sábado, 14 de fevereiro de 2015

O culto do multiculturalismo





 
Rodrigo Constantino
 

“Uma cultura só tem importância se for boa para os indivíduos”. (Kwame Anthony Appiah)


Uma das maiores ameaças à liberdade
individual atualmente encontra-se no culto do multiculturalismo. Vários
autores notaram este risco, entre eles Thomas Sowell, da Escola de
Chicago. Em sua coletânea de textos Barbarians Inside the Gates,
Sowell lembra que o mundo sempre foi multicultural, por séculos antes
de o termo ser cunhado. Tratava-se de um multiculturalismo num sentido
prático, diretamente oposto ao que o atual culto dos relativistas
culturais prega. Como exemplos, Sowell lembra que o papel onde seu livro
foi escrito fora inventado na China, as letras vieram da Roma antiga e
os números da Índia, através dos árabes. O autor é um descendente da
África, que escrevia enquanto escutava música de um compositor russo.
A razão pela qual tantas coisas se
disseminam pelo mundo todo está no simples fato de que algumas coisas
são consideradas melhores que outras, e as pessoas desejam o melhor para
si. Esta obviedade é justamente o contrário do que o credo do
multiculturalismo atual defende, alegando que nada é melhor ou pior, mas
“apenas diferente”. Na verdade, as pessoas mundo afora não apenas
“celebram a diversidade”, elas escolhem aquilo de sua própria cultura
que desejam manter e aquilo que preferem abandonar em prol de algo
melhor vindo de fora. Quando os índios americanos, por exemplo, viram os
cavalos dos europeus, eles não se limitaram a “celebrar a diferença”,
eles começaram a montar em vez de ir andando. À contramão do que o culto
do multiculturalismo defende, as pessoas não buscam viver “em harmonia
com a natureza”, e sim obter o melhor que puderem. Eis o motivo pelo
qual, desde automóveis até antibióticos, os bens demandados se
espalharam pelo mundo. Não importa o que os filósofos do
multiculturalismo dizem, é isso que milhões de pessoas fazem.
Para Sowell, este tipo de
multiculturalismo moderno é uma dessas afetações que algumas pessoas
podem se dar ao luxo de ter enquanto estão usufruindo de todos os frutos
da tecnologia moderna. Normalmente não são pessoas pobres vivendo em
países muito atrasados que bradam sobre as “maravilhas” das diferentes
culturas. São “intelectuais” de países desenvolvidos que olham com
desdém para os processos que tornam possível a produção de todo tipo de
conforto que desfrutam.
Uma cultura é, segundo a definição da Enciclopédia Britânica,
um padrão integrado de conhecimento humano, crenças e comportamentos
que são resultados da capacidade humana de aprendizagem e transmissão de
conhecimento para as gerações seguintes. Cultura consiste então em
língua, idéias, crenças, costumes, códigos de conduta, instituições,
ferramentas, técnicas, rituais, arte, símbolos etc. A cultura de um povo
pode evoluir com o tempo. Cultura se aprende. Os relativistas culturais
tentam logo acusar de “nazistas” aqueles que conseguem enxergar
objetivamente instituições e costumes superiores – ignorando que Hitler
falava em superioridade racial dos arianos, algo que seria inato, não
aprendido. O conceito de raça humana sequer faz muito sentido. Já
estoque de conhecimento, instituições, valores e avanços não só existem e
variam muito de cultura para cultura, como uns são bastante superiores a
outros. Ou será que alguém realmente acredita que a cultura da Suíça é
apenas “diferente” daquela existente no Zimbábue, e não melhor? Será que
os costumes de sacrifício infantil praticados pelos incas seriam
atualmente vistos como “apenas diferentes” pelos relativistas culturais?
Como conciliar isso com a demanda por um código de direitos humanos
universais?
Algo inerente aos relativistas culturais,
pelo fator contraditório de suas crenças, é o constante uso de dois
pesos e duas medidas. Ao mesmo tempo em que relativizam todas as
barbaridades provenientes da cultura atrasada que pretendem defender,
esquecem o relativismo e partem para a objetividade de julgamento na
hora de condenar as culturas que detestam – normalmente as mais
avançadas e livres. Assim, cortar o clitóris passa a ser apenas uma
“diferença cultural”, como colocar um brinco na filha. Mas o
“consumismo” ocidental é algo podre, que deve ser combatido, e não
apenas uma “diferença” de valores. Uma cultura que prega a morte de
“infiéis” é apenas uma cultura “diferente”, enquanto se um país for se
defender dessa ameaça, sua “cultura belicosa” passa a ser repugnante. Os
relativistas fingem não perceber que se “tudo vale”, porque nenhuma
cultura é superior a outra, então um povo pode alegar ter como valor
supremo em sua cultura o extermínio de outras culturas. Com qual
critério objetivo um relativista consegue julgar algo, se tudo não passa
de “diferenças culturais”? Quando os relativistas culturais alegam, por
exemplo, que nenhuma cultura está num estágio inferior e que seus
costumes são “apenas diferentes”, estão sendo coniventes com a prática
nefasta de matar por apedrejamento uma mulher cujo único “crime” foi ter
cometido adultério. Queiram ou não, o fato é que os adeptos desse culto
do multiculturalismo são cúmplices dessas barbaridades.
O filósofo Kwame Anthony Appiah explicou
de forma bastante objetiva os riscos da visão coletivista da cultura, em
detrimento ao direito de livre escolha individual. O autor, nascido em
Gana, é Ph.D. pela Universidade de Cambridge e lecionou em Harvard e
Princeton, além de autor do livro Cosmopolitanism, onde defende que a
globalização fez bem às culturas regionais. A globalização não
uniformiza, diversifica. A reclusão é que exaure a inspiração. Culturas
fechadas estão fadadas ao insucesso. Basta comparar a diversidade nos
Estados Unidos, com inúmeras culturas diferentes convivendo lado a lado,
com a maior homogeneização de uma Coréia do Norte, isolada do mundo.
A população deve ter a liberdade de
escolha de quais produtos culturais deseja consumir. Appiah dá o exemplo
das camisetas que os africanos usam, deixando de lado suas roupas
coloridas tradicionais. Se as camisetas cumprem a função de cobrir o
corpo e são mais baratas, que mal há em deixar as vestes tradicionais
para ocasiões especiais apenas? Tirar o direito de escolha dos
indivíduos em nome da “preservação cultural” beira o desumano, e
normalmente quem pensa assim está longe, no conforto justamente de
culturas mais liberais. O mesmo vale para o resto dos produtos
existentes. Os indivíduos devem ser livres para decidir qual filme
desejam assistir, quais músicas querem escutar ou qual comida pretendem
comer. Quanto mais liberdade de mercado, com abertura para diferentes
países e culturas, maior o número de opções disponíveis. Appiah chama de
“preservacionistas culturais” aquelas pessoas com bom padrão de vida em
algum país ocidental, normalmente, que olham para as culturas
diferentes e exóticas como algo interessante, bonito, que deveriam ser
mantidas para sempre da mesma forma. Mas, como Appiah diz, “se o costume
é ruim para o bem-estar de uma grande parcela daquela população, o fato
de fazer parte da cultura não é motivo para insistir no erro”.
O foco deve ser o indivíduo e sua
liberdade de escolha, não a tribo, a nação ou a cultura. A cultura não é
um fim em si, mas um meio para a felicidade dos indivíduos. E cada um
deve ser livre para escolher como quer buscar sua felicidade. Eis
justamente o que o culto do multiculturalismo deseja impedir.

Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.




O culto do multiculturalismo | Rodrigo Constantino - VEJA.com

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O que falta ao mercado de quadrinhos no Brasil

Um dos mais famosos quadrinistas brasileiros,
Marcello Quintanilha, defende a volta das revistas comerciais, críticos
mais analíticos e um esforço maior dos artistas em atrair público




Marcello Quintanilla (Foto: Divulgação)
Marcelo Quintanilha
Unir suspense, diálogos coloquiais, tipos populares em uma arte - e traço - extremamente realistas fez de Tungstênio um dos HQs mais bem avaliados de 2014 no Brasil e no exterior. Trata-se da primeira graphic novel
de Marcello Quintanilha, um dos mais famosos quadrinistas brasileiros.
Ele, que vive na Espanha desde o início dos anos 90, quando foi ser
colaborador de uma revista belga, gosta mesmo de retratar o cotidiano
brasileiro. Gosta dos sem-grana, do ex-sargento de Salvador, dos amores
do subúrbio e do motorista do busão. "Todo o meu universo temático diz
respeito exclusivamente à vida que eu conheci no Brasil".

Nascido em Niterói, em 1971, Quintanilha começou a carreira em 1988,
ilustrando revistas de terror e artes marciais, vendidas a preços
populares em bancas. Seu primeiro trabalho autoral é de 1991, chamado
"Acomodados! Acomodados!". A história venceu a 1ª Bienal de Quadrinhos
do Rio de Janeiro naquele ano. Obteve maior visibilidade e alcançou mais
leitores com a publicação do livro Sábado dos Meus Amores. Depois, ilustrou a seção de quadrinhos e crônicas do jornal O Estado de S. Paulo, e a adaptação do clássico de Raúl Pompeia, O Ateneu, até ir morar em Barcelona e, de lá, também colaborar com publicações como o El País e a revista La Vanguardia.

Ao mesmo tempo em que sua carreira sobreviveu a momentos duríssimos do
mercado de quadrinhos brasileiro no final dos anos 80, ela também lhe
trouxe a chance de  ter contato lá fora com o que há de melhor nas
gibiterias espanholas e lojas europeias. Nos últimos anos, seus
trabalhos ganharam força no mercado brasileiro, que cresceu, evoluiu e
hoje conta com editoras especializadas, eventos gigantescos e um público
que extrapolou os pequenos nichos. Mas o Brasil ainda caminha devagar.



Para Quintanilha, o boom atual dos quadrinhos por aqui não é
necessariamente um sinal de que o mercado se fortaleceu. "A consolidação
dependerá do quanto os produtores serão capazes de ampliar a parcela do
público interessada em quadrinhos e do quão capazes seremos nós,
artistas, de conquistar novos públicos", afirmou. Em entrevista à Época
NEGÓCIOS, Quintanilha comenta sobre a evolução gráfica e comercial dos
quadrinhos brasileiros, de que forma a decadência das bancas afeta esse
mercado e como é seu processo criativo:

Como você analisa a cena atual do mercado de quadrinhos no Brasil? 

Vejo hoje uma multiplicação de publicações que não chegava nem perto de
quando comecei. Quando comecei, esse mercado vinha de um refluxo
editorial, havia enfrentado crises econômicas e sofrido com as políticas
monetárias. O quadrinho sentiu muito tudo isso. Mas vejo hoje que isso
não só foi recuperado como o quadrinho adquiriu outro tipo de
visibilidade e impulso. Há leis de incentivo e há a internet, que é um
veículo que traz muita exposição para novos autores. Nesse sentido,
atualmente, o panorama é muito melhor do que era há alguns anos. Mas há
um longo caminho ainda a percorrer. É preciso que esse mercado se
consolide, é preciso buscar ampliar o público e ter um público
consumidor mais presente. É este o grande fator que diferencia os
mercados mais estabilizados (Europa, Japão) do mercado brasileiro. Vejo o
momento atual como parte de um processo que, lamentavelmente, foi
interrompido muitas vezes. Então apesar de toda essa movimentação atual
no cenário de quadrinhos o que vai definir se o mercado brasileiro se
consolidará é a evolução desse processo atual.

O que é necessário para essa evolução ocorrer?

A manutenção dos fatores atuais: editoras realmente investindo em
quadrinhos, estímulo e público para eventos, feiras, festivais. É
fundamental que as histórias produzidas no Brasil adquiram outro
patamar, subam de qualidade, tragam mais profundidade. Essa consolidação
depende do quão capazes serão os produtores de ampliar a parcela de
público interessada em quadrinhos; o quão capazes seremos nós, artistas,
de conquistar novos públicos.



