadrinho em São Gonçalo no dia 30 de janeiro de 2015.
 Uma oportunidade de encontrar pessoas amantes da História em Quadrinhos, com suas produções artísticas (amadoras ou não), perto de profissionais da área e empresas afins.

Panorama da programação do Dia do Quadrinho 2015


  • Exposição de Quadrinhos nacionais ou não, bem como de suas ilustrações, estudos, personagens e etc;
  • Banca de venda e troca de publicações, coordenada e realizada pelos próprios artistas e editoras;
  • Projeção de filmes relativos ao mundo dos quadrinhos.
  • Palestras com nomes da área.


Programação do Dia do Quadrinho 2015

dia 30 de Janeiro, sexta-feira, das 10 às 16h

Centro Cultural Pref. Joaquim Lavoura ("Lavourão")


10h - Abertura / homenagens


10h30 - Palestra: “Como trabalhar com Quadrinhos" com Lipe Diaz


12h - filme "A Guerra dos Gibis" (Sessão com Debate)


13h - Palestra: "IFANZINE – revistas artesanais, protagonismo e autopublicação” com Alberto Souza


14h -Palestra: “Letras em quadrinhos: um olhar sobre a tipografia em HQ’s” com Vinicius Guimarães


15h - Palestra: "O Caminho das Pedras nos Quadrinhos: da Internet ao Licenciamento, como ter sucesso" com Leo Vieira


16h - Encerramento


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durante todo o dia:
  • exposição
  • bancas
  • oficinas
 Entrada franca - Censura livre



 filme "A Guerra dos Gibis"


 
- Direção:Thiago B. Mendonça e Rafael Terpins
- Produção: Renata Jardim, Rafael Terpins, Thiago B. Mendonça
- São Paulo, SP, 2013
- duração 19’30’’

Sinopse:Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos no Brasil. Mas a Censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a Ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade.
Entrada Franca.



Produção:





Apoio:

 
 
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Coliseu dos Quadrinhos

Está no ar o Coliseu dos Quadrinhos!
Esta nova marca de minha autoria e coordenação tem o objetivo de ressaltar valores artísticos, culturais, literários, históricos, didáticos, pedagógicos, educacionais, magistrais, filosóficos e até acadêmicos entretidos através desta arte tão popular.
As histórias em quadrinhos são uma alternativa performática de nos envolver em um enredo criativo e acolhedor, nos fazendo sonhar por alguns instantes, no decorrer das páginas. E se engana quem pensa que as populares histórias em quadrinhos estão focadas apenas no entretenimento infantil! Pelo mundo afora, em diversos países, existem os populares mangás (quadrinhos orientais, com enredo de aventura, de fantasia ou de esporte), os quadrinhos europeus (estilo acadêmico e com conteúdo de aventura ou drama), os quadrinhos de moda (com temática feminina, abordando assuntos complexos), os quadrinhos americanos (brutamontes com superpoderes em um universo violento urbano), os quadrinhos cartunizados (estilo mais humorístico e grotesco), os
quadrinhos de terror, os quadrinhos eróticos e é claro, os quadrinhos infantis.
Nossa marca também será intercalada por artes, cartoons e quadrinhos. E com mascotes exclusivos. Eles também irão nos entreter com dicas, exemplos e lições didáticas sobre como se especializar no mercado de quadrinhos.

 http://coliseudosquadrinhos.blogspot.com.br/2015/01/apresentacao.html

https://www.facebook.com/coliseudosquadrinhos?ref=hl

Leo Vieira


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Representantes da área cultural apresentam suas demandas

13.01.2015  
 Ministro Juca Ferreira e representantes das entidades culturais do Rio de Janeiro. (Foto: Janine Moraes)
 
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, se reuniu na manhã desta terça-feira (13/1) com cerca de 40 representantes de entidades culturais do Rio de Janeiro, no Edifício Parque Cidade, em Brasília.
 
Na conversa, eles expuseram preocupações e demandas do setor ao novo ministro. 
 
Com relação ao questionamento sobre a situação da Funarte, Juca Ferreira defendeu a reestruturação da fundação e a construção de um grupo para repensar uma nova arquitetura que englobe os objetivos de sua atuação. "A Funarte tem que ser nacional e assumir a diversidade cultural para ter eficiência e contemporaneidade", disse o ministro.
 
O ministro também destacou ser a favor da renúncia fiscal para o financiamento de projetos culturais, mas não nos moldes atuais da Lei Rouanet. "Temos que avançar. O modelo de financiamento é perverso. Sou a favor da parceria público-privada". Ele ressaltou ainda que, além de eventos e projetos é preciso investir em instituições. 
 
"Vou reabrir o diálogo para pactuar com o campo cultural, para ter força para ir ao Parlamento", afirmou o ministro, em relação ao projeto do Procultura, que propõe a reforma da Lei Rouanet.
 
Questionado sobre as dificuldades de entidades do terceiro setor de promover parcerias com o Estado, ele defendeu a descriminalização das organizações sociais e a abertura para conversas e parcerias do Estado com os cidadãos e não só "entidades estruturadas".
 
O ministro reconheceu também a necessidade de se investir em políticas culturais para crianças e adolescentes, segmento que não tem sido contemplado a contento. 
 
Os grupos manifestaram ainda a preocupação de se promoverem atividades culturais durante a realização das Olimpíadas em 2016. O ministro afirmou que está aberto a receber sugestões de ações dos mais diversos segmentos. 
 
O ministro Juca Ferreira se mostrou de acordo com as avaliações dos produtores referentes à dificuldade nas prestações de contas e a necessidade de estimular ações continuadas nos diferentes setores. 
 
Para o produtor cultural Junior Perim, cofundador e diretor executivo do Circo Crescer e Viver, o encontro de hoje renova a relação do MinC com o Rio de Janeiro. "A expectativa é que o que foi dito sirva para contribuir na formulação de políticas que o ministério vai fazer para recolocar a cultura no centro do desenvolvimento do Brasil".
 
O escritor e diretor teatral Marcus Faustini, coordenador da Agência de Redes para  Juventude, também avaliou de forma positiva a reunião, por colocar já colocar em prática a questão do diálogo entre o MinC e a sociedade civil. "A atualização [das políticas de cultura] não vai sair só da cabeça da equipe do ministério, mas do diálogo com a sociedade civil. Esses gestos dos dois últimos dias de abrir o diálogo demonstra o potencial desta nova gestão". 
 
Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Cultura