Em termos editoriais e gráficos, podemos falar em uma evolução dos quadrinhos brasileiros?

As publicações têm melhorado e ganhado qualidade. O quadrinho autoral,
por exemplo, é o que tem adquirido mais destaque, e as sucessivas
publicações deixam evidente que ele está em pleno processo de
desenvolvimento e consequente amadurecimento. Há muito incentivio e
algumas editoras interessadas em explorar esse campo. Mas, em
contrapartida, tivemos uma completa decadência das revistas comerciais.
Quando comecei minha carreira, foi desenhando histórias de terror e
artes marciais que saíam na banca com periodicidade mensal. Hoje, não
temos mais revistas de consumo: de aventura, terror, policial. Em
qualquer um dos principais mercados mundiais de quadrinhos, as
publicações de gênero respondem pela maior parcela do mercado, fazendo
com que o quadrinho autoral gire em torno desse núcleo.

De que modo a falta desse tipo de publicação [de gênero] prejudica o mercado brasileiro?

Seria um fator que contribuiria para a consolidação do mercado. O fator
comercial é essencial para o mercado. E, com isso, eu não quero dizer
que histórias autorais não são comerciais. É que se comercializa de
maneiras diferentes. Um quadrinho autoral, normalmente, vai ser focado
em determinado número (pequeno) de exemplares e para determinado tipo de
público. Enquanto os para consumo maior, terão outro tipo de
tratamento, outra tiragem. A questão é que quadrinhos autorais têm
seguido um caminho no Brasil, enquanto outras publicações de gênero não
tem seguido caminho nenhum.

O Gabriel Bá afirmou recentemente que os quadrinhos
independentes no Brasil estão ficando cada vez melhores, ao mesmo tempo
em que ficam mais caros e as tiragens continuam as mesmas. Para ele,
está está cada vez mais difícil encontrar fanzines baratos, porque todo
mundo já parte para revistas sofisticadas. Você concorda?


Acho que é uma parte de um processo natural que ocorre no mundo todo.
As revistas decaíram. A cultura de banca se perdeu muito. Na Espanha,
nem se compra mais em banca. Os quadrinhos migraram – aqui há centenas
de gibiterias, que vendem revistas de gênero, consumo e autorais. Com as
lojas especializadas de quadrinhos, as revistas passam a ser tratadas
de outra forma. Além disso, nos últimos anos vimos uma evolução enorme
do processo produtivo que levou a um salto qualitativo visual: do papel
às cores. Isso acaba encarecendo o produto e fará com que,
inevitavelmente, o público fique limitado. Esse processo, que ocorre
agora no Brasil, não é um privilégio do Brasil. Já aconteceu em todos os
países de mercado consolidados.

Qual é o papel da crítica especializada de quadrinhos? Em que
medida, tanto os veículos maiores quanto blogs especializados, conseguem
atrair mais público e impactar as vendas? 


Eu vejo uma particularidade em relação à forma como o quadrinho é
apresentado ao grande público. Vejo que uma imensa parcela de críticos
se auto impõe a responsabilidade não de depurar a diversidade de
material que chega até os leitores, mas, sim, promover a linguagem do
quadrinho enquanto produto. Parece que o objetivo não é analisar, mas
trabalhar a favor da ampliação do público consumidor. O resultado disso,
se pensarmos em um público cujo contato com o quadrinho é pequeno ou
mesmo nulo, pode ser justamente o contrário do pretendido, já que
ocorrerão distorções que valorizam de modo de modo excessivo apenas
trabalhos medianos, ou até abaixo disso.

Pensando em ser quadrinista profissional, qual é a perspectiva
que hoje um jovem brasileiro pode ter? Comparando com a época que você
começou é mais fácil?


É diferente. Eu trabalhava em uma editora que tinha uma proposta
editorial e tive que me adaptar àquele tipo de proposta. Já hoje, a
perspectiva que os jovens e artistas têm, é que você é quem vai
formalizar a sua proposta e apresentar à editora ou buscar um
financiamento colaborativo, por exemplo. No caos do Brasil, é melhor
trabalhar desse segundo jeito. Porque a única editora que tem um estúdio
com uma proposta clara é a do Mauricio de Sousa. Não acho que é fácil.
Se você está inserido no mercado norte-americano, por exemplo, dá para
viver disso desde cedo. Porque é um mercado, assim como o europeu, muito
massificado. Existe um consumo muito grande de quadrinhos nesses
países. Editoras podem assumir contratos financeiros diversos e artistas
podem sobreviver só disso.

Trecho de Tungstênio: Quintanilla descrever Richard, um policial de Salvador que vive entre dilemas, mas não hesita em agir (Foto: Divulgação)
Você é reconhecido como um ótimo cronista, mas em críticas
recentes muitos jornais afirmaram que seu desenho e traço têm até se
destacado mais.  Como você descreveria o seu processo criativo? A
história é aleatória e o desenho a acompanha?


Eu realmente deixo as coisas acontecerem. Sei que isso não é usual no
mundo profissional, mas é como venho trabalhando. E as histórias são
muito consistentes justamente devido a isso. Quero dizer que o tempo que
é necessário para criar uma história não é algo contabilizável. Eu
posso terminar histórias em um espaço curto de tempo ou demorar anos.
Mas sei que tenho certa liberdade nesse aspecto devido às editoras com
as quais trabalhos – onde tenho confiança e liberdade. Muitas editoras
trabalham com prazos mais apertados e exigem dos artistas uma adaptação a
suas propostas. Meu trabalho não está vinculado a nenhum tipo de
proposta editorial que venha a ser colocada no mercado por alguma
editora. É uma diferença substancial. Eu desenho de todas as formas e
cada história tem um processo criativo diferente. Há histórias minhas em
que comecei desenhando e criando um pequeno storyboard e só depois fiz
os textos. Porque em alguns momentos simplesmente eu podia não ter
história. É válido não seguir caminhos – começar a desenhando e ver o
caminho que eles te levam. Agora, por exemplo, no caso do Tungstênio, eu
tinha uma história – que ouvi no rádio – e já criei com começo, meio e
fim.

Você comentou recentemente que não sentia saudades do Brasil,
porque você trouxe o Brasil inteiro com você quando foi para a
Barcelona. Em Tungstênio, a gente vê um retrato muito próximo do
brasileiro, dos 'heróis do cotidiano', daqueles que geralmente não são
os protagonistas. Qual é o Brasil que te inspira?


Infelizmente, muitas das coisas que me encantaram e com as quais
mantenho uma relação nostálgica não existem mais. É o bairro operário de
Niterói onde nasci, o Barreto, é crescer nos anos 70 em um local que
enfrentava um grande processo de deterioração. O apogeu ali já havia
passado há duas décadas, mas todo o universo operário estava ainda muito
presente. Isso me afetou de maneira fundamental, passou a ser a chave
com a qual eu pude formalizar meu trabalho. Um trabalho que dialoga com
as coisas simples, da vida cotidiana.

É essa a maior inspiração do seu trabalho?

Sim. Mas muitas das coisas nas quais me inspiro eu não presenciei
necessariamente. Eu trabalho a partir do que tenho comigo, do que penso,
não sinto essa distância. Meu trabalho não é presencial. Eu não
acredito na banalidade em si. Eu acredito na mítica do dia qualquer, em
que qualquer coisa pode acontecer. Eu nunca acreditei nisso [que alguém
tinha que falar o que fazer] e eu não acredito que seja possível pensar
isso para ninguém. Simplesmente porque minha forma de trabalhar nunca
foi para as editores, foi para os leitores. Quero buscar comunicação. É
isso o que mais me interessa quando faço quadrinho. Busco me comunicar
com o maior número de pessoas possível.














fonte: O que falta ao mercado de quadrinhos no Brasil | Época NEGÓCIOS - notícias em Visão

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Academia Brasileira de História em Quadrinhos é fundada no Rio de Janeiro










Abrahq01No último dia 30 de janeiro de 2015 foi comemorado o Dia do Quadrinho Nacional, que marca o aniversário do lançamento da primeira HQ brasileira, As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora de Angelo Agostini. E por todo o país, vários eventos ocorreram celebrando a nona arte.
E neste dia foram empossados no Rio de Janeiro os primeiros artistas membros da ABRAHQ, a Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos. Foram 20 artistas, incluindo nomes como Gedeone Malagola, Jayme Cortez, Flavio Colin, Edmundo Rodrigues e Francisco Ferreth.
Como alguns dos homenageados já faleceram, a Academia vai empossar
alguns artistas da atualidade que ocuparão as cadeiras nomeadas em honra
aos mestres citados, no mesmo molde da Academia Brasileira de Letras.
A ideia da academia é de Agata Desmond, co-fundadora da marca HQ Forever,
que tem como objetivo preservar a memória dos quadrinhos brasileiros e
unir os profissionais pela valorização da profissão de quadrinistas.
Abrahq02
A cerimônia ocorreu às 19:30, na Rua
das Palmeiras nº 13, no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro, e foi
presidida pelo ator e diretor de teatro Fernando Resky.

Sobre o Press Release.


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Academia Brasileira de História em Quadrinhos é fundada no Rio de Janeiro | Zine Brasil

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Casa do Patrimônio lança novo Caderno Temático de Educação Patrimonial


 

26/01/2015











Capa Caderno Tematico



Com o título Diálogos entre Escola, Museu e Cidade,
a Casa do Patrimônio (PB), do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), lança o 4º número do Caderno Temático de
Educação Patrimonial.


Nesta edição, os artigos apresentam reflexões sobre práticas de
Educação Patrimonial por todo o Brasil, que tomam os espaços educativos
da escola e do museu como polos a partir dos quais se desenvolvem
experiências sensoriais e interpretativas que extrapolam seus limites
físicos e sua atuação institucional. A ampliação desse limite entre o
dentro e o fora incorpora novos elementos às práticas educativas e
revela como as referências culturais são palpáveis e acessíveis a
qualquer um de nós, pois permeiam nosso cotidiano, nossa vizinhança,
nossa cidade.


As abordagens apresentadas nos convidam a inovar nos projetos de
Educação Patrimonial, perceber o patrimônio de outra forma, aguçar o
olhar, e, não satisfeitos, olhar novamente, reinterpretar. No espaço
convencional da sala de aula, na visita ao museu ou no passeio pela
cidade, o desafio que está posto é conseguir uma aproximação entre
patrimônio e população, compreendendo que o interesse comum da
preservação está muitas vezes contido justamente nas referências mais
preciosas e mais familiares, que povoam o bairro, a escola e a cidade.


A versão digital do Caderno Temático pode ser acessado no blog da Casa do Patrimônio da Paraíba:  http:\\casadopatrimoniojp.com




























fonte: .:: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ::.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dia do Quadrinho 2015: mais um evento apoiado pela SAL





O Estúdio Alexandre Martins apresenta o Dia Nacional do Quadrinho em São Gonçalo no dia 30 de janeiro de 2015.
 Uma oportunidade de encontrar pessoas amantes da História em Quadrinhos, com suas produções artísticas (amadoras ou não), perto de profissionais da área e empresas afins.

Panorama da programação do Dia do Quadrinho 2015


  • Exposição de Quadrinhos nacionais ou não, bem como de suas ilustrações, estudos, personagens e etc;
  • Banca de venda e troca de publicações, coordenada e realizada pelos próprios artistas e editoras;
  • Projeção de filmes relativos ao mundo dos quadrinhos.
  • Palestras com nomes da área.


Programação do Dia do Quadrinho 2015

dia 30 de Janeiro, sexta-feira, das 10 às 16h

Centro Cultural Pref. Joaquim Lavoura ("Lavourão")


10h - Abertura / homenagens


10h30 - Palestra: “Como trabalhar com Quadrinhos" com Lipe Diaz


12h - filme "A Guerra dos Gibis" (Sessão com Debate)


13h - Palestra: "IFANZINE – revistas artesanais, protagonismo e autopublicação” com Alberto Souza


14h -Palestra: “Letras em quadrinhos: um olhar sobre a tipografia em HQ’s” com Vinicius Guimarães


15h - Palestra: "O Caminho das Pedras nos Quadrinhos: da Internet ao Licenciamento, como ter sucesso" com Leo Vieira


16h - Encerramento


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durante todo o dia:
  • exposição
  • bancas
  • oficinas
 Entrada franca - Censura livre



 filme "A Guerra dos Gibis"


 
- Direção:Thiago B. Mendonça e Rafael Terpins
- Produção: Renata Jardim, Rafael Terpins, Thiago B. Mendonça
- São Paulo, SP, 2013
- duração 19’30’’

Sinopse:Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos no Brasil. Mas a Censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a Ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade.
Entrada Franca.



Produção:





Apoio:

 
 
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Coliseu dos Quadrinhos

Está no ar o Coliseu dos Quadrinhos!
Esta nova marca de minha autoria e coordenação tem o objetivo de ressaltar valores artísticos, culturais, literários, históricos, didáticos, pedagógicos, educacionais, magistrais, filosóficos e até acadêmicos entretidos através desta arte tão popular.
As histórias em quadrinhos são uma alternativa performática de nos envolver em um enredo criativo e acolhedor, nos fazendo sonhar por alguns instantes, no decorrer das páginas. E se engana quem pensa que as populares histórias em quadrinhos estão focadas apenas no entretenimento infantil! Pelo mundo afora, em diversos países, existem os populares mangás (quadrinhos orientais, com enredo de aventura, de fantasia ou de esporte), os quadrinhos europeus (estilo acadêmico e com conteúdo de aventura ou drama), os quadrinhos de moda (com temática feminina, abordando assuntos complexos), os quadrinhos americanos (brutamontes com superpoderes em um universo violento urbano), os quadrinhos cartunizados (estilo mais humorístico e grotesco), os
quadrinhos de terror, os quadrinhos eróticos e é claro, os quadrinhos infantis.
Nossa marca também será intercalada por artes, cartoons e quadrinhos. E com mascotes exclusivos. Eles também irão nos entreter com dicas, exemplos e lições didáticas sobre como se especializar no mercado de quadrinhos.

 http://coliseudosquadrinhos.blogspot.com.br/2015/01/apresentacao.html

https://www.facebook.com/coliseudosquadrinhos?ref=hl

Leo Vieira


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Representantes da área cultural apresentam suas demandas

13.01.2015  
 Ministro Juca Ferreira e representantes das entidades culturais do Rio de Janeiro. (Foto: Janine Moraes)
 
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, se reuniu na manhã desta terça-feira (13/1) com cerca de 40 representantes de entidades culturais do Rio de Janeiro, no Edifício Parque Cidade, em Brasília.
 
Na conversa, eles expuseram preocupações e demandas do setor ao novo ministro. 
 
Com relação ao questionamento sobre a situação da Funarte, Juca Ferreira defendeu a reestruturação da fundação e a construção de um grupo para repensar uma nova arquitetura que englobe os objetivos de sua atuação. "A Funarte tem que ser nacional e assumir a diversidade cultural para ter eficiência e contemporaneidade", disse o ministro.
 
O ministro também destacou ser a favor da renúncia fiscal para o financiamento de projetos culturais, mas não nos moldes atuais da Lei Rouanet. "Temos que avançar. O modelo de financiamento é perverso. Sou a favor da parceria público-privada". Ele ressaltou ainda que, além de eventos e projetos é preciso investir em instituições. 
 
"Vou reabrir o diálogo para pactuar com o campo cultural, para ter força para ir ao Parlamento", afirmou o ministro, em relação ao projeto do Procultura, que propõe a reforma da Lei Rouanet.
 
Questionado sobre as dificuldades de entidades do terceiro setor de promover parcerias com o Estado, ele defendeu a descriminalização das organizações sociais e a abertura para conversas e parcerias do Estado com os cidadãos e não só "entidades estruturadas".
 
O ministro reconheceu também a necessidade de se investir em políticas culturais para crianças e adolescentes, segmento que não tem sido contemplado a contento. 
 
Os grupos manifestaram ainda a preocupação de se promoverem atividades culturais durante a realização das Olimpíadas em 2016. O ministro afirmou que está aberto a receber sugestões de ações dos mais diversos segmentos. 
 
O ministro Juca Ferreira se mostrou de acordo com as avaliações dos produtores referentes à dificuldade nas prestações de contas e a necessidade de estimular ações continuadas nos diferentes setores. 
 
Para o produtor cultural Junior Perim, cofundador e diretor executivo do Circo Crescer e Viver, o encontro de hoje renova a relação do MinC com o Rio de Janeiro. "A expectativa é que o que foi dito sirva para contribuir na formulação de políticas que o ministério vai fazer para recolocar a cultura no centro do desenvolvimento do Brasil".
 
O escritor e diretor teatral Marcus Faustini, coordenador da Agência de Redes para  Juventude, também avaliou de forma positiva a reunião, por colocar já colocar em prática a questão do diálogo entre o MinC e a sociedade civil. "A atualização [das políticas de cultura] não vai sair só da cabeça da equipe do ministério, mas do diálogo com a sociedade civil. Esses gestos dos dois últimos dias de abrir o diálogo demonstra o potencial desta nova gestão". 
 
Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Cultura

domingo, 4 de janeiro de 2015

Novidades para 2015!

Leo Vieira

Dizer que o brasileiro não lê é, na verdade, coisa de quem… não lê





.
Os brasileiros começaram a ler.
Falta começar a mudar o discurso. Em vez de reclamar dos brasileiros que
não leem, os brasileiros que leem deveriam se esforçar para espalhar o
hábito da leitura. Espalhar clichês pessimistas não vai fazer ninguém
abrir um livro. 
Eu poderia ter repetido tudo isso para
cada pessoa de quem ouvi a mesma frase feita. Mas resolvi escrever,
porque acredito que o brasileiro lê. “
 (Danilo Venticinque)
 Dizem que o brasileiro não lê. Já ouvi isso
muitas e muitas vezes e confesso que eu era daquelas que realmente
acreditava nisso. Estamos tendo uma mudança sobre a nova forma de ler, a
leitura tradicional e a leitura digital. O formato digital fez com que
mais pessoas tivessem acesso ao hábito de ler. Não podemos esquecer
também que as adaptações de obras literárias feitas para a televisão e
cinema também colabora com o aumento do hábito de ler. E alguém aqui vai
negar que isso seja bom? Não estamos neste momento, falando de
“qualidade de leitura”, tema que gera comentários de amor e ódio,
estamos falando simplesmente do hábito de leitura, sem distinções de
literatura boa ou ruim.
“O Brasileiro não lê”… Vendo sob a ótica da
comparação com outros países, sim, nós lemos muito pouco. Claro que
existem os brasileiros que devoram livros, sendo a média de leitura
igual à de países cuja média de livros lidos por ano é de cerca de 10
livros ao ano. Na França, por exemplo, a média de livros lidos é de 11 a
25 livros ao ano. Estamos longe de ser um país de leitores? Sim, ainda
temos muito o que crescer neste quesito.  Vamos lá, entender essa ótica.
Em março do ano passado tivemos a 3ª edição da pesquisa “Retratos de
Leitura do Brasil”. Através de 5 mil entrevistas em 315 municípios,
divididos entre os estados, a pesquisa revelou que o brasileiro lê 4
livros ao ano, sendo que termina apenas 2 livros. Ainda de acordo com a
pesquisa, metade da população, compreendendo 88,2 milhões de pessoas, é,
de fato, considerada leitora, e como parâmetro, o “Instituto Pró-Livro”
levou em conta que se tenha lido pelo menos um livro nos últimos três
meses. Tendo uma análise por região, a Centro-Oeste foi a que teve a
melhor média de livros lidos. Em seguida, temos o Nordeste, Sudeste, Sul
e Norte.  De acordo com a pesquisa, as mulheres leem mais que os
homens, sendo 53% delas e 43% de homens.
O que nós temos de incentivo para que
possamos ler mais? Temos muitos lugares em nosso país, que simplesmente
os livros não chegam. Temos bibliotecas com livros em estado precário,
sem renovação de títulos antigos e em más condições de manuseio ou
livros novos, daqueles que estão em lançamentos no mercado editorial. A
falta de “novidades” também influencia a ida de uma pessoa a uma
biblioteca.
Eu conheço gente que quando eu estava no
colegial, a primeira leitura realizada foram os tão “malfalados” livros
de “LEITURA OBRIGATÓRIA”. Aí a pessoa não lia o livro, pegava o resumo
na internet. Eram “livros chatos, de leitura cansativa”, definição que a
grande maioria lança sobre as leituras obrigatórias. E sobre este
assunto, Zoara Failla, a socióloga que comanda a pesquisa do Instituto
Pró-Livro diz:
Os professores costumam indicar livros
clássicos do século 19, maravilhosos, mas que não são adequados a um
jovem de 15 anos, apresentado só a obras que considera chatas, ele não
busca mais o livro depois que sai do colégio.”
Apesar de nossa média anual ser tão baixa, como apoia na pesquisa, basta vermos o quão grande é o “boom” do
mercado editorial. Comparando  com o ano de 2009, a partir de 2010
tivemos um aumento de 23% na venda de livros. Falando de livros
acadêmicos, a média é de 1,8, contra 10 obras lidas nos países de
primeiro mundo. As editoras brasileiras publicaram em média cerca de 500
milhões de livros. Será que estamos produzindo livros para leitores que
não existem? Ainda temos livros caros nas estantes e tenho amigos em
outros países que sempre questionam o porquê dos livros serem tão caros
no Brasil. De 2011 para cá, tivemos um aumento de 12,46%  no preço dos
livros. Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, foram registradas uma
média de 6,4 livros POR PESSOA que visitou o evento, que teve
faturamento de R$71 milhões (um milhão A MAIS do que a edição anterior) e
recebeu cerca de 660 mil pessoas. Cada visitante pagou em média, cerca
de R$20 cada exemplar levado do evento.  Será que somos mesmo uma nação
que não lê? O Brasil possui, aproximadamente, 2500 livrarias. Nossas
bibliotecas ainda são precárias e muitas delas estão apenas no papel.
Zoara avalia o resultado sobre a frequência de visitas a bibliotecas,
dado o resultado alarmante de 75% da população nunca ter frequentado uma
biblioteca.
Dois em cada três entrevistados disseram
não frequentar bibliotecas. E a maioria dos que frequentam o fazem para
trabalhos escolares. Ir a bibliotecas não faz parte da nossa cultura.
Além disso, as bibliotecas não modernizaram seus conceitos. Por exemplo,
exige-se silêncio, há muita burocracia, a catalogação é complicada e o
atendimento é inadequado. Tudo vai contra ao que a criança e o jovem
gostam. É preciso que as bibliotecas criem espaços para eventos e
atividades culturais, permitam que o visitante acesse as mídias digitais
e, principalmente, que possuam pessoas capacitadas para atender ao
público. Não basta ter atendentes, é preciso ter mediadores de leituras,
especialistas que indiquem livros de acordo com cada perfil, que saiba
entender o visitante, que apresente livros interessantes, que realmente
desperte o interesse pela leitura.”
Para a maior parte dos brasileiros, o preço
dos livros ainda é caro, apesar de vermos muitas edições mais
econômicas, como as “edições de bolso”, como as da editora L&PM. E
também temos os sebos de livros, com exemplares a um preço acessível.
Agora fica a pergunta: “Não lemos por preguiça ou realmente por falta de
incentivo? Podemos ter livros de graça, mas se não tivermos o incentivo
da leitura acaba sendo apenas mais um exemplar na estante. Segundo a
pesquisa, apesar de o brasileiro ler, ainda não somos um país de
leitores, pois nosso índice de livros lidos a cada três meses é muito
baixo, comparado a outros países. Poderíamos explicar que ainda não
somos um país de leitores devido ao fato de que 14 milhões de
brasileiros, com idade acima de 15 anos, ainda não sabe ler e, além do
analfabetismo, temos a situação crítica do analfabetismo funcional, que
são as pessoas que leem, escrevem, mas não sabem interpretar um texto. E
o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), no quesito educação? Nós
subimos de índice, considerando 1991 (0,279), para 0,637, em 2010. Mas
ainda não é o suficiente.
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Hoje, a juventude está “puxando” o hábito
de ler. Eu observo que hoje ela está lendo mais no que na minha época
quando eu tinha 15 anos. Isso é um ponto excelente, pois quando já temos
um hábito de leitura desde jovens, dificilmente abandonamos o hábito
quando adultos. É muito mais fácil transformar um jovem em um leitor, do
que um adulto em leitor. E muito deste hábito, vem do berço, pois
pessoas cujos pais leem ou incentivam a leitura, levam o hábito junto.
Leitura também é uma herança familiar. Desconheço casos de leitores que
não foram incentivados pela família. Outro papel importante neste hábito
é o professor, que deve incentivar a leitura além dos clássicos, além
da “obrigatoriedade” de saber distinguir os períodos literários, os
leitores e suas obras. É essencial ir além de “Dom Casmurro”, “Iracema”,
entre outros clássicos tidos como massantes, até porque se a pessoa não
possui o hábito de ler, a leitura de um livro complexo, por mais que o
enredo seja excelente, não será a mesma experiência daquele que tem o
hábito de ler, pois a pessoa que lê com mais frequência possui melhor
capacidade de interpretação de texto do que aquele que lê apenas por
obrigação. E o hábito de leitura não tem hora nem lugar, podemos ler no
ônibus, nas filas, antes de dormir, num parque, na tela do celular,
tablet. Não há limitações para a leitura e ela é bem-vinda, independente
de qualidade ou não. É muito melhor ler um livro ruim do que não ler
nada, até porque com o tempo, a leitura nos ensina a buscar cada vez
mais a qualidade, afinal, quem aqui nunca leu um livro ruim? E a leitura
não está apenas nos livros, temos de considerar jornais e revistas.
Recomendo a leitura do excelente texto do
Danilo Venticinque, colunista do site da revista Época. Intitulado de “O
Brasileiro não lê”, ele nos traz um belo retrato do quanto realmente
isso é apenas uma falácia. Podemos não ler tanto quanto os europeus, mas
afirmar que NÃO lemos é uma inverdade vergonhosa e  “burra” de se
dizer. Em 2006, a revista britânica “The Economist” falou sobre o baixo
índice de leitura no Brasil, intitulando o fato como “Um país de
não-leitores”. Naquele mesmo ano o governo brasileiro criou o “Plano
Nacional de Livros e Leitura” para mudar essa visão. Com isso, através
de ONGs, foram instaladas bibliotecas circulantes entre outras ações
sociais de incentivo à leitura. Pelo aumento da venda de livros e o boom do mercado editorial, podemos dizer que a iniciativa está nos trazendo resultados.
Abaixo, temos uma série de infográficos sobre a pesquisa do “Instituto Pró-Livro”. Para quem se interessar mais, neste link, aqui , temos o relatório da pesquisa realizada pelo instituto.
Para fechar o texto, perguntei para as
pessoas de minha rede social, qual a opinião delas sobre essa falácia.
Somos realmente um país de não-leitores? O que acham dos preços dos
livros no país? E você? Qual a sua opinião? Deixe nos comentários!
Bom, eu acho que de certa forma isso de
que o brasileiro não lê, tem um ponto de verdade. Eu tenho 14 anos, e
estou no 9º ano, e em diversos trabalhos literários que a minha
professora passa, são poucos os alunos que leem os livros e eu escuto
muito deles falando: ‘Ah, pra que lê?! Tem o resumo na internet’’. Acho
isso a maior ignorância do ser humano. Ler esses livros que os
professores passam não são meus preferidos, mas não me arrependo de
nenhum que eu li até hoje, todos foram ótimos. Acho que tudo isso é por
pura falta de incentivo, tanto de casa quanto da escola. (Minha mãe
nunca gostou de ler, então ela nunca teve essa coisa de me incentivar,
meu incentivo a leitura veio de uma forma meio diferente do que
geralmente vemos, Minha professora da 4º série, sempre que a turma
estava fazendo algo e ela estava ”atoa” ela ficava lendo um livro, um
dia ela começou a contar a história de “A Cabana” e  eu adorei, mas teve
alguns acasos e ela acabou não terminado de contar a história e fiquei
com uma curiosidade imensa de saber o que aconteceria com os
personagens, sempre fui muito curiosa, então eu tive a curiosidade de
ler esse livro, e foi um dos motivos que me apaixonei pela literatura.
Bom, eu comecei a ler por um “incentivo” meio oculto da professora, por
causa dela eu comecei a gostar de ler, e estou hoje nesse paraíso dos
livros.
 O Brasileiro não lê de certa forma é uma
grande mentira, nessa semana da Bienal , eu vi por ai, todos os dias
aquilo lá lotado, se o Brasileiro não lê, eu não sei o que aquele monte
de gente estava fazendo lá, tentando entrar nos estandes, tentando pegar
autógrafos com Nicholas Sparks ou Emily Giffin. Se o Brasileiro não lê,
não sei porque vivo vendo diversos livros como esgotados nas livrarias
online, se o Brasileiro não lê, não sei o que são esses diversos blogs
literários que tem por ai, diversos grupos no facebook com mais de 10
mil pessoas neles, se o brasileiro não lê não sei o que são essas
coisas. De certa forma, o brasileiro não lê, tem se tornado uma grande
dúvida pra muitas pessoas, porque apesar do tempo moderno que vivemos,
ultimamente ando vendo muitas pessoas por ai com um livro na mão.”
(Camila Souza)
Eu sou apaixonada por livros, mas eu
fui instruída a ler desde o pré, sempre pela escola (escola particular a
vida toda). Já deram até livros de contos em inglês…. Mas o preço aqui é
totalmente abusivo, em qualquer outro lugar é bem mais barato!
Principalmente, se forem livros específicos como para estudo, o preço
aqui no Brasil parece ser mais alto ainda!” (Ellen Rocha)
Sobre os preços dos livros aqui no
Brasil, eu acho um pouco caro, mas não chega a ser inacessível, mas às
vezes, alguns livros estrangeiros que são traduzidos para o português
deixam a desejar nesse quesito, pois às vezes lá fora, o preço de um
livro de capa dura está com preço mais em conta que a tradução dele aqui
no Brasil em edição normal.
Quanto a essa falácia, na minha opinião,
quem diz isso é pessoa que não lê, pois não tem contato o bastante com
leitores para dizer isso. No Brasil há muitos leitores sim, a prova é
disso é que Eduardo Spohr, um escritor nacional, atingiu a marca de 600
mil livros vendidos, e a maioria desse leitores são brasileiros (se não
puder falar o nome dele, pode apagar essa parte). Eu como leitor (leitor
viciado em livros) pude descobrir pela internet pessoas de vários
cantos do Brasil que gostam de ler, mas não precisei ir muito longe,
sempre que eu aparecia com um livro na escola (estudei em escola
estadual no RJ), meus colegas me perguntavam sobre o que era o livro,
pediam emprestado quando eu acabasse de ler, etc. E é isso que me faz
crer que brasileiro gosta muito de ler”. (Daniel Pinheiro, 17 anos)
Acho que mesmo que os livros fossem
gratuitos, quem não gosta de ler continuaria sem ler. Mas agora, falando
sobre os preços, gostaria de dizer que acho um ROUBO cobrarem 40 reais
em um livro que custa 5 dólares em alguns lugares do mundo.” (Jonathan
Lucas)
Não gostava de ler até os 23 anos,
após conhecer um professor que abriu os meus olhos para a frente de um
livro, professor eu disse? Mas uma divindade em atrair para o incrível
mistério que é ler a confusão, a ansiedade, o escape da vida para um
mundo diferente onde se vê tudo com os olhos do livro lido, por isso a
leitura muda vidas. Incentivo! Essa é a palavra, deve-se mostrar o
quanto é bom ler, não obrigar a um estudante a ler, tem que ser um
prazer e não uma obrigação.” (Janine Sales)
Eu acho o valor dos livros em geral
bem legal se comparado a um DVD de filme ou um jogo de videogame, temos
os sebos para nossa alegria, e não podemos esquecer dos ebooks, Amazon
taí pra mostrar o quanto esse nicho está crescendo.” (Junio Rocha)
Essa frase de “brasileiro não lê” irá
perdurar até vermos metade das pessoas lendo em um coletivo. Ainda não
temos um país de leitores, mas sinto que o panorama está se tornando aos
poucos positivo para isso, principalmente em relação aos leitores mais
jovens. Agora, sobre o preço do livro, também os acho caros, mas
diminuir o preço também não ajudará se não houver estímulos culturais
para a formação de novos leitores.” (Luiz Fernando Teodósio)
Brasileiro que tem acesso, lê sim.
Basta ir em eventos como a bienal que fica lotado de leitores e até não
leitores (que mesmo assim acabam comprando algum livro). A respeito do
preço, os livros estão com um preço relativamente bom, em sua maioria
até 30 reais; uma pena que isso mudará em breve.” (Anastácia Ottoni)
“ Até escrevi uma matéria para o Causas baseada nessa pesquisa, segue a parte que corresponde:
A literatura acabou por ser dividida
em três ramos com a intensão de obter melhores resultados, sendo estes: a
literatura propriamente dita, histórias em quadrinhos e poesia.
Enquanto a maior parte da literatura que entra em contato com os alunos
acaba por fazer parte do currículo escolar, sendo transformada em meio
de avaliação, haverá pouquíssimo contato realizado de forma plena com
esta linguagem artística. Elisa Meirelles, em reportagem à revista Nova
Escola, traz a informação de que 45% da população brasileira não lê um
único livro por ano, sendo que a maior parte destes alega “não ter
interesse” ou “ter dificuldade”. Os estudantes mostraram resultados
mistos, tendo dezesseis alunos assinalando que têm algum contato, doze
revelando que possuem altos índices de apreciação e o restante mostrou
que possui pouco ou nenhum contato com a mesma.
Sobre a questão do preço só posso
dizer que a quantidade de promoções de livros que temos é imensa.
Conheço diversas páginas no facebook que fazem divulgação dessas
promoções e me fazem empobrecer todo mês. Ainda faço menção ao fato de
que literatura é sempre mais barata que não-literatura. Um livro de
técnica de arte, por exemplo, chega a R$ 120,00 enquanto obras, muitas
vezes consagradas, em suas edições de bolso ficam em torno de R$ 10,00
ou 15,00.” (Priscila E. Anderson)
Não acho que o livro seja algum
absurdo de preço, mas penso que é um mercado em remodelação desde o
surgimento dos e-books. Vai baixar de qualquer jeito. Sobre o brasileiro
não ler, não é bem assim. Ele lê, mas lê o que a mídia empurra ou o que
aprendeu na escola que é bom. O brasileiro é um povo arraigado a
valores antigos no que se refere à música e cultura. Em resumo: O
moderno não presta e não é lido. Agora a grande novidade são os “Teens”.
Essa galera que está movimentando o mercado agora sabe bem o que quer,
pensa diferente (e melhor que outras gerações moralistas e
ultrapassadas) e age diferente. Já o brasileiro de idade adulta lê sim,
mas lê movido a conceitos pré concebidos. A moçada nova não, eles leem o
que aparece pela frente. E Amém para isso!” (César Bravo)
 Revisado por Paloma Israely.


Fonte: literatortura





Dizer que o brasileiro não lê é, na verdade, coisa de quem… não lê